Um Guardião dos Infernos
CAPÍTULO 14
UM GUARDIÃO DOS INFERNOS
_Mas é claro! Como é que eu fui me esquecer?! Mas que cabeça a minha! E estava na nossa frente o tempo todo! _ exclamou Harry.
_Como assim? _ perguntou Rony.
_Lembram-se daquela aula de Poções, na qual o Prof. Snape fez a demonstração com a Nitroglicerina?
_E dá para esquecer? _ perguntou Hermione _ Se não fosse por Draco Malfoy e, principalmente, por você, alguns de nós estariam tocando harpa a esta altura...
_... E outros brandindo tridentes. _ disse Soraya.
_Aliás, seu priminho deixou de pegar o frasco por pouco. _ comentou Nereida, brincando com Soraya. A filha de Sirius não gostava muito de lembrar-se do fato de que era prima de Narcisa e, conseqüentemente, de Draco Malfoy.
_Mas, voltando ao principal, do que foi que você se lembrou, Harry?
_Bem, foi feita uma referência a Nicolau Flamel e à Pedra Filosofal, Neville. Mas o susto com a Nitroglicerina foi tão grande que fez com que qualquer outra coisa caísse no esquecimento. O Prof. Mason comentou que a Pedra foi criada por Nicolau Flamel e era o único meio eficaz de prolongar a vida e produzir ouro, a partir de metais menos nobres.
_É mesmo. _ lembrou-se Neville _ E depois o Prof. Mason disse que Flamel realizou um trabalho conjunto com Dumbledore e Grindelwald, para aperfeiçoar a Pedra. Com aquilo, a Pedra Filosofal pôde ser capaz de produzir ouro do nada e criar o Elixir vitae, não mais condicionando o prolongamento da vida ao porte da Pedra.
_E o interessante é que, assim, a Pedra Filosofal passou a constituir-se na única exceção conhecida à Lei da Transfiguração Elementar de Gamp. _ disse Rony.
_Sim, pois é a única fonte que conjura ouro que pode ser comercializado. _ disse Hermione.
_E esse trabalho foi realizado por volta de 1865. Desde então, Grindelwald foi contrabandeando Elixir vitae, até que sua traição foi descoberta, quando ele tentou roubar a Pedra, em 1897. _ disse Soraya _ Desde então, ele ficou desaparecido e só deu as caras novamente em 1910, quando esteve viajando pela Europa, antes da I Guerra Mundial. E pelo que sabemos, não aliou-se a ninguém, diretamente, embora saibamos que tenha contribuído para o Gás Mostarda e outras atrocidades que ocorreram naquele período.
_Com isso, já sabemos que Nicolau Flamel é bastante velho, pois a Pedra Filosofal Original foi criada há cerca de quinhentos e cinqüenta anos e ele tem uns seiscentos e poucos. Dumbledore tem bem mais de cem, Grindelwald já era bem velho quando morreu e eu acho que há algo mais naquele trabalho conjunto do que conta a versão pública. _ comentou Nereida.
_Como assim, Nereida? _ perguntou Rony.
_Acredito que não eram apenas três alquimistas, Rony. Havia um quarto colaborador naquele projeto.
_E quem seria? _ perguntou Harry.
_Bem, sabendo que Aberforth é irmão gêmeo de Dumbledore e é o dono do Cabeça de Javali, isso significa que ele também deve ter tomado Elixir vitae e, para isso, ele teria de ser colaborador no trabalho alquímico.
_Pois é. Lembro-me de Aberforth, um cara caladão e retraído. Atualmente é dono do Cabeça de Javali, o Pub que fica na periferia de Hogsmeade e que, segundo eu soube, é bastante mal-freqüentado. _ disse Hermione _ E sabemos que Hagrid gosta de tomar uns drinques lá, de vez em quando.
_Claro! _ disse Harry _ E eu acho que sei quem é que pode nos dar algumas respostas.
_???
_Rúbeo Hagrid. Sendo freqüentador do Cabeça de Javali, deve conhecer Aberforth e saber alguma coisa sobre o trabalho dos alquimistas e a Pedra. Vamos visitá-lo amanhã?
_Vamos, Harry. _ e puseram-se a caminho das Salas Comunais, pois já se fazia hora.
Na manhã seguinte, dirigiram-se à cabana de Hagrid e, no caminho, cruzaram com Fred e Jorge, bastante aborrecidos.
_Ei, o que houve? _ perguntou Rony e Jorge respondeu.
_Justamente quando terminou o nosso estoque de logros da Zonko’s...
_... Descobrimos que não podemos mais ir a Hogsmeade a qualquer hora que quisermos... _ Fred continuou as palavras do irmão.
_... Porque alguma mente iluminada interditou o corredor principal do terceiro andar... _ Jorge prosseguiu a explicação.
_... E o acesso à estátua de Gunhilda de Gorsemoor.
_E agora? Como vamos contrabandear cerveja amanteigada para as festas? _ perguntou Jorge, fingindo uma cara desesperada.
_Ou doces da Dedosdemel? _ continuou Fred, fazendo uma cara idêntica à do irmão.
_Simples, mano. _ disse Jorge _ Como sempre fizemos.
_Quer dizer... ignorando todas as regras?
_É isso aí, mano. Vamos nessa.
_Vocês vão arriscar uma detenção? _ perguntou Hermione.
