Talvez eu goste de você



Mary precisou fazer um grande esforço para abrir os olhos na manhã seguinte, e então outro grande esforço para compreender onde estava. Aquele definitivamente não era um teto conhecido seu. Ainda confusa, ela notou o soro que flutuava acima dela e logo depois percebeu que havia alguém ao seu lado.
Mesmo se sentindo fraca e tonta, tentou se inclinar, mas o máximo que conseguiu foi ficar recostada nos travesseiros. Porém, mesmo assim, pôde identificar quem ressonava ao seu lado e segurava firmemente a sua mão.
- Ryan? – ela chamou baixinho.
Mesmo tendo sido um chamado fraco, ele despertou e perguntou esfregando os olhos:
-... Acordou? Se sente melhor?
- Eu... estou em um hospital? – ela perguntou ainda olhando em volta confusa.
- Sim. – respondeu ele bocejando – Você desmaiou enquanto trabalhava.
- Sério?... Inacreditável...
- Mas não precisa se preocupar. – ele a tranqüilizou – Foi apenas uma exaustão e tudo o que você precisa é de repouso. Hoje ou amanhã você terá alta.
- Ah... mas... como eu vim parar aqui?
- As pessoas do lugar onde você trabalha ligaram para a sua casa, mas somente o seu irmão estava lá. Por coincidência, eu estava chamando a sua esfera e ele a viu. Então me contou o que havia acontecido e tomei as providências para trazê-la para cá... Você realmente me assustou.
- Me desculpa.
- Não precisa se desculpar. – ele riu.
- E... você ficou a noite inteira... aqui comigo?
- Fiquei.
- E... o tempo todo... a mão?
Por alguns instantes ele a encarou como se não tivesse entendido a pergunta. Então percebeu que ainda segurava firmemente a mão dela, e voltou a sorri confirmando com um aceno de cabeça.


***


- BOOOOM DIIIIAAAAA! – exclamou Summer Vanderbilt abrindo a porta do quarto de Doumajyd com um ponta-pé e correndo para pular em cima da cama.
Mas parou a meio caminho percebendo que o dragão não estava ali e vendo a bagunça que se encontrava o quarto.
- Passou um tornado aqui?... – ela procurou em volta e então o encontrou dormindo sentado no chão em um canto, encostado na parede.
- Eiii! Se você continuar dormindo aí vai pegar um resfriado! – disse indo até ele e se ajoelhando na sua frente – Ei?...
Ele parecia dormir profundamente, apesar de todo o barulho que ela fizera.
- Vamos! – ela o cutucou – Acorda!... ACORDA!!! – berrou no ouvido dele.
- O que foi?! – resmungou ele babosamente se mexendo um pouco, sem abrir os olhos.
- Nada de ‘o que foi?’! Levanta daí agora!
Em resposta ele apenas se acomodou melhor da parede, virando do lado oposto a ela e dizendo:
- Estou com sono. Vai embora.
- ... O que você fez para estar com tanto sono?
- Hum.
- Depois de ter saído daquele jeito do jantar, o que você fez?... Ei! Não durma! – ela voltou a cutucá-lo e então partiu para um ataque de cócegas – Acorda!
- Não faça isso! – pediu o dragão não agüentando o ataque repentino e rindo – Não! Pára!
- Você se encontrou com alguma mulher? – perguntou ela.
- ... quê?
- Ontem você me abandonou e saiu correndo de repente! – acusou ela apontando o dedo par ao nariz dele.
- Ah... é?
- Ainda não acordou?! – ela praticamente pulou em cima dele para mais um taque de cócegas.
Mas o dragão foi mais rápido e, apesar de estar com o reflexo prejudicado pelo sono, ele conseguiu se esquivar e fugiu aos tropeços.
- Pára com isso, sua pervertida! Não pode invadir o quarto dos outros assim e ficar fazendo cócegas nas pessoas!
- Não sou pervertida! – reclamou ela se pondo de pé.
- É sim!
- E o que tem eu invadir o seu quarto?! Somos noivos! – ela avançou rindo, ameaçando voltar ao ataque de cócegas – Perfeitamente normal!
- Se comporte, macaca! – reclamou ele, detendo o ataque, a segurando pelos braços e jogando para o lado.
Summer cambaleou e acabou caindo na cama dele.
- O que você quer agindo assim logo de manhã?!
- ...Não sou macaca. – disse ela ainda com o rosto escondido entre a coberta da cama, com seu cabelo mudando gradualmente de roxo para azul – Sou a Summer. Sua namorada. Sua noiva... – ela se ergueu e se sentou na cama, parecendo magoada e triste – Não poderia me levar em consideração só um pouquinho?
Diante dessa reação, um tanto anormal para a personalidade forte e alegre da garota, Doumajyd ficou sem graça e sem saber o que fazer. Eles permaneceram se encarando, até que ela voltou a sorrir e o seu cabelo voltou ao roxo:
- Finalmente acordou, não?... Eu quero um encontro!
- ...Encontro? – perguntou ele sem entender.
- Isso! Quero que você se desculpe pelo que fez! Eu quero um encontro!... Se você fizer isso, eu esqueço a desfeita de ontem, e faço meu pai esquecer também... O que acha? – pediu ela com um imenso sorriso.


***


- OS TESTES! – Mary quase caiu da cama ao se lembrar de repente – EU PRECISO IR PARA A ACADEMIA! EU PRECISO FAZER OS TESTES!
- Calma, Mary! – pediu Ryan a segurando para que ela não saísse correndo pelo hospital desesperada, e a forçando a se deitar novamente – Você não pode! Tem que descansar!
- Mas... – ela quase chorou – Meus testes...
- Não se preocupe. Eu vou resolver isso. Agora você tem que descansar!
- Inacreditável... – ela obedeceu ao dragão – Novamente fui ajudada pelo Ryan Hainault dos momentos difíceis... Eu não sei como eu posso agradecer tudo o que faz por mim, Ryan.
- Sabe por que eu sou o Ryan Hainault dos momentos difíceis? – perguntou ele rindo.
- Por quê? – perguntou ela curiosa.
Ele se reclinou na cadeira onde estava ao lado dela para poder ficar bem próximo e disse:
- Porque talvez eu goste de você.
E sem aviso a beijou.

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