Não vou perdoar quem machucá-l

Não vou perdoar quem machucá-l



No dia seguinte em que Mary voltara para Londres ela embarcou para Hogwarts.
Durante todo o caminho ela pensara muito e havia tomado uma decisão: dedicaria todos esses meses que faltavam para a sua formatura estudando para seus NIEMs. Definitivamente esqueceria Doumajyd.
Porém, mesmo com toda a sua força de vontade voltada para esse objetivo, ela ainda estava sob a Tarja Vermelha, e ninguém conseguiria simplesmente mudar o pensamento dos alunos de Hogwarts.
Foi o que ela percebeu quando, logo na primeira aula, foi cercada pelo trio de meninas da Sonserina.
- Eu achava que você finalmente havia desistido, depois de ter sumido por uns dias. – comentou em tom maldoso a de cabelo encaracolado.
- Teimosa como sempre! Você não se toca, sangue-ruim? – perguntou Candalla, a líder loira.
- Muita coragem a dela, não? – comentou a ruiva.
- Acho que temos que lhe dar uma nova lição. – a líder sorriu de uma maneira sinistra enquanto os outros alunos da sala fechavam um círculo em volta dela.
- O que foi?! – perguntou Mary em uma posição defensiva, observando todas as suas possíveis rotas de fuga da sala serem bloqueadas – Querem brigar?!
- Levem-na para o Salão! – ordenou Candalla.


***


Sem conseguir dormir, Doumajyd resolveu sair do seu apartamento e passear pelas redondezas do seu prédio. Já fazia mais de três meses e ele repetia para si mesmo que deveria esquecer e continuar. Ken merecia isso dele.
- Oh! Enfim está se misturando aos reles mortais dessa cidade trouxa? – perguntou uma voz zombeteira atrás dele.
O dragão virou-se depressa para ver quem era e se deparou com Hainault, Nissenson e MacGilleain, o que havia falado.
- Achou que deixaríamos as coisas como estavam? – perguntou Hainault jogando algo para ele.
Mesmo com seus reflexos de jogador de quadribol enferrujados, Doumajyd conseguiu apanhar o que lhe fora lançado ainda no ar, um pouco antes que ele acertasse a sua cabeça. Então ele viu que se tratava de uma maçã.
- Desculpe pelo que aconteceu. – pediu Nissenson de uma forma sincera, apesar de tentar demonstrar que não estava fazendo isso por livre vontade.
Doumajyd encarou os três por um tempo e então deu um sorriso satisfeito, mordendo um grande pedaço a maçã.
- Vocês realmente não desistem! – disse ele mastigando e rindo.
- Claro que não! Somos Dragões! – exclamou MacGilleain quando os três se aproximavam dele – E mais do que isso, somos amigos!


***


- Deram a Tarja Vermelha para a Weed?! – perguntou Doumajyd surpreso, quase pulando em cima da mesa – Como assim?! Podem me explicar que brincadeira é essa?!
Os quatro estavam reunidos em um pub, que foi fechado, a pedido dos Dragões, especialmente para que eles pudessem conversar.
- É o que também queremos saber. – disse Nissenson.
- Eles disseram que você mandou a tarja com uma carta. – explicou MacGilleain – Havia até a sua assinatura!... Acha que algum fã seu ou algo do tipo está fazendo isso?
- Realmente não foi você, Chris? – insistiu Nissenson.
- Mas é lógico que não fui! O Ilustríssimo Eu não tem tempo para isso!
- Mas o fato é que a Mary recebeu a tarja, – suspirou Hainault preocupado, girando a maçã vagarosamente na mão – e com certeza alguém a mandou se passando pelo Chris. – então ele perguntou diretamente para o amigo – Você não vai Chris?
- Quê?
Hainault colocou a maçã diante dele e recitou a antiga promessa:
- Eu não vou perdoar quem machucar a Weed... Não vai ajudá-la?
Doumajyd encarou a maçã na frente dele.


***


- O QUE ESTÃO FAZENDO?! – Jheremy Sawbrook tentava abrir caminho por entre os estudantes reunidos no Salão Principal.
Assim que ele conseguiu chegar ao centro da confusão, viu Mary jogada no chão, sem conseguir mais se mexer. Além dos hematomas e esfolados, seu uniforme havia sido rasgado em várias partes e seus cabelos estavam cobertos por algo gosmento e fedido.
- Jhe...remy... – ela murmurou, já completamente sem forças.
- Não importa se você é famoso, quatro-olhos! – berrou um aluno partindo para cima dele com um bastão de quadribol – Se ajudá-la, vai apanhar também!
Jheremy recebeu o primeiro golpe de raspão, mas no segundo conseguiu se esquivar e sacou a varinha rapidamente, jogando ao aluno longe.
- Não pode usar a varinha! – acusou uma aluna – Isso é covardia!
- Covardia? – perguntou Jheremy com uma voz esganiçada – E O COMPORTAMENTO DE VOCÊS, O QUE É?! VOCÊS QUE APENAS ASSISTEM SEM DIZER NADA, O QUE SÃO?! DESCULPA SE O MEU CONCEITO DE COVARDIA É DIFERENTE DO DE VOCÊS!
Depois disso, ninguém ousou se aproximar e ele pôde ir ao socorro de Mary.
- Tudo bem? Pode levantar? – ele perguntou para uma Mary semi-consciente.
- Não... precisa... me... – ela ofegou, mas não conseguiu concluir a frase.
- Não se preocupe, Mary. – ele a pegou no colo e saiu com ela do salão falando baixinho – Eu irei te proteger.
Mary apenas ouviu essas palavras dele como se elas pertencessem a um sonho e tudo ficou escuro.


***


- Você não pode simplesmente ter desistido assim dela, Chris. – insistiu MacGilleain – Tem um motivo, não?
- Se há um motivo, não seria melhor nos dizer? – perguntou Hainault.
- Nós já estamos acostumados com seus caprichos. – ajudou Nissenson.
Porém, Doumajyd permanecia impassível e declarou:
- Não há um motivo. Eu decidi que não vou mais ter nada com a Weed... só isso.
Sabendo que seria tempo perdido tentar convencê-lo do contrário, os três permaneceram calados.


***


Depois de ter deixado bem claro para os amigos que não pretendia voltar para o seu país tão cedo, Doumajyd se despediu deles e refez o caminho de volta para o seu prédio. Porém, no meio dele, ele parou de repente e olhou para o céu. Como sempre, não havia nenhuma estrela no céu daquela cidade cheia de eletricidade, e ele não sabia dizer onde Saturno poderia estar. E então, respirando fundo, continuou andando, com raiva de si mesmo por ainda insistir em fazer isso toda a noite.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.