Surpresa de aniversário
- A senhora Doumajyd a convidou para a festa?! – Vicky quase gritou de surpresa quando, no outro dia, Mary lhe mostrou o convite.
- Shiiiii, não fale alto, Vicky! – advertiu Mary, já que as duas estavam em um corredor movimentado, indo em direção do Salão Principal.
- Mas... você vai ir?
- Eu sei que não deveria, mas falei com o Ryan e ele vai estar lá também. Todos os Dragões vão estar.
- Então você vai?!
Mary se sentia sem graça em ela mesma dizer que iria, mesmo isso sendo justamente o que havia decidido. Primeiramente por que não acreditava que a senhora Doumajyd iria simplesmente convidá-la, e a sua curiosidade em saber o que a bruxa estava planejando era maior do que o seu medo das conseqüências que sofreria se fosse. E em segundo lugar, ela não podia evitar de pensar que Doumajyd estaria ali, em Hogsmeade, tão perto dela.
- Mas, Mary, isso é amanhã!
- Sim, eu sei.
- Um monte de gente rica vai estar lá, de todas as partes do mundo!
- Sim, eu sei. Não se preocupe que eu não vou com o meu uniforme. Tenho algumas vestes que a Christy comprou para mim em Nova York.
- Mas, não importa quão chique ela seja, ainda é uma festa de aniversário!
- Aonde quer chegar, Vicky?
- Você vai ter que dar um presente para ele!
A amiga estava certa. Ela teria que dar um presente para o dragão, coisa que seria muito mais constrangedora na sua situação do que somente cumprimentá-lo.
- O que vai fazer? – perguntou Vicky preocupada enquanto Mary se perdia em seus pensamentos.
- ... Acho... acho que sei o que fazer! Vou falar com a professora Karoline! Encontro você depois no salão! – e saiu sem dar mais explicações.
***
No convite que Mary recebera, estavam as mesmas informações passadas pelo secretário da senhora Doumajyd. A festa seria realizada no salão de cerimônias do hotel bruxo mais famoso da Inglaterra, que ficava na parte mais luxuosa de Hogsmeade. Assim como Vicky dissera, só pelo lugar em que a festa seria realizada, já demonstrava o nível das pessoas que estariam lá e dos acontecimentos. Mas, apesar de ter tudo isso bem claro em sua mente, Mary não conseguia ter uma idéia precisa de o que poderia encontrar. Foi por isso que, ao pisar no tapete vermelho da entrada do salão, ela pensou seriamente em sair correndo e voltar para Hogwarts o mais rápido possível.
Porém, quando o Ministro da Magia passou por ela a cumprimentou amigavelmente, mesmo não fazendo a menor idéia de quem ela fosse, suas pernas congelaram e o único movimento que conseguiu fazer em resposta foi dar um meio sorriso torto.
Totalmente sem graça, ela olhou para o embrulho mais sem graça ainda que segurava firmemente nas mãos, sussurrando:
- Eu não deveria ter vindo...
- Que vestes bonitas, senhorita Weed.
Mary se arrepiou inteira ao ouvir aquela voz que para ela soava como um metal frio.
- Que bom que veio.
Ela se virou, reunindo toda a coragem que tinha, e encarou a senhora Doumajyd, que a analisava dos pés a cabeça, e reparando principalmente no seu embrulho. Ao lado dela, como era esperado, estava o seu fiel secretário.
- Boa noite. – Mary tentou cumprimentar da maneira mais educada possível – Obrigada pelo convite.
- Ora, veja só! – a senhora Doumajyd bateu palmas de leve – Ela aprendeu a cumprimentar direito, Richardson!
O secretário concordou com um gesto rápido de cabeça e Mary sentiu o rosto arder, sinal de que ficara vermelha com a ofensa indireta. Então a bruxa se aproximou e ajeitou os cabelos dela por cima das vestes, falando de uma maneira amável e totalmente anormal:
- Fique a vontade hoje a noite. – e saiu, sem dizer mais nada.
Mary inspirou profundamente quando ela se afastou, como se tivesse prendido a respiração durante todo aquele tempo para poder falar com a bruxa sem tremer inteira.
- Mary!
Foi um tremendo alívio ouvir a voz de Hainault vindo para ela por entre os convidados.
- Ryan! – ela saiu da entrada e o encontrou em frente a uma mesa repleta de petiscos – Que bom que você está aqui também!
- Me desculpe por não a ter salvo antes da senhora Doumajyd a encontrar.
- Tudo bem, eu sobrevivi.
- Ah, a Cogumelo veio mesmo! – Nissenson apareceu atrás deles.
- Ela recebeu o convite diretamente da mãe do Chris – informou Hainault para ele e para MacGilleain que chegava logo depois.
- O que ela está tramando? – perguntou Nissenson surpreso com a notícia.
- Vai começar! – disse MacGilleain e no mesmo instante a orquestra começou a tocar.
Um bruxo muito bem vestido subiu em um palco montado na frente do salão, onde também estava a orquestra, e se posicionou bem no meio dele
- Boa noite, senhoras e senhores! – disse ele colocando a varinha em sua garganta para que sua voz fosse magicamente ampliada – A família Doumajyd agradece a todos os presentes por estarem aqui comemorando mais esse ano de vida do senhor Christopher Doumajyd!
No mesmo instante, o próprio aniversariante entrou por um lado do palco, e os convidados romperam em aplausos.
