Capitulo 6



CAPITULO VI


‘Quinto dia: quinta-feira’

“Ao mesmo tempo que as estratégias mostradas são fundamentais para fisgar seu homem, a regra mais importante é ser você mesma. A segunda é aproveitar os resultados.”
‘Fisgue Seu Homem’


Mais uma noite de insónia. Essa era a prova de que o plano de Harry em conquistar o amor de Hermione não estava tendo sucesso. Tudo o que conseguira fazer fora magoá-la.

Tivera a oportunidade de ouvi-la chorar por toda a noite, graças à parede fina que separava seus quartos. O mais doloroso foi saber que não poderia ir até lá confortá-la, pois jamais seria aceito.

Pela manhã, pôde ouvi-la arrumando-se para sair, muito mais cedo do que o necessário. Com certeza, tentando evitar encontrá-lo nas dependências do hotel. Deveria estar pretendendo adiar ao máximo o momento de ter de encará-lo.

Ainda deitado de costas na cama, olhando para o teto, considerou que aquilo teria de mudar, pois ela deveria se acostumar e vê-lo todos os dias, desde o desjejum até a hora de dormir. E seria por toda a vida.

Assim que resolvesse o mal-entendido sobre Hermione ser apenas um desafio, iria levá-la diretamente para o altar, sem demora.

O único recurso seria agir naturalmente e cortejá-la ao mesmo tempo.
Uma hora depois, ao deixar o hotel, Harry estava assobiando pelo caminho.

Mick olhou por sobre o ombro ao ver Hermione chegar ao estande, antes das oito da manhã.

—Onde está o sr. Incrível?

—Não faço ideia — confessou ela.

—Potter vai aparecer hoje, não é? — questionou Steve.

—Ele vai estar aqui — prometeu Hermione. — Não importa o que pensam sobre Harry, lembrem-se de que se trata de um profissional. E a vice-presidência está dependendo do resultado desta feira.

—Ouvi falar sobre isso — disse Kurt —, mas pensei que fosse fofoca. Ele não é muito novo para tal cargo?

Hermione deu de ombros.

—Quem somos nós para questionar os membros da diretoria? Além disso, Harry merece a promoção. Só não digam a ele que eu disse isso.

—Sua franqueza é inacreditável — lamentou Steve. — Não há nada que o Potter possa fazer que a faça virar-se contra ele?

—Trata-se de meu melhor amigo, e o tem sido por toda a vida. Não conseguiria ficar brava com Harrypor muito tempo.

—Mas você chega a perder a paciência com ele? — insistiu Kurt.

—Oh, sim. Sempre — admitiu Hermione, mudando o assunto. — Estamos prontos para o público?

—Estamos, apesar de tudo — respondeu Mick, esfregando a mão sobre a região do ventre. — Potter nos sabotou no almoço de ontem. Quase tivemos de fazer uma lavagem estomacal no final da tarde. A comida que ele escolheu era muito forte. Deveríamos ter desconfiado quando o vimos comer apenas o que havia trazido para você, em vez de nos acompanhar.

—Acha que estaremos seguros comendo o almoço que Potter trouxer hoje? — indagou Kurt.

—Creio que seja melhor fazermos um rodízio de horários e nos revezarmos para sair e almoçar — sugeriu Mick.

—Boa ideia. Não confio em nada que venha por meio dele — concluiu Steve.

—Ora, rapazes — interrompeu Hermione. — Ele não é tão terrível assim.

—Ela está certa — anunciou Harry, surgindo atrás dela. — Costumam me descrever pior do que sou. Mas bom dia a todos. Espero que todos estejam usando Fresh All Day esta manhã.

—Não acredito! — exclamou Steve — Potter acertou o nome do produto!

—Só um milagre faria isso — disse Kurt. — Como é possível?

—Digamos que foi falta de opção — explicou Mick, apontando para a decoração de todo o estande. — Aqui dentro, só um analfabeto teria coragem de usar o nome errado.

