Capitulo 6
CAPÍTULO 6
Hermione agarrou-se ao tronco de uma árvore. Finalmente, as coisas, ao seu redor, haviam parado de girar. Não tinha certeza de quanto tempo estivera inconsciente. Na verdade, nem mesmo sabia se tinha perdido os sentidos. Não conseguia pensar direito. O corpo doía-lhe terrivelmente. Se o fato de cavalgar havia sido penoso, bem pior era cair do cavalo duas vezes, em apenas dois dias.
Soltou um longo suspiro. Recostou-se pesadamente e contra o tronco rugoso e áspero, sabendo que não tinha forças para se levantar. Estivera cavalgando por horas a fio. Agora, estava estatelada no chão, chamando, desesperadamente, pelo cavalo, por Harry, por Lucas, por alguém. Ficaria feliz até mesmo se índios selvagens surgissem. Fazia frio. Estava escurecendo. Quando o sol desaparecesse, o que iria fazer? Não tinha comida, nem sabia como acender uma fogueira. Como iria sobreviver?
A dor aumentou. Um sentimento de fraqueza e impotência ameaçou dominá-la, sugando o resto de suas forças. Ajoelhou-se, lutando contra a vontade de chorar. Disse a si própria que não iria se debulhar em lágrimas. Era forte. Corajosa. Podia superar as dificuldades.
_Harry! - gritou, sabendo que ele era sua única esperança. - Harry, onde está você? Estou aqui. Harry?
Será que ele desistira da perseguição? Será que ficara tão aborrecido com a fuga que nem se dera ao trabalho de procurá-la? Talvez houvesse chegado à conclusão de que ela era uma fonte de problemas e achasse preferível encontrar um outro jeito de alcançar o que pretendia. Talvez...
_Pare com isso - resmungou de si para si, em voz baixa. - Está ficando apavorada. Pare já com isso! É claro que ele está procurando por mim. Precisa de mim para fazer a barganha com Lucas. Além do mais, Harry não é o tipo de homem que abandonaria uma mulher, sozinha, entregue à própria sorte.
A certeza absoluta acerca do caráter de Harry deu a Hermione um pouco de conforto. Sua opinião a respeito do seqüestrador era bastante lisonjeira, afinal. Acomodou-se sobre os joelhos, tentando encontrar uma posição menos dolorosa. O chão estava frio, e a umidade entranhava-se pelo tecido de sua saia e da combinação. Um arrepio percorreu-lhe o corpo. Sabia que as coisas poderiam ficar ainda piores. Em Chicago, presenciara o que acontecia aos coitados que permaneciam nas ruas, desabrigados, durante o inverno. Os mais afortunados perdiam os dedos das mãos e dos pés. Os mais infelizes simplesmente morriam, congelados.
Alguma coisa roçou nos arbustos a sua esquerda. Ela virou-se na direção do ruído.
_Harry? - chamou.
Um uivo abafado chegou a seus ouvidos. Diante da possibilidade de ser um animal, ficou tomada de pânico.
_Oh, meu Deus! - Levantou-se, com dificuldade, apertando as costas contra o tronco de árvore. - Saia daqui - gritou. - Vá embora. Me deixe em paz.
O roçar nos arbustos foi ficando mais próximo. Hermione olhou ao redor e viu uma pedra. Abaixou-se, estendeu a mão e apanhou-a, jogando-a na direção do ruído. Ouviu-se um uivo esganiçado e o crepitar de galhos. Depois, o silêncio.
_Foi embora - ela murmurou, abraçando-se aos joelhos. - Vou ficar bem.
Procurou acalmar-se. Não lhe restava outra alternativa, a não ser manter a cabeça no lugar. Estava ficando cada vez mais frio e escuro. Pensou na cidade, nos perigos que havia a cada esquina. Lentamente, o medo diminuiu. Era mais seguro estar no meio do mato sozinha do que em Chicago. Morrer, na floresta, pareceu-lhe menos terrível do que ser atacada em uma rua escura ou ser queimada viva em um quarto abafado e sem janelas.
