Kissing You



Cap 8 – Kissing you



O som de tambores soavam numa altura ensurdecedora abafando os gritos desesperados de uma camponesa ruiva amarrada à uma árvore.
“Por favor... eu não sei de nada! SOCOOOORRRO!” – gritava a ruiva em frente a um índio muito branco de cabelos escuros usando uma tanguinha verde com uma cobra de prata desenhada.
“Responda cara pálida! Qual é o nome dado às substâncias que em solução aquosa sofrem ionização, liberando como cátions somente H? Úbúbúbúbú” – perguntou o índio terminando com um uivo combinado com batidinhas na própria boca
Um indiozinho que a camponesa jurava ter visto em algum lugar tossia ao seu lado com a lança também virada pra ela. – Coufh ácidos coufh!
“Que?Facidoscou?” – berrou a camponesa sem entender a dica dada pelo indiozinho. – “Cidoscoufh?”
“Errado cara pálida! Responda!”
“CUECAS!Cuecas pretaaaasss!”
“Não!” – berrou o indiozinho por saber que mais uma resposta errada, ainda mais esta, deixaria o grande chitage com raiva.
Arregalando os olhos em reconhecimento a camponesa berrou. – “Colin? O que você tá fazendo aqui com os índios?”
“Pequeno cabeça amarela aprendiz de grande chitage!” – respondeu o índio maior.
“Colin você tem que me ajudar! Eu sou sua melhor amiga!”
“Mas.. Gina... O Snape tá de tanguinha.. e ele fica assim o dia inteiro !” – Colin gritou olhando para a dita tanguinha tentando fazer a amiga entender suas razões.
“Não importa! Vai chamar ajuda AGORA!” – berrou desesperada ao ver que a água do caldeirão que havia aparecido do nada já começava a ferver enquanto Snape dançava envolta fazendo barulhos característicos então Colin saiu correndo.
“Qual é o composto químico do sal cara pálida! Nós precisar dele pra cozinhar pequena cabelos vermelhos!”
“AHHHHHHH SOCOOOORRO!
“Não tema doce donzela! Sua vida não mais corre perigo” – ouviu uma voz confiante então virou para o lado vendo um loiro perfeito vestido de preto com o rosto mascarado montado em um cavalo negro.
Ele desmontou elegantemente do cavalo e empunhou sua espada. Em um movimento rápido ele com maestria corta as tiras laterais da tanga do grande chitage que, assim que percebeu o olhar do pequeno cabeça amarela, saiu correndo gritando por sua vida sendo seguido pelo dito indiozinho.
Ainda presa na árvore sua respiração arfava a cada passo que aquele forasteiro salvador dava em sua direção e em um segundo sentiu seus pulsos ficarem livres já que no instante em que seus olhos se encontraram ele tinha cortado as cordas que a atavam à árvore. Ela caiu sem forças, mas ao invés de encontrar o chão foi amparada por aqueles braços fortes. Uma alça de seu vestido caia no seu ombro e seu cabelo ruivo estava lindamente desarrumado.
“Oh, Drake Emmanuel.. você é o meu herói...”
Ele a inclina nos braços como um galã de novela mexicana então aproxima seu rosto do dela. – Você é o amor da minha vida, Virgínia Joaquina...

Gina abre os olhos esperando ver os azuis acinzentados de Draco a poucos centímetros de seu rosto então respira meio grogue tentando entender porque as paredes do seu quarto haviam mudado de cor e porque Draco não estava vestido de zorro quase a beijá-la... As últimas imagens de seu sonho mexicano re-visitaram sua mente e a ruiva quase não pode conter o riso. Ieheieuheieh aquela maluquice só podia ser um sonho.. e um sonho meu porque ninguém deve sonhar coisas assim.. heieuehieueh – pensava rindo da própria loucura então sentiu que estava praticamente em cima de um corpo muito quente.
Draco... – Gina pensou abrindo novamente os olhos deixando seus sentidos voltarem a funcionar normalmente e lembrando que havia dormido no quarto de Draco. Estava literalmente enrolada em cima do loiro que parecia não se importar com isso já que seus braços a enlaçavam a impedindo de sair de cima dele se assim a ruiva quisesse. Ela mordeu a boca sorrindo ao mesmo tempo então levantou a cabeça, que até então usava o peitoral de Draco como travesseiro, e literalmente bebeu da imagem da perfeição dormindo calmamente sob seu peso.
Sentindo uma euforia enorme e com vontade de dar um berro de alegria ela baixou a cabeça novamente no seu travesseiro humano então com cuidado se aconchegou de modo que seu rosto se encaixou no pescoço de Draco. Ai meu Deuss.. meu Deus, como é que pode o senhor ter feito uma criatura dessas? – pensava com um sorriso de orelha à orelha, sentindo seu corpo inteiro se arrepiar ao sentir o cheiro de Draco. Passou a ponta do nariz de leve no seu pescoço e inconscientemente sua mão acariciou de leve a barriga do irmão de criação.
Em um segundo de consciência a ruiva percebeu o proibido que envolvia todo aquele momento, mas não conseguiu se obrigar a parar. Depois você reza pedindo perdão! Agora você tira vantagem meeeeesmo! – ouviu sua consciência com a voz extremamente parecida com a do Colin a aconselhar.
Levantou a cabeça novamente precisando ver o rosto de Draco e neste segundo percebeu que suas pernas estavam entrelaçadas nas dele. Mordendo a boca pra manter a sanidade diante daquela descoberta ela se viu dividida entre se auto-beliscar pra constatar que aquilo tudo não era somente um outro sonho ou tocar a boca de Draco no que parecia ser uma oportunidade única.
A segunda opção logicamente foi a vencedora então quando ela engolia em seco ao ver sua mão se aproximando do rosto de Draco o barulho estridente de seu celular lhe proporcionou o susto do século pelo fato de que ela estava totalmente concentrada num ato proibido e alheia a qualquer fato exterior.
Em um ato reflexo Gina pulou de susto trazendo uma de suas pernas de encontro com algo que ela nunca desejaria danificar, quase caindo da cama no processo de alcançar o celular.
“AWWWW” – gemeu Draco com uma expressão de sofreguidão alcançando instantaneamente o alvo da joelhada certeira de Gina.
“Alô?” – respondeu Gina com a mão na cabeça, olhando aflita pra Draco que se contorcia na cama com as mãos no meio das pernas. – “Oi mamy.. mãe!” – a chamou de novo interrompendo o que Moly falava. – “posso te ligar daqui a pouco?” – perguntou com uma mão na testa parecendo sofrer junto com Draco que ainda morria em cima da cama. – “Humrum.. humrum, tá, beijo... tchau” – desligou e subiu na cama engatinhando pro lugar onde Draco estava. – “Draco, desculpa... foi sem querer.. eu.. eu tava dormindo e aí o telefone tocou e.. eu tomei um susto.. eu.. eu não sabia que a minha perna tava ali.. e descul..” – parou de falar ao ver Draco levantar a mão como se pedisse pra ela parar de falar.
“Deixa.. Gina.. ahhnnnn. Eu sei.. argh, que foi sem querer...ngghh” – falava entre gemidos de dor e o rosto com a mesma expressão.
Será que eu sou doente em achar esses gemidos que ele tá fazendo sexy? GINA! Ajuda ele! “Como eu posso ajudar? Onde tá doendo?” – falou já alcançando as mãos pro lugar onde Draco estava com as dele.
“Não! Nghh Não, deixa... deixa.. já já passa...” – falou Draco desesperado ao ver Gina quase pegar lá, pensando que não era possível que sentindo tanta dor ele ainda fosse capaz de ter alguma reação à proximidade da ruiva. Mas era possível.. e isso só piorou a dor. – “Gina, vai lá ligar pra mamãe.. eu vou tomar uma banho e te.. te encontro lá embaixo” – falou ainda com dificuldade enquanto se arrastava pra sair da cama ouvindo Gina pedindo desculpas pela décima vez.
Ela ficou olhando até que a porta do banheiro se fechou então se jogou na cama com as mãos no rosto sem saber se ria ou se chorava... Então riu... Eu não acredito que eu dei uma joelhada no Draco como bom dia..heieuheiehih.. eu vou me matar um dia por ser tão desastrada... Alguns minutos se passaram e ela ouviu o chuveiro sendo ligado então se levantou da cama. Precisava tomar pelo menos um suco então ligaria de volta para a mãe.
Ela desceu as escadas alheia à sujeira e até roupas nos degraus... passou pela sala sem ver uma pessoa dormindo em cima da mesa, e várias amontoadas nos sofás.. a sujeira do chão... surpreendentemente o caos da cozinha também passou em branco aos olhos de Gina que simplesmente passou por cima da mancha enorme de vinho no chão branquíssimo da cozinha. Bocejando preguiçosamente agora que tinha se acalmado um pouco, ela abriu a geladeira e pegou uma caixinha de suco de pêssego então, percebendo que a caixa estava meio vazia e que mesmo que ela quisesse um copo não tinha nenhum limpo, ela levou a garrafa à boca enquanto apertava o botão pra ligar de volta pra mãe.
“Oi mamy... er.. é, naquela hora eu tava no banheiro...” – falou revirando os olhos pela desculpa esfarrapada então quando ouviu sua mãe falando “hoje a noite” seus olhos se arregalaram a cada palavra que Moly dizia pois foi a partir desse momento que a ruivinha percebeu a zona absoluta em que a mansão se encontrava. Incapaz de falar qualquer coisa enquanto ouvia a mãe dizer os motivos porque decidiram voltar naquele dia à noite cada sujeira e coisa fora do lugar da casa adquiriam uma dimensão gigantesca aos olhos de Gina e a única coisa que ela pensava era que ela e os meninos estavam ferrados e que provavelmente ela se juntaria ao castigo de Ron e só poderia tirar carteira de motorista com 18 anos. – “nah.. er.. tá tudo ótimo, mamy! Hummm..Qual é o telefone da casa da Josita mesmo? HUmm.. na agenda de telefones? Não! Tá tudo ótimo.. só quero o telefone porque.. porque queria lavar uma blusa minha aqui e to com medo de manchar...” Nossa, que cara de pau a minha... ô mentira mal contada, puuutz.. - Tá mãezinha.. até hoje à noite.. também te amo...Humrum.. Beeijo. – desligou o telefone então olhou ao redor de novo.
Só um pensamento passava pela sua cabeça: Estavam lascados... – FREEED, GEOOORGE! – gritou já subindo correndo pelas escadas. Precisavam dar um jeito de arrumar a mansão inteira até as oito da noite...


Depois de quase quarenta minutos perdidos no processo de acordar e obrigar a levantar todos aqueles que encontraram nos cantos da casa, os irmãos Weasley tinham conseguido com sucesso aglomerar na sala os amigos mais chegados que lá haviam dormido e tinham condições de ajudar e mandar pra casa os desconhecidos que ninguém sabia como vieram parar ali. Durante este período Sírius já havia brigado e se reconciliado com sua noiva mais uma vez e feito um plano de limpeza enquanto Gina e Draco procuravam os produtos de limpeza e tudo que seria necessário pra operação ter sucesso e Ron e Hermione... bom.. eles apareceriam em algum momento.
O fato é que quarenta minutos depois de Gina descobrir que todos os empregados da casa tinham misteriosamente sido acometidos por um resfriado fortíssimo e estavam incapacitados de ir à mansão naquele domingo, as seguintes pessoas estavam diante de Sirius na sala principal: Kelly, Harry e Patty, Blaize e Sabrina, Draco e Gina, os Gêmeos e suas namoradas...e ops! Hermione e Ron que apareceram do nada.
Com uma posição muito profissional que contrastava com o short amarelo limão e a camiseta com os dizeres “eu sei que sou gostoso” que ele havia pegado emprestado de Fred, Sirius começou a explicar a situação a todos os presentes então em dez minutos todos souberam que estavam fadados a perder seu domingo de sol limpando a zona deixada por uma festa dos gêmeos.
“E não adianta quere fugir de mansinho porque a situação é de calamidade e pediu por medidas de segurança. Todos os portões foram fechados e agora somente por motivo justo, como uma determinação paternal, ou uma permissão expressa assinada pela minha pessoa é que a saída será possível.”
Todos reclamaram um pouco, mas no fundo estavam até um pouco animados, afinal não se poderia dizer que este não era um programa de domingo diferente. Quando todos se acalmaram de novo Sirius recomeçou.
“Vocês serão divididos em casais..” – sorriu de canto de boca. – “Mas é pra limpar a casa... nada de atos pecaminosos durante o trabalho!” – falou causando uma onda de vermelhidão nas faces femininas e um sorriso disfarçado entre os homens. – “Como ninguém deve ter estômago agora, o almoço será daqui a duas horas.. então todos se reunirão lá fora exatamente às duas e meia sem atraso!”
Hermione levantou a mão mais ou menos do jeito que sempre faz durante as aulas e Rony revirou os olhos sem acreditar que a namorada era nerds até em operações de limpeza.
“Sim, Mione?”
“Sirius.. o que vai ser o almoço?”
“Boa pergunta, Mione... O Conselho ainda não teve deliberações sobre este assunto” – respondeu seriamente como se não estivesse encarando tudo aquilo como uma brincadeira.
Rindo um pouco e balançando a cabeça em negativo Hermione perguntou. – “E eu posso dar uma sugestão ao conselho?”
“Sim, o conselho é muito eficiente.. decidiremos neste instante”
“Porque nós não pedimos pizza? Todos gostam e não precisa de pratos pra comer.. porque eu estou supondo que ninguém vai querer sujar mais nada pra ter que limpar depois...”
“Dez pontos pra Hermione Granger!” – exclamou Sirius sorrindo enquanto Hermione sorria timidamente, mas satisfeita por sua idéia ter sido aceita e Ron a olhava com orgulho. Era a mulher da sua vida mesmo.. até tinha lembrado de perguntar por comida! – “Vai ser pizza então... bom.. tendo explicado tudo mãos á obra!” – falou pegando um saco do pão de açúcar com vários papeizinhos dentro. – “Os casais venham aqui e peguem sua tarefa e depois já escrevam o sabor da pizza que vocês querem... A parte do quintal e da piscina todo o grupo fará no final da tarde... Ah, e se estiver passando mal tem efervescente e analgésicos aqui na mesa.” – falou rindo dos grunhidos de indignação daqueles que precisariam dos analgésicos... então viu a cara de Kelly ao ler a tarefa deles e sorriu de canto de boca. Talvez essa operação fosse divertida no fim das contas...