—Também estou muito feliz em vê-los, rapazes — ironizou Harry, mostrando um pacote para eles e o colocando sobre a mesa. — Alguém quer um complemento para o desjejum?

—Você também vai comer do que estiver aí dentro? — perguntou Kurt, desconfiado.

—Sim, com certeza — respondeu Harry, retirando uma caixa de bolinhos de dentro do pacote, abrindo-a e oferecendo-a à Hermione. — Na verdade, acho que todos devemos comer os mesmos alimentos, fazendo com que nossos visitantes saibam o que comemos.

—Então o plano é soltar uma amostra do nosso próprio hálito em cada um que passar pelo estande? — continuou Kurt.

—Basicamente, sim — respondeu Harry. — Mick? Você fuma, não é?

—Estou sempre tentando largar... — confirmou o rapaz, envergonhado.

—Bem, hoje você não precisa se esforçar muito. Na verdade, fume ali na frente do estande, para que todos vejam. Temos de mostrar que mesmo fazendo tudo o que se faz durante o dia, o efeito de nosso creme dental é mesmo o que anunciamos. Prontos para a luta?

Hermione esperou que todos estivessem ocupados antes de se aproximar de Harry.

—Vire-se para cá — murmurou ela. — Deixe-me colocar seu crachá.

—Promete que não vai me espetar?

—Vou fazer o possível.

Harry balançou a cabeça negativamente.

—Resposta errada, Hermione... Em uma condição normal você diria: "Não tão fundo que o faça sangrar", ou algo assim.

—Não é tão fácil voltar a agir como antes.

—Sei disso. Mas tente dar o melhor de si, está bem?

—Quais as outras opções? — indagou ela, franzindo levemente o cenho ao sorrir.

—Assim é que se fala, garota... E então? Está pronta para a luta?

—Luta? Chama o trabalho de distribuição de amostras de luta?

—Estou falando de conseguir os pedidos de compra gigantescos que o pessoal da diretoria está esperando. Por que acha que me enviaram?

—Para me azucrinar?

—Agora sim, esta é a minha Hermione. Venha. É hora de ver um profissional em ação.

Hermione se juntou a Steve no fundo do estande, quatro horas depois da abertura do evento, já com dor nos pés. Enquanto comia pizza, ele somava os pedidos de compra conseguidos naquela manhã.

—Qual o total que já atingimos? — indagou ela, sentando-se em uma cadeira.

—Algo perto dos cem mil dólares, o que é muito pouco.

—Pouco?

—Os grandes pedidos ainda estão por vir — explicou o rapaz, que trabalhava no departamento de vendas.

Harry se sentou ao lado de Hermione e entrou na conversa.

—E precisamos de somas muito mais elevadas. Está na hora de atacar pelos flancos.

—Nossa, que termo mais militar — reclamou ela. — Por que não podemos chamar apenas de plano B?

—Porque você é que é o plano B — respondeu Harry, colocando a mão sobre a perna dela de maneira casual, mas retirando-a depressa, como se tivesse se queimado.

Hermione percebeu que ele estava tão sensível quanto ela própria. O beijo apaixonado da noite anterior mudara o que existia entre eles, talvez para sempre.

—Em que exatamente consiste esse ataque pelos flancos? — consultou Steve.

—Em tática de circunlocução — respondeu Harry, virando-se para ela. — Se um cliente em potencial perguntar se Fresh All Day tem alguma versão com flúor, bicarbonato ou algo mais que os concorrentes costumam oferecer, o que você responderia?

—Não — falou Hermione. — Não tem.

Harry apontou o dedo na direção de Steve.

—Não tem, ainda — respondeu o assistente de vendas, improvisando em seguida: — Pelo que soube, os químicos estão trabalhando em combinar esses elementos mais populares com as propriedades de controle de hálito de Fresh All Day.

—Estão mesmo? — indagou ela, surpresa.

—Não fazemos a menor ideia — admitiu Harry, sorrindo. — Mas não seria o passo seguinte mais provável?