Gritou o nome de Harry várias vezes, esperando ouvir uma resposta. A dor em sua cabeça aumentava a cada instante. A fronte latejava. “Ele virá me procurar” repetiu para si mesma. “Não vai me abandonar ao relento, sozinha”.
À medida que o tempo foi passando, sua certeza foi diminuindo. Não conseguiu mais conter as lágrimas. Batendo os dentes de frio, limpou o rosto, tentando esquecer os arrepios que lhe percorriam o corpo. A umidade subia-lhe pela roupa encharcada. Desejou estar em um lugar seguro ou ao lado de uma fogueira, mas os pensamentos serviram apenas para deixá-la ainda pior.
Não devia ter fugido. Devia ter ficado e encontrado um outro jeito de...
Um tiro ecoou através do espaço. Hermione pulou, contendo um grito de susto. Não sabia o que esperar. Será que a milícia havia encontrado Harry? Será que ele havia sido morto? E se fossem índios? Ou algum bando de foras-da-lei? Era melhor ficar bem quieta. ou quem sabe...
Outro som chegou até ela, trazido pelo vento gelado. Era mais um murmúrio. como se alguém estivesse chamando seu nome. Finalmente, ela compreendeu. Harry havia atirado, para que ela soubesse onde ele se encontrava. Devia estar a sua procura e não conseguira localizá-la. Então, achara um meio de fazer com que o encontrasse.
_Harry! Harry, estou aqui! - ela gritou, na direção de onde viera o tiro.
Ao ouvir outro grito, em resposta, ela pôs-se a correr, ignorando os galhos que se enroscavam em suas roupas e lhe arranhavam o rosto e as mãos.
As forças lhe fugiram, e ela tropeçou, caindo de joelhos. Levantou-se, cambaleando, e continuou correndo. O peito lhe doía, faltava-lhe o ar, as pernas pesavam. Ela, porém, seguiu em frente.
_Hermione? Você está bem?
_Estou - ela respondeu, embrenhando-se na direção da moita de onde vinha o som.
Viu-o, então. Harry estava em uma clareira, puxando os cavalos pelas rédeas. Em meio a escuridão, ela não podia distinguir-lhe as feições, mas sabia que era ele.
_Harry - murmurou , quase sem fôlego.
Ele virou-se, procurando por ela.
_Hermione, o que deu em você? Podia estar morta a uma hora dessas!
Ela percebeu que, por trás das maneiras rudes, havia um traço de preocupação. Começou a chorar.
_ Estou bem - disse, mal articulando as palavras.
Ele aproximou-se. Colocou o rifle no chão e agarrou-a pelos braços.
_Está ferida? O que aconteceu?
Antes que ela pudesse responder, ele puxou-a contra si, envolvendo-a em um abraço. Ela nem sequer pensou em protestar. Sentia muito frio e o corpo de Harry aqueceu-a. Recostou-se contra o peito dele, absorvendo seu calor.
_Fugir foi uma tremenda estupidez - ele disse, afastando-a. - Você podia ter morrido.
_Eu sei - ela resmungou, roçando o ombro dele com o rosto. - Porém, eu tinha de tentar.
_Não faça isso de novo, Hermione.
_Não vou fazer. - Aconchegou-se ainda mais. Sentiu o perfume suave de couro que emanava do corpo dele. Nunca estivera tão perto de um homem antes.
Descobriu como era agradável ser abraçada. Especialmente por Harry.
_Você podia ter morrido - ele repetiu, com voz suave.
Hermione levantou a cabeça e encontrou os olhos dele. Mesmo na escuridão, podia ver a preocupação estampada naquele olhar.
_É melhor montarmos acampamento e acendermos o fogo - disse ele. Mordendo o lábio, soltou-a e afastou-se na direção dos cavalos. - Você caiu da sela? Está ferida? - perguntou, sem se voltar.