“Banheiros” – murmurou Gina soltando o ar com indignação saindo da fila indo pro canto onde Draco a esperava. – “Tá vendo Draco, eu falei pra você pegar o papel! Eu sou azarada e sorteei a gente pra limpar os banheiros!” – falou gemendo de preguiça já fazendo um beicinho que Draco teve que se controlar pra não esquecer de tudo e simplesmente morder.
Ele sorriu um pouco pegando o papel da mão dela e colocando no bolso. – “Deixa Gina.. você já viu a cozinha? Está pior que os banheiros.. só os daqui de baixo devem estar sujos pra valer.” – falou rindo um pouco da expressão de desconfiança de Gina então vendo que não a tinha convencido ele aceitou que a tarefa realmente era um saco. – “Tá bom, tá bom, ruivinha birrenta.. é chato mesmo... mas a gente pode usar os chuveirinhos, molha tudo e depois só empurra pro ralo.”
“Mas Draaaco.. eu não quero lavar as privadas” – falou como se esse pensamento até provocasse dor. – Tava todo mundo bebendo ontem! Bêbado não tem mira pra fazer xixi!”
Ele riu um pouco dela então pegou na sua mão e começou a puxá-la pra pegar os materiais de limpeza. – “Vamos ver o que a gente faz sobre isso...” – falou sabendo que se ela pedisse ele lavaria as privadas do quarteirão inteiro só pra vê-la feliz.
Ela sorriu olhando pra mão dele entrelaçada à dela pensando que se eles ficassem assim o dia inteiro talvez privadas nem sejam assim tão horrorosas.. afinal tem o chuveirinho e as luvas, não é?


Hermione leu o papelzinho incapaz de conter um sorriso sapeca de fugir de seus lábios então antes que Ron, que tentava ler sob seus ombros pudesse fazê-lo ela virou e sem dizer uma só palavra o puxou em direção à escada. Sorrindo bestamente ele a seguiu.


“Eu to morrendo Harry...” – falou Paty fazendo manha no segundo em que colocou os pés na cozinha e viu o que os esperava. – “O remédio pra dor de cabeça não funcionou não..”
Ele sorri de canto de boca vendo através do ato, mas não conseguir deixar de achar fofo. – “nem adianta tentar fugir dona Paty...” – falou chegando por trás dela e começando uma massagem na sua cabeça antes que ela pudesse impedir ou sair de onde estava. – “Você vai ter que me ajudar a limpar isso tudo.”
“Hummmm...” – fechou os olhos já começando a ficar sonolenta sentindo as mãos dele entrelaçadas no seu cabelo os puxando de leve pra massagear o couro cabeludo.
No momento em que ela pendeu a cabeça pra trás deixando o corpo se apoiar no de Harry ele também fechou os olhos se deixando inebriar pelo cheiro dela e a maciez de seu cabelo então não se conteve em beijar seu pescoço..
O toque, apesar de ser o que ambos queriam, também os tirou da reveria em que haviam mergulhado fazendo Paty perceber instantaneamente o quanto o havia deixar chegar perto de si.. tanto fisicamente como emocionalmente já que desde a uma semana não parava de pensar no jogador de basquete.
Ela arregalou os olhos e saiu de perto dele em menos de um segundo percebendo o olhar decepcionado dele. Ela não queria que ele se sentisse assim... mas também não podia dar o que ele queria.. ou sairia magoada, não é? Não é isso que caras populares fazem? Conquistam e depois chutam? Mas.. o Harry era assim? Não parecia porque...
“Paty?” – falou Harry a tirando de seus pensamentos, olhando como se quisesse perguntar o que ela tinha pra ficar olhando pro nada como fazia e como ela ficou em silêncio foi isto mesmo que ele fez. – “O que foi? Porque você tá olhando a quase um minuto pra parede?”
“Er... ahn..” – murmurou ficando vermelha sem saber o que responder então optou por uma saída desesperada desviando a atenção dele pra zona que a cozinha estava. – “Aquilo ali no teto é guaca-mole?”


Urgh.. que nojo, ainda bem que eu sou uma gênia – pensou entrando no primeiro banheiro social da casa, os quais eles limpariam antes pra se livrar logo do pior agora que ainda estavam de estômago vazio. Tinha ‘calçado’ sacos de lixo e os amarrado até praticamente a cintura além de ter amarrado a mesma proteção no local onde as luvas de plástico deixavam expostos seus braços.
“Eu to começando a achar que essa sua idéia não é ruim não afinal..” – brincou Draco numa tentativa de elevar os humores ao ver que o chão tinha poucos espaços sem respingos de restos estomacais ou o produto dos rins. – Você trouxe com você a fita adesiva? – perguntou já calçando um dos sacos de lixo mostrando que realmente não achava mais besteira o estilo fashion criado por Gina pra limpar os banheiros.
“hieuehieeih.. tenho..” – falou entregando pro Draco. – “não falei que parecer um astronauta da limpeza era necessário? Mas nããããããooo, você não acreditou em mim! – brincou então lembrou pela primeira vez desde o incidente que quase havia impossibilitado Draco de ter filhos no futuro. – “erm.. você.. quer dizer, ele.. o seu.. ahn.. você lá em baixo.. já tá tudo ok? – perguntou com o rosto fulminando de tão vermelho, o que não passou despercebido por Draco.
Achando muito lindo vê-la corada desta maneira ele brincou com a idéia de falar que ainda estava vendo estrelas de dor para deixá-la mais sem graça e preocupada, mas julgou que seria maldade. – “tá tudo bem, Gina... não tá doendo mais não.” – falou sorrindo quando ficou com uma expressão meio sacana ao ter uma idéia que a deixaria sem graça sem ficar preocupada. – “Depois do banho ficou novinho em folha.. pronto pro uso...”
“DRACO!”


Blaize olhava praticamente babando Sabrina levemente abaixada passando o pequeno aspirador nos sofás da casa lhe dando uma visão muuuito favorável de suas formas para o olhar pecaminoso de um garoto de 17 anos. Um momento em particular em que ela precisou se ajoelhar no sofá e se apoiar no encosto pra aspirar algo mais atrás tornando realidade uma parte das fantasias de Blaize sobre ela, foi demais pro jogador. Sem perceber ele deixou o rodo que usava com um pano pra tirar as sujeiras mais altas da parede cair no chão, chamando a atenção de sua musa pro fato de que a algum tempo ele não estava fazendo nada.
Ela olhou pra ele então, vendo sua respiração acelerada e seus olhos o traindo por deixar óbvio o que ele pensava apesar dele tentar disfarçar, ela ergueu uma das sobrancelhas querendo parecer brava então teve que rir. – “Blaize.. você não acha melhor começar a limpar logo pra gente poder ir almoçar não?” – perguntou em um tom meio irritado e meio risonho, se é que isso é possível, pois até aquele instante não sabia que tinha tanto poder sobre ele.
“Se você me der um beijo eu acabo essa parede em cinco minutos..” – propôs com a cara de pau que lhe é característica esperando um tapa, como havia levado na noite anterior, ou um beijo, como também havia recebido na noite anterior, e se viu sendo sortudo ao sentir o toque macio do lábios de Sabrina.
“Eu sabia que você não prestava” – murmurou ela contra os lábios dele. – “Fazendo até chantagem por um beijo...”
“Eu podia prestar menos ainda e simplesmente te agarrar sempre que eu quiser..” – respondeu do mesmo modo a derretendo por dentro. Aparentemente Sabrina fugia dele porque sabia que ia acabar gostando exatamente desse jeito sacana e despreocupado dele... Mas isso não a impedia de continuar o ato que o fizera se apaixonar, não é? E foi pensando isso que ela o empurrou quase o fazendo cair.
“Faz isso e eu vou te obrigar a conhecer o papai no próximo final de semana..” – sorriu meigamente e continuou fingindo não ver o tom pálido que o rosto dele adquiriu.- “Você disse que mudou, não é? Então.. quero um compromisso sério.”


Pronto pro uso.. prontinho pro uso.. como é que ele fala uma coisa dessas pra mim? – pensava Gina desesperadamente se obrigando a não imaginar ele efetivamente colocando em uso enquanto jogava água distraidamente em todas as direções não molhando Draco por pouco. – Ele.. ele pode colocar em uso sozinho.. ou com alguém.. ai as vacas que já viram ele colocando em uso! Aimm meu Deus que ciúmes.. ui.. chega me arrepio.. pra que ele tinha que me lembrar que tinha uso? Eu tava tão entretida com o conhecimento de que aquilo existe por causa daquela cueca e agora vou ficar pensando no uso.. droga... – continuava a pensar coisas que só tinham sentido pra ela até que uma risada de Draco chamou sua atenção.
Olhando pra ele pela primeira vez desde o comentário ela sorriu. – “De que você tá rindo, Draco?”
Ele mostrou um sutiã preto de renda que havia encontrado no chão. – “parece que alguém se deu muuuuito melhor que a gente aqui nesse banheiro ontem” – comentou olhando a peça, que tinha numeração muito maior que a usada pela ruiva.
Se irritando ao ver o tamanho do sutiã e a apreciação que Draco demonstrava ela somente continuou a molhar tudo empurrando a sujeira com a água sem oferecer qualquer comentário para demonstrar que havia ouvido o que ele falara.
“Que foi Gina?” – perguntou ele parecendo preocupado com o silêncio da ruiva.
“Nada.. só to um pouco cansada.. e com fome”
“Humm...” – murmurou se perguntando o que havia falado de errado.
Passaram-se mais vinte minutos sem uma palavra ser dita e o segundo banheiro havia finalmente sido limpo então quando os dois tentaram sair do banheiro ao mesmo tempo o encontrão que deram fez Gina falar o que estava pensando. – Afinal.. será que ele... “...prefere peito grande ou pequeno? - arregalou os olhou ao perceber que havia realmente dito aquilo em voz alta.
“Que? Eu?” – perguntou não acreditando no que havia escutado.
“Ahn... Humrum..” – respondeu Gina sentindo sua face pegar fogo de vergonha mas querendo saber a resposta agora que já tinha pago o mico de perguntar.
“Hum...” – mordeu a boca pensando em como que poderia responder para Gina sem falar que o dela era o mais perfeito que existia. – “Tem que ser proporcional ao corpo da mulher.. mas eu prefiro quando cabe certinho na minha mão e.. hum.. é melhor a gente ir pro outro banheiro, né?” – cortou o assunto ao perceber as reações baixas que estava tendo falando nisso com ela tão perto então saiu do recinto deixando de perceber que agora ela estava sorridente.