—Sim, mas... — Hermione franziu o cenho — dizer isso sem saber ao certo não é o mesmo que mentir?

—É apenas circunlocução — insistiu Harry. — E até onde sabemos, não estaremos mentindo, certo Steve?

—Mas... — hesitou ela.

—Certíssimo, Potter. Como poderíamos saber se não estão mesmo trabalhando em tal implemento para o produto? — sugeriu o jovem assistente de vendas.

—Ora...

—Não poderíamos — garantiu Harry. — Contudo, ao voltarmos e contarmos que nossos clientes estão solicitando tal característica, ela será desenvolvida e implementada ao longo dos meses seguintes. Tem sido assim desde sempre.

—Isso mesmo — confirmou Steve. — Já terminei de almoçar. Vamos atacar pelos flancos, Potter? Acabou meu tempo de descanso, e Hermione deve estar faminta...

Ao se dedicar ao almoço, ela se prestou a observar de longe, enquanto os dois começavam a colocar a circunlocução em prática.

Ao mesmo que ia convencendo os visitantes de que Fresh All Day era um produto único e inteiramente diferente de todos outros cremes dentais, Harry não conseguia deixar de sentir o calor da perna de Hermione na palma de sua mão.

Aquela mera lembrança estava lhe tirando a concentração. Contudo, teria de recuperar a liberdade que sempre tiveram, e conquistá-la ao mesmo tempo. Não haveria momento melhor do que aquele.

—Quanto tempo dura o efeito do produto? — perguntou o cliente que estava diante dele. — Quero dizer, estamos no meio da tarde, e a última escovação que pude fazer ocorreu em torno das sete da manhã. Isso dá um intervalo de quase oito horas, com uma refeição em algum momento do dia. Se eu fosse me encontrar com um cliente importante, poderia confiar no meu hálito?

Harry sorriu e olhou para onde Hermione estava sentada, e a viu acabando de comer sua salada. Ao acenar para ela, observou-a engolir apressadamente enquanto afastava o prato e se levantava.

—Sua pergunta foi bastante interessante, senhor. Mas minha colega aqui poderá ajudar a respondê-la — declarou Harry. — Hermione, importaria-se em dizer ao cavalheiro o que estava comendo agora?

- Era uma refeição simples, mas os temperos que escolhi formaram uma combinação letal — disse ela, erguendo a mão na direção dele. — Meu indicador ainda tem um pouco de resquícios, pois não pude lavar as mãos ainda.

O cliente se inclinou e cheirou a mão que Hermione havia erguido.

—Sim. Parece bastante forte. E quase alho puro.

—Isso mesmo. Agora vamos ao teste final — declarou ela, inclinando o rosto na direção dele e respirando com a boca entreaberta.

—Menta? Respire de novo — exigiu o homem.

Hermione atendeu à solicitação.

—Quando foi a última vez que usou este creme dental?

—Como me levantei cedo hoje, foi em torno das seis horas da manhã.

—E não o usou desde então? — duvidou o visitante.

Hermione riu.

—Não pude sair do estande o dia todo. Até a comida foi trazida para nós. Estivemos ocupados demais até mesmo para ir ao toalete, quanto mais para escovar os dentes.

—Nove horas... — murmurou o homem, parecendo quase convencido.

—E ela continua com o beijo perfumado, não é mesmo? — perguntou Harry, certo de que a venda estava garantida. A oportunidade de seduzi-la também não poderia ser desperdiçada.

O cliente riu antes de falar:

—Quanto a isso eu não sei...

—Pode deixar que verificarei para você — respondeu Harry,virando-se para Hermione e murmurando: — Plano B.

Abraçando-a pela cintura, beijou-a suavemente nos lábios, recebendo uma leve hesitação como resposta, mas nenhum protesto.

—Hum... — continuou ele, virando-se para o visitante. —Ainda está com sabor de menta.

Sorrindo, o homem parecia impressionado ao falar:

—O que tenho de fazer para receber um carregamento de Fresh All Day em minha loja?