_Não. O cavalo saltou para atravessar um riacho, e eu não consegui segurar-me. Voei pelo ar e, quando bati no chão, tudo a minha volta escureceu. Depois que voltei a mim, rastejei até um tronco de árvore e fiquei esperando que você me encontrasse.
Ele apanhou um casaco e colocou-o sobre os ombros dela.
_Sente-se - disse, apontando um tronco caído. -Vou acender uma fogueira e preparar alguma coisa para comermos.
Hermione embrulhou-se no casaco de lã e, pouco a pouco, os calafrios foram diminuindo. Ficou a observá-lo enquanto ele trabalhava. Quando o café ficou pronto, Harry serviu-a de uma caneca.
_Eu cheguei perto da cidade? - Hermione perguntou enquanto Harry abria uma lata de feijão. - Achei, ou pelo menos pensei, que estava indo para oeste.
Ele despejou o conteúdo da lata em dois pratos de metal e colocou-os bem próximos do fogo. As chamas iluminavam-lhe as feições. O canto de sua boca levantou-se, esboçando um sorriso.
_Você foi realmente para o oeste. Porém, Whitehorn é um pouco mais ao norte. Se você continuasse a seguir naquela direção, iria chegar ao posto avançado da fronteira.
Já era alguma coisa, pensou Hermione. Pelo menos, não estava completamente perdida.
_A que distância fica o posto avançado?
_Mais ou menos setenta quilômetros.
_Setenta quilômetros! - ela exclamou surpresa. _Eu não poderia cavalgar tudo isso.
_Eu sei.
Ao ver-lhe a expressão satisfeita no rosto, ela reagiu, irritada.
_Não pense que pode dizer o que devo ou não fazer, só porque é o único que sabe onde estamos ou para onde vamos.
_Espero que não se esqueça desse detalhe - respondeu Harry com um sorriso.
Involuntariamente, ela também sorriu. Pelo menos, para salvaguardar seu orgulho, podia alegar que tinha conseguido fugir. Mas, naquele momento, sentia-se segura no acampamento, embora aquilo significasse estar nas mãos de Harry novamente. Talvez fosse melhor assim. Tinha certeza de que ele não iria machucá-la. Precisava, por enquanto, de um pouco mais de paciência. De um jeito ou de outro, iria para Whitehorn e se encontraria com Lucas.
Um sentimento de alegria invadiu-a, ao pensar noivo. Era uma mulher de sorte. Lucas Stoner tinha todas as qualidades que se poderiam desejar em um marido. Forte, gentil, delicado, amoroso. Mentalmente enumerou vários adjetivos, sabendo que, assim, aumentava a sensação de segurança e conforto. Porém, por uma razão desconhecida, ao imaginar-se casada com Lucas, uma sombra de tristeza surgiu em um canto secreto de seu coração.
Hermione manteve sua palavra e não tentara fugir de novo. A experiência havia sido dolorosa, pensou Harry, enquanto a esperava para ajudá-la a montar. Estavam cavalgando havia três dias e aparentemente, ela decidira manter uma trégua entre os dois.
Olhou-a de relance. Ela desistira de tentar manter os cabelos presos em um coque. Agora usava uma longa trança, que lhe caía pelas costas. Tinha o nariz e a face queimados de sol. O cansaço colocara-lhe olheiras sob os olhos. Os inúmeros arranhões que arranjara, quando correra pela floresta, marcavam-lhe a pele acetinada. Felizmente, não haviam infeccionado.
_Meu rosto está sujo? - ela perguntou, percebendo que ele a fitava. Passou a mão pela face.
_Não, mas você parece cansada.
_E estou. Não estou acostumada a dormir ao relento. O chão é muito duro. - Olhou para o céu e, depois, para as árvores ao redor. - Embora eu possa vir até a gostar de tudo isso. Na verdade, gostaria de estar sob a proteção de um teto. Isso será possível?
_Em breve - ele prometeu, sem muita certeza.- Vamos, continue com sua história.
Após um instante de hesitação, ela concordou.
