Sempre sua aliada



- Uauuuu! – Mary praticamente amassava o rosto contra o vidro da janela para poder ver o cenário da cidade iluminada lá fora.
Hainault a levara para o hotel de luxo onde ele estava hospedado, e que possuía um restaurante caríssimo em seu último andar. Era onde os dois estavam, sentados em uma mesa especial com a melhor vista.
- Eu não quero nem pensar onde eu estaria essa noite ao invés daqui se você não tivesse aparecido, Ryan! – comentou ela feliz, devorando mais uma garfada da comida fina que o dragão havia pedido, sem tirar os olhos da janela – Dá um arrepio só em tentar imaginar!
Hainault apenas a observava com seu jeito calmo, como se analisasse e tentasse descobrir o que realmente se passava na cabeça dela depois do que acontecera a tarde.
- Realmente, para os momentos perigosos, se pode sempre contar com o Ryan Hainault!
- Amanhã Adam, Simon e eu vamos falar com o Chris. – disse ele de repente.
Mary não respondeu e continuou apenas mastigando, como se tentasse dizer que não se importava e para ela isso não faria diferença alguma.
- Vamos pedir para que ele fale direito com você.
Ela não pôde evitar um suspiro e largou seus talheres no prato, dizendo:
- Mas... acho que já chega.
- Por quê?
- Por que... depois de tanto tempo, ele nem perguntou como eu estava. – ela deu um meio sorriso – Essa carne está deliciosa, não?! Experimenta!
E ela recomeçou a comer, não abrindo espaço para que o dragão tocasse naquele assunto novamente.
Hainault desistiu depois de um tempo, ao perceber como ela se esforçava para sorrir e se mostrar alegre na frente dele.


***


- Com licença, senhora Doumajyd. – pediu Richardson, assim que entrou em um amplo escritório com uma decoração moderna e sofisticada, mas aquecido por uma lareira tradicional, de crepitantes chamas arroxeadas.
- O que aconteceu? – perguntou a bruxa sem parar o seu trabalho em analisar relatórios de vendas – Algum problema com a nova remessa de esferas que foi enviada para Londres?
- Na verdade... é um assunto que não está relacionado aos negócios.
A senhora Doumajyd tirou a sua atenção dos papéis e encarou o secretário por cima das lentes dos seus óculos, perguntando:
- Weed, certo?
- ...Sim. – confirmou o secretário depois uma momentânea surpresa com a pergunta.
A senhora Doumajyd sorriu e voltou aos seus relatórios.
- Aos poucos, ou finalmente? – ela murmurou, ainda rindo – Ela agüentou bastante, não?


***


Hainault havia combinado com os amigos de se encontrarem em um lugar do Central Park. Por isso no outro dia, logo pela manhã, ele e Mary estavam sentados em baixo de uma grande árvore esperando por eles. O dragão estava explicando para Mary como chegar aos pontos turísticos marcados em seu mapa quando ouviu alguém o chamando e os dois viram MacGilleain e Nissenson se aproximando deles.
- Alguém aqui perdeu isso? – perguntou MacGilleain alegremente, acenando com uma bolsa.
- Ah, minha bolsa! – Mary levantou em um pulo e correu para encontrá-los, sendo seguida por Hainault – Como conseguiu?!
- Coisas do meu pai. Ele é bem influente aqui também. – explicou o dragão.
- Então acho melhor nem perguntar os detalhes. – comentou ela verificando suas coisas dentro da bolsa – Varinha, documentos... até o dinheiro! Obrigada, Adam!
- O que vai fazer, Mary? – perguntou Nissenson – Vamos para a casa do Chris, você vem?
- Na verdade, estou pensando em passar em alguns lugares. O Ryan me ajudou com o mapa e acho que não vou mais me perder.
- Bom, não se preocupe em ser assaltada novamente. – disse MacGilleain em tom tranqüilizador – Todos aqui já estão de sobreaviso sobre você!
Mary o encarou pestanejando incrédula e então disse:
- Não sei se eu agradeço ou se o culpo por isso...


