Salve-me



Capitulo doze
Salve-me...



Um diário aberto; o vento folheava suas páginas ao entrar pela janela aberta sobre uma cama solitária dentro de um quarto hostil e vazio.

**

Ela fechará os olhos de uma forma tão dura e penosa como se aquele simples gesto lhe propusesse dor, tal gesto a fez derramar uma lágrima silenciosa que correu pela sua face pálida e sombria. Pansy fitava o teto vazio e sombrio de seu quarto enquanto os roncos sonoros eram quase abafados pelos grossos travesseiros de suas companheiras. Ela fitava o teto enquanto se perdia em lembranças de seus anos felizes.
- Alguém me ajude. – sussurrou para si mesmo no mais inaudível som, no qual somente a si mesmo pudesse escutá-lo, ainda assim muito longe. E mais uma vez outra lágrima correu por sua face pálida enquanto seus cabelos se perdiam pelo travesseiro e seus olhos turvos e opacos se enchiam de lágrimas solitárias e sofridas, naquela silenciosa manhã enquanto um diário estava aberto sobre si.

**

Um homem limpava um copo grande sujo com um pano mais sujo ainda. Seus olhos severos e miúdos observavam atentamente um jovem de dezessete anos, sentado numa mesa circular e solitária. Enquanto ele servia cerveja-amenteigada para algumas pessoas ali, ele não tirava os olhos do rapaz que trajava vestes de sua casa, Sonserina. Parecia aborrecido e irritado com alguma coisa. Murmurava coisas sem sentido ou dava pequenos baques com os punhos fechados sobre a mesa de madeira velha. Ele respirava pesadamente e bufava como um leão preparando um ataque a sua presa. Bebia de longos goles um líquido avermelhado em sua caneca grande e derrubava a mesma num baque surdo, levando o braço direito com agressividade aos lábios, limpando-os. Seus olhos vagavam pelo nada a sua frente como um gorila enjaulado esperando para suas grades serem abertas. Ele se levantou cambaleando. Alguns homens, numa mesa próxima, levantaram rapidamente para ajudar o jovem rapaz. Este resmungou irritado ao sacar a varinha e ameaçar quem o tocasse. Os homens se afastaram, mas nada disseram. O jovem bateu com a caneca sobre o balcão do barman que o olhava severamente sem perceber que limpava o mesmo copo já havia uns quinze minutos. Ele encarou os olhos miúdos do barman, riu ironicamente. Voltou-se para os demais no Cabeça de Javali. Em seguida saiu pesadamente e cambaleando pelas ruas apinhadas de gente em Hogsmeade.
Ele chegou derrapando e caiu na frente dos portões de Hogwarts depois de uma longa caminhada que havia dispensado o Coche. Levantou-se resmungando e irritado. Sacou a varinha, balançando freneticamente e feroz a sua frente.
- BOMBARDA! – urrou ao apontar para o portão, mas este não se moveu um milímetro. Ele levou a varinha até as vistas e a olhou como se fosse algum aparelho domestico de trouxa que não funcionasse. Bateu com ela sobre as vestes como quem limpava alguma coisa e levantou novamente contra os portões. Mal conseguia se manter em pé, via os portões se mexendo em suas vistas. Balançou a cabeça como quem espantava uma mosca, bufando irritado. – BOMBARDA! – urrou novamente, mas nada acontecerá. Um velho vinha gingando pelos gramados pesadamente e apressado enquanto o rapaz continuava a atacar o portão como se o mesmo cedesse em algum momento, parecia que ele tinha o tempo todo, não era necessário esperar, alguma hora o portão cederia.
- O que esta fazendo?! – ralhou o velho aos berros. O rapaz o olhou por um momento como se não se lembrasse de quem lhe dirigia a palavra. De repente ele arregalou os olhos, feliz, esboçando uma boca cheia de dentes, com uma animação excessiva.
- Filch! Meu amigo! – falou numa voz embargada e enrolada. Filch o olhou de um modo assassino ao abrir os portões para o jovem que entrou tropeçando num galho de árvore no meio do caminho e quase caindo por cima de Filch, que este, deu um passo para o lado rapidamente enquanto o rapaz se segurava nos portões.
- Volte logo para sua casa! – rosnou. – E tire esse cheiro forte de bebida antes que o professor Snape o pegue.
- Snape?! – ele falou como se não lembrasse, pensativo e pausadamente. – Ahh ééé... – ele disse ao começar a andar cambaleante enquanto Filch vinha atrás a passos cautelosos.
- Os duelos estão para começar e sua equipe talvez esteja esperando pelo senhor. O Senhor Malfoy... – Zabini rodou nos calcanhares sacando a varinha e apontando-a ferozmente para o peito de Filch, o jovem rapaz pareceu ser tomado por uma personalidade horrenda, e urrou:
- NÃO OUSE FALAR ESSE NOME NA MINHA FRENTE! – eram as únicas palavras, desenfreadas e cortantes que ele conseguiu berrar mostrando o tamanho de sua fúria; apontado a varinha ameaçadora para o velho. Este o olhou de um modo atônito, mas sua surpresa para o comportamento do garoto a sua frente passou rápido. Zabini o encarava. Filch se aproximou cautelosamente.
- Resolva o que tem que resolver de uma maneira cautelosa. – disse ao deixar o rapaz sozinho no gramado de Hogwarts. Este abaixou a varinha respirando pesadamente. Ele caminhou desoladamente pelos gramados até chegar onde alguns alunos estavam, os olhou de longe respirando pesadamente o ar denso. Abaixou os olhos para a varinha em sua mão.
- Ele se diverte enquanto jogou todos na lama. – disse uma voz atrás do garoto. Zabini se virou e deparou-se com Pansy as suas costas. – Ele nos traiu. E agora esta lá, brincando com uma Grifinória. – Zabini encarou Pansy por alguns instantes, o olhar da garota era cheio de desprezo e ódio, uma fúria que se mostrava através de suas pupilas sem se importar em escondê-la. Ela se aproximou a passos devagar, do rapaz. – Você nunca conheceu uma figura paterna, não é Zabini? Quando sua mãe conheceu o senhor Adolf Biggerstaff, ele pareceu a você como um grande pai, não é verdade? – ela dissera. Zabini abaixou a cabeça e olhou mais uma vez para a varinha em suas mãos. – E agora ele foi preso pelos porcos do Ministério da Magia e quem... Me diga! – ela acrescentou ao fazê-lo encará-la quando ela ficou a sua frente. – Quem estava com a tarefa nas mãos para um grande triunfo, para acabar de vez com as esperanças dos admiradores de Alvo Dumbledore? Quem estava com tudo nas mãos para poder armamos um plano depois da grande catástrofe em Hogwarts e tirá-los de lá? Quem?! – ela rosnara as ultimas palavras. O rapaz a encarava com uma leve ruga interrogativa. – Zabini... – ela disse de mancinho para com uma criança tocando-lhe de leve no ombro, como amigo. – Me ajude que eu o ajudarei. – sua voz soou sombria, porém solene. Zabini tirou a mão de Pansy de seu ombro, a garota franziu o cenho.
- Faça como você quiser... Não tenho mais nada a ver com isso. Resolverei o que tenho com ele a minha maneira. – disse ao deixá-la sozinha. A garota o viu atravessar os gramados até o castelo com um olhar cabisbaixo, porém furioso.

Um rapaz de aparência dezessete anos de idade, cabelos aloirados e lisos, tão lisos e delicados quanto seda, caiam levemente sobre seu rosto pálido e sobre seus olhos azuis acinzentados. Estava deitado, fitando o teto negro de seu quarto na Sala de Monitoria-Chefe de Hogwarts. Seu semblante, incógnito, perdia-se em pensamentos dos últimos acontecimentos de todo o ano que passou. Perdia-se, absorto, durante as lembranças das pessoas que conhecerá durante este mesmo ano, indiferente ao dia que amanhecia lá fora e o sol raiando alto sobre as soleiras das montanhas e das torres, imponentes e esbeltas do grande castelo, iluminando os cantos sombrios e hostis daquele quarto. Ele sentou-se na cama, ainda parecendo indiferente ao dia, enquanto seus olhos pareciam vagar pelo local, como se olhasse o nada a frente. Andou a passos apressados pelo mesmo, matutando, pensando, consigo, intimamente. Guardando para si, qualquer que fosse suas idéias, objetivos, para aquele dia. Foi ao banheiro e tomou um banho longo e frio. Ficou mais de uma hora sob a ducha fria deixando a água cair sobre seu corpo nu. Com as mãos apoiadas na parede, de cabeça baixa, ele ainda estava absorto em seus pensamentos enquanto sua visão muitas vezes ficasse turva pelas gotas da água que escorriam sobre seus cabelos. Saiu do banheiro, trajou suas vestes cuidadosamente. Abriu a porta do quarto num só gesto bruto, sentiu o ar frio e cortante esmurrar seu rosto pálido.
Seus passos eram apresados, porém destemidos e autoritários. Já havia alguns alunos vagando, sonolentos e alguns sem rumo, pelos longos corredores da escola. Passou por alguns quase voando. Dirigiu-se até sua casa, passou pelo buraco do retrato rapidamente. Alguns alunos já se encontravam na Sala Comunal da mesma e o olharam de esgoelar, curiosos em saber o que o Monitor-Chefe fazia ali, naquela manhã. Ele subiu as escadas de dois em dois a passos largos. Adentrou num dos quartos à esquerda. Dirigiu-se a cama mais próxima e...
- Levanta! – disse sua voz grave e cortante, alta o bastante para que os outros alunos do quarto acordassem abobados e sonolentos. Alguns já estavam se sentando nas camas e esfregavam os olhos para fazerem os mesmo se acostumarem com os raios de sol que adentravam o quarto moribundo.
- Hã? – fez um rapaz de cabelos negros e olhos muito azuis olhando para um Draco fora de foco. Ele esfregou as mãos nos olhos e encarou o amigo sério. – Draco? – exclamou ele. – O que faz aqui? – Draco não respondeu. Pegou as vestes do amigo em cima da cama do mesmo e o jogou para ele.
- Veste logo isso. Tenho algo que quero falar. – disse ríspido. – O restante, pode ir dormir. Não há nada para vocês. – sua voz soou desafiadora, o que fez alguns garotos no quarto resmungarem algo enquanto retomavam o caminho do sono. Thomas Rivert trajou suas vestes lenta e penosamente, como se fosse um ritual sagrado. Assim que Tom se vestiu e ainda com uma cara sonolenta e amassada, foi praticamente arrastado do quarto masculino da casa Sonserina. Os dois seguiram a passos rápidos pelos corredores a caminho da sala de Monitoria-Chefe. Ao cruzar um corredor se depararam com Zabini, seus olhos furtivos metralharam Draco. Ele segurava a varinha firme no punho quase branco de tanto apertá-la com força. Ele veio caminhando a passos pesados até chegar perto do rapaz levando a varinha até o pescoço do amigo. Draco não se moveu.
- Opa! – fez Tom. – Gente, calma. Vamos conversar! – falou nervoso olhando para os lados tentando se manter entre os dois.
- Vamos resolver isso agora! – rosnou Zabinir quase cuspindo na cara de Draco, que o olhava indiferente. – VAMOS! – berrou. Draco sacou a varinha.
- Draco!! – exclamou Tom exasperado. – Zabini está fora de si! – Zabini lançou um feitiço em Tom o jogando contra a parede de forma bruta fazendo o amigo cair no chão pesadamente. – Ora, seu! – urrou o rapaz ao se levantar de um salto sacando a varinha.
- NÃO SE ATREVA A ME INTERROMPE, RIVERT OU VAI SOBRAR PRA VOCÊ! – gritou Zabini possesso apontando a varia descaradamente para Tom que o olho sobressaltado. Draco deu um esbarrão em Zabini para que o mesmo saísse de sua frente, ainda com a varinha em mãos. Foi caminhando apressadamente à frente com Zabini em seus calcanhares.
- ESPEREM! – gritou Tom se escorando na parede com as mãos na barriga. – Aonde vocês vão?! – mas nenhum dos dois respondeu. – Droga... – bufou o rapaz ao caminhar lentamente ainda se escorando na parede.
- Tom?! – exclamou uma voz a suas costas. Tom virou-se.
- Sam! – gritou pelo amigo. – Vai atrás de Draco e Zabini! – disse rápido de uma forma desesperada.
- O que aconteceu?!
- Zabini vai fazer besteira. Anda logo! – berrou enquanto empurrava o amigo para que o mesmo o deixasse ali. Sam sacou a varinha.
- Pra onde eles foram?
- Eu não sei! Mas acho que vão lá pra fora! – rosnou enquanto apontava o caminho. – Cara, ele me atacou feio... – disse ele fazendo cara de dor enquanto se escorregava na parede ao chão. Sam olhou para o amigo uma última vez e saiu correndo pelos corredores. Passou cruzando alguns enquanto esbarrava em algumas alunas do quinto ano da Lufa-lufa.