_ MAIS uma, você quer dizer, Mione. _ brincou Neville.
_Pois é. _ disse Soraya _ O esperado dos gêmeos Weasley.
Rindo, os Inseparáveis resolveram acompanhar os gêmeos ruivos até o corredor, para verem o que eles iriam fazer.
_Bem, parece que Dumbledore colocou um Feitiço de Desorientação no acesso ao corredor. _ disse Fred _ Mas esse é fácil de neutralizar.
_Só que é uma armadilha. _ disse Jorge _ Se você o neutraliza e atravessa, é atingido por um Feitiço Furnunculus e um Levicorpus. Aí, fica à mercê do Filch.
_Mas nós descobrimos essa manha de Dumbledore e sabemos como neutralizá-la. Só que aí a pessoa cai em uma armadilha do Snape, um espargidor de Poção do Homem Morto, em aerosol. _ disse Fred _ E isso deixa a vítima em uma profunda letargia, novamente tornando-a uma presa fácil para o Filch.
_Neutralizando a Poção, o caminho está livre. E, falando nisso, vamos começar a trabalhar.
Os gêmeos neutralizaram as armadilhas de Dumbledore e Snape, adentrando o corredor, com os Inseparáveis atrás deles. Logo chegaram à estátua de Gunhilda de Gorsemoor.
_Bem, até mais. Traremos algo para vocês. _ disseram os gêmeos, sacando as varinhas _ “Dissendium”!
A corcunda da estátua da bruxa zarolha abriu-se e os dois entraram por ela, seguindo pelo túnel que levava ao porão da Dedosdemel.
_Aqueles dois... só querem saber de farra e não estão nem aí para as detenções. O que os salva de uma surra da mamãe são suas boas notas. Bem, vamos ver o que Hagrid pode nos dizer. _ disse Rony.
_Ainda não, Rony. _ disse Harry.
_O que foi, Harry? _ perguntou Hermione.
_Perceberam uma coisa? Há pegadas na poeira do corredor. As nossas vão até a estátua de Gunhilda de Gorsemoor, mas há um outro grupo de pegadas, um par normal e outro descomunal, como se pertencesse a Hagrid.
_É mesmo. _ disse Nereida _ e vão até aquela porta. Para a frente dela não há nada.
_O que será que há naquela sala?
_A Pedra? _ perguntou Neville.
_Duvido, Neville. _ disse Hermione _ Dumbledore não colocaria algo tão precioso e perigoso como a Pedra Filosofal sob a proteção de uma defesa tão fácil de ser neutralizada.
_Tem razão, Mione. De qualquer forma, fica meio misterioso. Uma sala assim, defesas no corredor, o aviso de interdição de Dumbledore... Estou ficando mais e mais curioso com isso. _ disse Harry.
_Parece que mais alguém está. _ disse Soraya.
_Caracas! Madame Nor-ra! _ exclamou Rony _ E onde ela aparece, logo em seguida está o...
_FILCH! _ exclamaram os outros, ao ouvirem a voz asmática de Argus Filch.
_Madame Nor-ra, onde está você, minha gatinha? Flagrou alguém em área proibida?
_Vamos sair daqui, rápido! _ disse Harry.
Todos correram e procuraram por portas pelas quais pudessem entrar, fugindo de Filch por outros corredores. A mais próxima era aquela em frente à qual identificaram os grupos de pegadas.
_Trancada! _ exclamou Nereida.
_Deixe comigo, Nereida. “Alorromora”! _ disse Hermione, sacando a varinha e abrindo a porta, com o Feitiço da Chave Mágica.
Os seis entraram na sala e ficaram bem quietos, ouvindo a voz asmática de Filch no corredor.
_Estou certo de que aquelas pestinhas passaram por aqui. Não sei como passaram pelas defesas, mas se alguém é capaz disso, são eles (“Obrigado pelo elogio, embora o mérito seja de Fred e Jorge Weasley”, pensaram os Inseparáveis).
O som dos passos e dos resmungos de Filch perderam-se na distância, deixando os Inseparáveis mais tranqüilos, até o momento.
Somente até o momento.
Enxugando o suor da testa, Neville Longbottom perguntou:
_Estranho... Por que alguém colocaria defesas no corredor e um Feitiço de Tranca Mágica em uma porta comum?
_Talvez por causa... daquilo?! _ perguntou Harry, em voz baixa, apontando para uma enorme figura, parada no meio da sala.
Era um enorme cão negro, medindo cerca de três metros de altura, cujo tamanho, por si só, já seria capaz de impressionar, mas ainda não era tudo. No ponto onde terminava o dorso, uma crina de serpentes adornava a base do pescoço. Pescoço não. PESCOÇOS, pois eram três, cada um deles terminando em uma magnífica cabeça de Pitbull, com olhos amarelos, focinho úmido e uma bocarra bem provida de fortes dentes, estes alvíssimos em vez de amarelados, ao contrário do que seria de esperar em bocas com aquele desagradável hálito, qua foi mais sentido quando, das três, saiu um forte e grave rosnado, acompanhado por uma formidável carga de baba.
_Um C-C-Cér... _ balbuciou Hermione.
_UM CÉRBERO!!! _ exclamaram os outros, arrastando a garota, entre apavorada e maravilhada, para fora da sala, pelo corredor principal do terceiro andar, todos preferindo correr o risco de um encontro com Filch a passarem mais um instante frente a frente com aquele monstro.