***


Depois de ter se separado dos Dragões, Mary iniciou o seu passeio pela cidade. Conseguiu chegar em todos os lugares sem problemas, conseguindo inclusive informações quando perguntava por elas. Nem parecia que estava na mesma cidade do dia anterior.
Porém, por mais que ela visse com seus próprios olhos coisas que antes só havia visto em fotos e filmes, parte dela não conseguia encontrar graça alguma naquilo e não a deixava se entusiasmar com nada. Por fim, se largou cansada em um banco na frente de um grande chafariz, respirando fundo o ar frio.
Como poderia simplesmente esquecer o que havia acontecido no dia anterior e se divertir conhecendo pontos turísticos pela cidade? Aquele ‘E daí?’ de Doumajyd ainda ecoava pela sua mente de uma maneira cruel.
- Mary?
Ela ouviu uma voz conhecida a chamando de algum ponto ao seu lado. Surpresa, ela procurou por quem era em meio às outras pessoas que estavam ali e se deparou com Christinne, correndo alegremente para encontrá-la.
- Christy?! – Mary se levantou em um pulo no mesmo instante em que a bruxa parava sorrindo na frente dela.
- Você veio mesmo! – exclamou ela como se algum tempo já estivesse torcendo por aquilo.


***


Christinne arrastou Mary por todas as lojas renomadas e caras de roupas bruxas de Nova York, alegando que ela não poderia passar pela cidade e não levar nenhuma novidade para o seu guarda-roupa.
Depois de experimentar uma dúzia de vestes em uma das lojas mais caras, Mary não agüentava mais. Saiu do provador com um modelo verde esmeralda, que Christinne escolhera para ela, repetindo para si mesma que falaria que já bastava.
- Está linda, Mary! – a bruxa bateu palmas satisfeita assim que a viu.
- Sério? – ela se olhou no espelho e confirmou que realmente aquela veste ficara muito bem nela.
Então procurou pela etiqueta com o preço e quase desmaiou de susto.
- Não se preocupe! – Christinne se levantou e fez Mary dar voltas para que pudesse vê-la melhor – Esse vai ser o meu presente de Natal atrasado! Não seria bom você vestir algo assim para se encontrar com o Chris? Ele vai ficar de queixo caído!
A expressão alegre de Mary por ganhar o presente desapareceu instantaneamente.
- Você já o viu? – perguntou a bruxa percebendo a mudança repentina dela – Aconteceu alguma coisa?
Mary não conseguiu responder e muito menos encará-la, então procurou disfarçar a sua situação fingindo que analisava os detalhes da veste. Vendo que não adiantaria insistir no assunto, Christinne procurou encontrar um meio de fazê-la voltar a como estava antes de ela ter mencionado o irmão.
- Agora temos que achar um par de sapatos que combine, não? E que tal almoçarmos juntas depois? Conheço um lugar ótimo aqui e tenho certeza que você vai adorar!


***


- Está realmente bem eu levar tudo isso, Christy? – perguntou Mary carregada de sacolas das lojas que visitaram, quando saiam do lugar onde tinham ido almoçar.
Ela não percebera que Christinne havia realmente comprado todas as vestes que ela achava que ficaram bem nela. Pensava que todas aquelas sacolas eram coisas que a bruxa havia comprado para si mesma.
- Claro que tudo bem! – respondeu Christinne com seu imenso sorriso.
- Mas realmente é muita coisa, mesmo sendo presente de natal. – comentou Mary sem graça.
A bruxa acenou com a cabeça como se dissesse para ela não se preocupar com uma coisa boba como essa e a informou:
- Eu ainda vou ficar aqui em Nova York por mais três dias, até acabarem as minhas férias. Qualquer problema pode falar comigo!
- Muito obrigada mesmo, Christy. Não sei como posso agradecer tudo o que você já fez por mim.
- E essa é uma forma de eu agradecer tudo o que você fez pelo Chris... Ouça, Mary, sei que aconteceu algo entre vocês, mas não vou forçá-la a me contar. Só quero que saiba que, não importa o que aconteça, eu sempre serei a sua aliada. Quando estiver precisando de ajuda, eu sempre irei ajudar! – ela esfregou a cabeça de Mary, bagunçando o seu cabelo – Você é como a minha irmãzinha fofa e adorável que eu sempre quis ter! Pode sempre contar comigo!
- Obrigada de verdade, Christy. – Mary sentiu-se melhor depois de ouvir aquilo.
Doumajyd poderia ter mudado, mas Christinne continuava a mesma. E pensar assim a fez se sentir melhor.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.