Ann abriu os olhos e se deparou com o teto do dormitório feminino da casa Grifinória. Levou a mão direita aos olhos, fechando e os abrindo novamente como se quisesse que os mesmo se acostumassem à luz do sol que entrava pela janela do quarto. Sentou-se na cama e correu os olhos pelo local, viu Gina dormir sonoramente na cama ao lado assim como as outras garotas que habitavam o mesmo naquela manhã silenciosa. Ela bufou deitando novamente, amaldiçoando a falta de sono que a fez acordar tão cedo. Mas ficar de olhos abertos deitada na cama escutando o ronco dos outros no mesmo lugar, não dava muito certo. Sentou-se mais uma vez bufando. Levantou-se e arrumou-se para sair. Desceu as escadas para a sala comunal, já havia alunos presentes. Ela passou sem dar muita importância ao burburinho de alunos aglomerados no quadro de avisos da casa. Passou pelo buraco do retrato tomando ciência do frio cortante que rondava aquele corredor. Deu um passo a frente para seguir seu caminho quando levou a mão ao peito. Parou.
- Hum? – fez ela. – Que sensação estranha... – falou sozinha sentindo uma pequena palpitação no peito. Não deu importância e saiu andando para o salão principal.
Ela cruzou um corredor quando esbarrou em alguém que vinha apressado.
- Eita! – rosnou ela. – Olha pra onde anda! – O rapaz da Sonserina bufou ao lança-lhe um olhar de desprezo. Ann notou que ele estava com a varinha sacada. – Olha, vê lá o que você vai fazer com isso, eu só esbarrei em você! – disse rapidamente levantando as mãos para o auto. O rapaz apenas a ignorou e seguiu seu caminho. Ann franziu o cenho. – Que garoto mais irritado... O que ta acontecendo? – perguntou a si mesma ao descer as escadas e ver uma aglomeração de alunos correndo para fora do castelo. – Não passa um único dia sem que esse povo faça um alarde não? – dizia enquanto seguia a passos lentos seguindo a aglomeração de alunos, interessada. Desceu as escadinhas de pedra e olhou em volta, havia bastante alunos espalhados e comentavam aos cochichos uns para os outros e apontavam para um lugar. Ann caminhou franzindo o cenho para onde eles estavam apontando.
- Theron! – chamou uma voz alta e irritada a suas costas. Ann virou. Um garoto da Sonserina se aproximava. Ann franziu o cenho. “Qual era mesmo o nome dele?” pensou ao se perguntar.
- Vai lá parar seu namorado! – ele rosnou assim que chegou perto dela quase cuspindo as palavras, estava bem alterado. “Ah! É, o nome dele é Tom”.
- Mas heim!? – exclamou ao digerir as palavras que ele havia dito “Namorado?” ela franziu o cenho. – Namorado? Eu não tenho namorado... – Tom agarrou-lhe o braço de forma bruta, ele estava mais pra cuspir fogo e saiu arrastando a garota por entre a aglomeração de alunos. Ann tentava se soltar. – Hei! Pára com isso, eu nem te conheço direito e eu não tenho namorado! Me solta! – berrava, mas o rapaz não a soltava. Pararam abruptamente e ele segurou o queixo da garota a fazendo-a olhar. Ann arregalou os olhos. – Draco?! – exclamou.
- É! – respondeu Tom ao seu lado. – Agora, vá lá parar seu namorado! – berrou perto do ouvido de Ann, esta teve que levar as mãos aos ouvidos. “Ele não sabe que isso pode causar uma gravidade nos tímpanos de alguém?!”
- Ele não é meu namorado! – berrou da mesma forma que ele. Ele a olhou de esgoelar num misto de desprezo, como se ela não estivesse a sua altura para berrar, muito menos com ele. – E não me olhe desse jeito. O amigo é seu!
- Até onde eu sabia, ele era seu namorado. Agora vá lá!
- Eu não tenho que fazer nada! Se ele quer se matar que ele faça bom proveito! – rosnou enquanto batia o pé e saia dali. “Era só o que me falta, salvar Draco... esse povo hoje levantou querendo tirar uma com a minha cara... Não deveria ter levantado tão cedo...”. Um grito horrendo e várias garotas gritando pedindo socorro ecoou pelos gramados. Varias pessoas começaram a correr, a maioria numa mesma direção: ao contrário de Ann, que voltava para o castelo. Outras correram para o castelo desesperadas. – Mas o que...? – ela virou-se e viu Draco no chão. Alguns garotos da Sonserina que faziam parte da equipe de Draco correram em direção ao amigo. Um deles fazia um cerco com a varinha enfeitiçando para que as pessoas não se aproximassem. Zabini estava sangrando e estava se debatendo no chão como se tivesse se queimando por dentro. Pansy estava ao lado de Draco, chorando descabelada e desesperada. Ann viu quando o garoto que esbarrara nela mais cedo, segurava Pansy pela cintura a tirando dali. Ann sentiu um empurrão para o lado. Alguns alunos que correram para dentro do castelo estavam voltando com algumas figuras imponentes que Ann notou serem os professores.
- Ann! – disse uma voz ofegante a suas costas. Ann virou-se.
- Hermione! – exclamou.
- O que está acontecendo?! – perguntou e a suas costas vinham Rony e Harry, curiosos.
- Eu não sei! – respondeu. Começou a sentir uma vontade de ir até lá. De ver como ele estava. Mordeu de leve os lábios inferiores. “Mas o que eu estou pensando...” balançou a cabeça negativamente.
- Saiam da frente! Saiam da Frente! – berrava a voz de Tom com a varinha levantada para dar passagem aos professores que passavam com os dois alunos acidentados.
-... esse Duelo de Prata só serviu como exemplo pra esses alunos se matarem a qualquer hora! – rosnava Minerva entre dentes enquanto passava com mais dois professores para dentro do castelo sendo seguidos por mais duas macas que carregava os dois alunos. Zabini gemia de dor enquanto Draco permanecia inconsciente ao passar por Ann, Hermione, Rony e Harry. Ann tocou de leve a mão de Draco que estava pendendo da maca, que flutuava.
-... eles iriam se matar cara, eu vi! – dizia um dos alunos da Corvinal ao passar.
-... Será que Malfoy morreu? – perguntou uma garota da Corvinal ao seu lado havia um grupinho de garotas que estavam chorando. Ann as olhou por alguns instantes sentiu uma mão tocar em seu ombro. Rapidamente ela olhou e encontro os olhos gentis de Hermione. Ann baixou os olhos para o gramado e viu os passos das pessoas caminharem para dentro do castelo.