Terminaram a corrida no pórtico, dando graças a Deus e a Merlin por estarem todos em excelente forma física. Recuperando o fôlego, Rony foi o primeiro a falar.
_Mas que diabos um Cérbero está fazendo em Hogwarts? E eles não estavam extintos?
_Ao que parece, esqueceram de avisar aquele lá. _ disse Harry.
_Só pode ser um descendente do Cérbero original, que era guardião do Tartarus, o Inferno da Mitologia Grega. _ disse Hermione.
_Aquele que foi levado por Herakles (Hércules), até o palácio de Euristeu, em Micenas, como décimo-segundo Trabalho? _ perguntou Soraya.
_Exato. _ confirmou Hermione _ O Cérbero original guardava os portões do Inferno, para que ninguém saísse e também o limite entre o Elísio, para onde iam as sombras das pessoas boas e o Tartarus, para onde iam as más e indignas. Euristeu era primo de Herakles e ordenou os Doze Trabalhos por inspiração de Hera, que queria destruí-lo por ciúmes dele ser filho de Zeus com a mortal Alcmena, bem como por medo de que Herakles quisesse liderar um golpe e destroná-lo. Quando ele desceu ao Inferno e disse ao seu tio, Hades, que deveria levar Cérbero cativo, Hades recusou, somente aceitando depois que Herakles prometeu que não usaria armas nem escudo, somente envergando a pele do Leão da Neméia, que era invulnerável. Mesmo assim, levou várias mordidas nas partes descobertas e resistiu à dor, levando o cão até Euristeu, dizendo que não faria mais trabalhos e vendo seu primo esconder-se, amedrontado. Depois, levou Cérbero até a entrada do Inferno, devolvendo-o ileso a Hades. Além disso, Cérbero tinha um irmão, chamado Ortoros, que tinha duas cabeças e era guardião do rebanho de bois de Gerião. Ortoros foi morto por Herakles em outro Trabalho, no qual Euristeu pretendia apossar-se dos bois de Gerião e mandou que Herakles fizesse o serviço. Então, Herakles matou Ortoros e também matou Gerião que, aliás, também possuía três cabeças, além de seis braços. Como a couraça, os elmos e os escudos de ouro de Gerião fossem virtualmente impenetráveis, o estratagema de Herakles foi desequilibrá-lo, flechando-o nos joelhos e deixando-o impossibilitado de sustentar o peso de seu armamento.
_Mesmo assim, um Cérbero é um animal mágico raríssimo. Como chegou até aqui? _ perguntou Harry.
_Acho que Hagrid deve tê-lo trazido. _ disse Nereida. Além disso, havia um detalhe.
_Se for o que eu estou pensando, Nereida, Hagrid deve tê-lo trazido por uma razão bem importante. Vocês repararam no que havia debaixo da pata dianteira esquerda dele? _ perguntou Hermione.
_Olha, Mione, eu estava ocupado demais fazendo força para não me borrar inteiro por causa daquelas cabeças, assim como todos vocês. _ disse Harry, enquanto os outros acenavam com a cabeça, concordando _ Caso você não tenha percebido, eram três e cada uma delas tinha uma boca cheia de dentes e um bafo de matar.
_Eu também quase passei uma vergonha, Harry. Mas consegui perceber que uma das patas do Cérbero estava sobre um alçapão. _ disse Hermione.
_Eu também percebi isso, Mione. _ disse Nereida _ E desconfio que, se a Pedra Filosofal está guardada em Hogwarts, aquele monstro deve ser a primeira sentinela.
_Acho que o melhor é tentarmos espremer alguma coisa do Hagrid, gente. Desde que ele não resolva cozinhar... _ comentou Soraya.
_... A gente agüenta, embora seja melhor ficarmos apenas no chá, para prevenir inconvenientes. _ completou Neville.
E foram para a cabana de Hagrid que, ao vê-los, abriu um enorme sorriso e convidou-os a entrar.
_E então, crianças, que tal um chá quente, nesta tarde fria?
_Excelente, Hagrid. _ respondeu Hermione, enquanto cada um selecionava seu tipo preferido de chá, nas várias latinhas _ Continua criando animais perigosos, Hagrid?
_É difícil perder essa mania, crianças. O Norberto, por exemplo, está crescendo demais e eu tive de levá-lo para a floresta. Acho que logo Carlinhos terá de vir buscá-lo e levá-lo para a Romênia. _ disse Hagrid, com uma voz triste.
_Pode deixar que eu mando uma coruja para ele. _ disse Rony.
_Obrigado, Rony. Sempre se pode contar com um Weasley.
_Falando nisso, Hagrid, o que é que um Cérbero está fazendo em Hogwarts? _ perguntou Soraya, de modo casual.
_Como é que vocês conseguiram chegar até o Fofo... _ e parou, como se tivesse falado demais _ Vocês, sempre metendo o nariz em coisas perigosas. Qualquer dia irão acabar complicando-se de forma bem séria. E eu não devia estar lhes dizendo isso.
_Fofo?! Aquele devorador de gente tem um nome? _ perguntou Harry.
_Claro que tem, Harry. _ disse Hagrid, rendendo-se ao fato de que havia falado o que não devia _ Afinal de contas, ele é meu. Eu o emprestei para Dumbledore, pois ele me pediu um bom cão de guarda, para...