Mary o viu andar majestosamente até ao lado do bruxo que deu início a festa e agradecer pessoalmente:
- Agradeço sinceramente a todos que, apesar de ocupados, estão aqui nesta festa! Por favor, fiquem a vontade e divirtam-se!
Aquilo era no mínimo estranho para Mary. Pelo menos não era igual a nenhuma das festas de aniversário que ela já havia ido. Parecia mais algo como fora o Totalmente Bruxa, tirando a parte de que não era qualquer pessoa que poderia entrar para assistir. Só o fato de praticamente toda a rica sociedade mágica estar ali presente já era um grande diferencial.
- Claro que esta festa não foi nenhuma surpresa para o senhor Christopher. – disse o bruxo com um sorriso que dizia com todas as palavras que muita coisa ainda estava para acontecer – Mas há uma surpresa especial para ele essa noite!... E a senhora Kheterin Doumajyd irá anunciar qual é!
Agora quem subiu ao placo entre os aplausos dos convidados foi a senhora Doumajyd, de uma forma tão majestosa quanto ao filho. Este a encarava com um olhar desconfiado, e Mary pôde ver ele murmurar a palavra ‘surpresa’ quando a mãe se posicionou ao lado dele.
- Obrigada a todos por estarem aqui pelo meu amado filho! – disse ela alegremente, enquanto erguia a sua taça em um sinal de comemoração, e logo depois se abraçava ao braço do filho – No momento, Christopher está morando em Nova York e estudando com especialistas para futuramente suceder os negócios da nossa família. Mas, pelo fato de hoje ser um dia tão importante, ele está de volta ao seu país! – mais aplausos – E, aproveitando esse momento tão ideal, eu anuncio a todos o seu noivado!
Uma explosão de murmúrios irrompeu pelo salão. Os três Dragões se entreolharam sem entender e Mary permaneceu congelada, com o olhar fixo em Doumajyd. Ele parecia tão surpreso quanto a todos os outros presentes, porém, ao contrário dos demais, não era nem de perto uma expressão de surpresa alegre. Ele encarava a mãe como se tentasse adivinhar o que ela estava planejando.
- A mãe do Chris novamente fazendo o que bem entende... – comentou Nissenson para os amigos.
- E essa moça sortuda, – continuou a senhora Doumajyd – se encontra aqui nesse salão!
Os murmúrios aumentaram ainda mais, principalmente por parte das moças presentes.
- É você, Mary? – perguntou Nissenson confuso.
- É mesmo! – ajudou MacGilleain – Ela recebeu o convite da senhora Doumajyd! Só pode ser ela!
Mary definitivamente tremia ao responder:
- Eu recebi, mas... não pode ser! Eu...
No palco, Doumajyd tentava entender o que a mãe pretendia:
- O que está fazendo, velha?!
- Já disse para não falar desse modo rude! – disse ela entre os dentes, sem deixar de sorrir para os convidados – Estamos na frente de pessoas muito importantes, não comece!
- Tem noção do que está fazendo?! – perguntou ele perplexo com a atitude dela.
- Se eu falasse antes, não seria surpresa. – explicou simplesmente a bruxa em resposta e depois voltou a falar com os presentes – Então, vamos chamá-la até aqui!
A intensidade das luzes do salão foi diminuída ao ponto de somente silhuetas poderem ser vistas. Então feixes de luzes, projetadas por bruxos que trabalhavam na organização da festa, começaram a serem passadas por entre os convidado e os tambores da orquestra começaram a soar.
Mary queria rir e comentar que aquilo parecia um circo, mas isso era impossível no estado em que ela estava. Perguntas sem respostas atormentavam a sua mente: Será que seria ela? Será que esse era o plano da senhora Doumajyd? E se fosse, o que ela pretendia com aquilo?
Enquanto ainda estava pensando, Mary foi ofuscada pelos feixes de luz, que caíram todos em cima dela e ela ficou apavorada. Mas instantes depois, as luzes percorreram um único caminho e foram até o fundo do salão.
- Senhoras e senhores! – anunciou o bruxo de cima do palco enquanto os tambores faziam um grande final – Uma salva de palmas para a senhorita Summer Vanderbilt!
Todos viraram para a moça que estava completamente confusa sobre os feixes de luz, com os olhos arregalados por ter ouvido o seu nome. Aparentemente, ela tinha passado todo aquele momento de abertura distraída procurando devorar o mais rápido possível um prato repleto de petiscos. E agora, apressando-se para engolir tudo o que tinha na boca, perguntou para as pessoas a sua volta:
- O que eu fiz dessa vez?
As luzes voltaram a se acender e todos puderam ver bem quem era a senhorita Summer Vanderbilt, e foi então que Mary lembrou de já a ter a visto há algum tempo atrás. O cabelo roxo era inconfundível assim como a expressão defensiva de alguém que estava sendo acusada sem ter culpa. Era a mesma metamorfomaga que ela encontrara em Nova York e que havia sido presa por supostamente ter roubado alguma coisa.
Em resposta a pergunta dela, Richardson aparatou ao seu lado e indicou para ela o caminho para o palco, enquanto os convidados abriam um corredor e a aplaudiam. Mesmo ainda desorientada e sem saber o que fazer, a bruxa seguiu o secretário, agradecendo aos aplausos com um grande sorriso.
Mary a viu abandonar o prato em um das mesas e subir no palco, onde um Doumajyd procurava lançar o olhar mais mortal possível para a mãe. E então percebeu que a própria senhora Doumajyd olhava para ela, com um sorriso inconfundível de vitória.
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