Aproximação do Destino



N/A: Vou admitir que estava extremamente orgulhoso do capítulo 12 e acabou que as reviews apenas justificaram como eu me sentia. Então... como eu poderia, possivelmente, superar as expectativas agora colocadas sobre os próximos capítulos? Não sei se posso...
Se você gostou, passe para um amigo. Se você amou/odiou, deixe uma review. E ao invés de me ler falando sobre isso, por favor, puxe uma cadeira, se acomode, e leia o 13º capítulo de “Nas Palavras de Gina Molly Potter”...



Capítulo 13 – Aproximação do Destino



- Parte I -



Sentada na beira da minha cama, olhei pela janela, em direção ao sol nascente. Os raios de sol banharam a nossa quadra de Quadriboll em cores matinais e não pude evitar pensar nos jogos com Harry, no verão passado. Massageei os olhos, exausta, porque aquela tinha sido uma noite insone para mim. Perguntei-me se tinha sido o mesmo para Harry também.

Eu ainda estava me adaptando à realidade. Apenas ontem, tinha acordado como namorada de alguém. E apenas ontem eu ainda era abraçada, beijada e amada. Enrosquei os braços em torno de mim mesma e imaginei que era ele, repreendendo-me por pensar que ele não se importava mais.

Seria mais fácil se o caso fosse esse.

Houve uma batida suave em minha porta. Considerei não responder, fazendo o visitante desconhecido pensar que eu estava dormindo, mas eu precisava de companhia, quem quer que fosse. Precisava de algo verdadeiro ao invés da imagens de Harry que me assombravam. Murmurei um convite sem entusiasmo para a pessoa não identificada.

A porta lentamente se abriu e Rony entrou cautelosamente, saindo do corredor. Pelos círculos escuros embaixo dos seus olhos, conclui que ele não tinha dormido também. Passou a mão pelos cabelos longos e negou-se a estabelecer contato visual. Rony sabia o tempo todo que Harry ia terminar comigo?

“Você está bem?”, perguntou, com mais confiança do que realmente tinha.

“Não”, respondei, honesta.

“Você quer que eu espanque ele?”, Rony perguntou.

Sorri. O lado protetor do meu irmão mais velho era uma das minhas coisas favoritas nele. Claro, era também a mais irritante e típica de irmãos, especialmente quando envolvia meu hábito de beijar, “Não, Rony”, respondi, “Mas obrigada pela oferta”, ergui minha mão para ele e ele a pegou. Puxei-o para mais perto e encostei minha cabeça em seu ombro, “Você tem mesmo que ir?”

Rony assentiu, balançando a cama para cima e para baixo, levemente, “Tenho o apoiado por seis anos, Gina. Você sabe que tenho que ir”

“Prometa-me que vai cuidar bem dele”

“Eu não acho...”

“Prometa-me que vai ficar de olho neles...”, sussurrei.

“Prometo que vou dar o meu melhor”, respondeu, analisando-me por alguns momentos, talvez tentando decidir se queria aprofundar a conversa nesse assunto. Finalmente, ele assentiu e disse, “Ouviu sobre Tonks e Lupin?”

“Fora que eles estão, finalmente, apaixonados?”, perguntei. Repreendi-me mentalmente por não ter reparado neles. Para uma garota que se orgulhava pelo seu conhecimento, eu tinha sido completamente ignorante do caso de amor deles. Fora quando testemunhei a apresentação deles, eu estava vergonhosamente desinformada.

“Eles vão se casar em duas semanas”, Rony falou, “Andando rápido, não estão?”

“Casar?”, berrei, enquanto um pouco do desespero que tinha me invadido se esvaía. Estava tão feliz por eles. Se alguém merecia um pouco de alegria, com certeza eram aqueles dois, “Estamos convidados?”

Rony assentiu com um aceno de cabeça, “Qualquer Weasley que conseguir comparecer”, respondeu, “E Hermione também”

Hermione tinha voltado para casa depois do funeral de Dumbledore para cuidar de alguns problemas pessoais. Embora não tivéssemos falado sobre isso antes de ela partir, suspeito que tem a ver com os pais dela, para se despedir no caso da causa que ela estava apoiando falisse... “Quando ela vai chegar aqui?”, perguntei.

“Segunda da semana que vem”

A semana passou lentamente. Tentando separar minha mente de tudo o que estava acontecendo, subi no atiço, folheando por antigos anuários dos meus pais, procurando pelo misterioso R.A.B. que tinha levado a verdadeira horcruxe. Não obtive sucesso.

A última caixa de anuários que encontrei, não pertencia aos meus pais. Ao invés, quando procurei pelos donos, todas as mensagens eram para Tiago Potter. Nossa família deve ter guardado algumas caixas de pertences do Tiago e da Lílian em algum momento durante os anos e talvez essa caixa tenha sido esquecido quando as outras foram levadas.

Passei os olhos por todos os livros, torcendo para encontrar algo de importância. Logo me perdi no rosto de tantas pessoas eu conhecia e reconhecia. No sétimo ano de Tiago, abri na última página e encontrei uma carta de Lílian. Era a primeira de todas as que estavam no anuário de Tiago que ela tinha assinado.

‘Tiago Peverell Potter,
Quando o vi pela primeira vez, pensei que era um egocêntrico narcisista arrogante e exibido. Enquanto os anos passaram, você nunca fez nada para mudar a minha idéia. Quanto mais te conhecia, mais correta se provava meus conceitos.
Então, teve esse ano. Quando me falaram que você ia ser Monitor Chefe e que íamos trabalhar tanto juntos, quase falei para Dumbledore que não poderia ser a Monitora Chefe. Eu tinha certeza que esse ia ser a pior experiência da minha vida.
Pela primeira vez na minha vida, você mostrou que eu estava errada. Você mudou. Ah, você ainda era arrogante, egocêntrico e narcisista. E nunca tentou esconder que era exibido. Mas era diferente. Você era diferente. Você sempre teve certeza de como se sentia em relação a mim, mas eu precisei de mais tempo para descobrir.
Amo você, Tiago Potter, e estou contente que você nunca tenha desistido de mim,
Sua para todo o sempre,
Lílian Autumn Evans’


Ri quando li isso e fechei o livro. Harry tinha me contado como sua mãe, aparentemente, desprezava seu pai pela maior parte dos anos que passaram na escola, juntos. Era consolador fazer suas histórias se tornarem reais. Guardei o livro dentro da caixa, novamente, e notei que teria que mostrar isso para Harry antes que ele partisse.


- Parte II -


Hermione veio na segunda-feira seguinte. Ela não perdeu tempo em informar-nos sobre o que fizera com seus pais e para onde eles, em breve, estariam se mudando. Tinha dito tudo isso com quase nenhuma lágrima nos olhos, mas ela não estava enganando ninguém.

Rony colocou um braço em volta dela. Era bom ver que eles estavam começando a se entender, mas senti uma repentina pitada de solidão. Fitei o chão e ouvi Hermione perguntar a Rony se ele conseguia arranjar algum lanche para ela. Rony, alegremente, obedeceu.

“Estou bem”, falei para Hermione, assim que Rony saiu do recinto, ciente de que ela mandara meu irmão embora para perguntar como eu estava. Antes que ela pudesse perguntar qualquer outra coisa, eu disse, “Tentei fazer algumas pesquisar, Hermione, mas não consegui quem R.A.B. é, para você”

Hermione simplesmente me encarou e balançou a cabeça, “Você não deveria saber dessas iniciais”, falou, “Você não deveria saber de nada. Eles irão torturá-la para saber o que estamos fazendo”

“O que é que vocês vão fazer?”, perguntei, curiosa.

Hermione franziu as sobrancelhas para mim e sacudiu a cabeça com mais força, “Se Harry quiser que você saiba, é uma história diferente, mas a decisão é dele, não minha”, ficou parada e murmurou incoerentemente algo baixinho.

Será que ela estava certa? Era esse o motivo porque Harry não estava me contando? Snape ou Malfoy já teriam contado para Voldemort que eu era a namorada de Harry e eles suporiam que eu sabia o que eles estavam fazendo. Eu conseguiria me controlar sob a maldição da tortura? Conseguiria fechar minha mente? Estremeci só de pensar nisso.

“Você aceita, Ninfadora Tonks...”

Dei uma olhada em volta do jardim dos fundos dos Tonks. Era mesmo uma cerimônia pequena. A única decoração era o arco sob o qual eles estavam se casando. Muitas poucas pessoas estavam lá. Antes que a celebração começasse, fui apresentada ao Ted e Andrômeda que estavam sentados na primeira fileira. Olho-Tonto estava sentado lá junto com vários outros membros da Ordem que eu mal conhecia. Da minha família, Mamãe, Rony e os gêmeos eram os únicos outros Weasleys além de mim no público. E Hermione estava sentada à minha direita.

“E você aceita, Remo Lupin...”

Minha mente vagueou, perigosamente, na direção de Harry. Ele adoraria estar lá, assistindo seu antigo professor e seu Auror favorito se amarrarem. E Dumbledore, teria se regozijado com o fato de ter um pouco mais de amor no mundo. Infelizmente, ainda não era seguro para Harry sair da casa, porque a Ordem ainda estava planejando a sua fuga... e Dumbledore... bem...

“Então, eu os declaro marido e mulher. Você pode beijar...”, mas Tonks e Lupin já tinham começado a se beijar, “Ah, bem, vejo que vocês não precisam da minha permissão...”