_... Talvez para a Pedra Filosofal? _ perguntou Hermione, com um olhar maroto.
_Como é que vocês sabem sobre a Pedra? Aah, nem sei por qual motivo perguntei. Crianças xeretas, metidas a detetives. Ainda que eu não tivesse falado demais, logo vocês descobririam tudo. São mesmo os filhos de quem são.
_Então é mesmo a Pedra, Hagrid? _ perguntou Harry.
_Sim, Harry. Flamel e Dumbledore resolveram tirá-la do Gringotes, achando que lá não era suficientemente seguro.
_E estavam certos. _ comentou Nereida.
_Isso mesmo, Nereida. E foi a sorte, pois o Gringotes foi invadido, três dias depois. Mas quem quer que tivesse sido, saiu frustrado.
_Me admira terem conseguido invadir Gringotes. Deviam ser bruxos das Trevas bem poderosos. _ disse Neville.
_Por isso eu trouxe a Pedra para cá. Olhem, crianças, esta nossa conversa jamais aconteceu, por favor. _ pediu Hagrid _ Antes daquilo, Flamel e Perenelle haviam sofrido um atentado. Mas, graças a Deus e a Merlin, saíram ilesos e agora estão sendo mantidos seguros, em local ignorado.
_Acha que pode ser gente do Voldemort, buscando um meio de recuperar os poderes de seu líder? _ perguntou Rony.
_É bem possível, Rony. _ disse Hagrid, tremendo à menção do nome do Lorde das Trevas _ Eu também não acredito que Você-Sabe-Quem tenha morrido, acho que ele não tinha mais humanidade suficiente para morrer. Por isso, eu e vários professores juntamo-nos para criar defesas para a Pedra. Dumbledore, McGonnagall, Snape, Sprout, Mason e Flitwick foram os outros que contribuíram com seus talentos. Podem acreditar, amigos, a Pedra Filosofal está para lá de segura. Vamos ao chá, gente. A água está no ponto.
Deliciaram-se com o chá quente e dedicaram o final daquela manhã a conversar sobre vários assuntos, principalmente envolvendo animais mágicos.
_Esta os livros de Mitologia Grega não contam, mas os Cérberos originais eram dois, um casal. _ disse Hagrid.
_É lógico pois, se não fosse desse jeito, eles jamais poderiam se reproduzir. _ brincou Harry.
_Exato. E seus nomes eram Cecé e Fifi, escolhidos por Perséfone, esposa de Hades.
_Cecé e Fifi? _ perguntou Hermione _ Nomes delicados para duas bestas daquele tamanho?
_Perséfone tinha um grande senso de humor, pelo que ouvi dizer. Os cães eram bem mansos com ela.
_Também, não seriam loucos de atacarem a esposa de Hades. Não sobraria muito deles se o fizessem. _ comentou Rony, com um sorriso.
_E vocês têm razão, os Cérberos são bastante raros, atualmente. Eu ganhei o Fofo de um viajante grego, há algum tempo. Ele era ainda um filhote, do tamanho de um pastor alemão adulto. Eles crescem muito depressa, mas até que não comem tanto, pelo seu tamanho. Incrivelmente, não comem mais do que uns dois filas brasileiros comeriam por dia.
_Com aquelas caras de pitbull e aquelas bocas que facilmente engoliriam uma bola de basquete, fica difícil de acreditar. _ disse Neville.
_Bem, já vamos indo. _ disse Hermione _ Teremos um teste de Feitiços na próxima semana e é melhor darmos uma revisada na matéria.
_Obrigado pela visita, crianças. E não se preocupem, a Pedra está em segurança. Podem crer nisso.
_OK. Bom dia, Hagrid. _ e as crianças puseram-se a caminho do castelo.
Depois de revisarem a matéria e almoçarem, resolveram dar uma descansada, menos Harry. Este resolveu dar uma volta pelos jardins, embora agora ainda estivessem nevados. No caminho, cruzou com Dumbledore, que carregava um volume debaixo do braço.
_Boa tarde, Harry. Uma esticada nas pernas?
_Faz bem para a digestão, Prof. Dumbledore. Além disso, aproveito para conhecer partes de Hogwarts que eu ainda não conhecia.
_Hogwarts é cheia de segredos e lugares fantásticos, dos quais nem mesmo eu conheço todos. _ disse Dumbledore _ Não andou pelo corredor principal do terceiro andar, andou?
_Claro que não, Prof. Dumbledore. _ respondeu Harry, com uma cara tão angelical que Dumbledore teve a impressão de que podia ver uma auréola dourada por sobre a cabeça do garoto _ Se existe a ordem de interdição, por que eu iria desrespeitá-la?
_E se eu disser que os genes depõem contra você? _ brincou Dumbledore, colocando a mão no ombro de Harry _ Seu pai e seu padrinho me deram muito trabalho, quando eram estudantes. Aliás, falando nisso, tenho algo aqui que pertence ao seu pai e eu gostaria que você enviasse para ele. Ficou emprestada por tanto tempo, que eu estou sem jeito de devolvê-la pessoalmente.