Draco passou o pano pela última vez necessária na tampa da privada então mexeu a cabeça displicentemente para tirar alguns fios de cabelo que insistiam em cair do seu rosto se levantando a tempo de ver Gina acabar de secar a pia. – “Pronto...” – falou sorrindo tentando mais uma vez fazer Gina conversar já que desde a hora do almoço ela parecia perdida em pensamentos com uma expressão quase melancólica. – “Nem acredito que nós acabamos o último banheiro.. eu juro que uns dois banheiros dessa casa eu nem sabia que existiam..”
Ela olhou pra ele com um meio sorriso se surpreendendo consigo mesma por não ter tido nem um pensamento maluco ao vê-lo sem blusa.. Tudo bem.. talvez umzinho... E quando ele já abria a boca pra tentar mais uma vez começar uma conversa pra obrigá-la a abandonar a seriedade que ela adotara a mais de duas horas ela murmurou. – “Você percebeu que todos que estão nessa faxina hoje são casais menos a gente?”
Pego de surpresa com a pergunta inesperada sobre o assunto que obviamente levaria a algo que ele ainda não sabia se deveria perseguir ou se obrigar a fugir, Draco apenas a olhou sem saber responder. Mas não podia negar que havia percebido a mesma coisa. – “O Harry e a Paty não estão juntos..”
“Humpf.. por pouco tempo” – respondeu amarga. – “Não tem nada que os impeça...” – abaixou a cabeça como se estivesse medindo suas palavras então voltou a olhar para Draco. A noite passada voltou como uma enxurrada pelos seus pensamentos... imagens do loiro cantando.. dúvidas sobre o que teria ocorrido se a pessoa que caiu perto da porta não o tivesse feito... o olhar dele a queimando... a angústia e alegria se entrelaçando nas dúvidas e barreiras que ela sempre teria que enfrentar... Por que? Pensou com melancolia sem perceber que mais uma vez dara voz aos próprios pensamentos quando ouviu Draco murmurar de volta.
“Eu não sei ...eu queria que não fosse assim”
Gina levantou o olhar cheio de lágrimas, surpresa em ouvir Draco respondendo sua pergunta então soube que ao menos não estava sozinha. Ele a entendia... e sentia o mesmo. Tudo fazia sentido agora. Ela se forçou a sorrir então suspirou olhando pro banheiro que voltara a ser utilizável por humanos. – “Nem acredito que a gente terminou!” – exclamou já alcançando o bom ar no armário embaixo da pia.
Percebendo que a ruiva procurava acabar com aquela melancolia agora que tudo surpreendentemente havia se esclarecido com apenas meia dúzia de palavras ele sorriu de volta. – “Pois é, e agora que todos os banheiros estão limpos quem precisa de um banho é você senhorita Weasley.”
“Só eu, Lord Malfoy? Eu me recordo que foi você que lavou todas as privadas da casa, o que indica que entre nós dois quem precisa mais de um banho é você!” – riu entrando na brincadeira quase agradecendo por ter sido tirada da tristeza que sentia desde a hora do almoço ao ver os casais dando comida um pro outro, brincando e fazendo coisas fofas que irritam todos os solteiros do mundo.
“Humm, agora você vem falar que eu to sujo, não é? Da próxima vez eu vou deixar a senhorita limpar as privadas, tá bom? E agora de vingança eu vou passar as luvas que eu usei em você!” – falou levantando as luvas e se aproximando perigosamente de onde Gina estava.
“Não!” – berrou rindo e começou a correr pra porta mas Draco antecipando esse movimento já tinha ficado na frente com um sorriso brincalhão. – “Ahhhhh! Draco não! Eu não vou te perdoar!”
“Mas não era você que tava dizendo que eu preciso de um banho?”
“Eu tava brincando! Eu juro! Você tá limpinho! Tá até cheiroso!” – falou ela entrando no Box e começando a fechar a porta como meio de se proteger, mas Draco colocou o braço no meio e ela nunca teria coragem de machucá-lo. – “Não Draco.. por favor não encosta isso em mim..” – choramingou.
Rindo um pouco do fato de Gina realmente pensar que ele passaria as luvas nela agora que ela havia tirado todas suas proteções de saco de lixo, ele as jogou no balde então entrou no box junto com ela, sem qualquer resistência da ruiva, e ligou o chuveiro molhando os dois com roupa e tudo.
Se olhando e sabendo que não estavam preparados ainda pra enfrentar tudo que sentiam um pelo outro eles apenas deixaram a água cair entre seus corpos. Sorrindo sem dar atenção ao cabelo molhado caindo no seu rosto, Draco se aproximou ainda mais de Gina pra alcançar o xampu que estava atrás da ruiva.
Ele colocou o xampu na mão sem afastar seu olhar por um segundo sequer então trouxe a mão pra perto do próprio rosto fingindo cheirar a substância profundamente em apreciação fazendo Gina rir. Ela deixou ele lavar seus cabelos lentamente fechando os olhos para que a espuma não caísse nos seus olhos podendo sentir a proximidade de Draco apenas pela sua respiração quente.
Sentia seus dedos numa carícia delicada massagearem sua cabeça...
Quando ela sentiu a água levar todo o xampu dos seus cabelos ela fez o mesmo em Draco, passando depois a ensaboá-lo devagar com as mãos, sentindo seu peito subir e descer em uma respiração acelerada e sua barriga se contrair de leve ao sentir o toque macio das mãos de Gina. Com a boca entreaberta sentindo a água cair abundantemente sobre si e escorrer pelo seu rosto Draco alcançou o final da blusa de Gina que estava pregada ao corpo dela revelando suas formas e o piercing que ela havia colocado apenas no dia anterior.
Sabendo que Draco não passaria dos limites e que estava usando um top de ginástica por baixo da blusa a ruiva não ofereceu resistências ao levantar os braços e deixá-lo livrá-la da peça incômoda.
Por alguns segundos ela sentiu o olhar tímido dele sobre seu corpo então seus olhos se encontraram novamente os fazendo sorrir timidamente em alívio por que a verdade, apesar de ser estigmatizada pela sociedade, era aceita pelos dois.
Se abraçaram ternamente deixando a água levar a amargura momentânea que sentiam por não poderem ser um casal como o resto das pessoas na casa e assim ficaram até Draco murmurar. – “É melhor a gente ir...”
“É...”


Fred se jogou na grama perto da piscina deitando na barriga de Rute logo depois. – “Cruzes, eu tô vendo a Josita com novos olhos de admiração!” – comentou se referindo a uma das faxineiras da casa.
“O Hagrid também” – falou George também no colo da namorada. – “Esse jardim é um inferno pra limpar.”
“E eu queria saber porque vocês dois presumiram que eu e a Rute estamos a fim de servir de travesseiro depois de um dia inteiro trabalhando tanto quanto vocês.” – Falou Kika em tom de brincadeira sem tirar o braço dos olhos pra obstruir o resto de claridade daquele fim de tarde.
“Porque você..” – respondeu George da barriga dela.
“E você...” – falou Fred em relação a Rute.
“Nos amam!” – falaram em uníssono.
“Ai, esse negócio de falar junto agora não...” – choramingou Rute meio que rindo não deixando, entretanto, de fazer carinho no namorado.
“Ah, vocês se irritam com isso de vez em quando também?” – perguntou Ron com cara de cansaço segurando a mão de Hermione chegando naquele instante do outro lado do quintal que tinham tido a tarefa de limpar.
“Se irritam com o que?” – perguntou Sabrina chegando alguns metros atrás de Ron e Hermione tentando andar com Blaize pregado a si.
“Com o George e o Fred completando a frase um do outro e deixando o grand finalle pra falarem juntos..” – respondeu Sirius, que antes mesmo de Fred e George chegarem lá já estava deitado com Kelly mexendo no cabelo dela apesar de toda hora ela tirar a mão dele da sua cabeça. – “Eu acho legal..”
“Valeu Sirius!” – os gêmeos falaram juntos, mas o cansaço impediu que seu tom ficasse animado como sempre.
“Todo mundo já acabou?” – murmurou Kelly tentando tirar a mão do noivo mais uma vez de seus cabelos. – “Aimm, vou sonhar com papel higiênico em árvore até a posteridade..”
“Falta só a Gina e o Draco..” – respondeu Mione sorrindo ao pensar o que eles poderiam estar fazendo mas Kelly parecia ter esquecido da própria pergunta e continuou seus desvarios sobre o papel higiênico.
“Quem diabo teve essa idéia alienígena do inferno de tacar papel higiênico nas árvores” – falava consigo mesma sem perceber a expressão culpada de Sirius ou os risos dos gêmeos. – “My God, é tão anos oitenta, ou então idéia de doido mesmo. Quem pode...” – olhou pro noivo. – “Ter sido...” – arregalou os olhos finalmente percebendo que Sirius não a olhava nos olhos. – “Ai meu Deus... foi você não foi, Sirius?”
“A possibilidade existe...” – falou encolhendo os ombros meio risonho fazendo todos que ali estavam caírem na risada, inclusive Kelly, que a essas alturas da vida já tinha se acostumado com o fato de que amava um garoto de 14 anos no corpo de um homem.


“Ah nããão!” – choramingou Gina a alguns metros de onde Draco havia acabado de pegar a última latinha de cerveja da parte do quintal que eles ficaram responsáveis de limpar.
Virando instantaneamente ao ouvir o gemido de sofrimento da irmã de criação, Draco não conseguiu segurar o riso ao vê-la olhando vermelha e descabelada pro monte de latas ao redor de seus pés.
“Draco! Pára de rir!” – falou indignada tentando ao mesmo tempo achar onde o saco havia se rasgado. – “ô droga! Eu não acredito que essa bosta rasgou logo agora que eu tinha acabado toda a minha parte!”
“Ê boquinha suja!” – falou rindo. – “Você não pode reclamar, eu avisei que ia rasgar se você não colocasse outro saco, mas você não quis escutar.”
Gina olhou pra ele impaciente mas, sabendo que ele tinha razão, apenas mostrou a língua em um maneirismo infantil e começou a colocar as latas em outro saco.
“Deixa eu te ajudar” – falou Draco ainda com a expressão risonha.
“Se for pra ficar rindo de mim pode me deixar fazer sozinha!” – bufou mau-humorada.
“Se você não colocar outro saco vai rasgar de novo, teimosa”
“humpf..”
Alguns minutos se passaram e Draco olhava de canto de olho Gina pegar cada latinha como se elas fossem culpadas pelo seu trabalho dobrado.
“Pode rir, Draco!” – falou com o pouco de dignidade que ainda tinha. – “Eu sei que você ta louco pra rir de mim e dizer que eu sou desastrada.”
“Mas você é desastrada, Gina”
Sem pensar que poderia machucá-lo, Gina jogou a latinha que tinha na mão na direção dele. – Ai meu Deus!” – berrou com os olhos arregalados quando viu a lata bater na testa do loiro que caiu imediatamente com a mão nos olhos. – “Draco!” – correu pra onde ele estava se ajoelhando ao seu lado. – “Draco, desculpa, eu tava brava.. e.. e você ficou rindo!.. Ai, me perdoa!” – falava sem parar sentindo a culpa quando percebeu que ele estava tremendo. – “Draco? Draco? Ai Draco, você tá tremendo!” – falou num gritinho nervoso com os olhos arregalados então já estava se levantando pra chamar alguém quando Draco a pegou pelo braço a impedindo de se afastar.
“Seu DESGRAÇADO!” – berrou boquiaberta ao ver que ele estava tremendo de tanto rir do histerismo exagerado dela.
“hieuheiuh Gina..heiueheiuehieh. “Era só uma latinha, é lógico que não podia ter me machucado de verdade.”– falava praticamente a abraçando pra que ela não pudesse se levantar ou bater nele. – Desculpa! Vem cá, desculpa! Pára quieta ruivinha exagerada! Heiuehieueheiuh”
“Sai! Sai, sai, me deixa!” – gritava tentando se soltar do abraço dele mas a cada segundo sua decisão de sair dali se enfraquecia já que ele colocava cada vez mais força fazendo com que eles ficassem mais abraçados. – “Uh! Seu idiota! Eu pensei que tinha te deixado cego, sei lá!”
“Humm...eu tô muito bem perto de você, hein? Fico quase estéril e agora quase cego...” – murmurou em tom de brincadeira sabendo que já a tinha desarmado.
“Sai Dracooo...” – falou fazendo aquele beicinho que Draco a um mês estava obcecado em morder. – “não sei pra que você fala isso.. você tá careca de saber que eu detesto ser desastrada...”
Ele a apertou ainda mais contra si de um jeito carinhoso. – “E eu adoro você desse jeito”