Quando consegui, abracei cada um deles em um abraço de congratulação, “Tonks”, falei, “Estou desapontada comigo mesma por não ter reparado em absoluto nisso”, gesticulei com a minha mão para o casal recém-casado, “Quero dizer, quando vocês se encontraram pela primeira vez, vi a atração, mas, então...”

“Gina”, Tonks repreendeu-me, “Você estava preocupada com a sua própria aventura amorosa, se a informação de Molly está correta”

Minhas entranhas se contorceram e imploraram para uma mudança de assunto. Eu ainda não tinha espalhado as notícias sobre o meu rompimento com Harry para muitas pessoas, meus pais incluso. Conclui que não deveria contar em evitar essa revelação estranha, “Harry e eu terminamos”

Tonks, que parecia tão deliciada segundos atrás, largou seu sorriso e substituiu-o por um franzir de cenho. Colocou uma mão no meu ombro e me olhou, cheia de compaixão, “Sinto muito, querida. Você está bem?”

“Foi mútuo”, menti. O que eu deveria dizer ao Harry? “Sinto muito. Pode até ser que você esteja terminando comigo, mas eu não vou terminar com você”?

“Não acredito em você”, falou Lupin, que, obviamente, tinha ouvido tudo, “Você sabe porque ele estava fazendo isso, não sabe? Ele acha que é culpa dele que Dumbledore morreu e não quer que a mesma coisa aconteça com você. Acha que está te protegendo”, não respondi, enquanto ele escorregava as mãos para as de Tonks, “Lembra mais alguém que você conhece?”

Beijando o marido, Tonks retrucou, “Te ganhei pelo cansaço”

Lupin assentiu, e voltou-se para mim, “Ele recobrará a razão”

Por mais que eu quisesse acreditar, por mais que eu me agarrasse desesperadamente à idéia, eu sabia que isso não tinha a ver com recobrar a razão. A única coisa que fazia sentido para Harry naquele instante era matar Voldemort. Uma vez que isso acontecesse, ele seria livre.

O décimo sétimo aniversário de Harry, o dia em que ele finalmente voltaria para a minha vida e o dia que ele estava inevitavelmente suscetível a atacar, ainda estava a dez dias de distância quando Mamãe, Hermione e eu sentamos na cozinha, juntas.

Mamãe e Hermione estavam conversando sobre a saída antecipada do Trio do colégio. Ouvi atentamente, torcendo que Hermione deixasse passar e mencionasse algo novo, mas ela era boa. Ela era melhor do que eu achava.

Virei-me para o nosso relógio na cozinha. Todos os nossos ponteiros apontavam para “perigo mortal” e desejei que Harry e Hermione tivessem seus ponteiros lá. Poderíamos ficar de olhos neles, quando tivessem partido. Afinal de contas, o consideramos como da família. Vi o ponteiro de Papai se mexendo para o ‘viajando’ e alguns segundos depois, ele entrou na sala, parecendo agoniado.

Mamãe voltou-se para ele e viu o que eu vi. Seu rosto estava pintada de temor e parecia preocupado, embora ele sempre parecesse preocupado atualmente, mas naquele dia era um tipo novo de preocupação, “Arthur”, Mamãe disse, “O que há de errado? O que aconteceu?”

“Thicknesse”, Papai respondeu, reconheci o sobre-nome como sendo o diretor do Departamento do Cumprimento da Lei, “Suspeitamos que eles o pegaram”

Mamãe sacudiu a cabeça, “Quanto tempo antes...?”, se interrompeu e olhou para Hermione e para mim, negando-se a perguntar tal coisa na nossa frente.

Meu pai estava um passo à frente dela, “Elas tem que saber, Molly”, falou e ela, relutante, concordou, “Não temos certeza de quanto tempo passará até que eles tenham o controle total, mas é certo que assim que o Ministério for deles, também será Hogwarts”

Mamãe se levantou rapidamente, sua cadeira caiu no chão com um baque, “Então, está acertado”, berrou e olhou para mim, “Gina, você não vai voltar para o colégio esse ano”

Estava surpresa que minha mãe tivesse sugerido tal coisa quando ela tinha advogado para que o Trio voltasse para o colégio. Não sabia como me sentir sobre isso. Se o poder de Voldemort chegasse ao colégio, não tenho certeza se queria estar lá.

“Não, Molly”, Papai disse, erguendo sua cadeira do chão. Colocou a mão em seus ombros e sentou-a, “Chamaria muita atenção não ter dois dos nossos filhos lá. Já conversei com Minerva e os outros professores e todos eles vão voltar, mesmo que seja só para proteger as crianças. Sinceramente acho que ela estará mais segura lá, por enquanto”

Mamãe parecia lívida, a princípio, mas acalmou-se lentamente enquanto deixava as palavras de Papai surtirem efeito. Ela sentou lá, braços cruzados na frente do peito, e disse, “Não gosto disso, mas você está certo”

“E o Harry?”, Hermione soltou e olhei para ela, curiosa, “Se eles pegaram Thicknesse, não terão problemas em chegar ao Harry, certo?”

Papai assentiu, “Assim que Harry completar 17 anos, eles estarão lá mais rápido do que poderemos imaginar. Para resumir, Thicknesse tornou ilegal a conexão daquela casa à rede Flu, colocar um portal em qualquer local próximo da casa e aparatar dentro ou fora. Ele diz que está impedindo Voldemort de entrar”

“Pensei que mãe de Harry tinha feito isso para ele”, falei.

“Não é o que eles estão tentando fazer”, Hermione observou, “Estão apenas tentando mantê-lo lá dentro, não é?”

“Não poderia estar mais correta”, Papai disse, “O que significa que mandar Olho-Tonto sozinho está fora de cogitação”

“Então, como o traremos para cá, Arthur?”, Mamãe perguntou.

“Mundongo teve uma idéia”, Papai retrucou, “Uma arriscada, mas todos parecem concordar que é muito inteligente, embora ele não pareça muito inclinado a participar do plano”

“Eu ajudarei”, falei, rapidamente, sem nem mesmo pensar sobre isso. Mamãe quase me matou, com seu melhor olhar fuzilador, “O quê? Sou bem mais confiável do que aquele ladrãozinho vagabundo”

“Por mais verdade que seja, Gina, não posso permitir”, Papai disse, seus olhos encontraram o meu com intensidade, “Não dessa vez, não nesse plano”

Mamãe olhou para Papai com curiosidade, “Qual é exatamente o plano?”

Relutante, Papai explicou os detalhes... a Poção Polissuco, a dica falsa, as casas seguras e seus terrenos, os portais e eu e Mamãe ficando para trás, esperando pelos guerreiros para voltarem para a Toca.

Hermione sacudiu a cabeça, “Ele não deixará que todos vocês arrisquem sua vida por ele”, falou.

Concordei, acrescentando, “Não depois do que aconteceu com Dumbledore”, conclui que Harry não teria muita opção, não com tantos para forçá-lo.

Mamãe e Papai deixaram a cozinha para discutir mais detalhes do evento por vir, permitindo que Hermione e eu, silenciosamente, pensássemos sobre o plano iminente. “Sete Harry Potters”, pensei, depois sorri, “Não acho que eu me importaria...”


- Parte III -


“Está se aproximando, você sabe”, Hermione disse, quebrando minha linha de raciocínio, “Já decidiu o que fazer sobre o Harry?”

Ela me conhecia muito bem. Pelas últimas semanas, tinha repassado cada situação em minha cabeça, pedindo para que ele ficasse, implorando que me levasse com ele, meramente desejando-lhe boa sorte, mas nada parecia satisfatório.

Depois tinha todo o problema de como tratá-lo. Agora que eu sabia como era ser a namorada do Harry, não sabia mais como agir com ele. Eu não poderia fazer o que queria com ele e não podia ignorá-lo completamente. Onde estava o feliz meio-termo?

“Talvez eu volte a enfiar meu cotovelo na mantegueira quando ele estiver por perto”, zombei.

Hermione sorriu, lembrando-se carinhosamente da história, “Você tem que falar com ele antes de partirmos”, falou.

“Eu sei”, respondi, temendo e ansiando o momento ao mesmo tempo. Queria ser tudo o que pudesse para ele, quer isso significasse ser sua namorada enquanto ele estivesse fora ou simplesmente esperar.

“O que vai dar para ele de aniversário?”

Congelei. Aquilo nem tinha passado pela minha cabeça. Grunhi alto e disse, “Valeu, Hermione. Mais uma coisa com o que me preocupar”, automaticamente, mexi em uma mecha de cabelo e perguntei para Hermione quanto tempo eu teria antes da partida deles.

“Só posso garantir até o aniversário”, respondeu, “Depois disso, depende do Harry... o que vamos fazer, para onde vamos, tudo isso”

Eu a tinha ajudado a arrumar algumas coisas nos últimos dias, mas eu tinha quase certeza que existiam coisas que ela precisava empacotar que eu não podia ver, “Já terminou de empacotar?”, perguntei.

“Nem perto”, respondeu, “Você me ajudou com a tenda e o dinheiro, mas preciso descobrir que livros vou levar e quais roupas vão ficar ou ir conosco. Além do mais, tem todos aqueles feitiços protetores para defender de intrusos, apesar de ter certeza eu não preciso saber de mais nenhum. Ainda estou tentando aprender como fazer meu patrono falar...”

