Pessoa especial
Mary acordou com um chamado de sua esfera, e se surpreendeu ao ver a pequena imagem de Hainault se formar na fumaça. Ainda com a visão prejudicada pelo sono, ela tentou entender a expressão dele, mas tudo o que conseguiu foi ouvir o dragão pedindo ‘Pode ir agora me encontrar na praça do relógio?’. E desapareceu logo em seguida, a deixando preocupada.
Sem pensar duas vezes, e mesmo sabendo que teria que se acertar com a Nana por ter saído logo cedo e deixado de lado s suas tarefas, ela pulou da cama e se trocou o mais rápido possível. Conseguiu sair escondida da mansão para aparatar, e correu pelas ruas de Hogsmeade assim que chegou na cidade. Pisou na praça quase sem fôlego e procurou por Hainault, até encontrá-lo no mesmo banco do outro dia, lendo um livro. Porém, quando ela deu o primeiro passo em direção ao dragão, alguém que também vinha apressado do seu lado, acabou se chocando nela e os dois caíram no chão.
- NÃO OLHA POR ON... Weed? – perguntou Doumajyd surpreso, vendo Mary caída – O que está fazendo aqui? – ele se levantou e a ajudou a se levantar.
- Eu é quem pergunto! – respondeu ela um tanto grossa, supondo que o dragão resolvera a seguir por ela ter fugido das suas obrigações de serva particular.
- O Ryan me chamou aqui. – disse ele como se fosse algo óbvio.
Foi a vez de Mary ficar surpresa e olhar para a praça onde estava Hainault. Ele havia deixado o livro de lado e observava os dois sorrindo.
- Mary. – chamou Doumajyd de repente.
Ela se virou para o dragão e percebeu que Doumajyd também vira o amigo e que, ao contrário dela, tinha entendido toda a situação.
- O Ryan chamou nós dois aqui. – deduziu Doumajyd.
- Por quê? – ela perguntou olhando novamente para a praça e vendo que Hainault tinha deixado o banco e estava indo embora calmamente – Ele está-
- Pode ficar comigo, Mary. – Doumajyd a segurou pela mão, quando ela fez menção de o seguir.
Ainda sem entender, ela olhou novamente para a praça e viu Hainault andando de costas e acenando para eles. Doumajyd respondeu o aceno com a outra mão, como alguém que confirmava que estava tudo bem. E então Hainault sorriu e aparatou.
- O que foi isso? – perguntou Mary completamente perdida – Por que ele foi embora?
Doumajyd soltou a mãe dela e se espreguiçou, como alguém que há muito tempo carregava um peso e agora se sentia aliviado, e então respondeu:
- Eu conversei com ele. – e acrescentou orgulhoso – Uma conversa entre dragões.
Mary encarou o dragão sorridente, esperando que ele se explicasse melhor. Mas como percebeu que isso não aconteceria, ela deu meia volta e refez o seu caminho com os mesmos passos apressados de como chegara.
- Ei, por que ficou brava do nada?! – ele a seguiu.
- Não estou brava! – ela começou a andar mais rápido, com seus passos furiosos dizendo exatamente o contrário do que ela afirmava.
- Claro que você está brava! – ele acelerou o passo para poder alcançá-la.
- Já disse que não!
- Eu resolvi as coisas com o Ryan! Não está feliz?
Ela fingiu que não o ouviu.
- Espera aí! Por que está nervosa?
Mary parou de repente e ele quase se chocou com ela novamente:
- Não estou nervosa. É só que...
- Sabe, – ele passou um braço em volta dos ombros dela e a fez caminhar junto com ele – agora podemos andar assim pela rua. Ninguém tem o direito de falar nada, não é?
Sim, ainda havia alguém que podia falar algo: Summer Vanderbilt. Estava bem claro que Doumajyd não havia concordado com o casamento como a metamorfomaga dissera, mas ela parecia acreditar piamente nisso.
- Tem uma coisa que eu quero perguntar. – declarou Mary, saindo do abraço dele, deixando bem claro que ainda não se sentia bem assim.