_Como eu estava dizendo, aquela pobre mulher estava prestes a dar à luz. O marido não queria arredar pé do lado dela. O médico tinha pedido que ele saísse, porém ele havia prometido que ficaria com sua mulher. Era o primeiro filho deles, e ela estava muito nervosa e nem sabia que eram gêmeos. Assim que o trabalho de parto começou, o marido desabou no chão como uma pedra. A casa inteira tremeu. Era um homem alto, corajoso. Trabalhava na ferrovia. O médico ficou tão surpreso que largou tudo e foi acudi-lo. Fiquei sozinha para cuidar da parturiente. Os gêmeos acharam de nascer justo naquele momento. Eu me vi segurando dois bebés escorregadios., tenta tido acalmar a mãe aflita, enquanto o pai, desmaiado, perdia a cena toda.
_Mas o pai estava bem?
_Claro. A queda lhe rendeu um galo na cabeça, mais nada. Ficou muito orgulhoso de pôr no mundo dois belos meninos. - Ela sorriu. - Eu disse à mulher que, da próxima vez, dissesse ao marido para ficar do lado de fora, onde era seu lugar.
_Isso não assustou você? - perguntou Harry.
_O quê?
_Fazer o parto?
_Da primeira vez, fiquei muito insegura. Porém. desde então, ajudei em muitas outras ocasiões. Quando o doutor estava ocupado, eu me encarregava de tudo o que aparecesse. Tenho uma boa experiência como enfermeira. Ouvi dizer que não há muitos médicos por aqui e que o hospital mais próximo fica muito distante. Vou ser muito útil ao lado de Lucas.
Harry reprimiu um gesto de desagrado. Não queria nem sequer imaginá-la ao lado de Stoner. Não desejava a mulher alguma um destino ao lado daquele homem. Muito menos a Hermione. Ela era vibrante, divertida. Merecia um casamento melhor. Tinha fibra e uma força interior que ele admirava.
_Seu rosto está todo contraído - ela murmurou com um tom de surpresa. - No que esta pensando?
_Que você é muito diferente de minha esposa.
_Sua a esposa? - ela indagou, arregalando os olhos.- Você é casado?
Ele fez que não com um gesto de cabeça.
_Sou viúvo. Claire morreu há quatro anos. Ela era... - A voz lhe falhou. Desde que a perdera, era a primeira vez que falava sobre a esposa. Talvez fosse porque não teria a companhia de Hermione por muito tempo. Ou, quem sabe, quisesse alertá-la para as armadilhas que esperavam por ela. Forçou-se a continuar. – Claire era a filha mais nova de um primo de segundo grau de minha mãe. Morava no sul em uma pequena cidade perto de Atlanta, na Geórgia. Ela queria casar-se e eu precisava de uma esposa. Então, o casamento foi arranjado pela família.
_Então, você também arrumou uma noiva por correspondência.
_É - ele respondeu secamente, dando de ombros.
_O que aconteceu?
Uma pergunta simples, direta. O que havia acontecido, afinal?
_Nós não éramos feitos um para o outro. Além do mais, ela não estava preparada para enfrentar a vida por aqui.
Era impossível não reconhecer a verdade. Claire era tão delicada e frágil como uma bolha de espuma de sabão. Nunca havia trabalhado nem um dia sequer antes, em sua vida. Era esguia e pálida, dócil, franzina. A realidade dura da vida na fazenda a assustava. Passava a maior parte do tempo vagando pelos cômodos da casa, como se procurasse os pedaços de seu próprio ser.
_Ela não gostava de Montana? - Hermione perguntou.
_Na verdade, não. Não se acostumava ao frio dessa região e achava a fazenda muito isolada.
Harry não se sentia com coragem para dizer algo mais, mesmo para contar como realmente a esposa havia morrido. Não queria recordar-se daquele dia nem dos dias subseqüentes. Procurava esquecer a figura de Claire, um vulto frágil de mulher, vestida em uma camisola branca, deslizando pela casa como um fantasma.
_Você deve sentir muita saudade dela.