“Você ainda não conseguiu fazer isso?”, perguntei, incrédula. Essa foi uma das primeiras coisas que ela tentou fazer assim que pisou na nossa casa e tinha um tempo livre. Nossa Hermione estava tendo dificuldades com um feitiço?

“É bem mais complicado do que parece”, ela disse, obviamente irritada por não ter conseguido fazê-lo ainda. Seu olho esquerdo, acho, se diminuiu ao pensamento. De repente, talvez mais para mudar de assunto do que qualquer outra coisa, puxou sua bolsa de debaixo da cadeira e colocou-a na mesa, “Lembra do que seu pai acabou de dizer sobre Hogwarts?”

“A parte sobre isso pertencer a Voldemort?”, perguntei, olhando a mala enquanto ela a abria, “Como poderia esquecer?”

Ela enfiou a mão para o fundo da bolsa, buscando por algo lá dentro, mais fundo do que uma mala normal permitiria. Eu a tinha ajudado com o feitiço quatro dias atrás e estava satisfeita em ver que funcionava. Ela buscou por isso, dizendo, “Trouxe todos comigo porque não sabia se precisaríamos deles, mas eu acho que você poderia usá-los”, ela puxou vários galeões e colocou-os nas minhas mãos.

Insultada, respondi, categórica, “Não quero seu dinheiro”, deixei as moedas cair na mesa em um barulho alto.

“Estou despontada que você não os reconheça”

Olhando para a última moeda que parou de se mexer, repentinamente percebi. Aquelas eram as moedas de comunicação que usamos na Armada de Dumbledore. Pegando uma e encarando-a entre meus dedos, perguntei, “Você realmente acha que nós vamos ter que abrir a AD de novo?”

Ela deu de ombros, “Eu realmente acho que vou precisar de 100 reais de dinheiro trouxa?”, perguntou, sacudindo a cabeça, “Não, mas não machuca estar preparado”

Ela pegou a própria moeda de seu bolso e mostrou-me como a moeda Mestre funcionava com as outras. “Suspeito que apenas alguns dos membros da AD ainda terá a moeda”, falou, “Mas tudo bem. Eu tinha essas extras”

“Valeu”, falei, torcendo para não ter que usá-las. Apertei alguns dos números de série e senti minha moeda se aquecer e me perguntei se os membros da AD por todo o país sentiram suas pedras aquecendo, também. Me perguntei se estavam confusos em ver que estava ativa, uma vez mais. Me perguntei, ainda mais importante, se eles pensariam em trazê-la com eles quando estivessem arrumando as coisas para Hogwarts.

Dias mais tarde, balançava-me para frente e para trás, segurando a lata de óleo que tinha aparecido em nosso jardim no minuto anterior. Eu ainda podia sentir o resíduo mágico que tinha trazido o objeto para lá, mas falhou em trazer Rony e Tonks. Mamãe falou para eu não me preocupar, mas não conseguia evitar, e pude perceber que ela também não podia.

Quando o tênis apareceu, em seguida, sem Fred e Papai, olhei para Mamãe, suplicante, silenciosamente implorando a ela para que fizesse ou dissesse algo, mas sabia que ela estava tão inútil quanto eu.

Quatro deles não tinham conseguido voltar, estremeci enquanto me sentava, segurando o tênis firmemente contra meu peito. Algo tinha dado errado. Será que minha família, meus amigos e mentores estavam em risco? Foram pegos, mantidos em cativeiro e sendo torturados naquele momento? Estavam mortos? Estaria... estaria Harry morto? “Não”, falei para mim mesma, “Eu saberia... eu teria sentido...”.

“Harry e Hagrid são os próximos”, Mamãe falou, suavemente.

Mal minha mãe tinha falado, uma luz azul apareceu no céu, vindo rapidamente em nossa direção. Reconheci a letra como sendo um portal. “Por favor, por favor, por favor...”, repetia em minha mente, sem me referir a ninguém em particular.


- Parte IV -


Hagrid e Harry caíram no chão. Harry colocou-se de joelhos. Ele parecia tão fraco, mas foi Harry quem caiu completamente no chão, rosnando de dor. Berrei com preocupação, joguei o tênis na grama, e juntei-me a Mamãe enquanto ajudávamos o meio-gigante a se colocar de pé, embora duvide que tenhamos ajudado muito.

Mamãe voltou-se para Harry, “Harry? Você é o Harry real? O que aconteceu? Onde estão os outros?”, Mamãe berrou, a agonia da ignorância transbordando em sua voz.

“O que quer dizer? Ninguém mais voltou?”, Harry ofegou; a expressão de que toda a responsabilidade estava em seus ombros. Mamãe não precisou responder com palavras. Harry começou num jorro, explicando o que tinha acontecido, tentando fazê-la compreender que ele sentia muito e não sabia o que tinha acontecido a dois de seus filhos e seu marido.

Mamãe calou-o com um abraço apertado, “Graças a Deus, você está bem!”, sussurrou. Depois de Harry poder por conhaque, ela correu para dentro da casa, tentando esconder as lágrimas que já começavam a se formar.

A pressão no meu peito se tornou maior quando pensei na emboscada. Tinha que ser forte por enquanto; por mim e por Harry. Encontrei seu olhar pela primeira vez em quase um mês e ele, silenciosamente, implorou por respostas. Eu tinha me tornado bastante talentosa em ler suas expressões faciais.

“Rony e Tonks tinham que ter voltado primeiro”, falei, referindo-me aos portais e quem os tinha perdido até agora, “Se eles conseguirem”, prossegui, “Jorge e Lupin devem voltar em um minuto, mais ou menos”

Quando eles apareceram, a pressão em meu peito aumentou ainda mais. Jorge estava... estava morto...? Tinha tanto sangue em sua cabeça e blusa. Não poderia perder Jorge, não tão perto de ter perdido Dumbledore. Meu coração não suportaria outro choque desses.

Apoiei a cabeça de meu irmão nos meus braços, enquanto Mamãe limpava o sangue do lado do rosto dele. Onde uma orelha deveria estar, tinha apenas um buraco escarlate. Ele estava respirando, pude sentir sua respiração leve contra meus braços, mas ele tinha perdido tanto sangue.

Mamãe acenou com a varinha algumas vezes por cima do buraco, mas nada acontecia. O buraco se negava a fechar e a orelha estava inegavelmente não sendo recolocada. A mão de Mamãe que segurava a varinha tremeu enquanto ela, exausta, moveu-a em volta da orelha dele.

“Acorde, Jorge”, sussurrei em sua orelha, acariciando o lado seco de seus cabelos, “Você tem que acordar. Fred chegará em breve. Vai querer ouvi-lo rir”

“Não posso...”, Mamãe falou. Ela estava de joelhos, ao lado do sofá e deixou a varinha no chão, “Foi arrancada por magia negra... não poso...”

Jorge ia viver sua vida sem uma orelha. Eu podia apenas imaginar que tipo de substitutos Fred e Jorge inventariam para redimir a sua falta de uma. Suponho que poderia ser pior, concluí. Afinal de contas, ele poderia...

Parei, ouvindo. Ouvi vozes no jardim, novas vozes. Mais alguém tinha voltado. Suspirei, aliviada, e olhei para Mamãe, que tinha recolhido a varinha e tinha voltado a usá-la, em vão.

Depois de alguns momentos, ela se levantou e disse, “Parei o sangramento”, pegou minha mão e pediu que eu deixasse Jorge descansar, “Se limpe, também, Gina. Você parece aterrorizada”

Sem me preocupar com magia feita por menores de idade, no momento, apontei para o sangue de Jorge em minhas vestes e murmurei, “Scourgify”. O líquido quase seco foi despregado do material e entraram na minha varinha. Convoquei um pano de prato da cozinha e molhei-o, limpando a cabeça de Jorge e tentando animá-lo enquanto Mamãe limpava sua ferida.

“Como ele está?”, a voz firme de Harry veio da porta e Mamãe explicou. A expressão de preocupação de Harry se suavizou e ele disse, “Graças a Deus”

“Ouvi mais alguém no jardim?”, perguntei, e quando ele disse que eram Hermione e Kingsley, senti a pressão no peito diminuir um pouco, “Graças aos deuses”, soltei um suspiro de alívio. E olhei para Harry, tão perturbado e preocupado, e queria desesperadamente estar em seus braços e falar que tudo estava bem. Ninguém morto, ninguém seriamente ferido... só uma orelha, Harry, poderia ser pior...

Seus músculos recuaram um pouco, mas reconheci o gesto de todo o ano passado. Ele queria me tocar, qualquer parte de mim, para se sentir vivo e real novamente. Antes que ele pudesse se submeter ao impulso, houve um grande estrondo da cozinha e foi assim que soubemos que Papai e Fred estavam em casa.

A pressão no meu peito uma vez mais se diluiu enquanto ouvia a voz de Jorge, fraca e cansada, mas fazendo piada sobre sua situação. Eu sabia que tudo ia ficar bem. Sabia que meus últimos dois irmãos iam voltar para casa e nós seríamos uma família de novo, inteira e intocada, exceto por uma parte do corpo a menos.

Harry gesticulou para que eu o seguisse para o exterior da casa para esperar por Gui e Fleur. Vi o terror em seus olhos e o quanto ele odiava ser o culpado pelos nossos problemas. Sem pensar nem planejar, peguei a mão de Harry e segurei-a com força. Como esperei que fizesse, ele não se afastou, ao invés, ele entrelaçou nossos dedos como tinha feito tantas vezes durante nosso relacionamento em Hogwarts. Vi seu corpo relaxar. Não era surpresa que eu ainda tivesse esse efeito.