—É um pouco complicado — explicou Harry, quando Mick questionou o motivo de não poder usar o plano B. —Há todo o problema do assédio sexual para ser levado em consideração. Por sorte, Hermione sabe que não há nada pessoal em nossos beijos de demonstração. É como se fôssemos atores nos beijando em um comercial, certo querida?

—Oh, sim. Claro.

Chamá-la de querida não parecia uma boa maneira de ilustrar uma relação impessoal. Principalmente porque cada beijo que trocavam parecia mais ardente do que o anterior. Nada de abraços ou carícias. Apenas o tocar de lábios e o compartilhar de suas respirações.

Era intoxicante... Excitante... Maravilhoso.

Embora soubesse que aquilo não seria duradouro, Hermione se rendeu ao prazer do momento e passou a retribuir os beijos.

Steve fez um levantamento das vendas em carteira, confirmando que os pedidos haviam chegado à casa de um milhão de dólares.

Isso a deixou curiosa.

—Harry? Esse crescimento aconteceu por causa da circunlocução ou do plano B?

—Por nenhum dos dois fatores. Na verdade, esse era o volume de vendas esperado, baseando nos eventos anteriores e no apelo comercial do produto.

—Nesse caso, por que estamos fazendo isso tudo?

—Porque é divertido. Muito divertido.

Como Hermione sabia que não poderia negar que também estava gostando, preferiu ficar quieta.

No começo da noite, estavam diante de um cliente que não se mostrava muito disposto a acreditar no potencial de Fresh All Day.

—Hermione, acho que precisamos fazer mais uma análise no seu hálito — solicitou Harry.

—Se insiste... — respondeu ela, aproximando-se.

Mas no momento em que se posicionou em frente a ele, avistou Dominique em meio a multidão, aproximando-se do estande.

Hermione ficou em choque. Não poderia deixar que Harry se autodestruísse. Em vez de ir tranquilamente até os braços dele, como fizera a tarde toda, ela se virou para o lado oposto, onde estava Mick, e o puxou para frente pela gravata, beijando-o.

Harry ficou paralisado diante da atitude da mulher que amava.

Hermione voltou a olhar para o cliente, dizendo:

—Mick é um fumante que estava tentando largar o vício, e hoje se permitiu fumar a vontade. Quantos cigarros até agora, colega?

—Hum... Meio maço — respondeu Mick, quase engasgando.

Harry só não soube dizer se por causa do beijo ou de estar sendo estrangulado pela maneira como Hermione apertou-lhe a gravata.

—Tudo isso? E o hálito dele só está com as características do nosso creme dental, pois...

Harry não pode ouvir o restante da explicação de Hermione, já que a voz de Dominique o distraiu.

—Olá Harry. Surpreso em me ver?

—Surpreso não é bem a palavra que eu usaria — respondeu ele, compreendendo o que havia acontecido.

Hermione jamais se permitiria ser a responsável por arruinar o namoro oficial de seu melhor amigo.

—Feliz, então? — insistiu a morena fatal.

Seria melhor não responder o que estava pensando em dizer. Tudo o que lhe ocorria era que todo o trabalho que tivera em tentar convencer Hermione sobre sua sinceridade estava sendo perdido, de uma só vez.

—Sei que ainda tem alguns dias de prazo para me responder, querido — disse Dominique —, mas não pude ficar longe sabendo que estava aqui, sozinho, sentindo minha falta.

—Na verdade, com toda a correria da viagem e da preparação da feira, não tive tempo de... bem...

—Telefonar-me? — sugeriu ela, ao vê-lo hesitar.

Harry olhou ao redor e localizou Hermione ajudando Mick a afrouxar a gravata. Steve havia assumido a dianteira, e estava preenchendo o pedido de compra do cliente que havia sido convencido por Hermione. Kurt estava logo atrás, com uma lata de refrigerante na mão, descansando um instante.