Os alunos foram obrigados a ficarem no Salão Principal. Aos berros a Professora Minerva pediu que todos seguissem a seus afazeres que ninguém havia morrido. Alguns alunos da Sonserina fizeram alardes dizendo que queria ir à enfermaria, mas foram obrigados a ficarem para não perderem pontos. Os alunos seguiram para seus afazeres. Os da Grifinória comentavam o que ocorrido e alguns soltavam: “Se os dois morressem não fariam falta”. Pansy ficou o tempo todo na enfermaria, sendo acalentada por suas amigas e ela não perdia tempo em proferir nomes nada agradáveis e a culpar Harry Potter pelo ocorrido e a Ann Theron também. Ficaram sabendo das noticias de que Zabini estava bem, mas precisava ficar mais alguns dias internado e Draco permanecia desacordado. Logo, Ann não poderia passar por algumas alunas da Sonserina que era logo atacada ou com feitiços de azaração ou com xingamentos verbais e até agressões físicas o que rendeu a ela uma grande dor de cabeça que foi parar na diretoria algumas vezes por ter mandando algumas alunas para a enfermaria com narizes quebrados ou com falta de alguns tufos de cabelos. Até que estava sentindo falta de brigar como trouxa, algo que ela fazia constantemente na Academia para Garotas Oxigenadas.
- Agora vão... E senhorita Theron, vá cuidar desse nariz, por Deus! – dizia Minerva nervosa, pela sétima vez aquele dia, se controlando para não parti pra cima das alunas a sua frente. Ann de um lado, com um pano no nariz encharcado de sangue com Hermione e Gina, que estavam visivelmente descabeladas e arfantes. Harry segurava Gina pelo braço para que a garota não saísse no tapa com as outras garotas da Sonserina do sétimo ano que estava prestes a pular em cima deles a qualquer momento do outro lado da sala. Os alunos da Grifinória saíram primeiro. Hermione estava com as mãos nos ombros de Ann, como se a guiasse para a enfermaria. Hermione tinha no rosto um pequeno arranhão causado por um feitiço que a tingirá no peito e a derrubara no chão. Gina estava num estado de nervos quase incontroláveis, Harry tinha que ficar segurando ela pela cintura a força, se soltasse era capaz da garota dar meia volta e brigar com as garotas da Sonserina dentro da sala da diretora. Quando chegaram à enfermaria, madame Ponfrey veio atendê-los visivelmente aborrecida. Ann rapidamente correu os olhos pelo ambiente. Draco não estava lá, deveria está na outra sala mais adiante. Ela reparou o outro lado que estavam com as portas abertas.
- Mas isso não pára? Agora a toda semana tem sempre um aluno que caiu duelando por aí! – disse ela ao guiar Ann até um leito vazio. Era um exagero, não era toda semana, fora somente aquele dia. Parecia que o pequeno e intimo duelo de Zabini e Draco desencadeará uma guerra de alunos da Grifinoria contra alunos da Sonserina, o que era de se estranhar um pouco em vista que Zabini e Draco pertencem à mesma casa e nada tinham a ver com a Grifinoria. Talvez seja apenas um motivo para caírem no pau mesmo, vai saber.
Ann bufou ainda com o lenço de Hermione no nariz, o mesmo latejava e Ann sentia as lágrimas de dor correndo por sua face suja de terra e suada. Pronfey entrou numa salinha apertada e começou a mexer no seu estoque de poções, agitada e atrapalhada. Veio gingando apressadamente enquanto colocava seu material numa mesinha ao lado do leito.
- Vou pedir um aumento. Não mereço isso... – bufava ela. Ann tentou suprimir um riso ao olhar as caras dos amigos a sua frente que tentavam fazer o mesmo. Mas o que só fez com que a dor de seu nariz aumentasse. Ela gemeu de dor. Pronfey tirou o lenço das mãos da garota. Pegou a varinha e começou a sugar o sangue seco. Ann ainda fazia cara de dor. A enfermeira pegou alguns materiais ao lado e um vidrinho com um liquido aquoso e cinzento, o derramou delicadamente num pano branco e limpo. – Tome. Passe isso em todo o nariz. – disse de modo apressado ao entregar o pano. Ann o tomou em mãos sem demora. Suspirou enquanto tomava coragem para tocar no nariz novamente e começou a passar fazendo o máximo possível para não sentir dor. Pronfey foi até Hermione que levantou as mãos.
- Não precisa Madame Pronfey, eu estou bem!
- Que bem nada! Olhe o seu estado minha querida! – disse ela agitada ao olhar para Hermione.
- Estou bem, é sério... Mas dê algo a Gina! – disse ao apontar a amiga ao seu lado que ainda arfava. Pronfey se virou para Gina que lançou um olhar mortal a Hermione. Pronfey guiou Gina até um leito ao lado de Ann.
- Esthgou behemm... – falou Gina engrolado. Ela franziu o cenho. – Estasii beaamm... Haah?
- É, estou vendo bem que você está bem. – suspirou a enfermeira. Gina olhou para Hermione procurando saber de algo. A amiga deu de ombros.
- Parece que lhe lançaram um feitiço que alterou alguma parte de seu cérebro para falar.
- Masrd ehum naaooo... – tentou falar novamente. Bufou dando um soco na cama com raiva. Jogou-se para trás deitando no travesseiro impaciente. – Maartoss aakwlaa garosstsa... – Hermione riu com Harry ao seu lado.
- Você sabe o que ela quis dizer? – perguntou Harry a Hermione. Gina lançou um olhar assassino para os dois por estarem rindo de sua desgraça.
- Acho que ela está querendo dizer que vai matar aquela garota. – respondeu rindo. Gina olhou para Hermione fazendo joinha com as mãos para dizer que amiga acertou no que ela quis dizer, sorrindo. Gina olhou para o lado e viu que Ann estava com uma sobrancelha arqueada.
- Ohh qussae ffoiass? – Gina bufou derrotada. Ann caiu na risada e olhou para Harry e Hermione.
- E eu achando que já tinha visto de tudo! – disse a garota ainda rindo. Gina começou a fazer gestos para Ann como se dissesse: “Você ainda me paga!”.
- Se vocês estão bem, por favor, voltem para suas casas. – disse Madame Pronfey a Hermione e Harry que acenaram para as duas e saíram antes que a enfermeira desse um ataque. A garota arregalou os olhos quando viu a enfermeira trazendo um frasco grande como uma garrafa. Pronfey fez Gina beber um liquido grosso e pegajoso de cheiro duvidoso e cor preta. Gina fez careta levando as mãos à frente impedindo que Pronfey chegasse perto.
- Ohhs qusses isstross...?
- Vai fazer você voltar a falar dentro de algumas horas. É ruim, é mal cheiroso, é penoso tomar; você vai sentir falta de ar; vai ter seu coração parado por alguns minutos; vai ter uma febre muito alta, mas vai sobreviver. – ela disse isso tudo como se fosse algo normal. Gina olhou desesperada para Ann que olhou desesperada para a enfermeira que olhou para Ann com um olhar tedioso. – É para o bem dela. Se ela não tomar isso, nunca mais vai voltar a falar e isso só vai piorar. – Ann olhou para Gina de olhos arregalados. Gina devolveu no olhar mais esbugalhado ainda.
- Vai, toma ou você não vai voltar a falar! – disse Ann desesperada numa voz embargada por causa do nariz. – Garanto que a gente vai dar o troco naquelas garotas! – incentivou. Gina olhou quase chorando para a garrafa. Fez um gesto para a mesma correndo as mãos de cima a abaixo da garrafa olhando para a enfermeira.
- Se é pra beber tudo? – Gina balançou a cabeça afirmando. – Sim. – Gina resmungou fazendo um ruído agourento com a garganta.
- Toma isso logo! – disse uma voz irritada ao fundo da enfermaria. As três olharam. Zabini estava sentado e as encarava. Gina estremeceu os lábios quando voltou a olhar para a garrafa. – Se quer pegar as garotas que te fizeram isso vai ter que beber! – disse mais uma vez o rapaz.
- Ele tem razão. – concordou Ann. Gina abriu a tampa da garrafa e um odor imenso invadiu a sala. Zabini levou as mãos ao nariz juntamente com Ann. Gina afastou a garrafa fazendo careta.
- Uuhhh... – fez a garota. Ann riu. – Issioss ehshe hosridnsvel.
- É... – riu Ann. – Meu nariz pode está quebrado, mas ainda deu pra sentir o cheiro. – disse fazendo careta.
- Vamos senhorita Weasley, não temos tanto tempo assim! – rosnou Pronfey irritada com um lenço no nariz. Gina mordeu os lábios, tampou o nariz, mesmo não adiantando nada, levou a boca até o bocal da garrafa, olhou para o teto como se dissesse “Aqui vou eu”, e começou a beber de uma vez. Demorados longos vinte minutos, com interrupções de Gina que empurrava a garrafa para a enfermeira que ralhava com ela dizendo que teria que ser tudo. Gina tomou e logo adormeceu. Pronfey foi até Ann e tirou o pano do rosto da garota. E lhe entregou outro. Ann olhou para uma garrafa prateada que estava ao lado e viu um ponto roxo berrante que se movia. Ela olhou atentamente. E viu seu reflexo nela e no centro de seu rosto, havia um ponto roxo. Ann rapidamente levou a mão ao nariz ao pegar a garrafa prateada e reluzente que serviu de espelho.
- AAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! – berrou em plenos pulmões. – MEU NARIZ! MEU NARIZ! MEU NARIZ ESTÁ ROXO!! – gritava ela desesperada. Pronfey parecia nem ter se alterado. Entregou mais um pano que agora tinha uma grande mancha um pouco esverdeada e amarelada, um tanto nojenta.
- Isso é só o começo. Passe mais esse. – disse lhe entregando o pano. Ann pegou rapidamente o pano e começou a passar ferozmente no nariz como se fosse uma macha que tinha que sair dali o mais rápido possível. Um resmungo soou ao seu lado. Pronfey foi até Gina que parecia ter acordado com os gritos de Ann. Pronfey tocou em sua testa. Rapidamente ela correu para uma salinha. Ann olhou para Gina, suava muito e algumas mechas de seus cabelos avermelhados estavam grudadas em sua testa e no pescoço da garota. Pronfey voltou correndo com uma bacia de água e colocou um pano molhado na testa da garota.
- Ela vai ficar bem? – perguntou Ann de mancinho.
- Vai, a poção está fazendo efeito agora. A febre indica que o corpo dela esta reagindo contra o feitiço. – Ann se sentiu um pouco mais aliviada, mas só se sentiria feliz se as duas saíssem dali bem.
- Quanto tempo isso vai durar? – perguntou Ann aflita ao olhar seu reflexo no espelho ao abaixar o pano para verificando seu nariz, não tinha melhorado em nada.
- Esses processos são lentos. Isso vai durar até amanhã... – disse. Ann bufou ao começar a passar novamente. – Não durma. – Ann olhou pra a enfermeira.
- Se eu dormir vai acontecer alguma coisa? Vai piorar.
- Vai ser uma poção atrás da outra. Você não pode parar de passá-las ou isso não vai sair até amanhã. Você tem apenas um pequeno intervalo de quinze minutos. – Ann voltou a passar com mais ferocidade ainda.
- Tome. Agora esse... – disse ao entregar mais um pano contendo mais uma poção.
Pronfey foi atender a uma emergência do outro lado do castelo. Mas antes, olhou no relógio de pendulo e ponteiros estranhos que estava postado a um canto do ambiente dizendo que ela poderia parar por quinze minutos quando olhasse seu nariz com a cor normal. Gina parecia calma e dormia levemente. Já parecia se passar da meia noite e nem havia jantado, aquele dia realmente fora bem agitado desde o duelo de Draco com Zabini – aquela manhã –, isso resumindo apenas um único dia.
A enfermaria estava entregue a um silêncio modorrento, dava para se ouvir alguns ruídos não identificados ao longe. Ann passava pela vigésima vez o pano no nariz sem pausas. Já estava com o braço dormente e às vezes, revezava de braço. Estava sonolenta e fechava os olhos de quando em quando. Quando notava que havia diminuindo a velocidade, ela acordava rapidamente para voltar à ativa. Estava deitava e quase entregue ao sono, pegou a garrafa ao lado e avaliou novamente o nariz, não tinha mais as cores do arco-íres de outrora, ela já viu bilhões de cores passar por seu nariz. Parecia que estava voltando à cor normal, havia um vermelho ainda mais era por esta esfregando demais. A dor já nem latejava mais. Estava cansada demais e resolveu parar, como havia dito a enfermeira.
Um som de algo batera ao chão na sala vizinha. Ela rapidamente abriu os olhos, estava tão cansada que nem tinha forças para se sentar. Correu os olhos pela sala, Gina e Zabini estavam dormindo. Alguém se apoiou na porta da sala. Ann arregalou os olhos. A porta se abriu e Draco apareceu se escorando na mesma. Ann se sentou rapidamente com o coração pulsando na garganta. O rapaz andou alguns passos cambaleando. Ann pulou do leito e foi até ele no instante em que o garoto deu mais um passo para frente. Ann o segurou.
- O que está fazendo?! – perguntou ela enquanto o segurava. Ele matinha a mão ao rosto e os olhos fechados, espremidos.
- Não grita. Estou com dor de cabeça. – resmungou ele. Ann o levou até um leito mais próximo.
- Deita aí! – mandou. Ele parou a frente do leito.
- Eu não quero deitar! – reclamou ao se virar para ela. Ele a encarou com uma sobrancelha erguida. Espremeu os olhos no símbolo da Grifinoria no uniforme da garota. Ele a encarou novamente com o cenho franzido. A olhou de cima a abaixo, em seguida bufou:
- Quem é você pra me dar ordens? – Ann entortou a boca.
- Não reclama e deita logo!
- Você não manda em mim!
- Deita nessa porcaria e deixa de ser infantil!
Draco a encarou novamente, levemente interessado.
- Vou perguntar mais uma vez: Quem é você? – Ann bufou irritada caminhou pesadamente para seu leito o deixando sozinho. – Eu heim... garota esquisita... – resmungou ele ao caminhar para o leito que ela indicou, correu os olhos piscando como se suas pálpebras doessem e viu Zabini dormindo num leito. Rapidamente ele correu para o leito. – O que aconteceu? O que aconteceu com ele? – ele perguntou ao se virar para Ann agitado. Ann arqueou uma sobrancelha.
- Você duelou com ele. – ela disse dando os ombros como se fosse óbvio.
- Eu? – fez ele. Ann o olhou de lado. Arregalou os olhos. Saltou do leito e foi até ele.
- Você não se lembra? – Draco a olhou como se ela fosse louca, depois olhou para o amigo.
- Do quê? – fez ele. Ann levou as mãos à boca como se sufocasse um grito.
- Você não se lembra de quem é?!
- Mas é claro que me lembro de quem sou! – rosnou ele impaciente. – Só não faço a mínima idéia do que o Zabini está fazendo aqui e nem sei quem é você! – Ann arregalou os olhos.
- O... que...? – balbuciou ela. Draco a olhou como se ela tivesse uma doença contagiosa. – Não... não... se lembra... de mim?
- Lembrar?! – fez ele debochado, mas ainda impaciente. – Desde quando eu iria me lembrar de alguma Grifinoria, isto com a exceção da trouxa nojenta da Granger que vive nos calcanhares do idiota do Potter e aquele Weasley rabugento que insistem em pegar no meu pé! – vociferou irritado. – Agora me diga! Como eu me lembraria de você?! Nem sei quem você é! – disse agora voltando para encarar o amigo no leito. – É cada coisa que vejo; me lembrar de alguma Grifinoria. Como se eu mantivesse contato com esse povo... – resmungava ele entre dentes enquanto Ann caminhava lentamente de volta para seu leito. Voando em pensamentos.
Ela se deitou, pegou o lenço e começou a passar no nariz como se fosse algo automático. Com os olhos arregalados fitando o teto. Ela ainda digeria as palavras de Draco em sua mente “Não lembra quem sou, não se lembra” pensava ela constantemente. “Não lembra...” ela sentou-se de um salto.
Draco a olhou de lado de um modo desprezível. Ela saltou do leito mais uma vez e caminhou até ele a passos pesados. Ele se empertigou com os olhos arregalados temendo que ela fizesse algo contra ele.
- Nem ouse se aproximar de mim! – berrou ele erguendo os braços para frente. – Nem chegue perto! Não sei por que você está aqui e nem quero saber. E se você tiver aqui com alguma doença pode voltando para o seu leito – disse ele tudo muito rápido quase atropelando as palavras. Ann parou a sua frente cruzando os braços.
- O que você se lembra? – perguntou numa voz arrastada. Estava entrando num estado de nervos que ela nem conhecida. As palavras ainda ecoavam na sua cabeça: “Nem sei quem é você!”
- O que eu lembro? – perguntou rindo cinicamente. – Desde quando eu lhe devo explicações? – disse debochado.
- Anda logo Dra... Malfoy. – ela disse suspirando o último nome com raiva. Ele arqueou uma sobrancelha.
- Que intimidade é essa? Quem te deu o direito de me chamar pelo primeiro nome!
- Não enrola Draco, até que momento você se lembra?! – perguntou com raiva dando ênfase ao primeiro nome dele. Draco a encarou emburrado.
- Que intimidade é essa?!
- Intimidade, até onde eu sei. Que somos namorados! – esbravejou ela com enfadonha. “De onde foi que eu tirei isso?!” pensou exasperada. Draco fez uma cara de espanto.
- O QUÊ?! – berrou. Zabini resmungou. Os dois olharam rapidamente para o rapaz. – O quê?! – exclamou ele ao voltar-se para ela aos sussurros. – Desde quando somos namorados?! Só se fosse para eu querer que meu pai me matasse quando soubesse que eu estaria namorando uma Grifinoria...
“É, desde quando Ann? Idiota” pensou ela com raiva de si mesma.
- Foi seu amigo hoje cedo quem me disse! – “Que bela tentativa...” dizia uma voz sarcástica em sua mente. Ela balançou a cabeça negativamente.
- Meu amigo?! – ele exclamou. – Você é doente ou o quê? Qualquer um que diga a você que está namorando alguém você acredita?! – ele rosnou. Em seguida arregalou os olhos assustado.
- O que foi?! – perguntou ela se assustando levando a mão rapidamente ao nariz.
- Não me diga que meu amigo é o Potter?! – disse numa voz arrastada sobressaltado. – Se você disser isso eu me mato agora mesmo!
- Não é o Harry, seu idiota. Foi o Tom!
- Você anda bem intima de meus amigos. Está namorando eles também...? – mal Draco terminou de falar e logo receberá uma bofetada na cara. Ann arfava de raiva. – VOCÊ FICOU MALUCA?! – berrou em plenos pulmões. – QUER MORRER?!
- O que é isso aqui?! – berrou uma voz irritada atrás deles. Pronfey estava de braços cruzados. – Senhorita Theron, volte para seu leito e continue o que estava fazendo! – disse ela com raiva. Theron deu uma olhada furtiva em Draco que franziu o cenho. Voltou-se a se deitar em seu leito. – E o senhor, Senhor Malfoy, volte para o seu leito.
- Mas eu me sinto bem! – disse ele.
- Volte agora mesmo! – disse alterando a voz. O rapaz deu de ombros e saiu caminhando até um leito mais próximo. Deitou-se e deu uma olhada furtiva em Ann, que não viu por estar deitada fitando o teto.
- Eu quero saber o que aconteceu com meu amigo. – disse quando a enfermeira passou por ele. Pronfey girou nos calcanhares e foi até Draco e o olhou atentamente. – O que foi?
- Vocês duelaram. – respondeu ela como se avaliasse o garoto. Os olhos de Draco caíram em Ann, que se mantinha na mesma posição.
- Ele não se lembra do que aconteceu. Nem sabe quem sou eu. – disse Ann ainda olhando o teto. Pronfey se aproximou de Draco.
- Meu Deus, parece que o caso é mais grave do que eu pensava. – ela disse surpresa. Draco franziu o cenho.
- Então quer dizer que ela é minha namorada?! – exclamou ele alarmado como se fosse o fim do mundo.
- O quê?! – fez Pronfey sem entender.
- Ela! – Draco apontou descaradamente para Ann que agora se sentava penosamente.
- Zabini fez o que muitos gostariam de ter feito: derreter o cérebro de Draco Malfoy. – disse com cinismo. Draco fechou a cara.
- Eu não acredito que estou namorando você, não é possível. Você só deve ter feito um feitiço em mim! – ele gesticulava com os braços, nervoso. Ann bufou se jogando para trás.
- Nós não estamos namorando, ta legal?! – disse exasperada.
- Como não?! E por que disse isso?!
- Foi seu amigo quem falou!
- E você acredita em tudo que te dizem?! Se te mandarem pular de uma ponte pularia?
- Ah cala a boca! – bufou.
- Não me mande calar a boca! Eu nem te conheço!
- Ai que raiva do Zabini agora! Ele deveria era ter matado você de uma vez!
- PAREM COM ISSO! – berrou Pronfey. – Senhorita Theron, por favor, cuide do seu nariz! – Ann arqueou uma sobrancelha. – E o senhor, Senhor Malfoy, se acalme! – disse com raiva e se dirigiu até a sua salinha. Draco bufara e Ann deitará novamente. Ele ficou a observá-la.
- Ei! – chamou. Ela não deu ouvidos. – Ei, você! – Ann continuou seu tratamento. – Ei, menina!
- Ah! O que é agora?! – bufou ao se sentar. Draco fez uma careta.
- Aff... só queria perguntar uma coisa!
- Então pergunta logo, caramba!
- É verdade isso mesmo ou você só está atrás da fama da minha família...? AI! – gritou ao ser atingido por uma garrafa que Ann jogará sem cerimônia. – Eu só tava perguntando! Não precisava ser agressiva...
- Vai dormir Malfoy! Só vou deixar passar essa por causa do seu estado mental! – rosnou ao se deitar e virar de costas para ele. – Se perguntar alguma besteira juro que você vai passar dessa pra melhor. – ele ficou em silêncio. Ann escutava ele fazer alguns barulhos, estava mexendo nos instrumentos que Pronfey havia deixado ao lado da cama do Zabini. Ela o ouviu se deitar. Virou-se devagar e o olhou. Ele estava deitado num leito próximo ao de Zabini, do outro lado da enfermaria. Estava de barriga pra cima e com as mãos na cabeça. Ann voltou-se a ficar de costas.
- Ei... – ele chamou mais uma vez. Ann rolou os olhos. – Só mais uma pergunta... – falou. Ann se manteve quieta. – A gente se ama?
Ann engoliu seco, mas não respondeu e nem tinha resposta. Na verdade não sabia o que tinha com Draco Malfoy. Não sabia que tipo de relação era aquela. Estava cansada, continuou a passar o pano no nariz, aquilo já estava irritando. Estava com a cabeça doendo e não tinha mais capacidade para pensar. Talvez a ficha que Draco disse que não se lembra dela ainda não caiu. Achou por alguns instantes que era brincadeira. E se ele realmente não se lembra isso não seria bom? Ficaria livre dele. Se ele não se lembra dela não conhece sua história... não sabe de nada... de mais nada... “Ele não se lembra de mim...” ela engoliu em seco novamente. – Ei! – ela o escutou novamente. Ann começou a sentir um peso no peito “Ele não se lembra de mim...” Ann passou a mão rapidamente pelo rosto, notou que sua mão saiu molhada, estava tão perdida em pensamentos que nem se deu conta que estava chorando. – Ei! – soou a voz dele bem próximo dela. Ann rapidamente enxugou o rosto e ao se virar viu que Draco estava ao lado do leito dela, em pé, de cenho franzido e esperando pela resposta. Ann tomou um susto.
- O que está fazendo?! – perguntou ao se sentar.
- A gente se ama? – ele retornou perguntou de mancinho. Qual foi o feitiço que Zabini jogou nele que o deixou daquele jeito? Pensou ela levantando uma sobrancelha.
- Já disse que não somos namorados.
- Mas você disse...
- Foi seu amigo quem falou quando você estava brigando com Zabini. Ele berrou no meu ouvido dizendo para eu Pará-lo.
- E por que você não parou?
- Por que tínhamos brigado.
- E por que brigamos?
- Recupere a sua memória que você vai saber! – disse ao se virar e deitar emburrada. Não era possível que ele não lembrasse... “Que ridículo!”
- Ei!
- Vai dormir Malfoy! – vociferou. Ela o escutou se afastar e deitar no leito da cama.
- Ainda acho impossível que eu namore você. Nem é educada e ainda é uma Grifinoria. – Ann bufou e achou que quando o dia amanhecesse teria um dia cheio e foi o que aconteceu.

