Quando começou?



- Foi uma briga feia então? – perguntou Mary ao mesmo tempo em que dava outra mordida no seu hambúrguer – Doumajyd realmente não mede o que faz...
- Eu também. – disse Hainault – Acabei gritando com ele.
Depois de se encontrar com o dragão, Mary contou o pouco dinheiro que tinha e escolheu um lugar trouxa e barato perto de onde estava trabalhando. Lamentou-se por não poder escolher algo melhor, mas também tinha quem pensar nas refeições do seu irmão.
- Você gritando? Isso é raro, não?
- Mas teve um motivo... – ele olhou em volta pensativo – ...Quando será que começou?
- Começou o quê? – perguntou Mary tomando um grande gole do seu refrigerante.
- A gostar de você.
Mary precisou se segurar para não cuspir tudo o que tinha na boca na cara dele. A mesma sensação incomoda do hospital, que ela achava que já havia se desfeito dentro dela, voltara. Então ela tentou rir para disfarçar:
- Você gritando deve ser muito engraçado!
Ele riu também, dizendo:
- Rindo, chorando, ficando brava ou sem graça... Conheço todas essas suas expressões. No começo, Mary Ann Weed era apenas uma sangue-ruim irritante que sempre estava no meu caminho. Mas depois, vendo o seu esforço apenas para poder continuar vivendo... algo mudou, e me fez mudar. Até aquele momento, antes de ouvir você gritando na torre, eu costumava ser indiferente a tudo... Depois de te conhecer, e receber um sermão, deixei a minha indiferença de lado e passei a escutar o que você, uma desconhecida, falava... Eu não sei exatamente quando começou, mas estar ao seu lado passou a ser algo óbvio... E quando eu não estou com você... é solitário.
Mary esquecera completamente do hambúrguer em sua mão. Ela encarava Hainault não querendo acreditar que estava ouvindo uma declaração, e não consegui abrir a boca para impedi-lo.
- Quando você foi para Nova York, – continuou ele – Simon, Adam e eu rimos muito. Ficamos imaginando que provavelmente estaria perdida em algum beco em apuros. E antes que eu me desse conta, estava lá, na sua frente... Realmente... Tudo isso... é gostar de alguém, não?
Mary não conseguia pensar em nada para responder e continuou paralisada.


***


- É claro que ele gosta de você! – exclamou a imagem da professora Karoline empurrando a de Vicky e aparecendo na esfera.
- Professora! – reclamou Vicky, reaparecendo pela metade.
Assim que saíra apressada do almoço com Hainault, alegando que estava atrasada para o trabalho, Mary se enfiou dentro de uma cabine telefônica e fingiu estar ligando para alguém. Enquanto segurava o fone com uma mão, falava disfarçadamente com a esfera escondida na outra.
- Bom, – continuou a professora – ser pega assim de surpresa pelo seu primeiro amor e receber uma declaração dessas deve ser um grande susto, mas... – ela tomou fôlego e gritou a palavra, para dar mais efeito ao que ia dizer – PAIXÃO não é algo que se inicia da noite para o dia. Ele dizer que se apaixonou por você não é algo estranho, sabia?... Porém, você não deveria estar preocupada especificamente com essa declaração. No momento, você deveria estar preocupada com esse novo dilema: quem você ama?
- Você não consegue esquecer o Doumajyd, não é? – perguntou Vicky.
- Claro que eu esqueci ele! – afirmou Mary, por um momento esquecendo-se do fone e passando a falar só com a mão. Então quando ela percebeu olhou disfarçadamente em volta e falou – Agora... Eu não vou ser idiota de ser enrolada por ele de novo!
- Compreendo. – resmungou a professora, como alguém que compreendia, mas que achava que poderia ser diferente.
- O Doumajyd será feliz com a Summer... – ainda disse Mary, para lembrá-las que ele tinha uma noiva.


***


A senhora Doumajyd deixou-se cair desanimada em sua poltrona no escritório depois de terminar o contato com seus sócios em Nova York.
- Não seria melhor fecharmos o escritório em Nova York, senhora? – sugeriu Richardson.
- Não podemos fechá-lo! – disse a bruxa rispidamente.
- Perdão pela sugestão. – desculpou-se ele, recolhendo vários pergaminhos assinados na mesa do escritório e indo se retirar.
- Richardson! – chamou a senhora antes que ele saísse.
- Por que o Christopher não tem voltado para casa? Não falei para ficar de olho nele?
- Perdão, senhora. Mas com os problemas-
- Se ele se casar não teremos mais problemas. Lembre-se disso e continue de olho nele
- Sim, senhora. – ele assentiu obedientemente.
Então a bruxa pegou novamente a sua esfera e chamou por alguém. Logo a imagem de uma garota sorridente de cabelos roxos apareceu pelo cristal.
- Olá, Summer, querida! – cumprimentou a senhora Doumajyd gentilmente – Será que você poderia me conceder um pouco do seu tempo hoje à noite?


***


Depois de ter almoçado com Summer em Hogsmeade, Doumajyd decidiu fugir dela se escondendo em Londres. Ela ainda não sabia que o dragão tinha se mudado para o mesmo prédio que Mary, e ele queria que continuasse assim por um bom tempo, já que a sua casa podia sempre ser invadida a qualquer momento pela metamorfomaga.
Apesar de ser um bairro onde haviam várias famílias bruxas que não eram privilegiadas com uma boa situação financeira, a aparatação só era permitida em um bosque de passeio perto. Dali vários bruxos saiam todos os dias voltando para suas casas, como se tivessem apenas pegado um atalho.
Na saída do bosque, havia uma pequena praça trouxa, com balanços, caixas de areias e outros brinquedos para as crianças. Essa fora uma das coisas que espantaram o dragão na primeira vez que vira. Como crianças trouxas gostavam passar o dia ali, brincando e aproveitando o sol. E o que mais o espantou foi ver filhos de bruxos, brincando junto com elas, como se essa convivência fosse algo perfeitamente normal.
Então naquela hora, voltando para o prédio e passando pela praça, avistou alguém conhecido, sentado em um banco solitário, parecendo extremamente deprimido. Parando na mesma hora, Doumajyd deu meia volta e entrou no lugar, atravessando o parquinho e indo até o banco:
- Irmãozinho trouxa! – disse ele para que o garoto percebesse que estava ali – Como foi a prova?
Charles limitou-se a dar um meio sorriso.

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