Hermione baixou os olhos para nossas mãos, mas não falou nada nem reagiu de maneira alguma. Se isso a deliciava, não importava. Ela voltou o rosto para o céu e aguardou, sua mão nervosamente se movendo na lateral do corpo, esperando por ser segurado pela pessoa que ainda não retornara.

Ainda segurando a mão um do outro como se nossas vidas dependessem disso, Harry e eu olhamos pela linha das árvores, buscando por algum sinal. Todos já deveriam ter voltado. Todos deveriam ter voltado...

Quando Rony e Tonks finalmente retornaram, corri para a casa e chamei meus pais. Quando finalmente alcançamos os jardins, eles mal tiveram um momento de boas-vindas, quando Gui e Fleur, finalmente, foram vistos.

“Olho-Tonto está morto”, Gui disse, sem esperar, sem aviso.


- Parte V -


Suas palavras ecoaram em minha mente antes que eu pudesse completamente compreendê-las. “Olho-Tonto está morto”... Senti uma pontada de tristeza no meu já dolorido coração. Não era próxima de Moody como era de Dumbledore, então o sentimento não era o mesmo, mas ainda assim doía.

Era difícil de entender. De todos que tinham saído aquela noite, esperava que Olho-Tonto estivesse vivo. Sua perpétua conversa sobre ‘vigilância constante’ separou-o de todos nós, sua atitude sempre-em-guarda devia tê-lo salvado... mas a Morte não tem favoritos, mas posso garantir que ela é rancorosa. Olho-Tonto tinha escapado de suas garras muitas vezes no passar dos anos... e era culpa daquele ladrãozinho miserável do Mundongo... Morte tinha usado o ladrão para coletar seu prêmio...

Eu sabia que não se podia confiar nele.

Harry queria partir, para proteger a todos nós, e impedir que Voldemort nos achasse. Quando é que o garoto ia aprender que ele não estava nessa batalha sozinho? Que não é só a sua batalha que ele precisa vencer? Todos ali brigariam até a morte para impedir o que estava por vir, mesmo se não tivéssemos ouvido falar no famoso Harry Potter.

Após alguns comentários sobre sua varinha, Harry saiu para fora da casa. Ele tinha afirmado que sua varinha tinha agido por vontade própria, mas ninguém nunca tinha ouvido disso antes. Enquanto ninguém acreditava nele, eu acreditei. Quando se tratava de Harry, tanta coisa acontecia que ninguém poderia imaginar.

Dei um passo para me juntar a ele, lembrando de todas as vezes em que eu o tinha encontrado em situação similar e o confortado, mas me interrompi. Olhei para Hermione e fiz um movimento com a cabeça em direção à porta. Ela assentiu, agarrou Rony pela mão e levou-o para fora. Voltei a me sentar, grata por ser com uma família que eu poderia ter perdido. A pressão no meu peito já tinha sido praticamente erradicada, exceto pela parte que era reservada ao Harry. Ainda sentia aquela parte forte como sempre.

Nos dias seguintes, Mamãe mal deixou tempo livre para ninguém. Sob o pretexto dos afazeres do casamento, o Trio não conseguia se encontrar no mesmo lugar ao mesmo tempo por mais do que alguns minutos, deixando eles sem tempo algum para planejar a partida. Mamãe não era boba; sabia o que estava fazendo. Por mais que eu odiasse admitir, eu era quase grata que ela os tentasse manter em casa.

No segundo dia da chegada de Harry, Mamãe designou que Hermione e eu trocássemos todos os lençóis da casa. Aquela era uma missão complicada já que o número de camas tinha praticamente dobrado já que os Delacour estavam chegando.

Peguei um lado do lençol e Hermione pegou o outro. Juntas, puxamos o material para fora da cama e deixamos que caísse no chão. Hermione tinha estado distraída naquele dia e eu tinha a sensação de que sabia o motivo.

“Sentindo-se culpada?”, perguntei à ela, consciente de que algumas horas antes ela tinha roubado o estoque de Poção Polissuco de Olho-Tonto.

Ela assentiu e pegou o lençol limpo da cadeira na qual o tínhamos colocado. Ela desdobrou-o lentamente e disse, “Odeio fazer isso sob o nariz da sua mãe”

“Se Olho-Tonto tivesse uma opção, tenho certeza que seria usar o que tinha para o bem antes que estragasse”, respondi, agarrando o outro lado do lençol que Hermione me deu e segurando-o.

“Não dá para voltar no tempo agora”, Hermione murmurou.

Nós colocamos o lençol sobre a cama e arrumamos o que restava em baixo do colchão. Repetimos essa ação por todas as camas do primeiro andar. Paradas ali, avaliamos nosso hábil trabalho, Hermione suspirou, “Peguei uma outra coisa do Olho-Tonto”, falou, suavemente, “Nós já temos um, mas conclui que você poderia usá-lo”

Antes que eu pudesse responder, ela me guiou para seu quarto e abriu a mala. Puxou a caixa de Poção Polissuco e colocou-a no chão. Buscando pelo conteúdo novamente, ela puxou uma capa prateada do fundo da bolsa. Ela entregou o pano macio para mim.

“A capa de invisibilidade de Moody?”, ofeguei, sentindo-me indigna, “Não posso aceitar. Fique com ela”, empurrei a capa de volta para suas mãos e ela se negou a tocá-la.

“Não”, Hermione disse, com firmeza.

Agarrei o material sedoso com uma mão e passei a outra por ele, “Não parece com a de Harry”, falei, examinando a capa, “Essa não parece tão leve”

“Notei a mesma coisa”, Hermione retrucou, “Perguntei ao Olho-Tonto sobre elas, uma vez, enquanto ele estava atualizando os feitiços nela. Ele disse que era feita do cabelo de uma Demiguise”

“Harry alguma vez atualizou os feitiços em sua capa?”, perguntei, curiosa.

Hermione franziu as sobrancelhas e pensou, “Estranhamente, não acho que ele tenha feito. Isso é bem estranho, tendo em vista que capas como essa gradualmente desvanecem”

Embrulhei-me na capa e vi enquanto meu corpo se tornava invisível. Sorri, lembrando carinhosamente das vezes em Hogwarts que Harry tinha nos colocado por baixo da capa e todas as vezes que Harry tinha escapado das encrencas com ela, “Você realmente acha que vou precisar disso?”

“Você nunca pode estar preparada demais”, Hermione respondeu.

“Já que vocês todos não vão voltar e você pensa que precisarei de tudo isso”, falei, pensando em um objeto que seria muito útil para a gente, “Você acha que poderia convencer Harry a me dar o mapa do maroto?”

“Não”, ela respondeu, “Pode perguntar a ele”

“Hermione! Gina!”, a voz da minha mãe veio do andar debaixo.

Hermione gesticulou para que eu a seguisse enquanto ela saía do quarto. Rapidamente guardei a capa no mesmo lugar que tinha guardado os galeões. Fechando a mala, corri para alcançá-la.


- Parte VI -


No dia seguinte, Hermione e eu fomos, novamente, designadas para trocar os lençóis. Sorrindo para ela, sagaz, peguei a mão de Hermione e levei-a para o lado de fora da casa e falei, “Vou te dar cobertura. Cai fora daqui. Vai falar com os meninos”

Hermione me encarou, curiosa, “Vai nos ajudar? Depois do que Harry te falou antes, não achei que você fosse oferecer nem um pouco de ajuda”

Minha mente voltou algumas horas, quando Harry e eu estávamos arrumando a mesa para o jantar. Ele quase tinha deixado escapar os detalhes da sua jornada, afirmando que ele ia matar Voldemort. Eu já sabia disso, mas ouvi-lo dizer em voz alta era devastador. Se não tivéssemos sido interrompidos, acho que ele teria me falado.

Expulsei a recordação de minha mente, “Vocês vão partir e eu não posso impedir”, falei, minha voz mal tremendo, “Se ajudar vocês, os mantêm vivos, então farei o que for preciso”, gesticulei para que ela saísse, “Eu tomo conta da Mamãe”

Depois de um rápido abraço, ela entrou pela porta dos fundos. Observei Papai levar Harry para o galinheiro, onde ele mantinha as partes da moto de Sirius, e eu sabia que teria que agir rápido. Corri em direção a Mamãe e encontrei-a perseguindo um gnomo pelo jardim.

“Gina, seja um amor, e me ajude”

“Acho que vi Harry, Rony e Hermione indo para o riacho”, menti, sabendo muito bem que o riacho ficava a uma boa distância e que ela precisaria de algum tempo para voltar, principalmente se estiver procurando. Ela imediatamente rumou em direção ao local assim que Harry saiu do galinheiro, caminhava em direção à Toca e entrava pela porta.

Encarando a entrada, eu sabia o que ia fazer. Não devia me sentir culpada em relação a isso, já que Harry e Rony sempre bisbilhotaram pelos anos, como amigos, para descobrir informação. Se fosse pega, eles não tinham direito de ficar bravos comigo. Não é como se eu fosse espalhar a informação... eu só queria saber... eu tinha o direito de saber...

Temi que Hermione tivesse usado o feitiço Muffliato, mas quando ouvi as vozes da escada, sabia que estava com sorte. Aproximando-me da porta, inclinei-me sobre ela e ouvi o máximo que pude.

“... mas você sabe o que ele diria para gente se estivesse vivo?”, a voz de Rony disse.