“Acabou.. da próxima vez a gente vai contratar uma equipe de limpeza antes de organizar qualquer festa” – resmungou Gina sentindo os braços doendo de tanto carregar sacos com latinhas do quintal.
Draco ri um pouco da idéia da ruiva então comenta. – “Depois desse trabalho todo qualquer um ia pensar que você nunca mais toparia fazer uma festa escondido da mamãe.”
“Hehe.. é mesmo...” – Concordou com o loiro então ouviu uma confusão de resmungos e as distintas risadas dos gêmeos vinda da direção em que tinham marcado de encontrar todo mundo quando acabassem sua parte. – “Ai, o que eles aprontaram agora?”
“Não sei... mas deve ter sido uma boa...” – falou pegando na mão dela e a puxando. – “Vem”
Andaram alguns passos fingindo não perceberem suas mãos dadas até que alcançaram o grupo.
“O que aconteceu?” – perguntou Gina chamando a atenção do grupo para sua chegada.
A confusão de resmungos voltou a reinar, mas depois de alguns minutos Draco e Gina conseguiram entender que, aparentemente, seus pais nunca tiveram intenção de voltar naquele dia.
“.. ela ligou hoje de manhã dizendo que voltaria mais cedo só pra ver qual seria a sua reação, maninha..” – falou George meio que rindo por saber que nem em um milhão de anos Gina conseguiria disfarçar algo assim da mãe.
“...e quando você perguntou o telefone da Josita porque queria tirar a mancha de uma blusa... ” – continuou Fred acentuando a desculpa esfarrapada de Gina vendo a ruiva bater na própria testa e fechar os olhos em frustração.
“Ela teve certeza que as suspeitas dela era verdadeiras...”
“...então ligou pra todos os empregados avisando que não era pra vir se nós ligássemos”
“poooutz” – murmurou Draco pra si mesmo lembrando de todas as privadas que tinha limpado.
“Ela sabia vocês dariam um jeito de limpar tudo e esse foi o castigo por terem dado uma festa sem permissão.” – falou Sirius ignorando a expressão indignada dos gêmeos por terem sido interrompidos tão perto do grand finale. – “Ai!” – resmungou passando a mão na cabeça olhando para Kelly que havia lhe dado um tapa. – “Por que você fez isso, baby?”
“Você não viu que estragou a brincadeira deles? – respondeu Kelly enquanto todos já se levantavam com o intuito de se arrumarem pra ir pra casa.
“Mas eles iam demorar e...” – parou ao ver a movimentação. – “Epa, epa, epa! Quem disse que a operação acabou?” – exclamou Sirius para o grupo que prontamente voltou sua atenção para ele. – “Falta uma última tarefa pra operação terminar com sucesso.” – falou provocando uma comoção de reclamações apontando o fato de que não havia motivos pra limpar mais nada se os pais deles já sabiam de tudo até que Draco notou o sorriso do Sirius e os olhares trocados entre os gêmeos.
Abrindo um sorriso próprio Draco começou discretamente a puxar Gina, que ainda discutia com o resto do grupo, pra perto da piscina como faziam os gêmeos.
“E não tem mais nada pra limpar.. e.. Ai Draco que fff..? AHHHHHHHH” – berrou ao cair junto com o loiro na piscina mostrando pra todo mundo qual era realmente a última tarefa: Se divertir.. e aproveitar o resto do domingo.
Cambalhotas, mergulhos e risadas eram as novas obrigações e, apesar de ter que concordar que essa era a parte mais divertida do domingo, todos compartilhavam o pensamento de que talvez fazer faxina nem tenha sido tão ruim assim.
Agora que tinha acabado, é lógico...


Após cantar no chuveiro, rir sozinha, suspirar até ficar roxa e contar cada detalhe do seu dia pro Colin no telefone pra depois ouvir o amigo contar seu dia com Evan no mesmo estado de euforia que ela, Gina estava de camisola deitada na cama ainda vestindo um sorriso bobo no rosto e eventualmente abraçando o travesseiro no rosto pra berrar de alegria. Ele confessou... me abraçou daquele jeito .. ai meu Deeeeusssss, ele me deu banho. – se arrepiou ao lembrar de ter sido tocada por Draco de um modo tão íntimo fechando os olhos pra lembrar da cena. – E ele de olhos fechados daquele jeito.. ai.. será que isso tudo foi um sonho? Vai ver eu fiquei doida de vez e estou é num manicômio.. drogada e delirante...
Se levantou de um modo decidido indo até sua escrivaninha. – Eu preciso estudar... o professor Snape não vão me dar nota por sorrisos abobalhados.. Mas ... aim... e aquela barriga durinha daquele jeito meu Deus do céu? Como é que eu esqueço disso? Ai.. o que vai acontecer agora? Será que ele percebeu que eu sou apaixonada por ele? Acho que sim.. e ele sente algo por mim.. ele confessou não foi?- pensava distraidamente pegando o livro de química e o colocando em cima da mesa. – Droga.. eu devia ter ido estudar com o Harry e a Patty.. e ser jogada pela janela porque ele ia me matar se eu aparecesse lá... Ai.. como que eu vou me concentrar em ligações químicas se eu só consigo pensar nas reações químicas que o Draco provoca em mim.. uuuuiiii Pára Gina! Não vai nessa direção! – sentou na cadeira abrindo o livro na página que ela precisava revisar e começou a ler até que imagens de Draco molhado passando as mãos nos cabelos dela... o jeito que ele a olhava desde que haviam esclarecido o que sentiam um pelo outro... a boca dele... – “Argh!” – exclamou derrotada deixando a cabeça cair sobre o livro. Era fato, não conseguiria estudar aquela noite.
Será que a Paty aprendeu tudo que o Harry ensinou? – divagou sobre a possibilidade de talvez dar uma minúscula olhadela na prova da amiga caso ela não soubesse as respostas. – “humpf.. como seu eu tivesse coragem.. vou tremer igual a vara verde só de pensar em colar” – murmurou pra si mesma então depois de mais algumas tentativas frustradas a ruiva finalmente conseguiu se concentrar o bastante pra entender alguma coisa do livro.
Três horas depois Gina já revirava os olhos de sono depois de um dia tão cansativo, mas havia finalmente revisado a matéria de modo que pelo menos a média ela alcançasse no teste. Não era como se ela precisasse de alguma nota já que seu boletim era impecável. - O que a falta de uma vida social não faz pela sua vida escolar...até agora eu só tinha A’s... - pensou a ruiva num tom risonho então escutou uma batida na porta.
“Entra...” – falou sem olhar pra porta fazendo o penúltimo exercício pra acabar sua sessão de estudo.
“ainda estudando?” – perguntou Draco usando só a calça do pijama como sempre fazia, ao lado da porta.
Repetindo na sua cabeça pra não babar ao ver a barriga do loiro novamente ela respondeu. – “É.. mas já to acabando... Vocês pediram alguma coisa pra comer? To morrendo de fome” – comentou se espreguiçando.
Sorrindo um pouco ao vê-la se esticar como um gato ele respondeu. – “Pediram esfiha.. ainda tá quente, quer que eu traga aqui?”
“Não precisa não, eu como lá embaixo quando acabar aqui” – respondeu sorrindo. Aimmm, se ele fosse mais fofo eu explodia!
“Humrum...” – murmurou olhando pros próprios pés parecendo querer falar algo e não saber como. – “Você vai...?” – questionou sem chegar a perguntar de verdade por não saber ao certo o que estava fazendo.
Entendendo o que ele queria saber melhor que o próprio loiro ela respondeu. – “Vou... pode ir indo na frente que quando eu terminar eu vou.”
“Tá...hum.. é melhor...não esquece de trancar a porta..” – falou baixo olhando pra ela e os dois sentiram o clima pesar ao serem obrigados a encarar a realidade de que mesmo esse mínimo de contato era errado.
Ela acenou que sim com a cabeça observando um ponto do livro sem coragem de olhar para Draco por não saber o que encontraria se assim o fizesse e após alguns segundos ouviu a porta sendo fechada sinalizando que ela poderia voltar a respirar. Eu não vou pensar em coisa ruim hoje.. eu não vou pensar... Amor não pode ser uma coisa errada pode?


Era quase dez e meia da noite quando Gina finalmente havia terminado os exercícios e comido algumas esfihas pela felicidade de seu estômago. Ela andava pé ante pé pra não chamar a atenção de ninguém para o fato de que ao invés de dormir no seu quarto dividiria a cama com Draco novamente. Desta vez, entretanto, não havia razão pra isso.. nada que a obrigasse a ficar tão perto dele durante a noite a não ser o fato de que tinha certeza de que não seria capaz de dormir longe dele depois de tudo que havia acontecido.
Respirou fundo com os olhos fechados antes de abrir a porta então entrou sendo abraçada pela penumbra que envolvia o quarto, quebrada apenas pela fresta de luz vinda da porta entreaberta do banheiro.
Seria incapaz de impedir que um sorriso lhe tocasse os lábios mesmo que assim quisesse pois sabia que Draco havia deixado aquela luz acesa por saber que ela tinha medo de ficar no escuro total. Lembrando-se do que havia prometido, a ruiva trancou a porta antes de se aproximar da cama observando distintamente a confusão de cobertas que ocultava o que ela tanto ansiava olhar.
Sentindo suas pernas enfraquecerem a cada passo que dava ao saber que, apesar de ter dormido várias vezes com Draco, desta vez tudo havia mudado e em nada se parecia com a procura de um refúgio nas tempestades ou de um protetor quando havia visto um filme de terror. Desta vez era só a Gina... e o Draco... Precisando ficar juntos sob a proteção da noite já que a luz do dia os entregaria á realidade de que não importa o que sentem um pelo outro pois nunca seriam aceitos.
“Você demorou” – a voz rouca de Draco soou na escuridão indicando que ele havia meio acordado.
“É..” – falou na falta de algo melhor pra dizer.
“Vem..” – disse ele num murmúrio levantando as cobertas pra que Gina pudesse deitar com ele e a ruiva, quase morrendo deve-se acrescentar, deitou-se na cama sentindo o corpo quente dele a envolver num abraço preguiçoso. – “Hummm” – murmurou sorrindo enquanto a apertava contra si.
Sem saber o que tudo aquilo significava apesar da felicidade que sentia estando ali Gina não conseguiu fica calada. – “Draco..” – falou de um jeito preocupado mostrando que queria conversar
“Shhh” – ele murmurou ainda meio sonolento a trazendo quase pra cima de si então virou o rosto os deixando alinhados no travesseiro. Imitando um cachorrinho demonstrando carinho ele apenas passou seu nariz de leve no dela fazendo derreter suas preocupações e voltou a adormecer não antes de murmurar emburrado. – “Você demorou...”


Apenas aquele final de semana sem a presença dos pais e o conhecimento de que essa ausência se estenderia até sexta-feira algumas horas antes do Baile à fantasia em homenagem à chegada da embaixatriz da França na cidade, foi o suficiente pra transformar a mansão Weasley em uma república de jovens temporária.
Sempre lotada de amigos assistindo filmes, em campeonatos de tênis, na piscina ou apenas em uma roda de violão, a mansão parecia ter sido planejada para um relacionamento proibido aflorar e se fortalecer, já que todos estavam muito entretidos em se divertir ou se preocupar com sua própria vida amorosa pra perceber que onde Draco estava uma ruivinha poderia ser encontrada sorrindo ou que na cumplicidade da noite eles dormiam sentindo o calor do outro tocando seu corpo.
E assim cinco dias se passaram...