Esticando um braço, Harry o puxou para frente, fazendo-o molhar o queixo com a bebida dietética.

—Não posso sair agora, Dominique. Mas o Kurt aqui está mais folgado no momento, e pode encerrar o expediente mais cedo. Ele pode levá-la de volta ao hotel, ou até servir de guia turístico pela cidade hoje a noite. Não é mesmo Kurt?

Após ter enxugado o rosto, o rapaz fitou Dominique e voltou a encarar Harry, com olhar abobalhado.

—Está brincando? Oh... Quero dizer... Claro que vou. Sem problemas.

Dominique sorriu como sempre fazia. Com total indiferença. Olhou para Kurt como se andar ao lado dele fosse uma humilhação. Embora jovem, atlético e de ótima aparência, o rapaz não tinha um futuro promissor para oferecer, o que parecia ser indispensável para ela. Só então Harry começou a perceber isso.

—Foi muita gentileza sua oferecer, mas não vejo problema em esperar acabar o evento. O centro de convenções fecha em meia hora, não é? — perguntou Dominique.

—O final da noite será ainda mais complicado do que todo o resto. Teremos de acertar os pedidos e relatórios de venda.

Steve, que havia acabado de atender um cliente, olhou por sobre o ombro e disse:

—Oh... Isso já está pronto, Potter. Estou mantendo tudo atualizado, como combinamos. Só precisamos passar um fax dos pedidos para a central, e estaremos livres. Nada que não façamos em dez minutos. Sinta-se livre como um pássaro.

Harry considerou a possibilidade de transferir seu assistente para o vasto e tranquilo deserto de Nevada, onde não teria para quem vender.

—Muito obrigado por me informar — ralhou Harry.

—Ei... Foi um prazer — respondeu Steve, deixando claro que sabia das implicações de sua atitude. — Acho que vou até aproveitar o horário e convidar Hermione para ir comigo ao jogo do Las Vegas Stars, logo mais.

Harry descartou a ideia de mandá-lo para o deserto, e começou a pensar em enviar Steve como representante de vendas da Bailey & Salazar no pólo Norte.

—Mas, falando nela, para onde foi Hermione? — perguntou Steve. — Estava aqui mesmo, há menos de um minuto.

—Ela pegou a bolsa e um cesto de amostras, para distribuí-las entre a multidão. Ao sair, disse que voltaria para ajudar a encerrar o expediente — respondeu Mick, ainda abalado pelo beijo.

—Vou procurá-la — ofereceu-se Steve.

—Não. Você vai ajudar Kurt a mostrar a exposição para Dominique. Vão logo, senão o evento acaba — sugeriu Harry, que o havia segurado praticamente a força. — Você merece um descanso, e agora é um bom momento para tê-lo.

—Quanta consideração — murmurou Steve, com sarcasmo. — Hermione vai estar aqui quando eu voltar?

—Quem sabe?

Pensando em como manteria Steve longe de Hermione no final do expediente, Harry esperou que Dominique e seus dois consortes saíssem de vista antes de se virar para Mick, e dizer:

—Você é o responsável, agora.

Deduzindo que seu novo cargo era uma punição, o rapaz arregalou os olhos.

—Eu? Que foi que eu fiz?

—Gostou do plano B. Diga-me, para que lado Hermione seguiu ao sair?

—Para lá — disse Mick, apontando na direção oposta a tomada por Dominique.

Hermione estava forçando um sorriso profissional enquanto distribuía amostras de Fresh All Day entre a multidão de executivos e comerciantes que frequentavam tal tipo de evento.

—Ei! É a garota dos beijos perfumados! — exclamou um homem, avisando seu companheiro.

Ambos se aproximaram e ela suspirou desanimada. Aqueles beijos deixaram marcas profundas.

—Querem uma amostra de nosso creme dental, senhores? — perguntou Hermione, tentando ser natural.

—Na verdade, gostaria de saber se seus beijos são mesmo perfumados como disseram, docinho... — falou um deles.