“V-Vigilância constante”, a voz de Hermione falou. Ela devia ter chorado.

Eles tinham falado sobre Moody. Com sorte, eu não teria perdido nada importante. Afinal, eles só tinham ficado lá por nada mais do que quatro minutos ante de eu ter chegado. Eles começaram a insultar Mundongo e depois começaram a falar sobre os livros que Hermione tinha obviamente pesquisado.

“Só estou tentando decidir quais levar conosco enquanto estivermos procurando pelas Horcruxes”, ela falou.

Estremeci... Horcruxes... plural... mais do que uma... O que quer que a palavra misteriosa significasse, eu não sabia que eram múltiplas. Ouvi atentamente por mais informação.

Dei um meio-sorriso quando Harry tentou convencer Rony e Hermione de não irem com ele. Hermione e eu estávamos esperando por isso. Hermione passou por uma longa explicação sobre como eles sabiam exatamente onde tinham se metido. Depois que Hermione explicou, ela pediu a Rony que mostrasse o vampiro ao Harry.

Xinguei, desejando ter pegado a capa do meu quarto. Eu não teria que ter saído como fiz enquanto eles saíam do quarto para subir no porão. Embora, depois de nosso tempo junto, sabia que Harry podia me sentir embaixo da capa. Esgueirei-me para fora de vista, escada abaixo, e esperei até ouvi-los voltar para o quarto.

Eles falaram por um tempo sobre o plano com o vampiro e ouvi, entediada, pois já sabia essa parte dos acontecimentos. Houve um silêncio no quarto quando Rony parou de falar.

“GINA!”, de quatro andares abaixo, ouvi os berros do retorno da minha mãe, para minha decepção. Xinguei baixinho de novo. Eu não tinha ouvido nada de novo ainda, a não ser que tinha mais do que uma Horcruxe. Ousei não sair, não quando eles estavam sozinhos pela primeira vez desde a chegada do Harry.

“Eu sei que você disse que queria ir para Godric’s Hollow primeiro, Harry”,, Hermione disse, “E entendo o motivo, mas... bem... não deveríamos fazer as horcruxes nossas prioridades?”

Informação nova, finalmente. Aquele era um dos lugares para onde eles estavam indo, o lugar onde Harry nascera e vivera por um ano, o lugar onde seus pais e Voldemort caíram ao mesmo tempo, e o lugar onde Tiago e Lílian foram enterrados.

Discutiram, em seguida, R.A.B., mas nenhuma nova informação fora divulgada, apesar do fato de que eles teriam que encontrar a verdadeira horcrux e se assegurar de que ele a tenha destruído. Em seguida, Hermione revelou que tinha encontrado alguns livros sobre horcruxes.

Ouvi Mamãe subindo as escadas. Lutando contra a urgência em escutar, deixei a porta e encontrei mamãe no andar de baixo, sem fôlego. Sorri para ela, torcendo que ela não percebesse o que eu estava fazendo.

“Não os encontrei no lago”, Mamãe falou, “Tem certeza que os viu...”

“Eles voltaram”, falei, rapidamente, “Vi-os da minha janela. Acho que foram para o outro lado da casa”

Os olhos de Mamãe se voltaram para mim e depois para a escada que eu descia, “Por que você está sem fôlego?”, perguntou, torci para que ela continuasse onde estava.

“Persegui um gnomo até aqui em cima”, respondi, “Entrou do jardim. Mas é melhor você se apressar”, falei, apontando para as escadas que desciam, “Acho que ouvi Rony dizendo que vão partir logo depois do casamento”

Mamãe girou nos calcanhares e balançou escada abaixo tão rápida quanto pôde. Aliviada, me apressei em subir tão silenciosa quanto pude e me posicionei no mesmo lugar que antes, bem a tempo de ouvir o final das explicações de Hermione.

“... de tudo o que li, o que Harry fez ao diário de Riddle foi uma das poucas realmente imbatíveis formas de destruir uma horcruxe”

Senti-me, repentinamente, enojada. O que quer que eles estivessem caçando, o que quer que aquelas horcruxes fossem, eu estava em posse de uma durante todo o meu primeiro ano de colégio. Segurei-a, abracei-a, escrevi para ela... tinha revelado para Tom Riddle meus mais bem guardados segredos... a mesma coisa aconteceria para Harry, Rony e Hermione? Será que eles seriam possuídos?

O diário e o brasão pareciam ser ambos horcruxes, mas eu não estava nem perto de descobrir o que uma horcruxe era. Parecia não haver conexão alguma entre os dois objetos, nenhuma relação que eu pudesse identificar. E tudo o que eles estavam falando é que se pode destruí-las com o veneno do basilisco ou...

Ouvi Mamãe subindo as escadas e rangi os dentes. Eu tinha certeza de que estava prestes a descobrir como, exatamente, eu tinha sido enfeitiçada por Voldemort e sentia que era privilegiada o suficiente para saber. Juntando toda minha força de vontade, afastei-me da porta e encontrei com Mamãe bem quando ela estava nos primeiros degraus da escada.

Ela me olhou e percebi que ela finalmente descobrira o que estava acontecendo, “Ginvera Molly Weasley, o que pensa que está fazendo?”

“Não peguei o gnomo ainda...”

“Ah, verdade?”, sibilou, as mãos nos quadris, “Não os encontrei no lago e não os encontrei em qualquer outro lugar lá fora e eles não estão em nenhum lugar aqui dentro que eu tenha procurado. O único lugar que eu não procurei...”, apontou para o alto da escada, “Saia, Gina”

“Mamãe, por favor...”

“Vá para o seu quarto”, falou. Suas palavras eram definitivas e eu sabia que tinha dado ao Trio todo o tempo que eu possivelmente poderia. Derrotada, abaixei minha cabeça e descia as escadas e ouvi o barulho estremecedor da porta do quarto sendo aberta com violência.

“Você me deve uma”, sussurrei para Hermione, mais tarde naquela noite, no meu quarto. Ela concordou e decidi que o dia seguinte seria quando eu cobraria o favor, “Preciso que você distraia o Rony para mim, amanhã. Vou falar com o Harry”


- Parte VII -


Sentada no meu quarto, no dia seguinte, apertei o anuário em minhas mãos. Sentei, nervosamente, na cama e folheei-a. Eu planejei mostrar a mensagem que a mãe dele escrevera e depois falar com ele. Pensei que ele gostaria mais de uma conversa comigo do que gostaria de receber algum objeto físico. Fora que, você sabe, era bom para mim, também.

Ouvi-os subir a escada e pulei da cama, jogando o livro nos travesseiros. Abri a porta e chamei, “Harry, pode entrar aqui por um segundo?”

Observei Hermione puxar um Rony relutante escada acima. Virei-me para o meu quarto sem realmente vê-lo me seguindo, mas sabia que ele viria. Borboletas dançavam na boca do meu estômago, percebendo que nós nunca tínhamos ficado sozinhos no meu quarto, mas então, uma vez mais, havia muitas outras coisas que nunca tínhamos feito juntos.

“Feliz aniversário de dezessete anos”, falei, depois de respirar fundo. Ele me agradeceu e comentou sobre a vista. Era uma vista legal, e tentei não rir da observação ridícula, mas prossegui sem dar conhecimento da afirmação. Conversamos por alguns segundos sobre o que eu tinha planejado dar-lhe de aniversário e sua típica modéstia foi ouvida, “Então eu pensei, gostaria que você ficasse com algo para lembrar de mim, você sabe, se você encontrar alguma veela quando você estiver fora fazendo o que quer que estiver fazendo”

Estremeci por dentro enquanto pensava na pequena Gabrielle dando em cima de Harry no dia anterior. Apesar de ela ter apenas onze anos, ela era parte veela e quase uma réplica perfeita da irmã mais velha. Eu não sabia se elas tinham o poder de sedução tão novas, mas eu não estava afim de dar-lhe chance e coloquei-a no lugar.

“Acho que oportunidades de namoro vão ser meio raras, para ser honesto”, Harry disse.

Eu não tinha percebido o quanto eu tinha me aproximado de Harry, ou talvez tenha sido ele que tenha se aproximado. Reconheci o seu toque quando ele colocou suas mãos nos meus braços, “Esse é o lado positivo que eu estava procurando”, sussurrei.

Os meses de separação, as semanas de anseio e o desejo de estar próximo por tanto tempo se esvaíram no exato instante em que nossos lábios se tocaram. E eu o beijava com mais intensidade e mais apaixonadamente do que jamais beijei-o ou a qualquer outra pessoa. Era um beijo de confirmação para um ao outro de que esperaríamos. Era um beijo de promessa, que nunca mais amaríamos outra pessoa. Era um beijo de adeus... a despedida propícia que nunca tivemos oficialmente...

Eu queria nunca ter que parar, nem mesmo para respirar, e se eu morresse naquele momento, teria valido a pena. Se parássemos, teríamos que retornar para a nossa miserável vida – um sem o outro. Se parássemos, estaríamos aceitando o fardo e o destino que se aproximavam rapidamente de nós. Se parássemos, estaria acabado... sem voltar atrás, sem segundas chances, só acabado...

Mas tão rapidamente quanto começou, o beijo teve que parar. A entrada mal-vinda de Rony nos separou. Recuei, voltando minhas costas para todos e olhando a janela. Senti as lágrimas se formando novamente e me negava a deixar Harry me ver daquele jeito.