Segunda-feira
Se alguém perguntasse de quem foi a idéia de relembrar a infância e contar histórias de terror no quintal ninguém lembraria, mas o fato é que agora pequenos grupos se amontoavam embaixo de cobertas e casais faziam o mesmo aproveitando a brisa noturna da primavera como desculpa pra se aconchegarem ainda mais um no outro.
“Ah! Eu sei uma! Eu sei uma!” – falou Ron animado quase obrigando Hermione a sair do seu colo. – “Alguém sabe a lenda da Maria Rapa-coco?” – falou imitando suspense fazendo todos caírem na risada.
“Só você mesmo pra ter medo de uma Maria rapa-coco, neném..” – comentou Hermione rindo com o grupo.
“Hei! Eu não disse que eu tenho medo!”
“Mas você já falou pra mim.” – respondeu ela provocando mais uma onda de risos além de fazer todo o sangue de Ron ir parar na cara dele.
“Mione!”
“Awww, desculpa amor, eu não resisti, você fica fofo demais quando tá sem graça” – virou no colo dele dando pequenos beijinhos entre pedidos de desculpas e em poucos segundos o grupo havia sido esquecido pelo casal.
“Ihhhh.” – falou Colin fazendo graça mas quem o conhecesse perceberia que ele estava desanimado. – “agora esquece esses dois”
“eh..” – murmurou Gina tentando manter a compostura e falhando completamente. Olhava de segundo em segundo Pansy tentar se agarrar no Draco que todas as vezes recusava o contato o mais educadamente possível.
Alguns minutos se passaram então: - “Miga se o povo não estivesse meio bêbado todo mundo ia perceber esse olhar demoníaco que você tá mandando pra Pansy.” – murmurou Colin fingindo prestar atenção na história que Fred contava enquanto mantinha o cobertor em volta de Rute que à muito já havia adormecido no colo dele.
“Não dá pra segurar Colin!” – Gina murmurou de volta sem tirar os olhos de Pansy que fingia sentir frio pra ficar mais perto de Draco. – “Não sei pra que essa vaca loira tá aqui! Eu adoro a Sabrina, mas não sei pra ela tem que trazer essa praga do inferno pra minha casa! Ela não quer ficar com o Blaize?”
“Não é por nada não, miga, mas a Sá parece detestar a Pansy do mesmo jeito que você...” – fechou os olhos pra provável explosão que viria depois que falasse a próxima frase então continuou. – “Parece que quem convidou ela foi o Draco..”
Ela arregalou os olhos então se forçou a respirar fundo. – “O que? O Draco? Porque? Ele não tinham acabado? Ele disse pra mim!”
“Eles acabaram, mas você sabe que vários negócios da família Malfoy são com os Pankinson! Pelo que eu entendi ele e os gêmeos a encontraram quando foram comprar cerveja e ela meio que tornou impossível que eles saíssem de lá sem a convidar.. e não largou do Draco desde então.”
“Ai que ódio.. se não fosse ela eu estaria perto dele. Você viu que ela arrastou ele pra longe de mim?” – olhou pra eles de novo vendo Draco se levantar sem paciência e dizer que ia pegar uma smirnoff ice na casa.
“Não vai atrás dele, miga, vai ficar na cara... além do mais..” – fez cara de cachorro sem dono. – “Eu to mal e você nem me consolou nem nada...”
“E a nossa conversa de quase três horas de hoje à tarde não significou nada pra você?” – brincou tentando fazê-lo rir.
“Não, né.. aquilo foi um desabafo!”
“Hummmm.. pensei que a parte de consolar tinha sido resolvida com o sorvete de chocolate.”
“Não.. sorvete de chocolate consola você, miga” – sorriu já se sentindo um pouco melhor. – “Pra me consolar precisava ser um Petit Gateau de chocolate por que eu sou fresco, lembra?”
“ahhh, é mesmo, como eu pude esquecer?” – riu um pouco então olhou na direção da casa vendo Draco voltando pro quintal onde estavam.
“Relaxa Gina..” – murmurou Colin chamando a atenção da ruiva para si. - “Levanta a mão quem vai dormir com aquele loiro do éden?” – pegou o braço da Gina o levantando.
Rindo das maluquices de Colin ela não percebeu que Draco não tinha voltado pra onde estava até o momento em que o cobertor que dividia com o amigo fosse levantado.
“Tem lugar pra mais um?” – perguntou Draco sorrindo fazendo o coração de Gina pular de alegria.
“Humrum...” – respondeu sentindo o rosto se aquecer um pouco. Eu não entendo porque eu fico vermelha toda hora perto do Draco... eu conheço ele a vida inteira!
Poucos minutos se passaram para que ela sentisse a mão quente dele envolver a sua e sentir seus dedos se entrelaçarem. Ambos sorriram.

Terça-feira
Uma gota de suor já escorria pelo pescoço de Draco quando ele dribla Gina facilmente mais uma vez e dá um salto fazendo mais uma cesta de três pontos. Virando na direção dela com um sorriso convencido ele pergunta. – “Qual é o placar agora ruivinha? Quanto à zero?
Jesus.. e esse sorriso, hein? Será que até indo no banheiro o Draco é sexy? Tomando conta dos pensamentos à tempo de disfarçar que estava embasbacada com o jeito confiante dele jogar Gina respondeu fingindo não entender a pergunta. – Placar? Que placar? Era pra eu contar?
Riu da resposta dela tirando o cabelo do rosto. – “Alguém aqui precisa saber perder.”
“E alguém aqui precisa parar de ser convencido... Você sabe que eu sou péssima em esportes com bola.”
Dando um sorriso sarcástico por saber que a irritaria com o próximo comentário ele começou a andar pro banquinho em que estavam as garrafas de água e as toalhas. – “É por isso que você quer se vingar de todas as bolas, não é? Inclusive as minhas.”
“DRACO MALFOY!” – gritou boquiaberta mas sem conseguir conter o riso ao lembrar do incidente da manhã em que ela o havia acordado com uma joelhada.. erm.. . – Eu não acredito que você falou isso!
“Mas é verdade!” – respondeu rindo então bebeu água daquele mesmo jeito que havia deixado Gina babando no parque no dia em que Harry a convencera de que tinha chance de ficar com Draco.
“Ah é? Quer outra joelhada? – mordeu a boca indo na direção dele com um sorriso ameaçador o fazendo quase engasgar com a água. Mal sabe ela que essa reação não foi de medo... – “Você ainda tá bom demais no esporte pro meu gosto..”
“Você pode me dar dez joelhadas que ainda não vai conseguir fazer uma cesta comigo na defesa.”
“Ah é? Você acha que eu não consigo ganhar de você nem uma vez?” – perguntou com a mão na cintura então o imitou bebendo água deixando sem querer algumas gotas escorrerem por seu pescoço.
O olhar guloso do loiro acompanhando essa gotinha ou o fato dele estar praticamente mastigando a própria boca passaram despercebidos pela ruiva.
“Eu não acho, tenho certeza.”
“Humpf, vamos ver então.” – falou indignada largando a garrafa de água pra pegar a toalha e passar no próprio pescoço como Draco fazia. “ Vamos lá então, bonzão” – jogou a toalha nele então correu pro meio da quadra. – “Você vai aprender agora a não duvidar de mim.”
Draco correu atrás de Gina que já estava quicando a bola com um sorriso sapeca.
“Vem, Loirinho convencido.. hoje você vai se deparar com a sua derrota!”
“hieuheieu vamos ver.” – falou indo até ela e se colocando em posição de defesa.
Um minuto se transformou em três, que se transformaram em seis minutos de jogo e nada de Gina conseguir passar pela defesa de Draco que, pra não deixá-la sem graça, nem fazia esforços de roubar a bola. Sabendo que tentar normalmente não tinha futuro já que ela realmente era péssima em basquete e percebendo que ele só defendia, mas nunca tentava lhe tirar a bola, ela mudou de tática.
Virou de costas pra ele quicando a bola e aos poucos o começou a empurrar pra trás com o corpo, pois sabia que ele fugia de contatos maiores parecendo ter medo do que poderia acontecer. Se aproveitando desta fraqueza de Draco, em poucos segundos Gina estava à baixo do garrafão mas então se deparou com outro problema: Ela continuava sendo péssima no esporte e sendo mais baixa que Draco ele poderia bloquear todas as suas tentativas facilmente.
Uma nova mudança de tática foi necessária. Ela virou pra frente o encarando então sorriu.
“Que foi ruivinha? Desistiu?” – sorriu um pouco. – “E não pensa que eu não percebi o que você fez pra chegar aqui...”
“Eu? Eu não fiz nada...” – respondeu inocentemente ainda quicando a bola e pensando no próximo passo. Precisava distraí-lo.
“Ah não? Humrum...Eu vou só te parabenizar por saber explorar o ponto fraco do adversário...” – sorriu de canto de boca saindo um pouco da postura de defesa. – “Mas isso não vai adiantar nada porque eu consigo bloquear qualquer arremesso que você mandar, minha baixinha.” – falou pra irritá-la não sabendo que subestimar uma irmã de criação meio doida nunca é uma boa idéia.
Vendo a oportunidade, Gina não esperou um segundo pra pegar a bola e então pular no colo de Draco enrolando as pernas na cintura dele o obrigando a segurá-la pelas costas para que ela não caísse.
“CESTAAAAA!” – gritou Gina no colo dele.
“Ei! Assim não vale!” – falou rindo sem a menor vontade de colocá-la de volta no chão percebendo neste instante o quanto seu rosto estava perto da face afogueada de Gina.
“Hum, alguém tem que aprender a perder.” – murmurou brincalhona encostando a testa na dele também sem sentir a menor vontade de sair dali.
Ele a abraçou mais apertado. – “E alguém tem que aprender a seguir regras.”
“Nah... regras foram feitas pra serem quebradas..”
“Ah é?” – Draco murmurou no mesmo clima de brincadeira, mas ambos entendiam as entrelinhas.
“Humrum.. algumas regras são sem sentido... regras sociais principalmente.”
Eles trocaram um sorriso de companheiros no crime então Draco começou a rodá-la a fazendo rir como criança e ao ver aqueles cabelos ruivos flutuarem no ar soube que este era um dos momentos perfeitos de sua vida.

Quarta-feira
“Gostosa demais, meu Deus!” – falava Ron sem se importar com o fato de que sua boca estava cheia de salgadinhos. – “E essa boca enorme.. cheia... nossa, essa mulher não existe.”
“A Mione foi pra casa dela, mas eu ainda to aqui, seu depravado...” – murmurou Gina emburrada no canto da cozinha comendo um sanduíche e olhando Draco de canto de olho percebendo que, apesar de não estar fazendo nenhum comentário explícito como Ron, não desgrudava os olhos da revista de fofoca onde Angelina Jolie havia sido flagrada semi-nua tomando banho em uma cachoeira.
“Gina, até a Mione acha a Angelina Jolie gata... ela não liga se eu achar o mesmo.”
“Mas você não está demonstrando que a acha gata..” – respondeu Gina ainda mais emburrada já que Draco ainda não tinha parado de olhar as fotos. – “Só está faltando você ir se esfregar na foto igual cachorra no cio. Eu vou falar tudo pra Mione!”
“Falar tudo pra Mione.” – Ron imitou em tom debochado não dando muita atenção para o que a ruiva dizia.
“Humpf” – murmurou olhando pro irmão então largou o sanduíche no prato e começou a andar na direção da porta da cozinha.
“Onde você vai?” – perguntou Draco parando de olhar a revista pela primeira vez.
“Sair...”
Draco a olhou saindo da cozinha fazendo o beicinho que ele tanto gostava então sorriu de canto de boca: Seu plano havia dado certo... ele adorava a ver emburrada de ciúmes.


Urgh.. que raiva... Ron idiota.. DRACO IMBECIL! A Angelina nem é lá essas coisas... ela parece um traveco! E aposto que tem silicone naquela boca, porque eu lembro que no filme que eu vi quando ela não era famosa ela não tinha a boca assim... Humpf... porcaria... e agora eu vou ter que sair mesmo e não tenho pra onde ir! Parabéns Gina, parabéns... – pensava emburrada olhando pro guarda roupa. – humm.. vamos ver.. que roupa que se usa pra sair numa quarta feira à noite sozinha porque todo mundo já foi pra casa e sem carro por que eu não dirijo? – Se deixou cair dentro do guarda roupa então sentou imprensada no meio das roupas penduradas nos cabides pensando no que faria. – Hum.. essa situação nem me parece estranha... eieuheieheiuh.. vamos lá, Gina! Você não vai pagar outro mico! Vai se arrumar toda nem que seja pra subir no telhado e só fingir que saiu de casa! – pensou decidida então se levantou saindo de dentro do armário e escolheu uma calça jeans que sempre ficava perfeita no corpo dela e foi pra colocá-la em cima da cama quando dois braços fortes a envolveram por trás.
“Pra onde essa ruivinha pensa que vai?” – falou Draco com uma voz rouca no ouvido dela.
Minha nossa senhora desatadora dos nós! Como é que pode alguém ser assim? Pernas! Voltem a funcionar EU COMANDO!
“Eu? Ahn.. eu vou sair.. ué... pra... vou sair sozinha e..”
“Pra onde?”
“Pra onde? Ahhh... vou sair.. pra...erm..” Eeeep! Pensa em algo! – “Não interessa aonde eu vou, ué! Pra que você quer saber aonde eu vou se tem a Lara Croft pra você babar junto com o Ron lá embaixo?” – falou com o beicinho mais fofo que Draco já viu então se soltou dele e começou a fingir procurar a blusa que queria sair.
Sorrindo do jeitinho enfezado de Gina ele voltou a se aproximar e abraçá-la por trás. – “Eu não vejo nada demais na Angelina Jolie e prefiro uma boca pequenininha e vermelha que eu conheço do que a dela.” – murmurou no ouvido dela então a soltou. – “se diverte, tá?” – falou sorrindo demonstrando que ele sabia que ela não ia a lugar nenhum. – “E quando for dormir.. tranca a porta...”