_Não. Não sinto saudade. O trágico em tudo isso é que, desde que ela se foi, raramente pensei nela. - Olhou para o céu. Desviou a conversa.- Vamos fazer acampamento mais cedo hoje.
_Verdade? Que bom! Estou cansada de tanto andar a cavalo. Quero dar um passeio e esticar as pernas.
Ela deixou-se escorregar da sela. Harry não gostaria de voltar a prende-la, mas não havia outro jeito. Ela já havia provado que era capaz de fugir. Aproximou-se e, com um movimento rápido, segurou-a pelos pulsos.
_O que pensa que está fazendo? - ela gritou, lutando para desvencilhar-se. - Está me amarrando? Não pode fazer isso. Não entendo. Não vou fugir, Harry. Por que está fazendo isso?
Envolvendo-a com os braços, ele forçou-a a sentar-se no chão. Furiosa, ela contorcia-se, procurando chutá-lo. Ele, porém. conseguiu dominá-la com facilidade, atando-lhe os tornozelos. Os olhos castanhos de Hermione brilhavam, revelando toda sua fúria.
_Harry Potter, exijo uma explicação. Por que isso, agora? Obedeci a todas as suas ordens.
_Você fugiu - ele lembrou-a calmamente, - Duas vezes.
_Eu sei, mas...
As palavras foram interrompidas pelo lenço com que ele lhe cobriu a boca. Harry amarrou as pontas, com um nó apertado, atrás da cabeça dela. Mesmo debatendo-se e tentando livrar-se, os protestos de Hermione não passavam de um murmúrio abafado.
_Tenho de falar com um amigo - ele murmurou guardando distância dos pés dela. Mesmo amarrada, ela procurava chutá-lo. - Não vou demorar, mas preciso ter certeza de que você vai estar aqui quando eu voltar. - Apontou para os pulsos e tornozelos e meneou a cabeça, condoído.- Sinto muito, Hermione. Você ficará a salvo. Volto antes do entardecer.
Ela contorceu-se, abrindo desmesuradamente os olhos, tentando falar alguma coisa. Ele compreendeu-lhe o medo. Como estava, ela era tão vulnerável quanto um recém-nascido. Porém, aquele era um risco que ele tinha que correr.
_Eu voltarei - ele prometeu. - Você verá.
Teve o cuidado de amarrar o cavalo dela em uma árvore. Depois, selou sua montaria, montou e afastou-se em um galope.
Em menos de uma hora, chegou ao local do encontro. Momentos depois, Remo Lupin surgia, cavalgando seu cavalo negro.
_Nem preciso perguntar se você a agarrou - exclamou ele, ao se aproximar. - Ninguém fala de outra coisa. Você causou uma forte impressão naquele casal do leste. Eles não param de comentar como você parou a diligência e atacou os pobres passageiros.
_O homem me ameaçou com uma arma - explicou Harry.
_Eu vi a pistola, Harry. Não passa de um brinquedo.
_Concordo, porém ele estava a apenas dois passos de mim. Seria um tiro certeiro.
_Precisava ter quebrado o pulso dele?
_Eu só lhe dei um chute. Como eu podia adivinhar que ele era tão frágil como uma casca de ovo?
Remo soltou uma gargalhada.
_Se você o ouvisse, Harry! Na versão dele, ele lutou como um urso mas, infelizmente, você levou a melhor.
_Lindsay colocou seus homens atrás de mim? - perguntou Harry, afastando o chapéu e enxugando o suor da testa.
_Alguns. Andei perguntando e fiquei sabendo que não haviam encontrado seu rastro ainda.
_Até um cego poderia ver as pistas que deixei. Alguma notícia de Stoner?
Remo balançou a cabeça em um gesto negativo.
_Nada. Fiz questão de que ele soubesse que eu sou seu contato. Fui à cidade, porém ele não procurou por mim. Quer que eu vá falar com ele diretamente?