“Te vejo mais tarde”, ele disse.

E saiu. E eu sabia que ele teria que ficar longe de mim, porque Rony o faria prometer, porque outra sessão como aquela e ele não conseguiria fazer o que lhe fora ordenado... Aquele foi nosso beijo de despedida, decidi. Finalmente, nosso beijo de despedida.

“Adeus”, pensei, e o peso da palavra caiu sobre mim, e eu caí de joelhos e comecei a chorar. Depois de alguns longos minutos, coloquei uma mão em minha cama, me levantei, e limpei as lágrimas do meu rosto.

Como eu ia conseguir passar por esse casamento sem recair de novo? “Da mesma forma que você tem feito nesse último mês. Sem chorar, sem pensar sobre isso... seja forte”.

O sentimento de solidão só aumentou quando o dia seguinte chegou e a cerimônia de casamento aconteceu. Não podia me livrar do beijo, a sensação de euforia que tinha me dado, a maturidade de tudo, o modo como uma mulher beijaria o homem pelo qual estava apaixonada.

Para ao lado de Fleur, imaginei que era eu o centro das atenções em um vestido branco, casando um homem com olhos verdes profundos, óculos e cabelos da cor de corvo que cobria a cicatriz em forma de raio cuja qual, por um dia, ninguém se importaria.

“Como a reunião da AD foi?”, Luna me perguntou, mais tarde, assim que me aproximei dela, “Eu estava com Papai quando recebi a mensagem de Harry. Alguém conseguiu ir?”

“Reunião da AD?”, ecoei.

“Recebi corujas de Simmas, Lilá, Dino e Neville”, falou, listando um monte de membros da AD original, “Eles sabiam que Harry estava aqui e concluíram que não poderiam mandar cartas para ele, então mandaram para mim”

Finalmente, entendi sobre o que ela estava falando. Quando Hermione me deu as moedas, eu tinha ligado a Moeda Mestre, inadvertidamente alertando a moeda dos outros. Imaginei minha moeda depositada no meu malão com o resto da coleção embaixo da minha capa de invisibilidade, “Hermione e eu estávamos olhando para elas. Luna, eu não tive a intenção de fazer todo mundo pensar que estávamos tendo uma reunião”

“Ah”, Luna fez, desapontada, “Tinha esperanças de que fôssemos recomeçar a Armada de Dumbledore. Foi muito divertido da primeira vez e aprendi muito”, ela pegou a moeda de sua bolsa e ergueu-a, o sol refletindo no ouro, “Papai disse que não vai demorar muito até que todos tenhamos que nos unir. É nosso destino”

Contemplei suas palavras, “Fique com ela, Luna. Nunca é ruim estar preparada”

Ela sorriu, satisfeita com a minha revelação, “Falei com Harry mais cedo”, falou.

Ninguém deveria saber que ele estava ali, mas eu não precisava passar os olhos pela multidão para encontrá-lo. Estava sentado numa mesa com Vítor Krum que tinha acabado de apontar na minha direção, e ele parecia perturbado. Krum levantou-se e saiu da mesa, deixando um Harry com uma expressão contrafeita para trás.

Fred e Jorge tinham afanado um pouco de cabelo de um ruivo do vilarejo e Harry estava disfarçado como um primo nosso. Mantendo as aparências, observei, “Harry não está aqui”

“Ah, sim”, retrucou, “Ele atende por Barney hoje. É por isso que você não está com ele?”

“Não”, falei, suavemente, “Nós terminamos”

“Outra mudança?”, exclamou, “Não consigo acompanhar o Barney hoje”


- Parte VIII -


E então veio uma batida no meu ombro e virei-me de Luna e suas inconfortáveis verdades para encontrar Lino Jordan em sua maravilhosa roupa azul. Era raro ver o amigo dos meus irmãos tão bonito. Quando eu era mais nova, acho que tinha uma quedinha por ele, tendo em vista que eu queria, constantemente, estar no mesmo recinto que ele e os gêmeos. Percebi, enquanto ele parava na minha frente, que esse sentimento não estava presente.

Apesar disso, cumprimentei-o com um sorriso, “Hey, Lino”

Ele estendeu a mão, “Se importa de dançar, Gina?”

Peguei sua mão quando uma dança lenta começou. Conduzindo-me para a pista de dança, perguntou, “Por que não está dançando com o Harry?”, antes que eu pudesse responder, ele prosseguiu, “E não me diga que ele não está aqui. Fred e Jorge me contaram que ele está disfarçado”

Suspirei, olhando na direção da mesa que Harry estava sentado com Krum, mas nenhum deles estava mais lá. Ele deve ter se esgueirado pela multidão para andar sem rumo. Suspirando novamente, falei, “Lino, nós terminamos”

Lino girou-me lentamente e riu, “Isso ainda não responde minha pergunta”, respondeu, “de por que você não chamou-o para dançar. Ele não tirou os olhos de você o dia todo”

Senti minhas bochechas esquentarem enquanto respondia, “Rony o fez prometer não tentar mais nada comigo”

“Desde quando você ouve o Rony?”, Lino perguntou, “Além do mais, vocês estariam apenas dançando. Não significa que vocês estariam se agarrando na frente de todo mundo”

Sorri e pensei, “Eu não teria tanta certeza”. Se começássemos a dançar, duvido que nos importaríamos com quem estava olhando. Eu, para começo de conversa, sabia que não conseguiria me segurar, “Só quero ser o que ele precisa”, respondi, “Me nego a ser a pessoa que seja um obstáculo para ele... obstáculo para ele...”

“Salvar o mundo?”, Lino terminou para mim, “Ele não é o único tentando vencer Você-Sabe-Quem. Estamos nisso juntos”

Girou-me uma vez mais antes de continuar, “Vi você crescer, Gina, e se tornar essa linda jovem. Vi você ter os gêmeos na palma da sua mão. Tenho visto o que você pode fazer com uma varinha, uma vassoura e ouvi o que você pode fazer ao Harry. Você é o que ele precisa. Por isso, acho que você merece uma dança”

Sempre foi extremamente fácil conversar com Lino. Ele tinha uma habilidade com palavras, provavelmente a principal razão por ele ser o favorito locutor de Quadriboll do nosso colégio, “Valeu, Lino”, falei.

“Antes que você vá, queria falar com você sobre uma coisa”, ele enfiou a mão no bolso de suas vestes e tirou a moeda da AD, “Sei que Hermione, Rony e Harry estão partindo. Você sabe por que isso me alertou na outra semana?”

Expliquei a ele o que Hermione tinha dito e como eu tinha ativado a moeda. Adicionei minha conversa com Luna, “O que você acha, Lino? Você acha que precisaremos recomeçá-la?”

Olhou em volta para se assegurar de que ninguém mais estava ouvindo e, depois, em uma voz abafada, ele sussurrou, “É bem pior do que muitas pessoas sabem. Os rumores que circulam por aí é que os Carrows vão lecionar em Hogwarts”

Ofeguei, recordando as histórias horríveis sobre Comensais da Morte, “Como descobriu isso?”

“Você anda pelos pubs por tempo o suficiente, pessoas começam a falar”, Lino retrucou, “O que quero dizer é que acho que é uma idéia ficarem unidos esse ano, mas tenham cuidado. Não é a Umbridge com quem estão lidando”

Pensei em como Lino não retornaria naquele ano, já que tinha se graduado um ano antes, “O que farão enquanto estamos no colégio?”

“Fred e Jorge têm uma idéia”, Lino disse, “Representaríamos a AD fora do colégio. Já que o Profeta Diário não reportara nada válido, queremos manter o povo informado. Ainda não pensamos nos detalhes, então pode demorar um pouco, mas prometemos manter-los informados de tudo, mesmo que estejam no colégio”

Ele me soltou quando a música mudou de ritmo, “Acho que é o momento para você procurar outro parceiro de dança”

Assenti e abri espaço pela multidão, pronta para encontrar Harry e convidá-lo para dançar comigo. Quando vi Rony dançando com Hermione, não me importei com o que meu irmão pensasse hoje. Eu merecia, pelo menos, essa atenção.

Luzes brilhavam enquanto pessoas tiravam fotos com seus amados. Desejei que Harry estivesse normal para que pudéssemos posar e documentar nosso momento juntos. Isso era outra coisa que não tivemos e algo que eu poderia usar durante as noites solitárias daquele ano. Pensando melhor, não pareceria inocente se um Comensal da Morte me pegasse com a foto.

Encontrei Harry conversando com Tia Muriel e Doge. Ouvi-o exclamar, “Os Dumbledores viveram em Godric’s Hollow?”, sua expressão era claramente magoada pela revelação.

Eu estava tentada a salvar Harry do ofensivo e rude comportamento da minha familiar, mas outra discussão às minhas costas tinha começado. Virei-me para ver Vítor Krum com sua varinha apontada para ninguém menos do que Xenófilo Lovegood. Vários dançarinos se afastaram, criando um pequeno círculo em volta dos dois bruxos.

“O que isso significa, jovem?”

A expressão de Krum se contorceu em ódio enquanto o misterioso símbolo que se assemelhava a um olho em volta do pescoço de Xenófilo levitou magicamente alguns centímetros acima do seu peito. “Como você ousa vir aqui usando o símbolo de Grindewald?”