Quinta-feira
“Ah não! A semana inteira todos os filmes que nós vimos foram vocês que escolheram!” – resmungou Kika ao ver o namorado pegando outro filme de ação.
“Porque nós temos gosto superior!” – respondeu George sabendo que a namorada se irritaria fazendo a sala inteira se encolher esperando uma briga digna de Kelly e Sirius depois desta.
“Como é que é?” – perguntou ela já colocando as mãos na cintura. Ron riu um pouco da cara do irmão levando um tapa de leve de Hermione no braço e a mesma cena se repetiu quando Rute viu Fred rir junto com Ron.
“É lógico! Se depender de vocês a gente só vai assistir romancezinho com a Meg Ryan!” – continuou George parecendo adorar ver o rosto de Kika se avermelhar de indignação. Não esperava, entretanto, o que ela disse logo depois.
“Humm... acho que você tem razão, e eu não posso te obrigar a assistir filme ruins, né amor? ” – comentou com uma expressão calculista que no primeiro segundo já deixou claro pra George que ele estava enrascado. – “E também a publicação da revista já está tão próxima...” – falou olhando pra amiga que sorriu de canto de boca em resposta por entender o que a outra queria. Hermione também sorriu ao perceber a dinâmica entre eles: os gêmeos aprontavam juntos.. e elas também.
“Pois é... eu acho que não dá pra gente ficar dormindo tarde... Melhor a gente deixar os meninos vendo os filmes melhores que eles querem e ir descansar em casa...”
“Não!” – falaram os gêmeos no mesmo momento.
“Hoje é o dia das mulheres nesta casa!” – falou George não querendo perder a chance de dormir com a namorada em casa agora que os pais não estavam.
“Elas que escolhem os filmes!” – completou Fred. – Vamos pegar a pipoca, George.
Todos na sala riram dos dois ruivos e foi essa cena que Draco e Gina encontraram ao entrar na sala.


Cena em que o Romeu aparece pela primeira vez no filme com sua imagem em negativo por causa do nascer do sol atrás de si escurecendo seu semblante
Nossa mãe.. o Leonardo Di Caprio tá um estrago de lindo nesse filme.. a Gisele se lascou o perdendo... se bem que o Draco ainda é bem mais gato... – pensava Gina ao olhar a cena quase sem perceber que os gêmeos zuavam o próprio deus de todas as suas fantasias porque seu cabelo era igual ao do Romeu.
“... mas a cor do meu é natural, thank you very much!” – brincou Draco convencido sem negar, entretanto, o inegável: o corte de seu cabelo realmente era igual ao do ator no filme.
Todos riram e quando Fred já abria a boca pra continuar a brincadeira levou uma cotovelada leve da namorada como aviso pra ele se calar. Depois deste evento a primeira parte do filme se passou sem maiores problemas apesar dos pequenos comentários sobre a masculinidade duvidável, segundo os homens, do Romeu ao recitar os versos shakespeareanos. A proximidade de Draco e Gina durante esse tempo ou o toque leve de suas mãos a todo instante mais uma vez passaram despercebidos.
...e seu fim o matrimônio, envie amanhã por uma pessoa...
“Ah, fala sério!”, “Ah, pelo amor de Deus!”, “Aoooonde!” – todos os tipos de exclamações tipicamente masculinas pra demonstrar incredulidade foram a trilha sonora que acompanhou os suspiros femininos.
“Se fosse eu caía fora agora!” – comentou Ron ganhando um olhar indignado de Herminone. – “Ah, Mione, fala sério, eles acabaram de se conhecer!” – tentou argumentar e o debate sobre o assunto se estendeu entre todos na sala.
Muito distraída com sua própria mente sonhadora vendo o amor do casal na tela, Gina ficou praticamente alheia à discussão como ficava do mundo todas as quinhentas vezes que assistira este filme então só voltou à prestar atenção ao seu redor ao ouvir a voz de Draco.
“... ninguém é louco de se jogar assim de cabeça numa relação em que tudo está contra...” – falou Draco sem saber que com essas palavras estaria magoando a última pessoa que queria machucar no mundo: Gina.
Ao perceber que qualquer comentário sobre o romantismo irreal do filme abria espaço pra uma guerra entre os sexos naquela sala, os garotos mudaram de tática aproveitando pra se abraçar nas namoradas que, inexplicavelmente, pareciam muito interessadas em lhes fazer carinho vendo aquele filme.
Com o intuito de fazer o mesmo, mas de uma maneira não muito óbvia, Draco tocou a mão de Gina esperando o carinho que sempre recebia em retorno. Não esperava que a ruiva tirasse a mão debaixo da sua ou que ao final do filme saísse da sala e se trancasse no próprio quarto sem olhar pra ele uma vez sequer.
Mas foi isso que aconteceu.


Rolou na cama mais uma vez então olhou seu relógio novamente. Uma e meia da manhã e ela ainda não havia chegado. Ficou óbvio para Draco que Gina não viria. E ficou óbvio também que sem sentir a ruiva nos seus braços não conseguiria dormir esta noite.
“O que aconteceu..?” – murmurou pra si mesmo sem conseguir entender o que tinha causado a mudança de atitude dela em relação a ele justo na última noite que poderiam dormir juntos.
Repassava o filme pela vigésima vez na sua cabeça procurando razões para o comportamento da ruiva até que lembrou do que havia falado sobre relacionamentos em que tudo está contra o casal...
E poderia bater na própria cabeça de raiva de si mesmo.
“Puta que pariu, eu não acredito que falei aquilo...” – murmurou passando a mão pelo cabelo em frustração. – “Ela deve achar que eu não... putz... eu sou muito idiota...” – continuava falando consigo já levantando da cama resoluto em esclarecer a situação e trazer sua ruivinha pra onde ela devia estar desde as onze da noite.
Perdido em pensamentos nem percebeu que já havia chegado ao quarto de Gina até dar de cara com a porta. Entrou, então não sabendo o que falar somente se aproximou da cama.
Mordeu a boca confuso sobre o que fazer então murmurou a primeira coisa que veio a sua cabeça. – “Você não vai vir dormir?” – fez uma careta pra si mesmo pela própria burrice ao ouvir Gina respirar de um jeito indignado.
Olhando pra baixo sem conseguir dar voz aos seus pensamentos e muito menos mostrar a ela o que sentia, Draco começou a se virar pra sair do quarto não agüentando mais a indiferença de Gina. Quando tocou a maçaneta da porta ele virou novamente na direção da cama. – “Eu queria dizer que ele havia acabado de conhecer a garota e...era tudo complicado demais... Ele não a amava a vida inteira ou sofria só de pensar em ficar sem vê-la ...” – falou confessando inconscientemente muito mais do que queria então abriu a porta murmurando antes de sair do quarto. – “É diferente..”


Seus pensamentos, se possível, estavam ainda mais acelerados que antes de ir falar com a irmã de criação. O que havia feito? Com certeza havia confessado algo que até pra si mesmo ainda negava. A amava... O que faria agora? Estava acontecendo essa coisa entre eles, mas ele mesmo havia ouvido que ela estava apaixonada por outro. Será que ele a estava conquistando? Talvez.. talvez agora ela já tivesse até esquecido esse tal de Michael...mas isso tinha que parar.. seus pais voltariam amanhã e tudo se acertaria. Ele se obrigava a esquecer deste fato quando estava com a ruiva precisando viver o máximo que pudesse com ela, mas o que faria quando tudo voltasse a ser como sempre foi? Ou quando a visse com esse Michael que ela falava tão animadamente com a Hermione?
Mais uma vez se arrependia de não ter perguntado sobre esse cara...
Mas como poderia ter perguntado sem explicar que tinha ouvido uma conversa particular? E como perguntaria o que ela sentia por ele e por esse Michael se todas as conversas que tinham eram entrelinhas porque nenhum tinha coragem de trazer à tona tudo que estava acontecendo? A verdade, entretanto, era que ele queria viver o que estava acontecendo entre eles sem se importar com mais nada, pois sabia que tudo acabaria quando seus pais voltassem. Era como se eles os marcassem como irmãos novamente... um casal proibido... uma vergonha..
O que ele faria? O que faria quando não tivesse escolha além de abrir mão de tudo que estava sentindo pra não envergonhar a família e decepcionar o homem que o havia criado como filho?
Estava se perdendo em miséria e solidão até ouvir sua porta sendo aberta e poucos segundos depois sentir sua perdição se aninhar contra o seu corpo. Apenas sentindo o cheiro doce do cabelo de Gina e ouvindo sua respiração tranqüila Draco sorriu e deixou suas preocupações o abandonarem pra dar lugar a um sono calmo.



Sexta-feira
Um dia só.. somente mais algumas horas sem os olhares zelosos dos pais...
Ao acordar nesta sexta-feira antes mesmo do sol nascer por completo e olhar pra Draco dormindo tão tranqüilamente a abraçando, Gina não conseguia decidir se chorava por saber que estava tudo acabando ou sorria de felicidade por seus sentimentos serem correspondidos.
É certo que ainda não estavam realmente juntos, mas tudo durante essa semana mágica parecia sussurrar que o que Gina sonhava desde os treze anos em algum momento aconteceria e, pensando nisto, ela mais uma vez empurrou pensamentos tristes pra longe de sua mente e começou a acordar Draco como fizera nos últimos dias.
Passou o nariz de leve no dele como faziam carinhosamente um no outro então começou a fazer carinho na barriga, que ela sabia sensível a cócegas.
Ele pegou na mão dela já sorrindo então a obrigou a parar a doce tortura. – Hummm.. você já vai?
“Vou... daqui á pouco alguém pode acordar..” – falou ela se aconchegando nos braços dele só mais um pouco então se levantou e deu um beijo na sua testa. – “Até mais tarde.”


Mais um dia se passou dentro da normalidade em Hogwarts High. Alguns passaram mal com um cozido da cantina, outros saíram chorando de um teste surpresa de química, outros levaram broncas do técnico de basquete... Normalidade.
Algumas pessoas, todavia achavam que o dia havia se arrastado, pois já não agüentavam mais esperar pelo baile á fantasia daquela noite em que somente a alta sociedade de Hogmeade compareceria. Pra um certo casal, contrariamente, o dia se passava rápido demais já que a cada minuto que se passava sua liberdade de ficar juntos chegava mais perto do fim.
Independente da impressão individual sobre a passagem do tempo durante aquele dia a noite finalmente chegou trazendo consigo o baile esperado e a presença zelosa dos Sr. e Sra Weasley.
Impecavelmente às nove da noite os convidados se dirigiam à mansão da embaixada da França e viam de longe a iluminação peculiar da festa.
Humpff.. porcaria de asa.. já to com dor nas costas de ficar sentada toda torta assim – pensava Gina tentando arrumar outra maneira de sentar no carro sem amassar suas asas de anjo ou seu vestido.
“Miga dá pra você ficar quieta e não estragar essa asa?” – falou Colin meio que rindo do desconforto da amiga.
“É porque não é você que tem que ficar sentado como se tivesse engolido um pau de vassoura!”
“hieehiehieuheieh, foi você que quis ir de anjo como a Julieta do filme, miga!”
“Ai ai.. tomara que o meu Romeu faça o mesmo que o Romeu do filme..”
Colin arregalou os olhos de brincadeira então falou.- “Você vai pedir ele em casamento, miga?”
“Besta..” – falou rindo um pouco então ficou séria. – “ei Colin.. você tá brincando e tal mas.. como que você tá? Eu quero a verdade.” – falou com aquele olhar.
“Ah, miga” – suspirou. – “Eu tava começando a gostar dele, sabe? O final de semana foi perfeito até ele vim com essa onde de que a nossa classe social é muito diferente..”
“Porque será que ele sente isso, né?”
“Não sei.. nem pra eu me interessar num barman que quer dar o golpe num riquinho...” – falou meio que brincando. – “Ele é muito honesto.. acho que ficou com medo do que as pessoas falariam dele.. imagina só? Aqui nessa cidade gay e ‘dando o golpe’? Porque é isso que falariam...Até que eu entendo o que ele fez...”
“Mas não deixa mais fácil de aceitar, né?” – comentou Gina.
“Ah.. não é como se eu já estivesse apaixonado ou algo assim, né?”
“hehe.. é...”
“E também, talvez hoje eu ache o meu Romeu também!” – falou ele sorrindo. – “Mesma classe social e tudo!