Na manhã seguinte ela estava dormindo quando escutou barulho de gente falando alto, passos apressados de um lado para o outro. Gargalhadas, risadas e falação. “Aff! Ninguém pode dormir em paz não?!” pensava ela aborrecida com aquela falação toda e ainda por cima, a janela a cima de sua cabeça aberta com as cortinas escancaradas e o sol entrando determinado a derreter seu cérebro. Ela se sentou emburrada não antes de olhar para o lado e ver Gina sentada lendo calmamente um livro que estava apoiado em suas pernas. Ela acenou para Ann indicando que ainda não poderia falar. Gina pegou uma pena e a molhou num tinteiro, rabiscou alguma coisa, numa folha arrancada do livro e entregou a Ann. Ela o tomou em mãos o bilhete:

“Hermione, Harry e Rony estiveram aqui mais cedo. Já está quase na hora do almoço.”

- É? – fez Ann a olhando. Gina pedia o bilhete de volta. Ann o devolveu. Ela passou a escrever mais coisas:

“Eu tive tudo aquilo que a Madame Pronfey falou justo na presença de Rony, Harry e Hermione que tiveram um ataque e só faltaram chama a equipe de St. Mungus imagina?!”

- Acho que imagino! – comentou Ann sorrindo devolvendo mais uma vez o bilhete. Gina o apanhou rindo:

“Mas já estou melhor. Hoje mais cedo Pronfey continuou o tratamento no seu nariz, está respirando melhor?”

- Sim! – respondeu sorrindo.

“Ela disse que podemos sair a qualquer hora. Bem, eu ainda não. Zabini já foi liberado e o que me parece que Zabini e Draco se esqueceram do que aconteceu. Malfoy não pára de falar! Já recebera muitas visitas hoje todos ansiosos para saber se ele se lembra de todos. Mas parece que você é a única pessoa que ele não se lembra. Por que Será?”

- Não faço a mínima idéia, Gina.

“Está triste com isso?”

- Eu?! Por que estaria?

“Não enrola! Eu sei que você gosta daquele traste...” Gina sorriu de lado, um tanto quanto incrédula, inclinando a cabeça de lado em direção a Malfoy que estava rodeado de alunos da Sonserina, um grupo de sete pessoas animadas e elétricas. Ann viu que dentre elas estava Pansy, que estava ao lado dele e não largava a sua mão. Ann olhou para baixo e viu pelo canto do olho Gina tentando chamar sua atenção. Ela lhe estendeu mais um bilhete que Ann apanhou sorrindo da condição da garota.

“Pansy é uma vaca mesmo! Ela falou um monte de você mais cedo, mas ao mesmo tempo, achei ela receosa e olhava para você como se verificasse que você ainda estava dormindo. Como se eu não estivesse aqui pra te contar!!”

- Deixa ela. Só espera a gente sair daqui pra dar o troco nas amiguinhas dela.

“Os duelos foram cancelados até segunda ordem. Os alunos de todas as casas só faltaram fazer uma rebelião!”

- Esse duelo só veio pra fazer todo mundo ter um motivo pra duelar!

“Mas até que gostei de dar uma boa surra naquelas garotas. Pena que nós é que levamos a pior...” Gina riu de lado ironicamente.

- Convenhamos que as garotas da Sonserina sejam um bando de brutamontes...

“Isso é verdade! Mas e aí? Como vai ficar você e o Malfoy?”

- Não vai ficar nada entre a gente Gina. Não tem nada.

“Como assim não tem nada?” Gina a olhava indignada.

Ann deu de ombros. Gina arrancou o bilhete das mãos de Ann.

“Vai deixar aquele palerma sem cérebro ficar com a cara de buldogue velho da Parkinson??? Você não será mais minha amiga!” Gina virou a cara. Ann a olhou ofendida.

- Escuta aqui sua tampinha... – Gina fez uma careta espantada.

“Tampinha?? Olha o teu tamanho!!”

- EU NÃO VOU DEIXAR DE SER SUA AMIGA POR CAUSA DAQUELE BABACA! – ela berrou alto apontando para Draco que a olhou assustado fazendo uma careta. Todos ao seu lado acompanharam o olhar dele. Logo a sala ficou em silêncio. – VOCÊ ME ESCUTOU?!! – Gina arregalava os olhos, colocou a mão na frente do rosto e apontou para frente – FALA GINA! – gritou. Em seguida ela olhou para onde a garota estava olhando. – O QUE FOI?! NÃO POSSO DISCUTIR NÃO?!
Gina ria em silêncio. Todos voltaram a sua conversa lançando olhares de desdém a Ann que devolveu na mesma moeda virando-se para encarar Gina.

- Muito obrigada! Pena que foi somente em você esse feitiço da língua enrolada... queria ter recebido antes pra não ter falado besteiras ontem. – falou aos resmungar as últimas palavras olhando para Draco que agora sorria com os amigos.
Madame Pronfye expulsou todo mundo da Ala-hospitalar alegando que os doentes precisavam de descanso. Ann estava sentada em seu leito abraçada aos seus joelhos, assim como Gina que agora lia o seu livro. Draco estava escrevendo algo num pergaminho. Ann o fitava com grande atenção e estava longe em pensamento. O rapaz parecia se comportar como se não tivesse ninguém mais ali com ele. De repente ele amassou todo o pergaminho e jogou em direção a Ann que caiu em seus pés. Esta franziu o cenho. Gina acompanhou com os olhos, de lado.
Ann o apanhou franzindo as sobrancelhas.

“Fiquei sabendo que estamos em detenção desde o começo do ano. E como monitor chefe, você estaria em minha responsabilidade. O fato é que ninguém me disse o porquê de eu está nesta detenção com você e o que mais me intriga é como eu não me lembro de você, vai ver é o fato de você ser tão insignificante que eu pretendia te esquecer e eis que acabou acontecendo...” Ann o olhou tediosa e incrédula.

- Insignificante? – disse ela debochada. Draco de deu ombros. – Ta. – fez ao continuar lendo a carta.

“... E nós não somos namorados coisa nenhuma. Você queria era mesmo me enganar. Está querendo o quê? Fama? Dinheiro? Poder? Infelizmente não posso te dar isso. Tenho mais o que fazer da minha vida do que ficar realizando desejo de sangues ruins como você.”

Ann amassou o bilhete com raiva e o jogou de volta bufando. Deitou-se na cama ignorando o sol que queimava seu rosto.
- Acordei com o pé esquerdo hoje. Não só hoje. Devo ter pisado na Inglaterra com o pé esquerdo desde o começo. Só me aparece desgraça...
- Ei! Ei menina!
- VAI VER SE EU TO NA ESQUINA MALFOY!! – gritou.
- Pessoa mal amada é assim... – disse ele debochado guardando suas coisas calmamente. – Você não tem namorado não? Imagino que não. Queria impressionar quem dizendo que eu era seu namorado? Achou que eu iria cair nessa?
- CALA A BOCA!
- NÃO, NÃO VOU CALAR NÃO!
- AI QUE GAROTO IRRITANTE!
- Não sei o que aconteceu e até agora eu não entendo! Como é que você foi ser a minha responsabilidade durante o ano todo! Ainda custo a acreditar! – ele pareceu exasperado.
- Se está tão desesperado assim fique sabendo que nem é mais preciso ficar na minha cola. Agora cala a boca e me deixa quieta!
- Não precisa? Não precisa?! Eu não vou dar o luxo de perder meu cargo de monitor chefe pra qualquer um só porque desistir de ser babá de uma Grifinoria, não mesmo.
- Você não vai ficar no meu pé o dia inteiro! – vociferou ela alarmada. – Nem pense nisso!
- E você acha que estou gostando? Acha que mesmo que estou gostando? Vou perde meu tempo inteiro ficando atrás de você... vá lá pedir aquela velha pra me tirar dessa detenção. – vociferou dando ênfase ao me.
- Eu já pedir aquela bruxa velha pra me tirar dessa maldita detenção se quer saber... – ela fez o mesmo que ele. Deu ênfase ao me.
- Agradeço aos dois pelo carinho que tem por mim. – soou uma voz severa e arrastada a porta da Ala-hospitalar. Draco e Ann arregalaram os olhos quando avistaram a presença de Minerva Mcgonagall com seus lábios finos e contraídos os olhos furtivos e ameaçadores. Os dois engoliram em seco. – Pelo grande carinho – ela frisou bem o carinho. – que vocês dois tem por mim. Não deixaram de cumprir está detenção até o ano que vem, se for necessário. Agora eu irei vigiar mais de perto. – concluiu calmamente. – Barão sangrento! – chamou. O fantasma surgiu voando pelo ambiente. – Está incumbido de vigiar estes dois. – ela apontou de Ann para Draco. – durante as vinte e quatro horas. O tempo inteiro. Todos os dias. – Os olhos de Draco e Ann se encontraram numa singela cumplicidade temerosa. – Tenham um bom dia. – disse ao caminhar até a sala de Pronfey.
- A culpa é sua! – berrou Draco apontando para Ann. Ela o olhou exaltada.
- Quem a chamou de velha foi você primeiro! – Ann escutou alguém gargalhar ao seu lado. Gina segurava a barriga e chorava de rir. – Ótimo! Ela está recuperando, não só a fala, como também o bom humor não é Gina querida? – disse Ann entre dentes enquanto fitava Gina com um olhar assassino.
- Cri... cri-an-ças... – balbuciou Gina ainda rindo. Os dois a olharam com raiva.