Xenófilo agarrou o símbolo e abaixou-o de seu pescoço e ria como se tivessem pregando uma peça nele, “Querido garoto, você foi mal informado. Esse não é o símbolo de magia negra ou de bruxo de qualquer tipo”

“Não ria”, Krum ordenou, seu maxilar trincado, “Grindewald matou meu avô e esse era seu símbolo. Vou lhe mostrar o que fazemos com aqueles do meu país que acham que isso é uma brincadeira”

“Eu, certamente, levei a sério”, Xenófilo esclareceu, “Esse é o símbolo das Relíquias da Morte. Sente-se comigo e o informarei”

Krum ergueu a varinha, mas Fleur entrou no pequeno círculo. Ela colocou sua mão sobre o braço estendido de Krum e abaixou-o, sussurrando algo que eu não conseguia ouvir em sua orelha. Ele fez uma carranca e guardou sua varinha, sumindo entre a multidão minutos mais tarde.

Foi então que um facho prateado passou veloz por mim, e um lince estava empoleirado bem no meio da pista de dança. Saindo a voz do patrono, um efeito que Hermione ainda tinha que dominar, veio a voz de Kingsley Schaklebolt.

“O Ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão vindo”

Berros de todos os convidados da festa ecoaram enquanto a música parava abruptamente. Pânico e pandemônio se instalaram. Assisti Xenófilo agarrar Luna e aparatar da pista de dança e percebi que nossos feitiços protetores tinham sido quebrados. Arrependi-me de ter deixado minha varinha dentro da casa por não ter achado um lugar confortável onde guardá-la.

Temerosa, procurei pela multidão, berrando, “HARRY!”. Meus olhos estavam cheios de medo, enquanto eu repetia seu nome ainda mais alto. Dei um passo, mas tropecei, cai no chão e tentei me proteger dos pés que vinham. Antes que eu pudesse cobrir minha cabeça, algo duro bateu contra a minha têmpora violentamente e desmaiei.


- Parte IX -


“Não minta para mim! Travers viu seu filho aparatar da multidão!”, falou uma voz que eu não reconheci.

“Ele tinha cabelo ruivo?”, Fred perguntou, “Sardas? Alto e muito magro?”

“Como todos os Weasleys?”, Jorge acrescentou.

Por que estava tudo escuro? Meus olhos estavam tão pesados. Desejei poder abrí-los. Desejei poder ver o que estava acontecendo.

“Isso não é um jogo!”, a voz desconhecida disse, “Seria sábio tratar essa situação com seriedade”

“Yaxley”, falou outra voz desconhecida, “Eles estão falando a verdade. O garoto está lá em cima, na cama”

A primeira voz que eu ouvi respondeu, significando que ele devia ser o Yaxley, “Tem certeza de que é ele?”

“Se você quiser dar uma olhada mais de perto, Yaxley, sinta-se à vontade, mas eu não tenho a mínima intenção de me contaminar”

Abri meus olhos lentamente e olhei de soslaio. A luz da janela brilhava diretamente no meu rosto. Tentei me mexer, mas eu estava presa numa posição, sentada. Minha cabeça doía como se eu a tivesse batido, o que, provavelmente, era o caso.

“Algum sinal do Potter?”, Yaxley perguntou ao outro homem.

O homem sacudiu a cabeça, “Procuramos por todos os cômodos. Nada. Ele não está aqui”

“Onde está Harry Potter?”, Yaxley se abaixou para encarar meu pai rosto no rosto.

“Não sei”, Papai falou, “Já lhe disse”

“Conveniente”, Yaxley replicou, “É bem conhecido que seu filho é muito amigo do jovem Potter. E rumores dizem que sua filha”, gesticulou na minha direção, “e ele têm uma relação especial”, virou-se do meu pai e encontrou meus olhos, “Ah, vejo que você finalmente decidiu se juntar a nós”

“Harry e eu namoramos por menos de um mês”, respondi, grogue, a dor na minha cabeça fazendo com que eu visse manchas, “Nós terminamos. Se quer informação sobre onde ele está, eu sou a última pessoa para quem deveria perguntar”

A boca de Yaxley lentamente formou um sorriso e ele rapidamente apontou a varinha para mim. “Crucio!”, berrou, antes que qualquer um pudesse reagir.

Nunca senti tanta agonia do que enquanto estava sob a tortura. A dor pulsava por cada parte de mim, comendo meus músculos, deslocando meus dedos dos pés e das mãos. Em meio ao tormento, ouvi meus irmãos e meu pai berrando obscenidades.

Quando Yaxley terminou a tortura, abaixou-se como fez com o meu pai e encarou meus olhos vidrados, “Permita-me repetir, criança: onde está Harry Potter?”

Meus olhos se encontraram com o de Papai enquanto Yaxley olhava para ele e movi minha cabeça uma fração, indicando que ele não revelasse nada por minha causa. Eu poderia agüentar o que quer que esse cara tivesse.

“Não sabemos”, Papai repetiu.

“Quero ouvir de você”, Yaxley sibilou enquanto colocava a maldição em mim, novamente, tentando me quebrar, tentando me fazer falar.

Eu devia ter mordido a língua com força, porque senti o gosto de sangue e senti o líquido quente escorrendo em minha bochecha, pingando do meu rosto e manchando a roupa nova que eu estava usando, “Não sei”, murmurei.

“Onde ELE está?!?”, ele berrou e repetiu a ação.

EU NÃO SEI!”, guinchei, meu cabelo bagunçado e meus olhos vidrados, “Ele quebrou meu coração! Deixou-me para trás! Por que DIABOS eu saberia ou me importaria com onde ele está?”, minha respiração saiu em ofegos pesados enquanto minha cabeça e corpo pulsavam em dor. Tinha certeza de que tinha uma concussão.

Os olhos de Yaxley brilharam e ele sorriu, satisfeito com a minha dor e o meu tormento. Gesticulou para os outros membros da interrogação, “Acabamos. Se ela soubesse, teria falado. Ela não sabe”

Mamãe tratou de minhas feridas mais tarde, curando meu crânio e reparando minha língua. Enquanto ela trabalhava, pensei sobre o que eu tinha falado para Yaxley sob a influência da Maldição Cruciatus. Certamente tinha sido uma mentira para proteger Harry, mas não consegui ignorar o sentimento de honestidade por trás das palavras.

Eu, definitivamente, me importava com onde ele estava. Não havia dúvida em minha mente sobre isso. Me importava demais para o meu próprio bem, mas o ressentimento tinha vindo à superfície inesperadamente. Estava brava por ter sido deixada para trás. Eu nem mesmo me importava que eu estava presa naquela casa enquanto ele estava lá fora batalhando para salvar a todos nós... ele tinha me abandonado no quesito informação... e tudo o que eu queria era saber o que estava acontecendo ao homem que eu amava.

Antes de me entregar ao sono e aos pesadelos que, certamente, o seguiria, senti uma necessidade imensa de me provar para Harry. Eu não era mais aquela garota pequena e frágil que ele resgatara da Câmara.

A infiltração na nossa casa não tinha sido isolada. Todas as casas no país conectadas à Ordem foram invadidas e todos os ocupantes tinham sido interrogados de maneira semelhante. Nenhum Harry Potter tinha sido encontrado e, afortunadamente, nenhum caso além de corpos doloridos.

A tomada do Ministério ocorrera de maneira rápida e silenciosa. Poderia até mesmo ter sido relativamente desconhecida se Kingsley tivesse sido pego. Ele era afortunado já que ele quase tinha sido a primeira vítima do taboo. Thicknesse foi apontado como a marionete controlada pela maldição Imperius e Yaxley fora promovido a Diretor do Departamento de Cumprimento da Lei Mágica.

Alguns dias depois do ataque à nossa família, sentei na cozinha almoçando e lendo O Pasquim que Luna tinha entregado algumas horas mais cedo. A primeira página tinha um Harry de aparência horripilante e a manchete “O MENINO-QUE-SOBREVIVEU NÃO TEVE NADA A VER COM O ASSASSINATO DE DUMBLEDORE”. Dentro, Xenófilo recontou a versão de Harry do evento da morte do Diretor.

Minha família tinha estado muito ocupada naqueles últimos dias. Papai, que queria continuar no Ministério, tinha conseguido manter o emprego. Gui e Fleur tinham ido para uma muito curta Lua-de-Mel em Iceland. Mamãe e eu ficamos para tomar conta da casa.

Carlinhos, os gêmeos e Lino foram designados para um trabalho especial. Já que o Ato de Registro dos Trouxas tinha sido aceito, professora McGonagall tinha passado uma lista de todos os alunos trouxas para eles. O trabalho deles era encontrá-los e transportá-los para um lugar seguro.

Fred e Jorge entraram abruptamente na cozinha, parecendo satisfeitos. Coloquei minha cópia de O Pasquim na mesa e deixei cair meu parcialmente comido sanduíche no prato.

“Como a missão foi?”, perguntei, pensando nos meus amigos que teriam que se esconder e não poderiam voltar para Hogwarts. Dino, Collin, Denis, para mencionar alguns, “Para onde vocês os levaram?”

“Gostaríamos de poder te contar”, Jorge respondeu, “Apenas saiba que todos estão perfeitamente seguros contanto que o Fiel do Segredo não seja pego”

“E não será”, Fred continuou, “Nós o proibimos de deixar a casa”

“Quem é o Fiel do Segredo?”, perguntei.

“Colin”, eles responderam, juntos.


- Parte X -


“O quê?”, berrei, “Ele é menor de idade, como eu! Por que os pais dele não podem?”

“Não funciona em pessoas não-bruxas”, Fred disse.

