Capítulo Dois
Uma hora e meia havia se passado e Harry ainda não havia visto Gina em lugar algum, embora não a estivesse procurando nem mesmo com o olhar. Naquele ponto da festa, Anna Abbott também havia se unido a eles e parecia um tanto à vontade dançando próxima a Neville. Além disto, um fato rapidamente percebido por Harry, era o de Simas estar discretamente se aproximando de Luna. Harry não se admirou, pois tinha plena consciência de que a garota estava realmente atraente naquela noite. Ele mesmo havia notado a luz que aquela garota emanava do próprio corpo, tão branco que fazia lembrar uma estrela. Harry sabia, uma vez que também havia observado, que o modo com que os cabelos dela brilhavam enquanto ela dançava era definitivamente esplêndido. E, desde sempre, Harry sabia que Luna era a garota mais diferente que ele poderia conhecer.
— Pessoal, eu vou pegar mais bebida. Alguém quer? – Harry perguntou falando alto, tentando fazer sua voz sobressair a musica.
— Pode trazer uma para mim? – Rony perguntou sem parar de dançar.
— Sem problemas – e Harry deixou-os arfando bastante.
Foi em direção a uma das tendas e pediu duas bebidas do dragão verde. Tomou os primeiros goles ali mesmo e aguardou um pouco, determinado a recuperar um pouco mais de fôlego. Sua testa suava e suas costas também, ele podia sentir. Ele pensava no quão impressionante estava aquela festa no momento em que seus olhos foram arrastados até determinado trecho da pista de dança, justamente onde ele ainda não havia pisado por ser tão distante do centro.
Harry viu Gina dançar radiante com Draco Malfoy. Isto não poderia ser verdade. Ele poderia estar vendo coisas, pois já havia bebido bastante. Harry esfregou os olhos dezenas de vezes, esperando que estivesse sendo enganado por sua própria visão, mas aquilo era real. Uma fúria terrível percorreu o corpo dele e Harry teve de se controlar para não sair correndo e amassar a cara daquele loiro idiota. Sua atitude fora, no entanto, correr ao encontro de Rony.
— Rony! Rony! – ele gritou, sua voz alta o suficiente para o amigo ouvi-lo. — Eu encontrei Gina!
— Ah, é verdade, ela não esteve conosco! – Rony percebeu.
— Você não está entendendo! – Harry olhou-o alarmado. — Gina está com Malfoy! Eles estão dançando juntos!
— O QUE? – o ruivo cessou o eu fazia.
— É exatamente isso, Rony! Draco Malfoy está com sua irmã!
— Harry, cale a boca! – Hermione falou, começando a se desesperar. — Rony, ele está bêbado! Não o dê ouvidos!
— Hermione, eu não estou bêbado! – Harry gritou em sua defesa. — Estou falando sério! Venha comigo, Rony!
E os dois saíram correndo, esbarrando em qualquer um que surgisse no caminho. Hermione foi atrás enquanto os outros não haviam notado o alarde. Harry guiou o amigo até onde eles deveriam chegar e lá estavam eles: Gina e Draco em uma empolgada dança. As orelhas de Rony tornaram-se mais vermelhas que nunca e desta mesma cor estava o ânimo de Harry.
— Rony, não faça isso! – Hermione o segurou pelo braço, mas o namorado desvencilhou-se facilmente.
Harry e Rony investiram passadas largas e firmes na direção do casal. Gina os viu e parou de dançar, lançando-se na frente de Draco.
— Saia da minha frente, Gina! – Rony gritou. Algumas pessoas que estavam próximas pararam para observá-los.
— Rony, não! – Hermione tornou a tentar detê-lo e, novamente, não conseguiu.
— O que você está fazendo com minha irmã, seu filho de uma...
— Saia daqui, Rony! – Gina berrou. — Isso não é problema seu!
Por detrás da garota, Draco sorria desdenhosamente.
— Eu vou matar você, seu idiota! – Rony gritou.
— Saia da frente desse estúpido, Gina! – Harry gritou.
— Cale-se, Potter, você não é meu namorado e o que eu faço não é da sua conta! – bradou a ruiva.
Rony teria partido para cima dos dois, caso Hermione não o tivesse detido com as cordas invisíveis que havia conjurado.
— Você está sendo muito irresponsável, Gina! – a garota ralhou. — Eu te preveni, eu te aconselhei!
— Você também sabia desta perversão, Mione? – Rony gritou, ainda mais enfurecido.
— Sabia disso, Hermione? – Harry berrou, empunhando sua varinha na direção do terrível casal.
— Se você ameaçar fazer alguma coisa, terei de amarrá-lo também! – Hermione ameaçou. — Saia daqui, Gina! Você está causando muitos problemas!
— São esses dois os causadores dos problemas, Hermione! – ela retrucou indignada. — Eu sou maior de idade agora e tenho o direito de fazer o que eu bem entender!
— Você não tem o direito de ficar com ele! – Harry clamou.
Gina e Draco gargalharam.
— Ah, eu não tenho? – indagou ela. — E que irá me impedir?
Harry teria mostrado para ela quem a impediria, caso não tivesse sido imediatamente atado pelas cordas invisíveis de Hermione.
— Vá para casa, Gina! – a garota pediu, com certo alarme na voz.
— Eu não irei! Se quiser paz, leve-os para casa e os problemas terão acabado!
— Eu os levarei, Gina, mas saiba que você me desapontou muito – Hermione findou.
Gina não disse absolutamente nada e Hermione utilizou mágica para retirar Harry e Rony da pista de dança. Os dois rapazes viram Gina sair de lá também, pela outra extremidade, com Draco.
— Vamos para a minha casa, Rony – disse Hermione.
— Eu não irei a lugar algum! – gritou ele, as orelhas queimando.
— Você irá, sim – Hermione decidiu. — E você, Harry, deve voltar também.
— A festa ainda não acabou para mim – disse ele, terminantemente decidido a não voltar para casa agora.
— Harry...
— Eu vou ficar bem, Hermione – ele garantiu, aparentemente mais calmo, embora ainda amarrado.
— E como eu vou saber que você não vai fazer alguma besteira?
— Hermione, eu prometo que vou me comportar. Assim está melhor?
A garota confabulou com si mesma antes de soltar as cordas dele.
— Estou confiando em você, Harry.
— Tudo bem, vejo vocês depois.
E Harry deixou-os, ouvindo Rony implorar para ser solto e jurando estar absolutamente calmo. Harry aprendera nos últimos anos a controlar sua raiva e, nesta noite, todo o aprendizado entrava em prática. Sentia-se amortecido, de fato, entretanto a fúria que o corroera minutos atrás havia se dissolvido dentro dele. Harry não queria saber dos feitos de Gina e a única coisa que ele tinha certeza era de que a festa ainda não tinha acabado.
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