Em poucas horas, Ann se despediu de Gina, que ainda tinha que ficar uma noite na Ala. Ann já estava recuperada do nariz e atenta a qualquer aluna da Sonserina que viesse a atrapalhar sua estadia em Hogwarts, mas não adiantava muito ficar feliz com isso, de está fora da Ala, pois tinha que aturar um certo alguém que neste exato momento, caminhava ao seu lado, bufando.
- Se vai ficar bufando o tempo todo, me faça o favor de tomar um pouco de distância. Está atrapalhando meus pensamentos. – falou ela tediosa. Draco não respondeu. Ele cruzou um corredor e agarrou o braço da garota a levando junto consigo quando esta estava para seguir em frente. – Ei! – protestou ela. Ele a ignorou. Continuou seu caminho a arrastando ao seu lado. Entraram num corredor conhecido onde dava para a sala de Monitoria Chefe. Ele abriu a porta com tudo jogando Ann praticamente lá dentro. Entrou e fechou a porta. Caminhou a passos pesados pela sala recolhendo alguns objetos e livros. Foi até o quarto, ao atravessar uma porta, deixando Ann sozinha na saleta. Ela correu os olhos pelo local, esperando.
Ele reapareceu carregando uma mochila nas costas, estava visivelmente aborrecido com algo e não admitiria ninguém a tirá-lo de seu silêncio. Ann apenas o observava. Ele passou por ela, mais uma vez agarrando em seu braço e saiu da sala do mesmo modo que entrou.
- Não é necessário ficar me arrastando! – rosnou ao se soltar com força. Ela a encarou com um olhar ameaçador. Mas deixou-a livre. Ele seguiu em frente a passos pesados e Ann o acompanhou bufando, mais atrás.
- Dá pra andar mais rápido? – pediu ele irritado. Ela o olhou com desdém. Olhou para o lado e começou a andar mais rápido, mas ainda assim, dois passos atrás. Eles andaram pelos corredores enquanto passavam por vários estudantes caminhando para suas atividades. Ann notou que ele caminhava para a torre da Grifinoria. Adentrou no corredor da torre e foi até o quadro da mulher gorda. – Vai. E seja rápida. – Ele não a olhou. Ann o olhou de lado. Disse a senha baixinho e entrou.
- Ahhh... – fez ela respirando fundo o ar dentro da casa como se há anos não tivesse feito isso. – Como é bom está em casa... como é bom... – disse ao caminhar para a escada do dormitório feminino.
- Ann! – alguém a chamava.
- Moine!
- Já saiu?
- Sim. Gina ainda teve que ficar...
- E? – Hermione pareceu curiosa.
- E o quê?
- Soube do que aconteceu com Malfoy. – Ann estremeceu os lábios por alguns segundos.
- É... – suspirou cansada. – Parece que sim.
- E o que vai fazer?
- Eu?
- Sim.
- Nada.
- Como não? – Hermione pareceu indignada.
- Hermione, não começa a fazer o que Gina fez comigo. Eu não sei o que está acontecendo. Já estou cansada disso tudo. Só quero ter a minha vida normal. Como se eu começasse de novo, entende? – Hermione fez um ruído com a garganta e olhava Ann como se a avaliasse, de sobrancelhas franzidas.
- Ainda acho impossível ele ter se esquecido de você... sabe...
- Eu não sei, Mione, não sei de mais nada... – Ann concluiu com um ar cansado e retomou seu caminho para o dormitório. Entrou no quarto silencioso e vazio. Começou a catar suas coisas e a jogar tudo dentro da mochila de qualquer jeito. Suspirou pesadamente e caminhou de volta para a porta. Desceu as escadas acenou para Hermione que estava conversando animadamente com uma garota do quinto ano.
- Ann! – ela chamou.
- Oi.
- Espera! Eu vou com você.
- Tem certeza? – Hermione franziu o cenho.
- Por quê? – fez ela ao pegar os livros em cima de uma mesinha e se encaminhava para a porta.
- Não sei se você se lembra, mas estou em detenção com o Malfoy. – Hermione a olhava confusa.
- Ah! – fez ela batendo a mão na testa. – Ainda?! Mas não era nem mais preciso isso.
- Era... – ela frisou o era. – Mas a Professora Mcgonagall escutou uma coisa nada agradável e agora colocou o Barão Sangrento no nosso pé.
- O que ela escutou? – Hermione parecia se divertir com aquilo. Ann a olhou de rabo de olho.
- Escutou que a gente a chamou de velha. – sibilou ela como se temesse que alguém escutasse e logo caminhou para a saída sendo seguida pelos risos de Hermione.
- Depois eu vou. Não quero atrapalhar o namoro vigiado de vocês dois! – Ann fez uma careta horrorizada com o comentário de Hermione. E segui em frente. Saiu do buraco do retrato. Draco estava sentado no chão, esperando. Levantou-se de um salto quando ela apareceu.
- Demorou. Não poderia ser mais rápida? – ela o ignorou. – Dá pra parar de me ignorar? – rosnou ao segurar o braço dela.
- Como se você se importasse! – ela se soltou com raiva. – Vamos fazer o seguinte. Ficamos um do lado do outro, mas ignoramos sua existência, está bem assim? – ele pareceu pensar na proposta. Girou nos calcanhares e a deixou sozinha. – Ei! – ela o chamou. Ele parou e a olhou com deboche.
- Você não pediu pra ignorar sua existência? – ele disse cínico. – E anda logo que não tem tempo! – Ann bufou. “Foi mais rápido do que pensei.”

Eles caminharam em silêncio, normalmente. Ele na frente e ela atrás, lhe lançando olhares de esgoelar e bufando em silêncio. Nem tinha passado dias deste que ela brigará sério com ele e o esbofeteará no rosto com tamanha raiva e desprezo que sentia. Agora, nem parecia sentir tudo aquilo. Ele a fez esquecer em míseros segundos somente com uma simplicidade. Mesmo que ela revivesse aquele momento, nem raiva, nem qualquer outro ressentimento a rondava naquele instante; com ele a sua frente, apenas alguns passos de distância. Acendo para alguns alunos que o cumprimentavam no caminho, e ela logo atrás como uma sombra sombria. Ela o observava, cada expressão, cada gesto, cada sorriso, cada palavra que saia de sua boca dava mais vontade de olhá-lo, mais vontade de estar perto, de tocá-lo. Ann balançou a cabeça como se espantasse uma mosca, com raiva. Se repreendeu pelas sensações que estava tendo no momento. Não era para estarem assim, era para estarem se matando, não? Não era? O que era aquilo? Um complô contra ela? Ele estava participando de alguma coisa que tinha que a fazer de otária? De brincar com ela, com os sentimentos dela? Por que ele se lembra de todo mundo menos dela? Ele se lembra de tudo, menos das coisas relacionadas a ela... por quê? Por que menos dela? Seria tão insignificante para ele ao ponto dele esquecê-la de uma hora para outra?
Ela estava perdia em pensamentos que nem notará uma presença entre eles. Pansy estava abraçada a Draco, ela o abraçava pela cintura enquanto ele tinha o braço nos ombros dela. Eles pararam de andar e Ann nem havia percebido isso. Estavam parados à porta. Os alunos da Sonserina estavam brincando uns com os outros e Draco sorria com eles. E ela estava atrás, fora deste circulo de amizade. O professor acenou para eles entrarem. Todos entraram. Draco nem se quer moveu um dedo para chamar Ann, tinha feito o que ela pediu: ignorar sua existência. Ann começou a se amaldiçoar por ter dito isso e começou a se contradizer: “Não era isso que queria...? Ai meu Deus agora estou confusa”. Ela se jogou na primeira carteira que encontrou e notou que estava do outro lado da sala, longe de Draco que ainda estava agarrado a Pansy e sorrindo com os amigos, ele parecia nem se importar com ela. Ann ficou olhando para frente enquanto o Professor Binns começava a sua aula tediosa de História da Magia.
-... Ele se lembra de tudo menos dela...
-... Por que será?
-... Eu não sei, vai ver ele detestava ela...
-... Coitada. Achava que era importante para ele...
Ann suspirou pesado enquanto escutava duas alunas da Sonserina comentarem à suas costas. Ann abriu seu livro com raiva e começou a ler mesmo que não tivesse na página certa, não estava interessada na aula e nem mesmo de ficar escutando comentários sobre isso. Ficou pensando num jeito de sair desta detenção quando viu o Barão Sangrento sobrevoar a sala e olhar diretamente para ela. Ann correu os olhos pela sala e encontrou os de Draco que a fitava, incógnitos. Ela desviou o olhar para o livro. Não seria fácil de sair dessa, até mesmo na sala de aula, bendito seja o fantasma, estava lá. Ruídos de carteiras se arrastando tomou conta da sala. Ann viu as pessoas espalharem suas carteiras pela sala formando duplas sentiu alguém colocar uma carteira ao seu lado e logo lhe tomar o livro das mãos. Não precisou nem procurar para saber quem era.
Draco começou a ler o livro de História que estava com Ann, como se a garota não estivesse ali. Ela olhava para fora da janela.
- Não posso nem está com meu livro. – suspirou pra si mesmo. – Joguei pedra na cruz... só pode.
- Fortescue esqueceu o dele e eu emprestei o meu. – Ann o olhou rapidamente de olhos arregalados. Ele a encarou. – O que foi? – Ann levou a mão à testa do rapaz.
- Você está bem? – perguntou.
- Hã?
- Você é surdo? Perguntei se está bem! – rosnou.
- Estou. – disse ele com raiva e voltou a ler o livro. Ann ainda ficou o encarando. – O que você quer? – disse sem tirar os olhos do livro. Ela sorriu irônica.
- Será que vamos ter um novo Draco Malfoy? – disse sarcástica ao voltar para olhar a janela. – Vou pagar ao Zabini por isso... contanto que ele faça tudo de novo de modo que eu não seja envolvida... – ela se virou para olhá-lo novamente. – É um carma que estou passando. E é de se admirar que tudo o que envolva você eu tenha que está no meio.
- Não é minha culpa se você me persegue.
- Persegue? Eu? Te perseguir?! – indagou indignada.
- É o que me parece não? – ele fez um cara de óbvio. Ann fechou a cara. Voltou-se para a janela. Ele ficou em silêncio. Ela o olhou de lado. Ele estava na página que ela estava. Ann levantou os olhos para o quadro que indicava a página certa. Ela passou as páginas do livro sem pedir licença a ele. Ele não fez objeções. Assim que ela achou a página ele a olhou de lado. Ela sustentou o olhar. Draco olhou para o livro na página certa em seguida olhou para o quadro. Passou as páginas com ferocidade para onde estava. Ann bufou.
- Só tava querendo mostrar a página certa. – disse ela.
- Não me interessa a página certa.
- Mas é a que o professor está pedindo!
- Mas não é a que eu quero ler!
- Ah! – fez ela ao voltar-se para a janela. Esboçou um sorriso bobo no rosto. “O que estava acontecendo?”. Ela colocou a mão na boca querendo suprimir o riso a força. “Que droga!” ela olhou a sua volta. Estavam todos lendo em silêncio e Draco ao seu lado continuava a ler a página errada por mais de dez minutos, teve sérias dúvidas se ele estava mesmo lendo a página. “Alguém lançou algum feitiço em mim...?” pensou ao procurar por alguma coisa suspeita. “Não” respondeu a si mesma. Estava com vontade de conversar, de conversar com ele. Mas parecia que ele estava bem concentrado na página. Ele estaria contanto quantas letras tinham ali?
- O que está olhando?
- Nada. – respondeu ela divertida tentando inutilmente esconder o riso.
- Ta rindo da minha cara?
- Não! Por que estaria?
- Vai ver tem alguma coisa no meu rosto. – ele passou a mão no rosto. Ann não agüentou, riu. Gargalhou. Logo parou ao notar a sala toda a encarando. Ela acenou constrangida. Ela o olhou quando todo mundo voltou ao que estava fazendo. – O que foi agora? – ele parecia aborrecido. Ann respirava fundo para não rir. – Alguém colocou algum feitiço do riso pra você ficar rindo do nada?
- Não... não sei... – disse ela entre risos abafados. Gargalhou novamente.
- Você é doida. – Ann balançou a cabeça concordando.
- Talvez seja efeito do feitiço que levei ontem por sua causa.
- Por minha causa? Eu não tenho nada a ver com suas briguinhas idiotas por aí.
- Ahhh você tem... e como! – ela pareceu debochada. O olhou mais uma vez.
- Vou passar a cobrar por você está admirando minha beleza. – Ann riu e ele a olhou esboçando um meio sorriso maroto nos lábios, enquanto ela tentava disfarça. – De que porra você está rindo.
- Você se lembra do Welling?
- O estudante metido de Beauxbatons? Lembro. O que tem ele? – perguntou displicente. O sorriso de Ann foi sumindo aos poucos. Draco ainda a encarava. – Então era para ele que você queria impressionar dizendo que estava me namorando? Que coisa patética. – Ann gargalhou mais uma vez levando rapidamente a mão à boca. Draco sorriu de lado. – E ainda dizendo que eu é que faço besteira. – suspirou ele voltando-se para o livro.
- O que você sabe sobre o Welling? – ela perguntou. Draco virou-se para encará-la.
- Que ele estuda em Beauxbatons, não? Que ele está aqui para o Duelo de Prata, não?
- Sim, e mais alguma coisa? – Draco ficou pensativo coçando o queixo de leve.
- Não, não sei de mais nada.
- Ahh... – fez Ann ao olhar para frente.
- Por que quer saber?
- Pra nada...
- Pra nada?
- Nada.
- Tem certeza?
- Tenho.
- E por que continua rindo?
- Pra que quer saber?
- Curiosidade.
- Cuidado com ela.
- Com ela quem? A curiosidade? – ele perguntou a olhando de uma forma interessada. Ann franziu o cenho, achou melhor encerrar o assunto por ali mesmo. Mas ainda assim não conseguia tirar o sorriso do rosto. Achou melhor passar na Ala-hospitalar depois da aula a fim de saber se era efeito colateral do tratamento de ontem.
Os duelos tinham sido cancelados até segunda ordem. Alguns funcionários estavam organizando algumas coisas no estádio. Os alunos saíram da sala a caminho do Salão Principal. Mal Ann chegou a sua mesa da Grifinoria e desatou a rir. Hermione a olhou curiosa juntamente com Harry e Rony que sentaram ao seu lado.
- O que está acontecendo? – perguntou Hermione ao lado dela.
- Eu também quero saber que piada é essa! – disse Rony rindo da risada de Ann. Ann se debruçou sobre a mesa e ficou encarando Hermione que a olhava avaliando.
- Ann. O que você tem? – ela disse preocupada mais esboçando o sorrindo.
- Não sei, aconteceu hoje de manhã.
- O que está sentido?
- Vontade de rir.
- E o que mais? – perguntou Harry do outro lado.
- Felicidade.
- Bebeu alguma coisa quando você saiu da Ala-hospitalar? Ou quando saiu da torre da Grifinoria? – perguntou Hermione.
- Não, não... fui direto para a sala do professor Binns, mais nada. – comentou ainda sorrindo.
- É felicidade. Mas ela não tem nada. – disse uma voz atrás deles.
- GINA! – gritou Ann saltando da mesa e abraçando a garota. Gina arqueou uma sobrancelha, mas retribuiu o abraço.
- Não, isso não é normal. Olha o estado dela! Esta ficando vermelha de rir! – disse Hermione ao se levantar da mesa. Ann respirava fundo para não rir mais.
- Acho que está passando. – disse ainda com um sorriso estampado no rosto.
- Tem certeza?
- É Felicidade isso! – disse Gina agora se sentando.
- Por que seria? – perguntou Ann. – Nestas últimas semanas não tenho nenhum motivo para ficar feliz. – falou ao se sentar ao lado de Gina, mas ainda assim com um sorriso no rosto.
- Mas hoje você tem. – disse Gina agora sorrindo.
- Do que vocês estão rindo?! – Rony pareceu curioso e aborrecido com o ataque de riso das ruas. Ann ainda não sabia por que ria tanto e Gina ria por causa de Ann.
- A coisa ta feia. – disse Hermione preocupada.
- Não tem que se preocupar com nada, Mione. Ann está rindo de felicidade.
- E que felicidade é essa que você ainda não me respondeu?
- Você tem um motivo para está assim. E esse motivo está na mesa da Sonserina. – os quatro olharam para a mesa. Ann riu mais ainda.
- Malfoy? – perguntou Harry e ele encontrou os olhares confusos de Rony e Hermione.
- Ainda não entendi.
- Nem eu... – riu Ann.
- Depois vocês irão entender. – Gina finalizou o assunto dando uma garfada em sua torta que estava esperando por ela. Ann começou a se servir ainda esboçando um sorriso.
- Quero só ver como você comer rindo desse jeito. – Ann respirou fundo.
- Não estou rindo tanto a ponto de não poder comer.
- Não! – disse em uníssono Harry, Rony e Hermione. Ann fechou a cara.
- Agora parou! – disse Hermione ao olhá-la. Ann olhou para seu prato. Levantou os olhos e eles caíram na mesa da Sonserina, em Draco Malfoy e esboçou mais uma vez um sorriso.
- Não acho que meu motivo para estar rindo seja o Malfoy.
- Tem certeza? – Gina a encarou. Ann franziu o cenho.
- Olha o sorriso sendo suprimido. Eu to vendo. – Gina disse rindo. – Draco esqueceu quem você é. Não esqueceu?
- Sim. Mas eu estaria rindo por isso?
- Talvez.
Ann arregalou os olhos.
- Como assim?
- Não tem um ditado que diz melhor rir do que chorar? – os cinco encararam Gina. – É como se algo dentro de você estivesse torcendo para voltar ao que era. Pronto para esquecer tudo o que aconteceu e viver só mais uma vez o começo. De uma maneira diferente. Começar de novo.
Ann olhou para o prato, não conseguia tirar o sorriso do rosto. Achava meio impossível essa teoria da Gina, mas ainda assim, estava querendo ir a Ala para saber se era algum efeito colateral e torcia pela segunda opção. Se fosse a primeira, seria comprovado que Draco tinha um imenso poder sobre ela e isso a estava assustando, de uma maneira ou de outra se sentia feliz. Que felicidade estava sentindo, boba e idiota. Mas ainda se sentia feliz. Estranho sentir uma felicidade desse tamanho como se algo de bom estivesse acontecendo a sua frente, e estivesse esperando por mais coisas felizes. Começou a sentir certo receio disso, mas ao mesmo tempo era inevitável sorrir.