—Também vou querer uma amostra, mas não do creme dental — disse o outro, praticamente cercando-a pelo outro lado.

—Sinto muito, senhores — respondeu ela, após identificar o hálito de bebida de ambos e notar que não havia guarda de segurança algum por perto —, mas as únicas amostras que estou distribuindo são essas aqui.

Ao falar, ofereceu duas amostras para eles. O primeiro homem a aceitou e sorriu, decepcionado. Mas o segundo deixou a amostra cair e passou o braço pela cintura dela.

—Venha cá, docinho. Vamos ver se este produto deixa seu beijo mesmo perfumado — disse ele.

Apavorada, começou a empurrá-lo. Estava prestes a começar a gritar quando o homem foi abruptamente puxado para trás.

—A dama não está interessada em você, meu senhor — falou Harry, em tom furioso. — Saia daqui antes que eu esqueça onde estamos.

—Calma, rapaz — disse o embriagado visitante. — Você já a beijou o dia todo... Sua mãe não o ensinou a compartilhar?

Harry agarrou o homem pelo colarinho com uma só mão e quase o ergueu do chão.

—A sua não falou nada sobre assédio sexual?

—Ei, desculpe-o, sim? — intercedeu o outro, puxando seu amigo para longe de Harry. — Nós a vimos beijando você e pensamos...

—Pois pensaram errado — respondeu ele, furioso. — Esta senhorita é minha noiva, e logo vamos nos casar.

Hermione pareceu ficar mais assustada ao ouvir aquilo do que os dois beberrões.

—Sinto muito... Mas ela nem está usando um anel — disse um deles, já se afastando.

Hermione, inicialmente confusa pelo que o ouvira dizer, percebeu que era apenas um argumento para terminar a discussão. Grata pela aparição repentina dele naquele momento, ela o tocou no braço, fazendo-o parar de olhar para a dupla que se afastava.

—Obrigada.

Harry se virou, e sua expressão voltou rapidamente ao normal, pois a olhou sorrindo.

—Sempre me senti como seu protetor. Acho que é meu passatempo favorito... Mas agora é melhor voltar para o hotel.

—Não... Ainda há muito serviço no estande, e você ainda precisa sair com Dominique. Tenho de voltar e cuidar do encerramento do dia.

—Acho melhor não discutir com o homem que está no comando da missão — brincou ele, segurando-a pelo braço e acompanhando-a até a saída. — Daremos um jeito em tudo por aqui. Volte para o hotel e relaxe. Não fale com ninguém, pois não sabemos quantos malucos nos viram no estande hoje.

Ele a colocou dentro do primeiro táxi da fila que estava parada em frente ao local do evento.

—Harry, eu...

—Não me diga que está se sentido em condição de voltar lá dentro e enfrentar uma horda de maníacos.

—Não, não. Acho melhor mesmo voltar ao hotel e tomar um bom banho. Estou precisando dormir.

—Otimo — disse Harry, antes de beijá-la.

Não foi como os beijos que compartilharam ao longo do dia. Nem como o da noite anterior. Foi como se tudo acontecesse ao mesmo tempo. O carinho, a ternura, o compartilhar, o desejo, o calor... Tudo em um só momento.

Hermione ficou sem fôlego e sem palavras.

—Não se envolva em nenhuma confusão, sim? — disse ele, após dar o endereço ao motorista e pagar o táxi, adiantado.

—Pode deixar... — murmurou Hermione, atordoada.

Como poderia estar em uma confusão maior do que aquela?



Obs1:Oi pessoal!!!!Ai está o penúltimo capitulo para vocês!!!Espero que tenham curtido!!!!No domingo tem mais atualização!!!Tenham um ótimo feriado!!!Bjux!!!Adoro vocês!!!!

Obs2:Quero pedir um favor à vocês!Tenho um prova de Estatística no sábado muito importante, por isso rezem muuuuuuito por mim, para que eu vá bem!!Ok?Obrigada a todos!!!!Bjux!!!!

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