“E não importa que idade seja, contanto que ninguém chegue ao Fiel”, Jorge rebateu, “E o senhor e a senhora Creevey insistiram, dizendo que se iam percorrer trilhos subterrâneos, eles tomariam as decisões”

“Mas...”, gaguejei, tentando encontrar uma razão para Colin não fazê-lo, mas não encontrava nenhuma. Se fosse eu e tivessem me dado a escolha, teria feito a mesma coisa.

“Quando chegamos lá, eles já estavam refugiando alguns trouxas do seu ano”, Fred informou, “E tendo em vista que era muito arriscado usar qualquer casa usada pela Ordem, os Creevey estavam mais do que dispostos a oferecer sua ajuda”

“Eles tem suprimentos o suficiente para durar três meses”, Jorge disse, “Quando precisarem de mais, Colin entrará em contato”, ele ergueu sua moeda da AD e sorriu, “Armada de Dumbledore de volta à ação”

“Colin pediu para que transmitíssemos suas desculpas por não poder comparecer ao colégio com você”, Fred falou, “Mas ele pediu para você dar o inferno aos Carrow por ele”

Eu estava impressionada. Colin tinha mudado muito do irritante garotinho fã-do-herói. Ele estava se tornando um jovem corajoso, agindo como um verdadeiro grifinório. Isso me fez coçar para fazer alguma coisa, qualquer coisa, pela Resistência.

“E o Dino?”, perguntei, pensando no meu ex-namorado.

“Ele não estava lá”, Fred respondeu.

“A mãe dele disse que ele empacotou algumas coisas e fugiu”, Jorge disse, “Garoto esperto, sabia exatamente o que esse Ato significava para ele. Gostaria que ele tivesse ficado mais um dia só. Poderíamos ter usado sua ajuda”

“Encontraram a Delia?”, perguntei.

Fred e Jorge assentiram, mas não responderam. Eu podia perceber, pela sua falta de informação, que algo ruim tinha acontecido à minha outrora companheira de quarto.

“Mas ela não tem usado mágica por um ano, mais ou menos”, exclamei, “Deixou o colégio. Queria voltar para sua vida normal. Por que foram atrás dela?”

Suavemente, ele respondeu, “Ela pode não ter ido ao colégio por um tempo, mas eu não estaria tão certo em relação a sua outra suposição”

“Nós a encontramos”, Jorge disse com tanta delicadeza quanto podia, “com a varinha bem ao seu lado”

“Pelas evidência, ela agüentou uma boa luta”, Fred explicou, “Tinha muito sangue, mas não pertencia nem a ela, nem a sua família. Eu detestaria ser o Comensal da Morte que ela amaldiçoou”

“Ela... lutou?”, questionei.

“Parece que você a subestimou”, Jorge disse, segurando minha mão para me confortar.

Eu nunca me acostumaria com a sensação de pesar e rezei, mentalmente, para que nunca me acostumaria. Podia doer ter emoções, mas era isso o que me separava daqueles monstros que as causavam. Um gigante desejo de providenciar justiça pela minha amiga tomou o controle. Essa guerra acabaria? Harry encontraria uma maneira...?

Recusei-me a chorar, ao invés disso, deixei meu interior lhe dar com o impacto da dor, “Vocês os encontraram?”, perguntei, sabendo que meus irmãos saberiam a quem me referi.

Nós não encontramos”, Fred retrucou, "Mas Lupin acabou de voltar do Largo Grimmauld e os encontrou lá”

Isso me surpreendeu e eu coloquei a expressão facial adequada, “Achei que não fosse seguro lá”

“Existem Comensais da Morte esperando na rua”, Jorge explicou, “Porque Snape não revelou o segredo ainda está além da minha compreensão”

“Talvez esteja se sentindo culpado?”, Fred sugeriu.

“Aquele estúpido falso?”, Jorge perguntou.

“Não”, falei, “O que quer que seja, não é remorso”

Ficamos em silêncio por vários minutos e eu processei a informação que tinha acabado de ser revelada para mim. A guerra tinha começado há muito tempo atrás, mas estava finalmente alcançando todos os aspectos da minha vida.

Fred, sem aviso, acenou com a varinha e uma caixa muito bem embrulhada apareceu na mesa. Uma etiqueta estava marcada com as palavras, “Feliz aniversário, Gina. Com amor, Fred e Jorge”.

“Meu aniversário só é na próxima semana”, falei, apesar de não esperar nada de ninguém. Tinha muitas coisas acontecendo com o que se preocupar, fora o meu aniversário.

Jorge empurrou o presente para as minhas mãos, “Queríamos te dar esse mais cedo”, ele disse.

“Não é um presente muito pessoal”, Fred explicou, “mas achamos que você poderia usar isso no colégio”

Desembrulhei o papel para revelar uma arca feita manualmente de madeira. Ergui a tampa. Dentro tinha uma dúzia de espelhos de bolso. Peguei um e, curiosamente, estudei meu reflexo.

“Desenvolvemos uma linha desses para o lançamento de Julho”, Jorge disse, “Eles deveriam ser nossas grandes vendas do verão”

“Por motivos óbvios, irmã querida, fechamos as portas por tempo indefinido para perseguir metas mais heróicas”

Cada um pegou um espelho e enfeitiçaram, “Speculum!”

“Oi, Fred!”

“Oi, Jorge!”

Com cada fala, os espelhos também tinham proclamado suas palavras em uníssono. Fred entregou seu espelho e vi a inegável imagem de Jorge.

“Desculpe, Gina, eu sei que eu estou com uma aparência horripilante, mas ainda não consegui arrumar a orelha”, Jorge sorriu, pressionando a palma da mão contra o lugar onde sua orelha deveria estar.

“Espelhos de duas faces”, sussurrei.

Fred e Jorge enfeitiçaram, “Finite Speculum”, e o espelho voltaram a sua forma normal. Colocaram os objetos dentro da arca com o resto deles.

“Instruções estão no fundo”, Fred disse.

“Para o caso de precisar?”, perguntei.

“Não”, Jorge retrucou, “Você vai precisar disso”

“Ponto final”, Fred terminou.

Enquanto Agosto caía no esquecimento e a notícia fora revelada de que Severo Snape seria o novo Diretor, sabia que não importava quem eu estava ou não namorando. Enquanto eu me levantasse contra o homem mais perverso do mundo bruxo e me negasse a respeitar o assassino de Dumbledore, não estaria a salvo. O desejo de Harry de me proteger era uma realidade que não poderia acontecer. Fomos tolos por acreditar que aconteceria.

Pisando na King’s Cross no dia 1º de Setembro, notei que a multidão estavam bem menos espessa do que o normal já que os nascidos trouxas não estavam presente. Cada sonserino que passava estava com uma expressão arrogante no rosto.

Juntei-me a Neville e Luna, sem dizer uma palavra, mas deixando um silêncio compreensivo passar por nós três. Apertei a moeda da AD na minha mão, apertando os números de série para alertar qualquer membro que ainda possuísse sua moeda que nós estávamos nos rejuntando. Deslizando a moeda de volta para o meu bolso, sabia qual seria o meu lugar no destino que se aproximava rapidamente.

Continua...


N/A: Gente, que capítulo perfeito!!
Juro, eu amei!
Tudo pelo o que a Gina passou... o beijo dela e do Harry!
A tortura...
E as promessas para o próximo capítulo! ;D
Começarei a traduzir o capítulo 14 em breve, mas, enquanto o capítulo 14 não vem, eu quero ver os comentários de vocês sobre esse capítulo, ouviram? :D
E, como o Justin disse, lá em cima, se você gostou, passe para um amigo! Se não gostou, passe para um inimigo que prometo que ele vai achar a leitura tão desprazerosa quanto você! :)
Hauihauiahiahuauihaiha
Então, é isso, gente!
Vou responder aos comentários...


Janaina Potter - Aqui está o próximo capítulo! E teve outro beijo! Gostou?
Hellzita - Bem-vinda! Que bom que você gostou da fic! O Justin realmente mandou muito bem com essa fic! O que achou do capítulo 13?
Carolz - O Justin realmente escreveu muito bem, não foi? Aguardo sua opinião sobre esse capítulo! ;)
Lola Potter - Aqui está o novo capítulo!!! Não teve muita H/G, mas eu achei lindo! E você?
Tatiane Evans - Essa fanfic é mesmo gigantesca! Mas vale muito a pena, não vale? ;D Ah, então você é do PV? Dá uma lidinha na minha fanfic Ted/Victoire! Chama “Oferta Irrecusável”! ;) Quero saber o que você achou desse novo capítulo, ouviu? :)
Jessica - O capítulo 12 é mesmo fantástico! Adorei! A fic vai até o capítulo 20! Então, temos mais 7 ainda! ;D Obrigada! Espero que tenha gostado do novo capítulo!
NATALIA REIS - Eu também fiquei emotiva depois desse capítulo! Espero que tenha gostado do novo tanto quanto do anterior!! :D
Juliete Weasley Potter - Obrigada! É muito prazeroso saber que a tradução está bem feita!! Concordo plenamente, quando li essa fanfic em inglês, pensei ‘alguém TEM QUE traduzi-la’! Aqui está o novo capítulo!
Gina_ - Posteeeei! ;)
Fl4v1nh4 - hauihaaa. Aqui está o novo capítulo! Espero que tenha gostado, moça!!

Um beijo para todos!!
Aguardo pelas reviews!!
Gii.

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