_Certo, Prof. Dumbledore. _ disse Harry, pegando o embrulho das mãos do Diretor, despedindo-se dele e continuando sua caminhada pelo pórtico quase vazio. O embrulho que carregava era surpreendentemente leve para seu tamanho. Curioso com o seu conteúdo, resolveu abri-lo, mas não ali. Olhando para os dois lados e constatando que não havia ninguém à vista, entrou em uma sala vazia e correu o ferrolho na porta, trancando-a. Em seguida, dizendo “Lumus”, acendeu a ponta da varinha, iluminando parte do ambiente.
Sentou-se a uma das mesas e abriu o pacote, vendo o seu conteúdo. Era um manto, feito de um tecido que lembrava-se jamais haver visto antes ou melhor, fazia muito tempo que não via, leve e aparentemente fluido (“Parece feito de água”, pensou o bruxinho, retirando o manto do pacote e colocando-o sobre os ombros. Naquele momento quase deu um grito pois, ao olhar para sua imagem refletida em um espelho que havia na sala, viu apenas sua cabeça, suspensa no ar. Passado o susto inicial, compreendeu que estava vestindo uma autêntica Capa de Invisibilidade, um raríssimo objeto mágico que vira poucas vezes e cuja patente pertencia à sua família, já que um dos seus ancestrais havia descoberto o meio de fabricá-las.
_Se eu fosse um pervertido, nenhuma garota escaparia de ser discretamente espiada. _ sussurrou o garoto, sorrindo e concluindo que aquele objeto representava o passaporte para uma discreta e indetectável exploração de todo o castelo. Além disso, poderia prosseguir em investigações sobre quem estaria atrás da Pedra Filosofal pois, mesmo que seu pai dissesse confiar em Snape e o professor de Poções não parecesse ser o monstro que ele julgara a princípio e não estivesse pegando muito no seu pé, ele ainda achava bastante suspeita aquela conversa que ouvira entre o professor e Quirinus Quirrell, além do fato de que ambos estavam olhando em sua direção quando a cicatriz doera, no Dia das Bruxas e de que os dois olhavam para cima, quando sua vassoura enlouquecera no jogo de Quadribol. Bem, daquela vez Lucius Malfoy também estivera lá. Estava resolvido, então. Experimentaria a Capa sozinho, naquela noite. Depois, contaria aos outros Inseparáveis.
À noite, depois do jantar, dera uma desculpa e recolhera-se mais cedo, depois de escovar os dentes. Colocara um cobertor enrolado debaixo dos edredons, como se fosse ele a dormir. Fechou as cortinas da cama e vestiu a Capa de Invisibilidade, levantando seu capuz por sobre a cabeça, constatando que ela também possuía um Feitiço de Ampliação Interna e olhando-se no espelho, nada vendo. Desceu com cuidado as escadas e, aproveitando a entrada de Lilá e Parvati, saiu pela abertura do quadro da Mulher Gorda, antes que se fechasse. (“Acho que vou dar uma olhada na Seção Restrita da Biblioteca, pois creio que Madame Pince não nos forneceu certas informações por serem sigilosas”, pensou ele).
Na Biblioteca, agora fechada, facilmente entrou na Seção Restrita e observou, entre admirado e assustado, certos compêndios de magia antiga e perigosa, tendo a nítida impressão de que alguns dos livros sussurravam. Então, viu um livro em uma estante mais isolada, em cuja capa lia-se o título “Os Dias Negros - O Que Os Jornais Não Contaram” (“Talvez haja algo que eu possa utilizar no Dossiê Voldemort”, pensou Harry, pegando o livro).
Mas o livro devia possuir algum tipo de defesa mágica, pois emitiu um lancinante grito ao ser aberto. Assustado, Harry devolveu o livro ao seu lugar e saiu correndo da Biblioteca, antes que alguém, principalmente Filch, pudesse chegar e encontrá-lo. Virando em um corredor, quase trombou com Snape, que estava tendo uma conversa sussurrada com ninguém menos do que... Quirrell.
_A hora está chegando, Quirinus. _ disse Snape.
_Muito conveniente p-para você, como... como eu já d-disse. Assim é fácil, refestelado e p-protegido aqui dentro.
_Eu disse que está chegando a hora de decidir a quem você empenhará sua lealdade. _ disse Snape, novamente segurando o pescoço de Quirrel com sua mão, firme como uma tenaz _ Eu já sei a quem empenharei a minha. E agora, saia do mesmo modo que entrou.
Snape soltou Quirrell, que saiu, tossindo e massageando o pescoço dolorido.
_O c-caminho que... que v-você escolheu é... é por demais p-perigoso, Severo. Eu já lhe av-avisei das conseqüências de escolher e-esse lado. Eu vou, mas esteja certo de que v-voltarei, na hora c-certa. _ e Quirrell sumiu nas sombras.
Saindo dali por um caminho diferente dos que eles tomaram, Harry continuava cheio de dúvidas. Qual deles seria leal a Voldemort e qual a Dumbledore? Ou seriam ambos Death Eaters a aguardarem o momento de levantarem-se e disputarem por postos de alto escalão, no círculo interno da Ordem das Trevas? E como Quirrell havia entrado? Será que conhecia as passagens secretas? Provavelmente sim. Perdido nesses pensamentos, Harry Potter entrou distraidamente em uma sala que encontrava-se desocupada, exceto por um enorme espelho, adornado por uma bela moldura dourada, na qual haviam palavras que formavam uma frase aparentemente incompreensível mas que, lida ao contrário, queria dizer: “Não mostro o seu rosto, mas o desejo do seu coração”. Colocando-se à frente do espelho, esperava ver o reflexo de sua cabeça, única parte do corpo não coberta pela Capa. Mas o que viu, foi algo bem diferente.