- Esta preocupada com aquela velha, não é? – perguntou ele se referindo a sua mãe – Porque ela está voltando para a Inglaterra.
- Ela está voltando? – isso assustara Mary.
Com Tudo que tinha acontecido, por um tempo havia esquecido desse outro problema que se aproximava. Ela sabia que não poderia ficar para sempre na mansão dos Doumajyd, mas não esperava que a volta da mãe do dragão fosse algo repentino.
- Por hora, pare de trabalhar. – ordenou ele – Eu falo com a Nana sobre isso.
- Não. Deixe que eu falo com a Nana. – pediu Mary, tentando pensar rapidamente no que deveria fazer – Eu pedi para entrar e é justo que eu peça para sair.
***
- Sério? – foi tudo o que Nissenson conseguiu pronunciar depois de ouvir o relado de Hainault sobre o que acontecera no dia anterior.
Os três dragões estavam reunidos no refeitório da Academia, esperando pelo começo das aulas.
- Verdade. – disse o dragão simplesmente, sem prestar muita atenção na surpresa dos amigos, organizando as suas anotações.
- Eu nunca vi o Chris pedindo desculpas para ninguém! – exclamou MacGilleain, como se tudo o que ouvira do amigo não passasse de um sonho absurdo.
- Ele pediu de joelhos! – acrescentou Nissenson usando o mesmo tom.
- Sim. – concordou Hainault sorrindo – O Ilustríssimo Eu, o dragão de pedra orgulhoso, pediu desculpas de joelhos.
- Sabe, – MacGilleain ainda procurava uma lógica naquilo – geralmente ele bate nas pessoas.
- Mesmo se fossemos nós. – ajudou Nissenson.
- Enfim, – Hainault terminou sua última anotação e se levantou da mesa, arrumando suas coisas com a intenção de sair – parece que não tenho sorte mesmo com as pessoas que gosto.
- Onde você vai? – perguntou MacGilleain, ainda não conseguindo ordenar direito os seus pensamentos naquela manhã.
- Temos aulas. – respondeu Hainault da sua maneira calma, saindo – Preciso dedicar mais meu tempo a coisas que me levem a algum lugar. – mas ele parou depois de ter dado poucos passos – Ah, e se verem a Mary, digam para ela dar o seu melhor, ok?
E saiu do refeitório, deixando para trás os outros dois dragões se olhando perplexos.
- Por que será que esses dois levam tão a sério aquela única garota? – lamentou-se Nissenson.
- É porque é a Mary. – respondeu MacGilleain rindo.
- Eu não entendo muito bem isso. – lamentou o dragão das poções rindo – Como a Cogumelo consegue causar tanta confusão.
- Bom, basicamente, ela é especial para eles.
- De fato, para se lidar com o Chris precisa ser especial. – ele riu – A Vanderbilt não parece estar dando conta, como a Mary conseguiu.
- O fato de haver uma pessoa especial para cada um é algo que ninguém sabe explicar. – filosofou MacGilleain, imitando o jeito sério que o amigo costumava falar – Você sabe muito bem o que é isso. Não, Simon?
- O quê? – perguntou ele fingindo não entender, mas lembrando instantaneamente de Hannah McPherson.
- Sua pessoa especial! – MacGilleain foi mais direto – Falando nisso, como vai a Vicky?
- Por que está me perguntando isso agora? – inquiriu o dragão com um tom irritado.
- Ora, ela não é a sua nova pessoa especial?
Nissenson pensou um pouco e então respondeu:
- Realmente, ela se tornou importante para mim, mas-
- Aha, eu sabia! Ela é especial!
- Eu não disse nada disso! – se defendeu Nissenson.
- Você até levou ela na moto!
- Isso não vem ao caso! – e, diante da total descrença do amigo, se levantou dizendo – Vamos para as aulas ou vamos nos atrasar!
- Claro, claro. – concordou MacGilleain o seguindo e ainda rindo.
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