_Não. Você já se arriscou demais. Não quero que Lindsay arranje uma desculpa para prendê-lo. Por enquanto seu envolvimento não passa de um boato. Se acontecer alguma coisa a você. Tonks vai me matar.
_Minha esposa compreende e também quer ajudá-lo, Harry. Não se preocupe. Lindsay não teria coragem de fazer nada contra mim. É você que está em perigo, não eu.
_Stoner não disse nada a respeito de Hermione?
_Que eu tenha ouvido, não.
_Acha que ele vai procurar por ela?
Remo esboçou um sorriso de malícia.
_Ele pagou a passagem. Pode apostar que ele não vai querer perder o dinheiro. Acho que ele está esperando que você fique nervoso e cometa um erro, para dar o bote.
Talvez todo o plano houvesse sido um erro, pensou Harry. Seqüestrar a garota não tinha sido uma boa idéia. Agora, porém, era tarde para mudar os fatos.
_Como estão as coisas? - perguntou Remo, ajeitando-se na sela, - Ela está dando muito trabalho?
_Não, a não ser pelo fato de ter tentado fugir duas vezes, em dois dias.
_Mas você conseguiu recapturá-la?
_Nas duas vezes.
_Onde está ela?
_Deixei-a amarrada e amordaçada. E prendi o cavalo.
_Você vai ter uma recepção dos diabos quando voltar - exclamou remo, soltando um assobio de admiração.
_Posso imaginar o que me espera - murmurou Harry, com um leve sorriso. Se ele conhecia um pouquinho do temperamento de Hermione, ela iria passar a noite inteira dizendo tudo o que pensava a respeito dele. Talvez até o atacasse com a frigideira. Então, lembrou-se do futuro que a esperava. O sorriso morreu-lhe nos lábios. - Ela não tem idéia de onde esta se metendo com Stoner. Por alguma razão, ela acredita que ele é um poço de virtudes.
_Então, ela vai ter uma grande surpresa com o noivo - resmungou Remo. Virou-se e apanhou um saco que pendia da sela e entregou-o a Harry. - Aqui tem um pouco de comida. Tonks tem medo de que você morra de fome na floresta.
_Ela se esquece de que vivi no meio do mato sem que ela pudesse me alimentar - respondeu Harry, apanhando o sacode mantimentos. – Além do mais, Hermione pode cozinhar.
_Tonks não confia muito na comida das mulheres da cidade. - Remo endireitou-se na sela. - Vou voltar à cidade amanhã ou depois. Então me encontrarei com você, no mesmo lugar, dentro de três dias?
_Isso mesmo. - Embora não quisesse ver Hermione nos braços de Stoner tão depressa, Harry não tinha outra escolha. Estava determinado a limpar o nome de seu pai a qualquer custo. Hermione viera para o oeste por livre e espontânea vontade, devia saber o que estava fazendo. Procurou afastar o sentimento de inquietação e mudou de assunto. - Remo, como está o gado?
_Em breve, vamos começar a trabalhar no aumento do rebanho. Vou cruzar alguns de meus touros com suas vacas.
_Veja lá, não se esqueça de fazer o serviço direito!
_Não se preocupe. - Remo sorriu malicioso. - Mantenho os olhos bem abertos em cima de meus meninos.
_Tenho certeza disso - retrucou Harry, ficando subitamente sério. - Agradeço por tomar conta de minha manada. Quando eu resolver esse problema com Stoner, eu e você vamos acertar as nossas contas.
_Você e seu pai me ajudaram quando eu não tinha experiência alguma, Harry - respondeu Remo recusando a oferta. - Nunca vou esquecer.
_Falamos disso mais tarde – disse Harry, levantando os olhos para o céu. O sol começava a se por. – Tenho de voltar, e você também,
Apertaram-se as mãos e se despediram. Harry esporeou o cavalo e rumou para o acampamento. Não queria deixar Hermione sozinha por mais tempo, mesmo que Remo tivesse razão, mesmo que ela o esperasse com uma recepção dos diabos.
Obs:Calma que tem mais....
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