Tempo que for necessário
Depois de ter finalmente terminado as provas, e estando muito mais aliviada, Mary seguiu para o refeitório. Tinha um tempo e queria encontrar Hainault para agradecer pelo que ele tinha feito. Porém, ao chegar ao local, encontrou o salão destruído e vários alunos sendo tratados por curandeiros da Academia.
Assustada vendo tudo aquilo, ela avistou MacGilleain e Nissenson vindo em direção a saída e esperou para encontrá-los.
- O que aconteceu aqui? – ela perguntou.
- O Chris ficou furioso. – respondeu Nissenson.
- O Chris? Aqui?
- Sabe, Mary, – começou MacGilleain pacientemente, como se estivesse falando com uma das suas irmãzinhas – nada contra você, mas se não começar a ser mais sincera consigo mesma, continuara causando problemas. Não se esqueça que somos nós que temos que consertar os estragos do Chris.
Sem entender o sermão, Mary o deixou passar para ir embora.
- Não se preocupe com o Adam, Cogumelo. – explicou Nissenson – É que a Summer pediu conselhos para ele. Sabe como ele não recusa ajudar, e agora ficou em uma posição difícil entre vocês duas.
- Ah, é mesmo? – disse ela sem graça, imaginando que a metamorfomaga deveria ter contado o que vira no dia anterior.
- Eu preciso falar com você. Pode vir comigo?
- Sim. – ela respondeu automaticamente, ainda pensando no que o outro dragão havia lhe dito.
***
- Então é mesmo verdade que você está morando lá! – exclamou Nissenson surpreso enquanto montava em sua moto, no lado de fora da Academia – Quando eu era menor, costuma ir sempre naquele bairro.
- Sério? – perguntou Mary rindo – Que estranho!... Tipo, mesmo tendo bruxos morando por lá, não é um bairro nobre. É estranho imaginar que alguém do D4 costumava ir lá.
- Bom, pelo menos você riu. – comentou ele.
- Que? – ela perguntou sem entender.
- Não combina nada com você ficar triste. – disse ele apertando o nariz dela e a fazendo voltar a rir.
- Obrigada, Simon.
- Se quer agradecer mesmo, jogue fora esse orgulho bobo. Um dos dois precisa fazer isso... E nós sabemos que você é mais inteligente que o Chris.
Metade do sorriso de Mary desapareceu enquanto ele ajeitava o seu capacete, e ela procurou fugir desse assunto.
- Ei, por que não leva a Vicky dar uma volta de vez em quando? – perguntou ela batendo no acento traseiro da moto – Ela iria gostar!
- Eu não levo ninguém na minha moto. – disse ele de uma forma direta.
- Mentira. – desdenhou ela, conhecendo bem a fama de mulherengo dele.
- Verdade. Pode perguntar para qualquer um dos outros.
- Hum... – ela teve que desistir.
- Espero que você entre na Academia, Mary. Vamos nos divertir bastante com uma sangue-ruim valente batendo nos outros aqui!
Ele conseguiu fazê-la rir novamente e se despediu, indo embora com a sua moto onde ninguém mais além dele mesmo montava.
***
- O que foi isso na sua boca?! – perguntou Summer Vanderbilt quase derrubando a mesa ao se levantar para ver o que tinha acontecido com o seu noivo.
- Não é nada. – disse Doumajyd se largando no lugar em frente.
Ela se sentou novamente no seu lugar e pegou o menu do restaurante, cantarolando:
- O que vamos pedir?
- Sobre ontem...
- Tudo bem, eu não me importo com o que quer que tenha acontecido. – disse ela, ainda olhando o menu.
- Como assim não se importa? – perguntou ele estranhando a reação despreocupada dela.
- Talvez, – ela explicou – você ainda sinta algo pela Mary, não? Sente desde antes de começar a namorar comigo, não é?
Ele não respondeu, não entendendo onde ela queria chegar.
- Sabe, se você gostasse de mim muito rápido e a esquecesse completamente, seria um problema.
- ...Por quê?
- Ora, por que isso significaria que você se apaixona por qualquer mulher bonita! E eu, como sua noiva, ficaria insegura sobre o futuro... Olha, o casamento é algo eterno. E gosto de pensar que vou passar a eternidade com alguém que só sabe olhar para a pessoa por quem está apaixonado... Você me disse que se esforçará para gostar de mim, não? Eu estou preparada para esperar o tempo que for necessário!
- Mas...
- Mas o quê?
- Não me diga que a Mary está grávida de você?! – gritou ela, novamente quase pulando da mesa.
Doumajyd olhou em volta assustado, vendo se alguém no restaurante tinha escutado o escândalo da metamorfomaga.
- Claro que não, idiota!
- Ah, não me assuste assim... – ela se sentou – Mas, se um dia você voltar a me trair, me conte, ok?
- Contar? – o dragão perguntou com um careta.
- Você não me contaria? – ela fez um beicinho.
- Eu...
- Olha a Mary! – Summer apontou para a janela.
- Onde?! – foi a vez de Doumajyd quase virar a mesa com a surpresa.
- Mentira! – cantou ela abanando as mãos e parecendo se divertir imensamente.
- Droga... O que está pensando? – perguntou ele voltando sem graça para o seu lugar.
- Sempre penso só em você. – ela sorriu e fez seus cabelos ficarem iguais aos deles.
Doumajyd não pôde evitar de sorrir ao ver aquilo, o que a deixou mais feliz.
- Encontrei um sorriso para mim no Chris. – comentou ela como se fosse uma grande conquista.
***
- Sem problemas. – contou Mary contente para a pequena imagem de Hainault na sua esfera, depois que Nissenson fora embora – Tudo graças a você! Muito obrigada por ter conseguido essa segunda oportunidade para mim!
- Você merecia uma segunda oportunidade, Mary. – disse ele – Você é a única pessoa que eu conheço que desmaiou de tanto estudar.
- Bom, não foi só de estudar... – tentou dizer ela.
- Que tal irmos comemorar? – perguntou ele.
- Comemorar? Mas o resultado ainda nem saiu!... Mas, que tal se eu pagasse o almoço para você como agradecimento?... Claro que não vai ser nada chique, como o Dragão Hainault está acostumado, mas-
- Eu aceito.
Mary sorriu para a esfera.
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