Visita dos Dragões
- Ele a beijou?! – perguntou Vicky espantada.
- Shhhhh! Não fala alto! – pediu Mary a fazendo sentar novamente na cadeira ao seu lado.
- Mas... Como? O Cavalheiro de Olhos Frios? Desde quando?
- Não sei... – suspirou Mary – Mas acho que na verdade, não é isso.
- Não? Mas ele não disse que talvez goste de vocês?
- Ele tem a Sharon, não tem? Eu sei que ela também gosta dele.
- Mas essa relação entre eles já não tinha acabado? Mesmo ela tendo desfeito o noivado?
- E você não suspeita porque ela desfez o noivado, Vicky?... E ele disse que ela voltaria logo para cá...
- Então... Por que ele te beijou?
- Sabe, o Ryan tem uma personalidade única, e faz tudo ao seu tempo. Ele é temperamental e relaxado com coisas importantes. Então eu acho que... O que é isso?
Uma movimentação de passos e gritos abafados foram ouvidos no início do corredor, e pareciam estar avançando cada vez para mais perto do quarto de Mary. Logo em seguida a porta foi aberta e Nissenson e MacGilleain surgiram, sendo seguidos por um bando de curandeiras sorridentes.
- Olá! – cumprimentaram ambos fechando a porta e não dando atenção para as suas admiradoras da área da saúde.
- Onde está a doente? – perguntou Nissenson analisando a situação dela – Você parece estar muito bem, Mary!
- Já estou bem melhor agora, Simon. – disse ela rindo do comentário – Na verdade, nem eu me vi doente, já que dormi a maior parte do tempo.
- Pensamos que havia sido algo muito grave para conseguir te fazer ficar internada. – comentou MacGilleain colocando uma cesta repleta dos doces mais caros da Dedosdemel ao lado das flores – Mas pelo jeito você é que está enfraquecendo!
- Eu não esperava que os dois viessem me visitar! Obrigada pelos doces! – agradeceu ela contente.
- Na verdade... – começou Nissenson, mas não pôde terminar porque o alvoroço do lado de fora recomeçou.
Novamente a porta se abriu e Hainault entrou:
- Boa tarde. – ele cumprimentou ao mesmo tempo em que Nissenson conjurava mais três cadeiras ao lado da cama.
Assim que o vira na porta, Mary perdera o ar, e não fazia mais idéia de como agir.
***
- Ei!... Ei!... Eeei!... CHRISTOPHER!
- O que foi agora? – perguntou o dragão irritado.
Além de ter a metamorfomaga agarrada ao seu braço, já fazia quase uma hora que os dois estavam andando pela cidade.
- Como assim ‘O que foi agora?’... Para onde estamos indo?
- Não sei. Aonde vamos?
- Você não sabe? – perguntou ela confusa – Não decidiu ainda?
- Ora, você que quis esse encontro! Não sabe para onde quer ir?
- Eu achei que você já tinha um lugar para ir quando me deixou para trás e começou a andar rápido!
Doumajyd não respondeu imediatamente, já que não havia como contestar o que ela dissera.
- Você está mais estranho que o normal hoje, Chris. – comentou ela o puxando consigo – Vamos, eu quero ir naquele parque que tem perto do lago.
***
Mesmo o quarto de Mary nos hospital tendo o seu pico de visitação do dia, o silêncio era pesado entre todos os que estavam presente.
- Falei com o pessoal da Academia. – informou Hainault para Mary, tentando falar algo que começasse uma conversa – Eles resolveram que vão lhe dar uma nova chance, já que a sua ausência foi por motivos de saúde.
- Ah... obrigada. – disse ela em um resmungo, e a conversa terminou nesse ponto.
MacGilleain olhou de Mary para Hainault, ela na cama e ele sentando ao seu lado, e para Nissenson e Vicky, ambos sentados do seu outro lado, e percebeu que era o único que poderia quebrar aquele clima.
- Ah, Simon. Temos que ir agora para aquele compromisso! – disse ele como se lembrasse de algo de repente.
- Compromisso? – perguntou o amigo franzindo a testa e tentando se lembrar – Que compromisso?
- Vamos logo, ou nos atrasamos! – MacGilleain se pôs de pé e o puxou para que ele se apresasse – Tchau, Mary! Se recupere logo e boa sorte na sua nova chance de exames!
- Tchau. – disse Nissenson simplesmente, ainda preocupado em se lembrar do tal compromisso.