O almoço terminou e os alunos caminharam para as suas aulas. A próxima aula seria de Herbologia. Ann estava seguindo o currículo de aulas da Sonserina não por pedido, por obrigação. Ela estava prestes a subir as escadas para com seus amigos para a aula de Transfiguração com a Grifinoira quando alguém a puxou pela mão. Draco a arrastara para forma do castelo juntamente com a onda de alunos da Sonserina e Corvinal que caminhavam pelo bosque em direção a aula de Herbologia. Ann era a única vermelhinha no meio de tanto verde e azul. O toque da mão de Draco na sua a fez estremecer. Sentiu uma onda de choque por todo o corpo, mas não conseguia soltar, não queria soltar e o sorriso não desaparecerá de seu rosto. Estava se sentindo uma idiota, mas mesmo assim não queria que aquilo acabasse. Ele não soltou a mão dela quando chegaram à estufa, estava ao seu lado. Prestante atenção no que a professora Sprout estava falando. Ann parecia não escutar. Foi praticamente guiada mais uma vez para fora da estufa, estavam sendo levados para dentro da floresta proibida e Ann não conseguia parar de encarar a mão de Draco. Torcia para quem alguém abrisse o baú das bolas de Quadribol e lançasse um balasso em sua cabeça.
- Ainda está rindo? – a voz de Draco entrou em sua cabeça divertida. Ann o olhou. Ele sorria marotamente.
- Acho que sim. – respondeu ela numa voz fraca. Em seguida franziu o cenho. Draco riu e voltou a olhar a aula. Ele ainda estava de mãos dadas a ela. E ela não fazia questão de soltar e parece que nem ele. Ann começou a lembrar de uma música trouxa que cantava em casa. “Porque ele é doce e amargo. Ele me tira do chão. E eu não posso fazer nada para me ajudar. Eu não quero mais ninguém. Ele é um mistério. Ele é demais para mim. Mas eu continuo voltando para ter mais. Ele é justamente o garoto que eu estou procurando...”
Ann ficou cantarolando para si mesmo sem perceber que Draco a observava. Um vento forte bateu nos rostos dos alunos dentro da parte clara da floresta. A professora falava e Ann ainda cantarolava. Sentiu uma mão acariciar seus cabelos e rapidamente procuro quem o fez. Encontrou os olhos de Draco a encarando. Ele tocou levemente no queixo dela levantando seu rosto e aproximando mais para o dele. O coração de Ann foi à loucura. Começou a se sentir tonta com o perfume dele. Em outra época ele faria questão de está a quilômetros de distância dela. Que mudança era aquela? Quando Ann sentiu os lábios de Draco roçarem aos dela - brincando -, sentindo a respiração dele em sua boca, ela acordou de seu transe e notou que uma das mãos dele a segurava firme pela cintura a pressionando contra seu corpo e a outra segurava os cabelos da nuca. Mas mal havia roçado os lábios quando um pigarro irritante soou alto. Os dois olharam para os lados sem se afastarem um milímetro. Estavam sendo atração principal da aula. Ann notou que Pansy que havia pigarreado e estava de braços cruzados e batia o pé freneticamente no chão. A professora Sprout estava mais vermelha que pimentão e pareceu ter perdido o fio da aula. Gaguejou algumas vezes para poder recomeçar tudo de novo. Draco se afastou de Ann rapidamente passando as mãos sobre os cabelos bagunçando-os. Ann mordeu os lábios olhando para o outro lado. Sabia que estava corada e não queria que ele visse isso. Mas notou que ele havia segurado sua mão novamente.
Estava sentindo falta do seu perfume, de seu toque, de seus beijos, de seus abraços. Há quanto tempo eles não faziam isso? Há muito. Era como uma eternidade.
Sprout mandou que os alunos saíssem vasculhando a floresta sem se afastarem muito atrás de algumas ervas e plantas. Draco saiu mais uma vez arrastando Ann consigo. Ela somente o seguia ainda esboçando um sorriso idiota no rosto.
- Não vai muito longe! – disse ela.
- Eu sei para onde estou indo.
- Não parece... – disse ela tropeçando numa raiz alta. – Não podemos nos afastar tanto.
- Não reclama e anda. – bufou ele a segurando pela mão a puxando com força.
- Pra onde a gente ta indo?
- Você vai ver.
- Eu? Olha, eu não gosto de surpresas! Vê lá o que você vai fazer! – disse alarmada.
- Até um minuto atrás você estava querendo me beijar não? – ele parou de supetão a fazendo esbarrar nele. Ann fechou a cara.
- É e pelo o que me consta. Ontem você não estava gostando da idéia de estar ao meu lado. E até ficava se perguntando por que estava me namorando. O que na verdade nós não estamos. – acrescentou rápido. Ele apenas a encarava com um olhar incógnito. Virou-se e continuou a adentrar pela floresta. Passado alguns vinte minutos, longos vinte minutos que Ann protestava dizendo que precisavam voltar. Ele parou soltou a mão de Ann e caminhou cautelosamente pulando algumas pedras no caminho que estava suspensa numa superfície que parecia solida de cor amarronzada e suspeita.
Ann arregalou os olhos quando o viu atravessar com facilidade para o outro lado. Como se já tivesse feito isso antes.
Ele parou e olhou para trás como se procurasse por alguém. Viu Ann parada do outro lado.
- Oh! – fez ele. – Anda logo!
- Eu não vou atravessar isso mais nem morta!
- Deixa de besteira e anda logo!
- Pra quê?
- Eu vou te mostrar uma coisa. Anda logo! – ele disse já irritado.
- Não Malfoy. Temos que volta.
- A aula já acabou.
- Por isso mesmo. Estamos perdendo a próxima.
- O que eram as aulas quando estávamos nos duelos? – Ann ficou calada.
- Não! – exclamou. – Nos duelos recebíamos notas. Estamos recebendo alguma nota por isso?
- Imagine que sim.
- Não, não estamos e vamos acabar em detenção.
- Ô garota chata. Vem logo ou te trago a força.
- Nem se atreva! – rosnou. Draco olhou para os lados pensando na possibilidade de pegá-la a força para fazê-la atravessar. Caminhou por onde estava e adentrou para dentro de uma parede de folhagem que estava ali.
- EI! – chamou Ann. – Onde você está indo? – ele não respondeu. Apenas a deixou ali, parada, sozinha. Ann cogitou as chances de atravessar sem cair ou de voltar. Olhou para trás quando escutou um barulho a sua frente. Rapidamente voltou a olhar para onde Draco estivera. Ele voltará. Tinha no rosto uma expressão decidida. Passou pelas pedras calmamente como da primeira vez. Segurou na mão Ann que se debateu. – Não! Eu não vou passar! – ele não respondeu. Parou bufando.
- Ou passa por bem ou te jogo nessa lama!
Ann o olhou sobressaltada.
- Tenho uma terceira opção? – choramingou. Draco riu.
- Não!
- Ok. – aceitou. Fácil. Fácil demais. Isso estava errado. Não era pra agir assim. Ela passou para o outro lado, com cuidado para não cair. Logo atrás vinha Draco. Chegaram do outro lado e Draco tomou a dianteira novamente passando pela barreira de folhagens que mais pareciam uma cortina.
- Que lugar é esse?
- E eu sei. – Ann o olhou rapidamente.
- Como não sabe?
- Só estou andando. Oras. Pára de medo!
- A ta. Saiba que antes de você ter sido acertado por Zabini você morria de medo de entrar na floresta. – Draco parou de supetão e a olhou de forma assassina. – Não estou mentindo não. – concluiu inocente.
- Você aprece que esqueceu que eu me lembro de tudo menos de você e da minha briga com Zabini. Eu não tenho medo de entrar na floresta. Se tivesse não estaria aqui. – disse ao e virar soltando a mão de Ann. Ann bufou. Ele foi caminhando mais alguns minutos. Ann escutou som de água correndo.
- Estamos perto do lago! – ela pareceu animada. Voltaria para o castelo.
- Não. – Ann murchou.
- O quê? Mas é som de água, não? Então, estamos perto do castelo.
- Estamos bem longe do castelo.
- Como você sabe?
- Você vai saber.
- Malfoy o que você está aprontando?! – disse ela ao parar de andar. Ele segurou mais uma vez na mão dela a puxando. – Não. Eu quero saber o que você está fazendo!
- Você vai ver! – disse ao puxá-la novamente. A floresta foi se abrindo e eles estavam em cima de um pequeno precipício de uma altura de mais ou menos um metro e meio. Abaixo tinha um grande lago cristalino e uma o som da água corrente que Ann escutava era da cachoeira. Ann ficou maravilhada com aquela beleza exuberante da natureza. Não imaginava que tinha isso nos terrenos de Hogwarts. Como ele sabia daquele lugar? Ela o olhou. Ele parecia apreciar o que estava vendo. – Vai. – disse ele.
- Pra onde? – perguntou ela sorrindo.
- Isso! – disse ele ao puxá-la com tudo e pular para dentro d’água, junto com ela. Ann gritou. Litros e litros de água a sua frente e seu corpo submerso na água fria sob o sol escaldante. Ela subiu.
- Seu, seu, seu... – ela gaguejava com os lábios trêmulos da água fria. Draco gargalhava gostosamente. – Como, como pôde?! – rosnava ao tentar nadar para a areia adiante olhando em volta. Draco a segurou e a trouxe para si. – Me solta! – ele acariciou seu rosto de leve. Ann arregalou os olhos assustada. – Chega de brincadeiras... pára com isso... vamos voltar para o castelo.
- Só fica quieta um instante. – pediu enquanto ele a olhava. A pressionou mais contra seu corpo segurando firme pela cintura. Ann tremia os lábios de frio e sentia seu corpo flutuando na água, tentava inutilmente achar o chão. Ele encostou a testa na dela e fechou os olhos. Ann ficou de olhos abertos observando-o. As mãos de Draco ergueram os braços de Ann e os colocou em volta de seu pescoço. Fazendo com que ela o abraçasse. – Segure firme e não me solte. – sussurrou. Ela apenas consentiu jogando de lado sua outra razão, a que teimava em querer voltar para o castelo. Ele aproximou mais o rosto lentamente até sentir os narizes se tocarem. Ann sentiu aquelas sensações de novo. Draco abriu os olhos e olhou fundo nos de Ann. Quando ele roçou os lábios aos dela, Ann fechou os olhos. Ele fez o mesmo. Ele a abraçou pela cintura enquanto passava a sua língua pela boca da garota fazendo com que ela abrisse, ela fez sem hesitar. Quando o beijo foi mais profundo fazendo as línguas se encontrem. Draco puxou Ann pra baixo d’água, e Ann sentiu seu joelho bater na terra, de leve. Ao redor, não se escutava nada, apenas um barulho ao longe da água caindo pesadamente no rio. Ann abraçava forte Draco, enquanto ele abraçava pela cintura. Ann sentia o corpo todo estremecer, o coração batendo forte no peito, querendo a todo custo quebrar suas costelas, e o estomago dando cambalhotas enquanto suas línguas pareciam brincar como velhas amigas. Passados alguns segundos, quase um minuto. Draco de um leve impulso para cima levando Ann consigo. Um ar gelado chicoteou seus rostos. Ann lentamente se afastou quebrando o beijo. Abriu os olhos e Draco continuava com os seus fechados. Ela encostou sua testa na dele e o sentiu acariciar sua bochecha com o polegar. Ela sorria o observando enquanto ele ainda matinha os olhos fechados. Ele se afastou e abriu os olhos. O olhar que Draco lançou a Ann ela não pôde identificar, mas não era nenhum olhar de desprezo, desdém, deboche. Não era brincadeira. E se estivesse brincando com ela?
- O que foi? – ele perguntou quando a expressão de Ann se tornou sombria.
- Nada. – respondeu ao se virar para nadar novamente para a areia. Draco a deixou ir a seguindo logo em seguida. Saíram do rio. Ann caminhou cambaleando na areia fofa.
- Estou com medo de perguntar o que você sentiu... – ela escutou a voz dele atrás dela. Ann corou.
- Pra quê que você quer saber?! – rosnou vermelha. Ele riu.
- Se sou namorado bastante pra você. – Ann o encarou surpresa. Abriu e fechou a boca rapidamente. Virou-se parar continuar sua caminhada. Quando se apoiou numa árvore Draco a abraçou por trás. Beijando seu pescoço enquanto tirava os cabelos molhados da garota deixando o pescoço livre. Ann sentiu perde as sensibilidades das pernas e Draco a sustentou em seu corpo. – Você não me respondeu.
- E foi uma pergunta? – sussurrou perdendo os sentidos.
- Não, mas eu queria saber...
- Vai ficar sem saber! – disse ao empurrá-lo para longe. Ele riu.
- Você não disse que eu era seu namorado.
- E pra que você quer que seja agora?! – ela disse irritada ao continuar andando.
- É pra esse lado. – disse ao segurar nos ombros da garota a guiando. Ann tirou as mãos dele dos ombros. “Ah filho da mãe... estava só brincando. Com sempre.” Pensou emburrada enquanto lançava olhares assassinos para Draco. Que a seguia displicentemente com as mãos nos bolsos molhados. De quando em quanto mexia no cabelo molhado o tirando dos olhos. Ann mordia os lábios de raiva. Caminharam em silêncio. Draco parecia se diverti com a caminhada e Ann não via a hora de chegar. Não demorou nem dez minutos e eles já estava chegando ao castelo que se erguia imponente no grama. Rapidamente Ann aperto o passo não estava gostando nada desse novo Draco, estava estranho, esquisito e mais atrevido. Eles entraram no castelo e Draco foi recebido por alguns amigos que logo vieram ao encontro dele.
- Onde você estava cara?
-... Pansy não parava de falar bobagens! – Ann aproveitou a deixa para seguir para a torre da Grifinoria quando sentiu ser puxada pela mão.
- Eu estava por aí. – respondeu Draco para seus amigos sorrindo enquanto segurava a mão de Ann, que tentava se esconder, discretamente atrás dele.
- E todo molhado. Estava nadando? – perguntou um garoto ao encontrar os olhos de Ann. Ann abaixou a cabeça. O rapaz soltou um risinho malicioso.
- Estava nadando. Ta muito calor hoje. – ele respondeu numa voz divertida e marota ainda segurando a mão de Ann. – Vou indo. A gente se fala mais tarde. – disse saiu com Ann de mãos dadas. Eles caminharam em silêncio enquanto Draco era praticamente assediado pelas garotas que passavam e praticamente o comiam com os olhos se perguntavam o porquê dele está todo molhado. – Vai. – disse ele ao parar no corredor da Grifinoria. Assim que ela deu o primeiro passo pra seguir. Ele se virou para ir embora. Ela parou.
- Vai pra onde? – perguntou inocentemente. Draco parou e girou nos calcanhares elegantemente.
- Acha que vou ficar aqui esperando você voltar? Vou pegar um resfriado isso sim – disse ao se virar novamente para seguir seu caminho. Ann o ficou observando até que ele sumisse de vista no final do corredor. Caminhou lentamente até o quadro da mulher gorda. Disse a senha e entrou. Correu rapidamente pela escada sob os olhares de alguns curiosos, adentrou no quarto e fechou a porta com força. Escorregando na mesma até o chão, colocou as mãos na cabeça e chorou alto. E muito. Estava confusa, estava cansada, era muito para suportar. Batidas na porta a tiraram de seus pensamentos.
- Quem...? – foi à única coisa que ela disse ainda sentada no chão, encostada na porta, impedindo a passagem.
- Sou eu, Hermione! – disse uma voz aflita do outro lado da porta. Ann se levantou e caminhou até a cama se sentando na mesma. – Ann? – disse Hermione baixinho ao adentrar no quarto. – O que aconteceu? Por que está toda molhada? Malfoy te fez alguma coisa?
- Sim. Ele fez. – ela disse entre soluços se abraçando aos joelhos. Hermione levou a mão à boca assombrada.
- O que foi que ele te fez?! – engasgou exaltada. Ann olhou para Hermione como se visse uma velha e grande amiga que não via há muito tempo.
- Ele... – ela fungou. – Ele me deu o melhor beijo da minha vida, mas não se lembra de mim... – falou as últimas palavras com um pesar. Ann chorou mais ainda sendo acalentada por Hermione que se sentou ao seu lado.
Draco caminho apressado e agitado pelos corredores. Abriu a porta da sala de monitoria chefe e mal a fechou e a mesma se abrirá num só gesto. Ele olhou rapidamente para ver quem o seguirá. Tom, seu amigo, tinha no rosto uma expressão preocupada e exaltada.
- Draco?! – exclamou ele. – Onde você esteve? Estavam todos te procurando?
- É... – fez ele sem se importar caminhando para o seu quarto. Tom ficou na sala. Voltou com algumas mudas de roupa. – Eu não posso sumir nem por alguns instantes que vocês ficam preocupados. Estou desconfiando demais disso. Vocês estão muito mal acostumados com a minha presença!
- Mal acostumados com sua presença?! – fez Tom desentendido. – Estavam achando que Zabini havia dado cabo de sua vida. – Draco franziu o cenho sem entender. – Que você já tinha passado dessa pra melhor. – Draco fechou a cara. – Não me olhe desse jeito. Só a Pansy falando aos montes fez com que todo mundo rodasse o castelo atrás de você. E você tinha sumido dentro da floresta...
- Eu estava com uma pessoa.
- Com a Ann?
- Quem é essa? – ele perguntou não muito interessado.
- Você anda com a garota pra cima e pra baixo e não sabe o nome dela? – ofegou Tom alarmado. – Preciso, definitivamente, sabe que feitiço foi esse que Zabini usou. Assim posso sair com algumas garotas por um dia e depois alegar perda de memória... – acrescentou ele maroto. Draco o olhou de forma assassina tirando o sobretudo da Sonserina e a afrouxando a gravata.
- E onde ele está? – perguntou enquanto arrancava a gravata do colarinho da blusa.
- Ninguém sabe. – respondeu Tom dando os ombros. Draco arqueou uma sobrancelha.
- Vou repetir: Não posso sumir por alguns segundos que vocês todos fazem alardes agora quando tem um cara que deve está rodando o castelo inteiro atrás do meu pescoço ninguém sabe onde ele está.
- Não está com medo dele pular do armário está? – disse Tom divertido. Draco fez um gesto obsceno para Tom e adentrou no quarto.
- E o que você estava fazendo com aquela garota?
- Não lhe interessa.
- Ah interessa... – Draco voltou à sala e encarou Tom.
- O que disse?
- Draco, se você está pensando em fazer alguma coisa que machuque essa garota, vou lhe avisando que não vou deixa. – disse ele desafiador. Draco se empertigou.
- Está gostando da Grifinoria, Tom? – perguntou sorrateiramente. Tom ficou sério.
- Não é isso Draco. Você provavelmente não se lembra dela. Não se lembra de nada sobre ela. Mas escute o que vou lhe dizer: você gostava dela, cara. Gostava não, ainda gosta. Gosta ao ponto de dizer que deixaria seu pai preso em Azkaban por ela. – Draco arregalou os olhos.
- Eu só poderia ter batido a cabeça! – ofegou.
- Não, você não bateu a cabeça. Você deixou até que Zabini lhe batesse quando você disse que iria... – ele abaixou a voz sacou a varinha e lançou um feitiço na porta. – Que iria desistir daquele caso. Você se lembra não? – Draco correu os olhos pelo quarto pensativo. Largou a gravata em cima da mesa junto com o sobretudo.
- Lembro.
- Você recebeu um aviso dos... dos caras lá... – Draco percebeu que Tom não estava querendo dizer alguns nomes. – E você foi até Hogsmeade e quase foi massacrado por eles! Porque eles ficaram sabendo que você disse que iria desistir! Por ela, Draco, pela Ann! Cara pense! – Tom pareceu desesperado, falava baixo.
- Eu fiz isso?
- Fez. Fez por causa da Ann. Eu não to defendendo ela nem nada. Por mim você pode fazer o que quiser com ela, desde que recupere a sua memória, mas você estando assim. Sinto muito, não vou deixar. Pela simples razão de querer defender o meu pescoço. Por que se você machucá-la e quando recuperar a memória, ai meu amigo, você vai caça o primeiro que tiver na sua frente pra saber porque ninguém o impediu de fazer uma besteira.
- Eu... – Draco passou as mãos pelos cabelos. – Gostava tanto dela assim...?
Tom soltou um assovio.
- Diria que você a amava. Amava não. Ama.
Os dois ficaram em silêncio.
- Nós... nos estávamos namorando?
- Se vocês estavam, eu não sei, não tenho tempo nem saco pra saber da vida amorosa de meus amigos. Pergunte algumas das meninas. Elas devem saber. – responde dando os ombros. – Mas que vocês brigavam...
- Brigávamos muito?
- Draco. Só de cara vocês nem devem estarem juntos. Pense meu amigo. Você veio este ano para Hogwarts para quê? – Tom deixou a pergunta no ar enquanto Draco ainda estava pensativo. Perdido em pensamentos. – Vocês, desde o começo, estão em mundos diferentes, em lados diferentes. Ela não iria para o seu lado e nem você para o dela, principalmente você que tem nas costas várias vidas... vidas que estão esperando por você. – Tom caminhou para a porta. – Tenho que ir. Vou me encontrar com uma loirinha da Corvinal. – ele sorriu malicioso. – Tchau meu amigo. – falou e saiu fechando a porta. Draco caminhou para o quarto lentamente. Deitou na cama fitando o teto pensativo e notou algo se movendo ao seu lado. Em cima de uma mesinha. Sentou-se na cama, era um bilhete a letra parecia um pouco corrida e aos garranchos.
- Ann? Aonde você vai? – perguntou Hermione quando viu a garota se levantar da cama. Ela tinha dormindo por alguns minutos e Hermione aproveitou para ler na cama de Gina.
- Vou andar por aí... – disse sem encarar a amiga. – Volto logo. – falou ao sair do quarto.