A entrada da casa embelezada por um jardim enorme e belo em destaque pela iluminação suntuosa que o envolvia numa combinação de cores que deixava tudo com um aspecto de sonho, como se pouco do que era visto fosse realidade.
Entrando no salão o vendo elegantemente cheio de convidados com as mais belas fantasias adornadas por pedrarias, Colin logo pode avistar seus pais vestidos de Sonny e Cher conversando com Sirius e Kelly vestidos de pirata e dama antiga. O loiro, vestido de Charlie Chaplin acompanhando a linda anjinha ruiva, somente acenou pros pais então se aproximou do grupo que procuravam.
“Eh, você dois.. demorou mas chegaram, hein?” – falou Ron vestido de Julio César ao lado de sua Cleópatra Hemione Granger.
“Fala isso pra essa aqui que enrolou meia hora pra achar que a maquiagem ficou perfeita” – brincou Colin apontando pra Gina que, por sua vez, passava os olhos no salão inteiro atrás de um certo irmão de criação. Percebendo que a amiga estava obviamente distraída Colin decidiu chamar a atenção do grupo pra outra coisa. – “Ué, cadê os gêmeos? Eu tava curioso pra ver o que eles aprontaram de fantasia.”
Todos riram um pouco até que Hermione o respondeu. – “Foram em casa trocar de fantasia pela que as meninas haviam escolhido pra eles. Você acredita que eles chegaram aqui de Oompa Loompa ? A Kika quase cuspiu o ponche quando os viu!” (N/a: Pra quem não sabe, os Oompa Loompa são os anões idênticos da Fantástica Fábrica de chocolate)
“Ah, não acredito que eu perdi isso...” – falou com o intuito de continuar conversando com Hermione quando sentiu um puxão no seu braço. Olhou pro lado vendo Gina a observar lívida o meio do salão onde vários convidados, entre eles Draco e Pansy, dançavam. – “Gina calma... você sabe que não tem nada a ver...”
“Não tem nada a ver? Eu não acredito que a Pansy teve a cara de pau de vir de Tiazinha e algemar o Draco enquanto dança com ele! Como é que pode alguém ser tão.. tão.. argh? Como que o pai dela não está com vergonha? Só ela tá quase nua aqui nessa festa!” – falou sem parar com seu olhar fulminando Draco que parecia irritado mas tentando falar com Pansy sem causar escândalos.
“Miga vamos ali comigo buscar um ponche?” – tentou na esperança de tirá-la dali sem que Ron percebesse o ciúme óbvio da irmã, mas só conseguiu arrastá-la alguns passos.
“Eu vou arrancar todos os cabelos dessa guria, Colin!”
“Não, você vai vim comigo pegar um ponche e ficar calminha até o Draco conseguir se livrar e vim falar com a gente.”
“Se ele vier perto de mim com aquela vaca do lado eu não quero nem saber, vou jogar o ponche inteiro na cabeça dela...”
“Pode fazer isso depois, mas agora se segura aí que sua mãe tá vindo...” – murmurou discretamente mostrando a direção em que Moly vinha acompanhada pelo sobrinho da embaixatriz Duda Amaral.


Com uma expressão que em nada demonstrava a raiva que estava sentindo ao ver os pais de Pansy sorrindo orgulhosos ao vê-los dançando, Draco tentou convencê-la de todas as maneira possíveis de abrir a algema, mas nada que falasse parecia melhor aos olhos de Pansy do que tê-lo ao seu lado então estava preso a ela nos últimos 11 minutos e 23 segundos.
‘Ela só pode estar maluca’, pensava Draco colocando a maior distância possível entre os dois até que sentiu o olhar de Gina pesar em si. Se não estivesse com tanta raiva da situação ridícula e inusitada em que se encontrava sem poder fazer nada sem causar um escândalo, ele sorriria do ciúme transparente de Gina ao vê-lo com Pansy.
Estava maravilhosa... a pura figura da perfeição banhada pela inocência pecaminosa de anjos belos demais pra não atormentarem a alma dos fracos mortais. Ele devia imaginar que Gina usaria a mesma fantasia da Julieta no filme... Afinal era uma das partes em um amor impossível. Ele havia escolhido vir de fantasma da ópera pelo mesmo motivo... Era um homem atormentado por um amor que não poderia ter, mas isto não impedia sua obsessão pela mulher amada. Gina...
Foi tirado de sua reveria pela voz venenosa de Pansy. – “Parece que sua irmãzinha vai se dar bem se depender da sua mãe...” – comentou a loira apontando para Moly se aproximando de Gina acompanhada de um rapaz muito bonito vestido de mosqueteiro.
Irritado com o que Pansy havia dito ele teve que respirar fundo pra não desistir de usar diplomacia com a menina e a arrastar pra onde Gina estava. – “Pansy.. você pretende me soltar que horas? Eu não vou ter a paciência que eu estou tendo por muito mais tempo e o seu papai não vai gostar nada que você provoque um escândalo.”
“Ué, Draquinho.. eu já falei o que eu quero.. você que escolheu ficar preso a mim” – falou tentando se encostar nele sabendo que ele também não poderia envergonhar os pais na frente de todos que ali estavam, enquanto ele encravava as unhas na própria pele ao fechar o punho vendo Gina ser apresentada ao mosqueteiro e o beijar três vezes no rosto com um sorriso tímido a bailar na face. – “Eu acho que você gosta desse joguinho que eu inventei.” – murmurou no seu ouvido provocando nojo mas o fazendo finalmente desistir de tentar argumentar racionalmente com ela. Precisava ficar perto de Gina
Apertou sua cintura com força deixando transparecer sua raiva então murmurou com ódio. – “É um beijo que você quer, sua vadia? É isso que vai me custar pra me livrar de você?” – falou então começou a puxá-la pra fora da pista de dança alheio ao sorriso cheio de desejo que ela tinha ao seguí-lo.
Chegando a um canto em que tinha certeza que ninguém os veria Draco a colocou contra a parede com força e a loira sorria sem pudores achando que conseguiria o que queria. Ele pegou no seu rosto com raiva, mas não era agressivo o suficiente pra machucá-la, porque no final das contas ela ainda era uma mulher, então a fitou com um olhar impassível. – “Agora não tem ninguém olhando e eu não tenho porque me controlar. Você vai me soltar agora se quiser ficar com essa carinha intacta.” – falou demonstrando a raiva que sentia, mas sabia que a ameaça era falsa.
“Ate parece que você bateria em mim, Draco.” – falou ele em resposta parecendo adorar a agressividade do loiro.
“Você não sabe com quem tá mexendo.. Não tem vergonha nessa cara não, garota? Eu preferia lamber o chão do que te beijar de novo.” – chegou ainda mais perto dela a deixando confusa em ficar com raiva dele ou com mais vontade ainda de tê-lo agora que via que Draco Malfoy não era tão santinho afinal. – “me solta agora...” – murmurou contra os lábios dela quase os encostando por saber que a atormentava com o que ela nunca mais teria. – “...ou meu primeiro ato no controle das empresas Malfoy vai ser rescindir qualquer contrato com os Parkinson nos próximos vinte anos.” – apertou ainda mais o rosto de Pansy. – “Isso vai fazer um estrago mínimo na minha renda, mas será que o seu papai vai sobreviver se todos os meus fornecedores se recusarem a contratar com ele?”
“..”
A soltou quase a deixando cair no chão e mostrou o pulso. – “Me solta e sai da minha frente antes que eu esqueça porque não posso quebrar a sua cara.”


(N/A: Quando alguém falar algo e estiver em negrito significa que eles estão falando francês, ok? Eu não sei falar francês.. hehe...
Ei! Pra onde ele tá levando aquela desavergonhada! Eu não acredito nisso! E ela tá adorando.. olha a cara dela.. ai que ódio...
“... não é gina?” – perguntou Moly olhando pra filha com aquela cara que diz ‘olha que ótimo partido, filha!’
Gina sentiu uma cotovelada de Colin que sorria absurdamente na esperança de que ninguém o visse cutucando a amiga. - “ahn?” – perguntou Gina sem saber como disfarçar o fato óbvio de que ela não estava prestando atenção no que diziam. – “desculpa eu não ouvi direito mãe.” – sorriu pra todos.
“Eu estava falando pro Christoffer que você fala francês fluentemente e que poderia ajudá-lo enquanto ele estiver na cidade” – falou sorrindo ainda com aquele olhar.
Ah, sim... claro...” – falou ela em francês sorrindo ao entender porque o loiro estava tão quieto depois de ter sido apresentado: ele apenas entendia a língua, mas não sabia falar fluentemente. – “até quando você vai ficar em Hogsmeade?” – perguntou tentando fazer conversa além de se desculpar por ter se distraído minutos antes.
“Provavelmente três semanas.. mas eu não sei.” – falou então sua expressão ficou ligeiramente mais séria como se o que tivesse pensado o irritasse. – “O tempo que meus pais acharem necessário pra eu criar algum juízo, foi o que me disseram”
Franzindo a sobrancelha por não saber o que o deixava com raiva de estar ali Gina também não se preocupou em pensar no assunto já que estava muito ocupada escaneando o salão à procura de Draco. – “Hum... tomara que você se divirta aqui...” – falou sem ao menos perceber que Moly havia dado um jeito de sair de perto deles levando Colin consigo, então desistiu de procurar Draco quando Christoffer finalmente se cansou de falar sobre o tempo e a chamou pra dançar.


Voltando ao salão sem olhar pra trás, Draco mal teve tempo de perceber que Gina era levada pra pista de dança e sentir ciúmes do mosqueteiro que a pegava pela cintura antes de ouvir seu pai o chamar sorridente.
Foi apresentado a várias pessoas importantes por Arthur cujo olhar brilhava de orgulho ao chamá-lo de filho tendo o ruivo feito o mesmo quando apresentara Fred, George e Ron momentos antes de Draco chegar.
Vendo o orgulho de Arthur em tê-lo como filho quase fez Draco esquecer que Gina dançava com outra pessoa a poucos metros dali.
Quase...
Assim sendo após alguns minutos conversando sobre as ações em alta da mais nova companhia a ser aberta pela família, Draco, assim como os irmãos, conseguiu sair de fininho pra ir de encontro com seu anjo.
Ficou de longe a observá-la dançando com o sobrinho da anfitriã da festa percebendo que discretamente ela o procurava no salão, mas não conseguia achá-lo então sorriu por saber que a ruiva pularia de felicidade se percebesse que sem querer estava protagonizando uma das cenas de Romeu e Julieta.
Não tendo a paciência do Romeu no filme, Draco já começara a andar na direção do casal quando Duda Amaral foi mais rápida chamando a atenção do sobrinho parecendo agitada com algo.
O jovem afastou-se de Gina, desculpando-se educadamente, então foi ao encontro de sua tia e Draco, antes que a ruiva tivesse chance de sair da pista de dança, andou até ela sorrindo e a pegou pela cintura começando a dançar sem ao menos perguntar se a ruiva queria, pois sabia que sua resposta seria sim.
“Hummm... Chistoffer...” – ele murmura debochado o nome que ouvira a Embaixatriz chamar o mosqueteiro com quem Gina dançava e a ruiva sorriu o abraçando mais por perceber o tom do loiro.
“Ciúmes?” – murmura em tom brincalhão perto do ouvido dele lembrando de prestar atenção se alguém olhava diretamente para eles.
“Eu preciso?” – responde sentindo o calor da anjinha finalmente nos braços dele.
“Não...”
Outra música lenta se inicia e Gina a identifica como uma música que fez sucesso nos anos oitenta, entretanto a versão tocada era a mais atual na voz de Dani Carlos.
Nem um dos dois prestava atenção nos outros casais ao seu redor ou na letra da música, pois nada importava além se sentir o pequeno contato que lhes era permitido diante dos olhos da sociedade. Gina quase se deixou levar pela melancolia ao perceber o olhar preocupado de Colin sobre si demonstrando que sem perceber ambos já passavam dos limites na ânsia de sentir a respiração do outro de perto então se obrigou a colocar certa distância entre eles deixando seus olhos se encontrarem mais uma vez com os dele.
Viu a mesma tristeza que sentia espelhada nos olhos acinzentados de Draco através da máscara então ia falar que era melhor eles pararem de dançar pra não chamar a atenção de ninguém quando Draco falou a estrofe da música que tocava a olhando como se pedisse pra ela deixar ele ter essa noite.
“Baby, can i hold you tonight? Baby, if I told you the right words... at the right time” – sorriu um pouco então somente pronunciou as próximas palavras sem que um som deixasse seus lábios. – “You'll be mine”
Ela mordeu a boca pra conter a felicidade então seus pensamentos tomaram vida na voz de Draco. – “vamos sair daqui?”
“Como, Draco?”
Ele somente sorriu de canto de boca.