Primeiro, a superfície do espelho mostrou-se enevoada. Em seguida, a névoa dissipou-se e ele viu um casal idoso, o homem com cabelos grisalhos fixados com gel, mas que deixavam ver várias pontas rebeldes e o rosto bem parecido com o de seu pai, usando óculos de armação retangular, meio parecidos com os do Prof. Mason. A mulher tinha um sorriso bondoso e um ar aristocrático, mas não arrogante. Juntou-se a eles um outro casal, ele loiro com vários fios brancos e ela com cabelos acaju, os quatro sorrindo para ele. Imediatamente reconheceu pelas fotos de família que sua mãe lhe mostrara, os dois casais de avós, Norman e Igraine Potter, pais de Tiago e mais Harold e Eglentine Evans, pais de Lílian, os quais nunca havia visto pessoalmente. Em seguida, o espelho enevoou-se e a imagem mudou, mostrando-o abraçado a Gina, ambos adultos e levando um casal de gêmeos pela mão, passeando em um mundo sem a ameaça de Voldemort, no qual bruxos e trouxas reconheciam-se e respeitavam-se mutuamente.
Meio confuso com aquilo, recolocou na cabeça o capuz da Capa de Invisibilidade e retornou à Sala Comunal da Grifinória. Todos já haviam recolhido-se, exceto Rony. Este encontrava-se sentado em uma das confortáveis poltronas em frente à lareira, cujo fogo estava baixo, mas era o suficiente para manter agradável a temperatura. Parando ao lado do amigo, Harry tirou o capuz da Capa e deu um susto em Rony.
_Lendo a Playbruxo, Rony? Tome cuidado, pois se alguém descobrir, o Filch irá confiscar a revista.
_Caracas, Harry! Isso não se faz, cara! Quase que eu me borrei e deixei o coração sair pela boca! _ disse Rony, rapidamente fechando a revista bruxa para maiores e guardando-a dentro de suas vestes _ Mas o que é isso? Uma Capa de Invisibilidade? Artigo raríssimo, mesmo que a patente pertença à sua família.
_É do meu pai. Estava emprestada a Dumbledore e ele me pediu que a devolvesse.
_E você vai devolvê-la?
_Vou, claro que vou. Mas ninguém me disse QUANDO eu deveria fazê-lo, Rony. _ disse Harry, com um pequeno sorriso _ Agora, falando sério, deixe-me contar o que rolou nesta minha pequena excursão noturna.
E Harry relatou a Rony o que havia visto e ouvido, oculto pela capa. Quando terminou, Rony serviu duas xícaras de chá de um bule deixado por um elfo doméstico e tomou um gole da sua, assumindo um ar pensativo.
_O tal livro poderá ser útil, desde que consigamos neutralizar aquele grito. Quanto à discussão, é preciso lembrar que Snape foi um Death Eater, embora Dumbledore confie nele. O tal de Quirrell é um mistério. Dá para deduzir que ele conhece passagens secretas e que é conhecido de Snape de longa data, pois tratam-se pelo primeiro nome. Será que Snape nunca mudou de lado e estava ameaçando Quirrell? Ou, de repente, Quirrell também é um ex-Death Eater e estava tentando intimidar Snape, que limitou-se a se defender?
_E muito bem, por sinal. _ comentou Harry _ É a segunda vez que Quirrell sente a mão de Snape no pescoço e eu acho que não deve ser nada agradável.
_Agora, o que me intriga é o tal espelho. Você disse que ele não mostrava seu reflexo e sim imagens de seus avós paternos e maternos, além de uma sua com Gina e... filhos? _ perguntou Rony, novamente fazendo aquela cara de “Irmão-Mais-Velho-Ciumento”.
_Isso mesmo, Rony. _ disse Harry, consultando o relógio, enquanto, por dentro, ria-se da cara do ruivo_ E aí, acha que dá para a gente arriscar uma voltinha não-autorizada?
_Fiquei curioso, Harry. Só espere eu esconder esta Playbruxo que eu vou com você. Ainda bem que Mione e Soraya já estão dormindo ou iriam ralhar conosco.
Logo depois, Rony desceu e entrou debaixo da Capa, junto a Harry. Os dois amigos saíram e, após alguns minutos, driblando Filch e passando por alguns atalhos, chegaram à sala e entraram.
_É um belo espelho, Harry. Vou ver o que ele me mostra... Uau! Estou no time de Quadribol, como Goleiro! Agora estou com o uniforme normal e tenho um distintivo de Monitor. A Grifinória ganhou a Taça das Casas e eu estou recebendo o troféu de Dumbledore. Cara, agora estou me declarando para a Mi... _ e Rony parou de falar, saindo da frente do espelho, rubro como uma cereja.
_E por que não se declara de uma vez para a Mione, cara?
_Fico inseguro, Harry. Sei que não sou um aluno mau ou mesmo medíocre, minhas notas até que são meio altas. Mas eu não me acho à altura dela, cara. Eu adoro aquela linda “Traça-de-Livros”, mas não sei como eu ficaria se ela me desse um fora, não sei se suportaria a rejeição.