- Mas vocês acabaram de chegar! – reclamou Mary percebendo na hora que aquela era uma estratégia para deixar que ela e Hainault conversassem sozinhos.
Mas MacGilleain não a ouviu porque, ao mesmo tempo em que abriu a porta, as curandeiras que aguardavam do lado de fora recomeçaram o alvoroço, e ele empurrou Nissenson para elas.
- Ah, Vicky! – ele ainda chamou da porta – O Simon pediu se você tem um tempinho para falar com ele?
- O quê?! – perguntou Nissenson tentando se livrar das moças.
- Sério?! – imediatamente Vicky ficou de pé.
- Muito sério. – afirmou MacGilleain – Aproveita e vem com a gente!
- Ah, eu estou indo! Tchau, Mary! Se cuida! Me avisa quando voltar para casa! Tchau! – e saiu apressada atrás dos outros dois, fechando a porta.
- Vicky! – ainda tentou chamar Mary – Ah... Tchau...
Totalmente sem graça por estar sozinha com Hainault, principalmente depois de tudo que discutira com a amiga, Mary se concentrou em suas próprias mãos, evitando ao máximo olhar para o lado.
- Eu acho... Que eles perceberam. – comentou o dragão rindo, reparando nas atitudes dela.
- É... – disse ela dando um meio sorriso, torcendo para que ele não fizesse algo parecido com o que fizera naquela manhã.
***
- Então eles se beijaram. – repetiu Nissenson depois de ouvir o relato de Vicky, como se essa pequena informação desse sentido às várias coisas estranhas que aconteceram nele dia.
- Sim. – confirmou ela.
Depois de terem saído do hospital, MacGilleain explicara para eles o motivo por ter terminado tão de repente a visita. Disse que precisa resolver algo para as irmãs em Londres e, portanto, não poderia voltar com eles. Assim, coube a Nissenson a gentileza de aparatar com Vicky até Hogsmeade e o cavalheirismo de acompanhá-la na volta para a escola.
- Realmente não sei o que o Ryan está pensando...
- Mas... – Vicky pensou um pouco antes de falar – Eu sei que no fundo a Mary tinha esperança de que o Doumajyd fosse vê-la... Nem que fosse para brigarem sobre ela ter passado dos seus limites com a sua teimosia. Mas ele não apareceu... Quem sempre está ao lado de Mary a ajudando é o Ryan... Às vezes penso que seria melhor se os dois ficassem juntos mesmo.
- Não é assim tão fácil. – suspirou Nissenson.
- Por quê?
- Eu conheço tanto o Chris quanto o Ryan desde que éramos pequenos. Posso garantir que o Chris não está sendo sincero quando fala que não sente mais nada pela Mary... Aliás, ele nunca falou isso de uma forma direta.
- Mas ele vai se casar com a Vanderbilt, e isso já está decidido.
- Verdade... Mas o Chris não teria mudado da maneira que ele mudou se não gostasse de verdade da Cogumelo. Deve ter acontecido algo muito grande em Nova York para forçá-lo a pensar diferente... E agora, de volta para cá, e tendo que ficar perto dela ao mesmo tempo em que é pressionado com esse noivado, ele está muito confuso.
- Mas isso é egoísmo da parte dele! – acusou Vicky – Essa confusão não machucou e está machucando somente a Mary! Vai afetar a sua noiva também! Você faz idéia de como a Mary ficou por todo esse tempo em que esperou por ele? Ele fez uma promessa e não cumpriu! Isso é injusto!
- A vida é cheia de momentos injustos, e na paixão há muito mais injustiça. – disse Nissenson ao chegarem aos portões de Hogwarts – Só de gostar de alguém, você já pode estar machucando outra pessoa. ‘Você precisa arriscar muitas coisas quando ama alguém’, uma pessoa me disse uma vez... Vendo o Chris hoje, eu lembro dessas palavras...
Vicky o encarou por um tempo. Pelo modo como ele falara aquela última frase, ela tinha certeza que viria algo mais depois, como ‘de quando eu estava na mesma situação’. Mas ele não disse mais nada.
- Bom, – ele a tirou de seus pensamentos – você ainda tem as aulas da tarde hoje, não?
- Ah, sim. – respondeu ela sem jeito e agradeceu se despedindo – Obrigada por ter me acompanhado. Até logo.
Na aula de poções daquela tarde, Vicky acabou perdendo cinco pontos para a Corvinal por estar perdida em pensamentos e não prestar atenção na lição.
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