Corriam rindo de mãos dadas pelo jardim e as asas de Gina pareciam querer fazê-la de fato voar enquanto a capa de Draco esvoaçava atrás dele e os dois pareciam ter sido transportados novamente à infância quando perceberam que finalmente estavam longe dos olhares venenosos da sociedade de Hogsmeade.
Rindo e lutando pra conseguir respirar o tanto de ar necessário Gina finalmente conseguiu falar. – “Eu não acredito que você me fez sair correndo daquele jeito! E se alguém tivesse visto?”
“Eu só te puxei quando não tinha mais ninguém por perto..” – hesitou um pouco então continuou. – “pelo menos ninguém totalmente sóbrio. Agora já está todo mundo alegre e se preocupando com seus próprios casos pra perceber que a gente saiu, Gina.”
Ela só acenou que sim com a cabeça então ficou observando mais uma vez a decoração do jardim até que ele pegou na mãe dela e começou a puxá-la.
“Que foi?” - perguntou sorrindo. – “pra onde você tá me levando?”
“Você vai ver curiosa...”
Andaram um pouco até que avistaram uma parte mais afastada do jardim em que pilastras rodeadas de muitas folhas e flores se abriam em uma pequena passagem não dando visão do que escondiam pra quem estava do lado de fora.
“Nossa...” – falou Gina boquiaberta com a construção bucólica. – “O que é isso?”
Ele somente sorriu de canto de boca então a puxou sem responder sua pergunta.
Passando pela abertura de flores eles se viram diante de um corredor com paredes também cobertas de folhagens que se dividiam em vários outros corredores.
Um labirinto verde! – pensou Gina maravilhada pela beleza do local que superava a que era vista antes de adentrá-lo.
“O Blaize me mostrou pouco antes de você chegar...”
“Mas por que...? Como..?” – perguntou olhando pra cima percebendo que a folhas ainda alcançavam quase um metro acima de sua cabeça abrindo vista para o céu que naquela noite parecia estar estrelado especialmente para o baile de tão iluminado.
Sem precisar ouvir as perguntas que Gina não conseguira terminar Draco as respondeu. – “O filho do último embaixador era autista e na escola ele só se comunicava ou brincava quando estava embaixo de uma árvore que tinha pequenos galhos que caiam até o chão..” – ele parou como se tentasse lembrar de algo então continuou. – “Parece que era o esconderijo do menino, alguma coisa assim... Aí os pais dele mandaram construir esse labirinto pra ele”
Ela deu alguns passos olhando ao redor sentindo vontade de explorar os outros corredores enquanto ouvia Draco falar. – “E como que o Blaize sabe disso tudo?”
“O priminho dele também é autista e estudava com o filho do embaixador.. parece que o Blaize o trouxe aqui algumas vezes...”
“Ah tá...”
“O Blaize também disse que tem um tesouro no meio..” – falou sorrindo como não quer nada e a reação de Gina foi exatamente a que ele esperava.
Ela abriu um sorriso sapeca então colocou os braços pra trás e o olhou desconfiada. – “Peter?” – perguntou querendo saber se eles estavam brincando como faziam quando eram pequenos e encontravam lugares que também eram parte da Terra do Nunca.
Ele sorriu ainda mais então, sem responder, saiu correndo e entrou em um dos corredores num convite mudo de brincadeira...
“Espera! Eu tenho medo de ficar sozinha!” – gritou ainda sorrindo um pouco e correndo pelo caminho que ele tinha seguido na esperança de encontrá-lo. – “Seu ruim! Não me deixa sozinha! Draco, você tem sorte de tudo aqui estar iluminado, porque senão eu ia te bater!” – gritou sorrindo então pôde ouvir a risada dele do outro lado de umas das paredes de folhas.
“Eu vou achar o tesouro antes de você, Julieta!” – falou animado demonstrando que Gina despertava a parte mais livre e brincalhona dele. Esse Draco Malfoy era somente dela.
“Pff! Que Romeu de araque que eu arranjei! Me deixa aqui sozinha correndo perigo de ser seqüestrada por um monstro gigante!”
“Eu não sou o Romeu, eu sou o fantasma da ópera!” – respondeu sabendo que a irritaria.
“Ah é? Nossa.. então eu escolhi o par errado.. será que o meu Romeu tava vestido de mosqueteiro...?” – brincou sorrindo de canto de boca por ter certeza que Draco lembraria que a fantasia do sobrinho da embaixatriz era exatamente de mosqueteiro. – “Oh, como eu pude cometer esse ledo engano? Melhor eu ir ao encontro dele então.” – falou alto sem ouvir os passos de Draco se aproximando então quando se virou para fingir que ia embora deu de cara com o loiro que tinha tirado a máscara do rosto e a colocado na cabeça como se fosse um óculos de sol. – “Ahhhh!” – gritou de susto então se sentiu enlaçada em um abraço possessivo. – “Que susto Draco!”
“Eu pensei que você tinha dito que eu não precisava ter ciúmes...”
“Eu.. eu tava só brincando, Draco..” – falou o abraçando de volta sem saber direito como agir pois não tinha esperado uma reação tão forte do loiro à sua brincadeira. – “Minha fada madrinha já tinha me avisado que o meu Romeu estava disfarçado de fantasma da ópera hoje...” – brincou pra aliviar o clima e pra assegurar Draco de que ela não estava falando sério, mas não conseguia conter o sorriso ao vê-lo tão inseguro. – “Você é um Montéquio, afinal...”
Parecendo se flagrar Draco sorriu um pouco então a soltou do abraço segurando apenas sua mão. – Vem.. eu acho que já sei o caminho pro tesouro.”
Eles caminharam de mãos dadas em um silêncio agradável apreciando seus arredores. Gina percebeu que cada corredor tinha espécies diferentes de flores brotando entre as folhagens então quando ela menos esperava chegaram a uma clareira que pareceu ser o centro do pequeno labirinto. Tal como as paredes do labirinto não se podia ver um só pedaço da parede que não fosse coberto de folhas verdes e flores de tons leves que ficavam ainda mais bonitas por estarem iluminadas por pequenos pontos de luz ali colocados por causa do baile.
Mais ao lado havia uma mesa branca de ferro trabalhado com um guarda sol no meio e quatro cadeiras do mesmo estilo ao seu redor. O chão estava coberto de folhas mas qualquer um que visitasse o local saberia que outrora aquele espaço estivera cheio de brinquedos do dono do local. Um ponto, entretanto, chamou ainda mais a atenção do casal e no momento em que o viram souberam qual era o tesouro do garotinho autista que tinha ali seu esconderijo.
Uma amoreira de tamanho médio e galhos largos sustentava um balanço de construção rústica e tinha uma casinha de madeira pintada de modo singelo para abrigar passarinhos. O balanço era apenas uma tábua de madeira forte com buracos dos dois lados onde a corda passava por baixo e subia pelo outro buraco para ser amarrada novamente no galho.
Sem pensar duas vezes Gina soltou a mão de Draco e chegou até o balanço não resistindo a tentação de apenas sentar, segurar na corta e se deixar embalar como sabia que o dono daquele lugar fizera quando ali morava e em um minuto sentiu o vento beijar seu rosto ao ser empurrada por Draco.
Colocando os pés no chão para estabilizar o balanço depois de um tempo, Gina deixou sua cabeça se apoiar em uma das cordas do balanço então olhou tudo ao seu redor novamente. – “Porque as coisas não podem ser simples, né?” – pensou alto então acompanhou com os olhos Draco pegar algumas amoras e depois se ajoelhar diante dela.
“Simples como colher amoras?” – perguntou sorrindo então comeu uma amora e Gina, sem entender muito bem por quê, sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.
“É.. simples como colher amoras...” – murmurou sabendo que Draco havia entendido sobre o que ela falava.
Seus olhos se encontraram mais uma vez em um misto de duvida, desesperação, melancolia e alegria tão intensos que a lágrima que dançava nos olhos de Gina escorreu pela sua face.
Sentiu seu corpo estremecer ao perceber o toque da mão de Draco no seu rosto para afastar a gota que maculava a beleza de seu rosto então fechou os olhos por ser incapaz de se deparar com a intensidade de sentimentos dos olhos acinzentados à sua frente.
Numa tentativa infantil de alegrar seu anjo Draco começa a colocar amoras na boca de Gina sabendo que a ruiva iria gostar da doçura da pequena fruta e Gina precisou sorrir com a ternura do ato. Quando a última amora tocara sua boca deixando seus lábios ainda mais rubros Draco não afastou sua mão como a ruiva achara que faria.
Ao invés de se afastar ele pareceu intoxicado em tocá-la desta maneira então traçou os lábios vermelhos com os dedos tentando se enganar de que apenas aquele contato era necessário. Fechando os olhos novamente Gina virou o rosto beijando a mão do outro de maneira lenta e quando voltou a olhar para Draco percebeu que seus rostos se aproximavam inconscientemente.
Ele encostou o rosto no dela sentindo sua maciez... virou um pouco deixando sua boca encostar na pele quente de Gina e esta aperta ainda mais as mãos nas cordas do balanço. A todo instante lutava contra as próprias vontades precisando fugir dali, mas nem uma parte de seu corpo parecia concordar com a sua consciência no momento em que ele sentiu a respiração de Gina se acelerar.
Ele então beijou sua pele como em reverência à razão de todo o seu ser, passando a ponta do nariz levemente na pele em que encostava sem deixar de acariciar seus lábios... mesmerizado por poder tocá-la de modo tão íntimo em um momento de consciência da ruiva e não em um segundo roubado como quando a beijara enquanto ela dormia, Draco precisou respirar mais fundo pra se impedir de voltar a tomar aquela boca pequena e cheia para si.
O sutil contato se estendeu por alguns minutos os levando às portas da insanidade até que em um momento a ilusão de que aquilo seria suficiente se desfez e Draco não se conteve em passar seus lábios de leve nos de Gina sentindo sua respiração faltar. - “Eu.. posso..?” – murmurou Draco sem saber se sobreviveria àquela noite se Gina respondesse não e a ruiva sem forças pra falar apenas o olhou nos olhos rezando pra que ele entendesse o que ela implorava.
Finalmente fazendo o que ambos desejavam Draco pressionou sua boca contra a dela entendendo instantaneamente o que os poetas tentavam descrever sobre beijar a mulher amada ao sentir seu coração quase parar de bater.
Ambos ficaram estáticos pelo que parecia uma eternidade por saber que naquele ato todos os limites haviam sido ultrapassados, mas não se afastaram, ansiando mais. A mão de Draco viajou para a nuca de Gina a pressionando ainda mais contra ele e Gina já estava praticamente caindo do balanço na tentativa de ficar mais perto do loiro no instante em que o beijo infantil que havia iniciado o contato havia se transformado completamente em uma dança exótica de lábios.
Ambos sentiam o gosto doce da amora... o contato tão doce quanto a fruta e tão desejado quanto o primeiro e cada separação tão sôfrega quanto a última.
O toque da mão dele queimando ao acariciar a pele proibida... Tudo tão certo.. tudo tão irremediavelmente errado...
Separaram-se pela primeira vez já sentindo saudade do um do outro então Draco sorriu de olhos fechados por lembrar algo que tinha tanto a ver com a situação deles quanto a situação que deu origem aos versos: um amor proibido. – “Assim dos meus lábios, através dos seus, o pecado é afastado.”
Sorrindo ao ouvir as palavras de Draco, Gina respondeu de acordo com a cena que tantas vezes leu durante as madrugadas em que imaginava o que Draco estaria fazendo. – “O pecado então passou para os meus?”
“O pecado dos meus lábios? Ah troca docemente desejada. Devolve então meus pecados.” – murmurou sabendo que tinha acabado de tornar aquele beijo ainda mais perfeito pra Gina então volta a beijá-la.
Viveram esse sonho por mais algum tempo ocultados de olhos curiosos pelo esconderijo de folhas mas separaram novamente seus lábios e finalmente perceberam de verdade o que havia acontecido. Draco então ficou de pé e, sem querer ficar longe da ruiva um segundo sequer, a ajudou a se levantar do balanço a abraçando ternamente. – “Isso é errado..?” – murmurou contra o pescoço da ruiva se deixando inebriar novamente pelo cheiro dela então a apertou contra si como se tivesse receio de ouvir a resposta mas antes que ela pudesse falar fogos de artifício embelezaram ainda mais o céu anunciando o fim do baile..
O fim do sonho.. a volta da realidade.

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