_Você nunca saberá o que vai acontecer se não arriscar, cara. Eu acho que você deveria criar coragem e investir. Além disso, Rony, eu tenho certeza de que a Mione também gosta de você. Bem, vamos voltar para a Sala Comunal? Agora já está bem tarde.
_OK, Harry. Vamos voltar. E eu acho que você tem razão.
E os dois retornaram à Sala Comunal.
No dia seguinte, Harry contou aos outros Inseparáveis sobre suas aventuras sob a Capa de Invisibilidade. Nereida ficou bastante preocupada com a possibilidade de seu pai estar sendo ameaçado ou pior, dele jamais ter mudado de lado. Em seguida, todos mostraram-se curiosos com o tal espelho e, nas noites seguintes, Harry levou os outros à sala do espelho, onde maravilharam-se com as imagens vistas. Certa noite, na qual Harry estava lá, sozinho a admirar as imagens na superfície do espelho, sentiu uma mão no seu ombro e a voz suave e ao mesmo tempo firme, pertencente a Dumbledore.
_De novo em frente ao Espelho de Ojesed, Harry? Tome cuidado, pois muitas pessoas deixaram de levar suas vidas, apenas para olhar as imagens de seus desejos.
_Então é isso que este espelho mostra, nossos desejos?
_Exatamente, Harry.Você manifestava a vontade de conhecer seus avós, os quais só vira em fotos. Depois, você estava com a mulher que você ama e com seus filhos (e viu, divertido, Harry corar), em um mundo sem a ameaça das Trevas. Rony, que julga viver à sombra do sucesso dos irmãos, enxerga-se como um aluno de sucesso, declarando-se e sendo aceito pela jovem que é dona de seu coração. E vai daí por diante, cada um vendo os maiores anseios de seus corações.
_O senhor vê as imagens dos outros, além das suas, Prof. Dumbledore?
_Sim, Harry. Levei muitos anos para adquirir tal habilidade. E fico muito contente ao saber que os desejos de cada um de vocês são extremamente puros, fruto de suas excelentes índoles.
_O senhor também deve ter suas aspirações, não é?
_Tenho, Harry, assim como qualquer pessoa. Alguém totalmente completo, veria apenas sua própria imagem. Mas tal pessoa já não pertenceria a este plano, estaria evoluída demais para prender-se ao invólucro físico. Eu vejo coisas semelhantes às de vocês, tais como uma sociedade justa, o restabelecimento da antiga harmonia entre bruxos e trouxas, um mundo sem o terror da Ordem das Trevas e muito mais. Porém, o meu maior anseio não é esse.
_E qual é, Prof. Dumbledore? _ perguntou Harry, meio incerto sobre se deveria perguntar algo tão íntimo.
_Boas meias de lã. As pessoas acham que o Diretor de Hogwarts, Presidente da Suprema Corte e da Confederação Internacional dos Bruxos, etc, etc, merece presentes pomposos e preciosos, esquecendo-se de que os pés deste velhinho de mais de cem anos esfriam bastante no inverno, iguais aos de qualquer pessoa. _ disse Dumbledore, rindo e ajudando Harry a levantar-se do chão _ Vamos embora, Harry. Acompanharei você até a Sala Comunal da Grifinória. O Espelho de Ojesed será transferido para outro local e espero que não tente procurá-lo. Não vale a pena dedicar-se a ilusões e esquecer-se da vida real. Vejo que está usando a Capa de Invisibilidade de seu pai. Estou certo de que fará bom uso dela.
Dumbledore acompanhou Harry até a Sala Comunal, ambos conversando e rindo com casos do passado que o Diretor lhe contava. Mas um pensamento não saía da cabeça de Harry Potter. O de que Dumbledore tinha um anseio maior do que as meias de lã, pois notara que a expressão do rosto do velho bruxo entristecera e surpreendera uma solitária lágrima correr por sua face, logo sendo ocultada por suas brancas e longas barbas.
A partida de Quadribol entre Grifinória e Corvinal esquentava cada vez mais e a caçada ao pomo de ouro absorvia Cho e Harry totalmente, os dois quase não percebendo os balaços que assobiavam perto deles, somente desviando na última hora. Os dois Apanhadores davam o máximo de si e as torcidas não acreditavam que alguém fosse capaz de fazer tudo aquilo com uma Comet 260 ou mesmo com uma Nimbus 2000. O pomo também era de excepcional qualidade, desviando-se, fintando os Apanhadores e escondendo-se o quanto podia. De repente, quando Harry estava quase fechando a mão sobre o pomo, uma campainha de alarme pareceu soar dentro de sua cabeça e ele desacelerou bruscamente sua vassoura, intencionalmente colidindo com Cho e salvando a vida de ambos. Se não desacelerassem, os dois seriam fatiados pelo raio roxo que partiu de um ponto fora do campo e passou por onde os bruxinhos estariam, caso tivessem continuado em sua trajetória.
_O que foi aquilo, Harry? _ perguntou Cho, ofegante de susto.
_Acho que alguém estava tentando matar um de nós e acabaria pegando o outro como brinde. _ respondeu Harry _ Mas parece que o Prof. Mason já viu de onde veio o raio e foi pegar o infeliz que o disparou. Eu não queria estar na pele dele.