O vento daquela tardezinha vagava e varria os gramados de Hogwarts, teimava em levantar as saias das garotas que davam pulinhos mínimos e gritinhos histéricos profanando nomes contra a brisa. Alguns garotos estavam deitados no gramado aproveitando o dia de sol quente que há muito não se via. Estavam espalhados pelos gramados. Roland Welling estava com seus amigos aproveitando o sol daquela tarde fresca. A calmaria até assombrava.
Longe do castelo, próximo a floresta. Havia um rapaz em pé, esperando alguém. Pacientemente. Ele virou-se devagar ao notar uma figura se aproximando. Sorriu malicioso mostrando sua face numa fúria contida.
- Estou aqui. Vamos acabar com isso logo de uma vez.
- Creio que se lembre porque está aqui.
- Alguém me contou dos motivos de sua raiva.
- Raiva?! – berrou Zabini com sua varinha em punho. Caminhou a passos pesados em direção a Draco que se manteve indiferente. – MEU PAI ESTÁ PRESO. ESTÃO TODOS LÁ! NÃO VOU DEIXAR QUE VOCÊ HUMILHE MINHA FAMÍLIA PERANTE A COMUNIDADE BRUXA!
- Sua família já está humilhada. – Zabini se empertigou mordendo os lábios ferozmente. – E A MINHA TAMBÉM! – urrou Draco. – SE QUER ME ATACAR, ME ATAQUE DE UMA VEZ! VAMOS! FAÇA ISSO E ACABAMOS COM ISSO. AGORA VOCÊ TEM SUA CHANCE. ESTAMOS LONGE DE TODOS!
Zabini pareceu hesitar por alguns instantes.
- CRUCIO! – urrou com toda ferocidade que tinha. Seus olhos esbugalhados quase saindo das orbitas, louco e possesso. Draco pulou para o lado.
- ESTUPEFAÇA! – Zabini bateu com força numa árvore mais atrás. Correu para dentro da floresta.
- ESTÁ COM MEDO DE ME ATACAR DE VERDADE?! – rosnou Zabini por entre as árvores. Draco o seguiu. – VAMOS MALFOY. VOCÊ É UM COMENSAL OU NÃO? OU É SÓ MAIS UM SUBORDINADO DE MERDA DE DUMBLEDORE?! – Zabini respirava ofegante. Olhando para trás a mediada que andava mais depressa. – IMPEDIMENTA! – berrou ao ver Draco passar a sua frente. Draco caiu pesadamente no chão.
- CRUCIO! – o feitiço passou zumbindo pela orelha esquerda de Zabini que pulará par ao lado.
- AVADA KEDA...!
- PROTEGO HORRIBILIS! – Draco foi mais rápido. Por uma fração de segundos um jato esverdeado bateu ferozmente a sua frente numa espécie de escudo. Draco arregalou os olhos se levantando aos tropeços. Girando a varinha ferozmente em seu punho. Zabini estava descontrolado. Irreconhecível e visivelmente louco.
Zabini fez alguns gestos com a varinha e a outra mão livre. Deu um risinho cínico do lado.
- MOBILIARBUS! – gritou apontando para uma árvore próxima. Draco olhou rapidamente. As raízes da árvore começaram a se mover violentamente sendo arrancada do chão. - WINGARDIUM LEVIOSA! – berrou quando fez um gesto para jogar a árvore pra cima de Draco. Este se jogou no chão no momento em que a árvore passou raspando por sua cabeça.
- IMPEDIMENTA! – urrou apontando sua varinha para Zabini indefeso. Este foi jogado violentamente em outra arvores. Draco se levantou de um salto e olhou a árvore ao chão. Caminhou pesadamente até o amigo. Mas este não estava mais no lugar onde ele o jogará. – EU NÃO QUERO MATAR VOCÊ, ZABINI! O QUE QUER QUE SEJA QUE EU TENHA DITO, SEI QUE NÃO POSSO VOLTAR ATRÁS! – o coração de Draco palpitava no peito violento. A respiração pesada do ar secava sua boca. Ele correu os olhos desesperados pela floresta atrás de alguma pista que fosse de seu amigo. Correu mais alguns passos. Sabia que poderia estar na mira dele a qualquer momento. Draco ergueu a varinha para o ar – Pericullum! – várias espécies de chispas avermelhadas foram lançadas ao céu. O que quer que acontecesse com os dois. Alguém viria o sinal e talvez chegasse ali, a tempo ou não. – Ann? – exclamou ele ao notar a garota sentada de lado, ela não o tinha visto e parece que nem havia notado o que estava acontecendo tão próximo dela.
Ela se levantou calmamente enquanto passava as mãos ao rosto para limpar algumas lágrimas. E ao se virar viu Draco com a varinha na mão e todo descabelado. Ela franziu o cenho.
- O que você esta fazendo aqui? – perguntou.
- E que pergunto o que você está fazendo aqui!
- IMPEDIMENTA! – uma voz urrou as costas de Draco o feitiço passou raspando pelo braço dele e chocou em Ann.
- ANN! – Gritou Draco. Este olhou para trás. Zabini vinha caminhando e confuso para saber por que Draco havia gritado o nome de uma garota, foi quando seus olhos cariam sobre ela, estava caída no chão. Desacordada.
- Eu... eu não.. eu... – balbuciava ele com as mãos a cabeça. Draco correu pra onde Ann estava. E a tomou nos braços.
- ANN? ACORDA... ACORDA...
- CALA A BOCA, DRACO! FOI POR CAUSA DELA QUE VOCÊ NOS TRAIU! – berrou Zabini retomando seu estado incontrolável. Draco se levantou.
- Eu... não queria ter aceitado aquilo....
- É tarde demais para pedir desculpas. – soou a voz sombria e fria de Zabini. Draco girou nos calcanhares apontando a varinha para Zabini.
- CRUCIO...!
- AVADA KEDAVRA!
- PROTEGO HORRIBILIS!
Rápido. Tinha que ser rápido. Os fleches de luzes das varinhas choraram os dois em cheio no peito. Bateram nas árvores e caíram desacordados. O silêncio tomou conta do lugar.