Com efeito, Derek Mason saiu da arquibancada dos professores e correu para fora do campo. Harry e Cho recomeçaram o seu duelo pela captura do pomo de ouro, que continuava a fugir, parecendo zombar dos dois. Dali a pouco Cho sorriu, pois estava mais perto do pomo. Só que ela não contava com a perícia de Harry nem com a capacidade de aceleração da Nimbus 2000, superior à da Comet 260. Diante dos olhos descrentes da jovem chinesa, Harry Potter capturou o pomo de ouro daquele jogo, uma fração de segundo antes de Cho Chang.
A arquibancada quase veio abaixo com o urro da torcida, comemorando mais uma vitória dos Leões, daquela vez sobre as Águias.
_Fica para a próxima, Cho. Esta é da Grifinória. _ disse Harry, enquanto os dois desciam ao solo, desmontavam das vassouras e cumprimentavam-se, o bruxinho logo indo ao encontro do restante do seu time, que fazia a maior festa.
_Sempre haverá uma outra vez, Harry. _ respondeu Cho, acenando para ele e juntando-se ao restante o time da Corvinal. A Grifinória vencera por duzentos e noventa a cento e trinta.
Durante a festa, na Sala Comunal da Grifinória, certa hora a entrada abriu-se e entraram Dumbledore, McGonnagall e Mason, os dois últimos com cachecóis em vermelho e amarelo.
_Parabéns, Harry. Foi uma excelente captura, como as que eu via quando seu pai jogava. _ disse Dumbledore.
_Mais ainda, Diretor. Parecia que era Tiago, lá em cima, não era mesmo, Profª McGonnagall? _ disse Mason.
_Com certeza, Prof. Mason. Acho que a Grifinória vai papar a taça do Quadribol, este ano.
_Obrigado, Prof. Dumbledore, Prof. Mason, Profª McGonnagall. Espero continuar correspondendo à confiança de todos. _ disse Harry _ Aliás, o senhor conseguiu pegar quem disparou aquele raio, Prof. Mason?
_Sim, Harry. Era um Death Eater, chamado Carl Jugson, apelidado “Viking”. Eu chamei uma patrulha de Aurores para levá-lo, mas havia algo de estranho.
_O que, Prof. Mason? _ perguntou Soraya.
_Não precisei incapacitá-lo, ele já estava inconsciente no momento em que cheguei, atingido por um Feitiço Estuporante. Parece que alguém o estuporou, no momento em que ele disparou aquele raio. Ainda bem que o pegaram pois, pela posição do corpo e pela altura em que Harry e a Srta. Chang estavam, eles teriam sido atingidos, ainda que de raspão, mesmo que Harry tenha sentido o perigo e colidido com ela. Já seria o bastante para que os dois se ferissem, seriamente.
_Aquilo foi um feitiço para combate, Prof. Mason? _ perguntou Rony.
_Sim, Rony. É denominado “Sectumsempra”, um feitiço que, em potência máxima, pode cortar alguém ao meio.
_Sim, eu me lembro. _ disse Hermione _ Li que ele foi muito usado nos Dias Negros.
_É verdade. Muita gente boa perdeu a vida ou ficou aleijada, atingida por aquele raio roxo _ disse a Profª McGonnagall.
_E quem poderia ter atingido o Death Eater? _ perguntou Jorge.
_Não sei, Jorge. _ disse Dumbledore _ Eis mais uma pergunta que, ao menos por enquanto, ficará sem resposta.
_Várias pessoas não estavam nas arquibancadas, naquele momento. Qualquer uma delas poderia tê-lo pego de surpresa. _ comentou Harry.
_Talvez, Harry. _ disse Neville _ Mas poucos aqui em Hogwarts, à exceção dos professores ou alunos destacados dos últimos anos, conseguiria pegar um Death Eater, mesmo de surpresa.
_De qualquer forma, deve ter sido alguém bem preparado ou não conseguiria surpreendê-lo._ comentou Fred.
Derek Mason tinha um palpite sobre quem poderia ter estuporado Carl Jugson. Mas preferiu guardar para si suas suspeitas, até mesmo porque queria falar com a pessoa, em um momento mais oportuno. E, de qualquer modo, estava certo de que aquilo não havia sido um atentado contra a vida de Harry, mas sim um recado, com a finalidade de mostrar que a Ordem das Trevas não estava acabada e que não perdoava nem esquecia.
Pois bem, Derek Mason podia até perdoar. Mas também não esquecia, principalmente a imagem que atormentava seus pesadelos, desde os cinco anos: Seu avô adotivo, Ryusaku Komori, segurando-o, enquanto ele via seus pais, estendidos no meio da sala de sua casa, mortos por uma “Avada Kedavra”, em meio ao sangue de três Death Eaters mortos, enquanto Voldemort desaparatava, acompanhado por cinco outros, seriamente feridos.
Aquela imagem iria acompanhá-lo pelo resto de sua vida, mesmo que ele encontrasse Voldemort e o Lorde das Trevas lhe dissesse a razão daquilo.
Mas não deixou transparecer nada, a fim de não perturbar a festa da Grifinória, mesmo porque Harry e os Inseparáveis mereciam aqueles momentos agradáveis, já que seus instintos diziam que o perigo aproximava-se e não envolveria somente a Harry, embora o bruxinho fosse o principal alvo.
Até que chegasse a hora, que as crianças relaxassem e se divertissem, mantendo a mente focada nos estudos. Aquilo só faria bem a elas.
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