Uma garota estava brincando com as ondas do lago quando no canto de seus olhos viu algumas luzes vermelhas subirem no ar. Ela olhou mais uma vez.
- Olhem! – disse alguém ao seu lado. – Sinal.
Outras pessoas que estavam próximas viram e apontava. Chispas vermelhas nos céu.
- O que está acontecendo?
- Tem alguém perdido?
Cinco garotos da Grifinoria e dois da Lufa-lufa sacaram as varinhas e saíram correndo em busca do sinal. Algumas garotas que estavam com eles correram para dentro do castelo.
Os garotos começaram a procurar.
- Viu alguma coisa? – disse um lorinho da Lufa-lufa.
- Achei algo! – gritou um moreno da Grifioria.
- Uma árvore? É apenas uma árvore caída.
- Não. Ela foi arrancada. – disse um da Lufa-lufa num ar intelectual. – Vamos, vasculhem. – TEM ALGUÉM AÍ?! – berrou chamando.
- ALÔ?! TEM ALGUÉM PERDIDO?!
- Vocês viam o sinal, não viram?
- Claro que vimos... e CARAMBA! – exclamou um da Grifinoria. – RÁPIDO. Vai chamar o professor Snape, a professora Minerva, o que tiver no castelo! E rápido! – berrou. Um dos garotos da Grifinoria saiu desembestado e aos tropeços para fora da floresta.
- Meu Deus... eles... eles... – disse um da Lufa-lufa.
- Draco Malfoy e Blas Zabini.
- Eles tinham duelado ontem não?
- TEM UMA GAROTA AQUI! – berrou um da Lufa-lufa. Os rapaz foram verificar.
- Essa não é...
- Theron! Ela é da minha casa!
- Mas o que ela estava fazendo aqui?
Um dos garotos da Lufa-lufa se abaixou colocando a garota em seus braços.
- Verifica o pulso dela! – disse um da Grifinoria rapidamente. O garoto pegou no pulso de Ann. Olhou para os companheiros.
- Está fraco. Ela está desacordada.
Dois deles foram rapidamente ao encontro de Draco e Zabini desacordados e fizeram a mesma coisa nos pulsos.
- O pulso de Zabini está fraco também! E o do Malfoy?! – perguntou. O rapaz que estava tomando o pulso de Draco arregalou os olhos e logo se afastou do monitor.
- O dele... o dele... – gaguejava o rapaz amedrontado. – Eu não senti o pulso dele, cara. Não senti! – ele se levantou aos tropeços. – ELE MORREU CARA! ELE MORREU!
- CALA A BOCA! – rosnou o que estava com Ann nos braços. – Não fala asneira! Você não deve ter sentido direito. – Ele deixou a garota com cuidado no chão e correu para onde estava Draco tomando logo o seu pulso.
- E aí?!
- Ele ainda está vivo? – o rapaz demorou em responder.
- Se ele não for atendido logo... vai morrer. – ele se calou. Passado poucos minutos vieram alguns professores ao encontro deles. Rapidamente os professores improvisaram a volta dos três alunos graves para o castelo rapidamente.

A noite caíra e a luz da lua iluminava toda a Ala com sua luz cálida e prateada. O silêncio modorrento pairava no ar. Ann estava sentada na cama, os cabelos soltos lhe ocultavam o rosto na penumbra dos mesmos com a luz que adentrava a janela. Não tinha forçar para nada. Não via nada. Não escutava mais nada. Não escutou o que seus amigos disseram e passou o tempo todo em silêncio. Chorando em silêncio.
Draco levantou-se levando a mão à cabeça. Resmungando algo para si irritado.
- Filho da... – dizia ele. – Ele queria mesmo me matar! – rosnou ao se sentar na cama da Ala-hospitalar. Ele saltou da mesa se sentindo leve. Respirou pesadamente e caminhou pelo ambiente sombrio e hostil. Passou pela porta entreaberta da Ala a adjacente. Virou-se para olhar a Ala e viu Ann, sentada, de cabeça baixa. Ele foi até ela engolindo seco. Agora vinha tudo a sua memória. Como um estalo. Agora sabia perfeitamente quem era aquela garota que estava sentada ali.
- Ann... eu... – ele começou. – Desculpe pelas palavras que eu te disse naquele dia. Que nós brigamos, me perdoe... eu não sei o que deu em mim... – ela começou a chorar ainda de cabeça baixa. – Por favor, me desculpe. – suplicou ele ao se aproximar. Ela levantou a cabeça e ele viu as lágrimas correrem pelo rosto da garota. Ela se deitou de lado agarrando o travesseiro, chorando. – Ann? – ele chamou de mancinho ao se aproximar dela e ficar na frente da garota, mas... – Ann! – chamou ele mais uma vez. – Não fique me evitando! Eu estou pedindo desculpas! Eu sei que sempre fui um grosso, mas estou pedindo desculpas. Me perdoe! – falou alto. Ele franziu o cenho. – Eu estou fazendo algo que não é do meu feitio fazer: pedir desculpas. E você ainda me ignora?! Ei! – brigou ele.
Ann se sentou mais uma vez. Ele a acompanhou com os olhos. Ela desceu da cama e passou por ele como se ele não estivesse ali.
- EI! – berrou. – Não me ignore!
Ela caminhou levemente até a porta entreaberta das Alas. Ele a segui. Tocou na maçaneta penosamente como se esta estivesse queimando e respirou pesadamente de cabeça baixa. Apertou-a e empurrou a porta de leve. Ela levantou os olhos e caiu de joelhos no chão duro e frio do ambiente ao ver o corpo inerte de Draco, ainda trajando as vestes da Sonserina, deitado no leito. Ela chorou em silêncio tentando sufocar sua dor ao apoiar as mãos no chão frio. Draco ao seu lado, arregalou os olhos passou a passos largos e pesados até seu corpo inerte no leito.
- O QUÊ?! – berrou em plenos pulmões. Ele virou-se para Ann e foi até a garota. Agachou-se a frente desta. – Não me vê... – murmurou ele assombrado. – Não me vê... ela não me vê... – sussurrou ao olhar para trás. – Não, não, não, não! – repetira ele desesperadamente levando a mão à cabeça ao se levantar exasperado. – NÃO! NÃO! NÃO! – gritou.
- Por quê?! – murmurou Ann com a voz embargada. Ele virou-se e abaixou-se a frente dela, mais uma vez. – Por quê...? – ela fungou. – Seu mentiroso, idiota...
Draco colocará a mão a boca de braços cruzados como quem sufocava um choro.
- Me deixou... – ela falou de um modo estático e arrastado. – Me deixou sozinha...
- Não, não, não! Eu não deixei! Estou aqui! – falou ele como se quisesse chamar sua atenção. – Olhe para mim... – murmurou numa voz pastosa. – olhe pra mim...
- Senhorita Theron! – exclamou uma voz atrás deles. Draco virou-se. Madame Pomfrey vinha com a varinha enfeitiçada com Lumus. – O que faz aqui? – perguntou. – Venha, venha comigo. – disse ao pegar no braço da garota. Esta levantou lentamente chorando baixinho. Draco seguiu as duas. Pomfrey a levou até a cama e Ann deitou-se. A enfermeira pegou um frasquinho com um líquido transparente de uma das prateleiras de vidro próxima e colocou numa pequena caneca. Levou apressadamente até Ann e a fez beber. – Tome isso, ficará melhor. Olhe, o senhor Malfoy esta somente em coma, pode acordar a qualquer momento. – disse a enfermeira tentando tranqüilizá-la. Ann ficou a fitá-la por alguns instante devolveu a caneca de volta e adormeceu logo em seguida. A passos pesados e devagar, Pomfrey voltou ao seu quarto. E Draco escutou a porta bater em seco. Ele ficou fitando o rosto pálido de Ann que dormia. Aproximou-se da garota levando a mão até o rosto dela e hesitou em acariciá-la. Fechou o punho, preferiu apenas olhá-la. Se aquilo era real e não apenas um sonho, se era real e não apenas um pesadelo, não queria ver sua mão atravessá-la como os fantasmas de Hogwarts faziam. Achou que realmente iria para o inferno e enlouqueceria de verdade. Procurou não entrar em desespero na situação em que se encontrava, tentou apenas não pensar em nada por enquanto; ficou ali, parado, apenas assistindo Ann dormir.





Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.