Os planos da raposa
Capitulo onze
Os planos da raposa
Pansy entrou esbarrando em tudo quanto era garota da Sonserina assim que entrou na Sala Comunal da mesma. Sua face roxa de cólera exibia uma fúria descontrolada, que a fez saca a varinha e jogar para o alto metade das coisas que haviam no dormitório feminino, quando subiu as escadas a passos pesados para entrar no mesmo. Seus gritos de fúria pareciam rugidos de uma leoa ferida e maltratada, de alguém que perderá a linha em seus pensamentos racionais. Ela bufava, e respirava pesado, andando a passos pesados de um lado para o outro, a varinha na não direita batendo de leve na mão esquerda. Ela rodava no quarto, olhando a torto por ele. As camas revidas, os malões abertos e vestes de roupas espalhadas pelo quarto, juntamente com livros e outros objetos. Sua amiga, Vivian Schneider, entrou estupefata no quarto e logo tratou de indagar:
- O que esta acontecendo? – no seu encalço, vinham algumas garotas curiosas que logo foram espantados por Pansy, que além de olhar de forma assassina, berrou alto:
- SAIAM DAQUI!! – ao mesmo tempo enfeitiçando alguns objetos pontiagudos existentes no quartos sendo atirados contras as garotas. Pansy pareceu não notar que Vivian ainda estava esperando por uma resposta. Esta recomeçou a andar de um lado para o outro, agora, coçava a cabeça com a varinha e dizia baixinho de forma repetitiva:
- Draco vai ser meu, Draco vai ser meu, Draco vai ser meu... – Vivan lhe agarrou os ombros e a obrigou a encará-la, chacoalhando-a.
- Pansy, o que esta fazendo?! – Pansy a olhou com um olhar curioso e incógnito, exibindo na face um sorriso malicioso e alucinante como se tivesse lembrando de algo.
- Tenho uma carta na manga. – disse sorrindo de forma penosa, quase num sussurro. – Uma carta na manga! – deu gargalhadas.
- Do que você esta falando? – perguntou Vivian numa voz fraca. Pansy olhou para os lados de forma alucinada, como se verificasse que não teria mais ninguém no quarto.
- Ora Vivian, esta com medo? – perguntou num tom sarcástico.
- Não, não é isso, é só, só que parece que você esta...
- Louca? Não me venha pra tanto! – bufou ela ao caminhar para a janela fria e encardida. – Draco Malfoy será meu nem que ele tem que arriscar a vida por isso...
- Normalmente as pessoas diriam: “Nem que eu tenha que arriscar a vida por isso”. – corrigiu Vivia.
- Não. – respondeu Pansy agora encarando-a. – Ele terá que arriscar por isso. – Vivian a olhou incrédula, no fundo, com olhos temerosos. – Agora, será a minha vez de brilhar. – ela sentou-se na cama bagunçava puxando pelos braços e Vivian a fazendo sentar ao seu lado. Correu os olhos pelo quarto. – Welling vai me ajudar.
- O quê?! – exclamou Vivian em voz alta. Pansy fez sinal para que se cala-se.
- Roland Welling é a minha carta na manga... – disse sorrindo,
- Eu não entendo...
- Vai entender... no momento do duelo que levara os alunos para fora do estádio. Você irá entender.
O que eu era para eles? Nem mesmo eles sabiam. Eu... Não tenho nem mais o direito de dizer essa palavra: “Eu”. Por que me esconderam...? Se um dia eu ficaria sabendo... Se um dia isso viria à tona... Por que não me contaram? Para me proteger? Do que?
O que me contaram... Era que eu tinha parentesco com certo alguém, ao qual eu não tinha nenhum sentimento... Medo? Eu não sei explicar o quê... mas eu não sentia nada por essa pessoa... Medo de escutar seu nome? Não. Medo de seus feitos? Não. Nada. Eu não sentia nada. Remorso? Talvez... Talvez, palavra interessante... indecisa... indiferente... Talvez seja essa mesma... Indiferente. É isso que sinto, será que poderia sentir isso? Indiferença? Diante de tudo o que está acontecendo? E Harry? Que passou por tudo aquilo por causa do certo alguém... não sinto nada. É meio estranho, não sentir nada diante de tudo isso enquanto tantos outros sentem medo, angustia, terror só de ouvir falar nessa pessoa ou mencionar o nome de Harry Potter... já eu não sinto absolutamente nada... Sou insensível? Isso é normal? O que eu sou? Nem eu mesma sei? Acho que já me fiz essa pergunta antes... mas será que consegui responder? Será que algum dia conseguiria responder? E o que esse homem fez com aquela pobre mulher que me disseram ser minha mãe? A matou. O que senti? Não sei dizer... Ninguém nunca me falou dela... ninguém nunca me disse seu nome nem como era sua personalidade. Não sei do que gostava, não sei qual eram seus sonhos nem o tom de sua voz, nunca senti seu carinho... não sei a cor de seus olhos... nem de seus cabelos... não sei ... não sei nada sobre ela. Me vem as lembranças de alguém falando comigo sobre uma tia minha, que tinha o mesmo sobrenome que ela... Acho que era Anita. Mas Anita não era a minha mãe. Mas ela não era a minha mãe, era a irmã... Ninguém nunca disse nada sobre ela. Me fizeram acreditar numa mentira, me disseram que ela era uma trouxa... só isso. Cheguei a pensar que ela era alguma coisa ruim para que ninguém falasse sobre ela... Agora me contam uma avalanche de coisas totalmente sem importância para mim. Soou estranho? Sem importância? Para alguém que queria saber sobre sua mãe e ninguém nunca contou nada? Talvez... Mas para mim... o que importa? Mas nada. Pois só foi isso que Dumbledore me contou naquela saleta pequena que cada vez se tornava mais abafada, mas degradante à medida que as palavras saiam de sua boca... Eu não senti nada. Era isso que eu queria dizer? Nem eu mesma sei, sabe por quê? Porque eu nunca existi. É por isso que não sinto nada. E quer saber por quê? Porque fiquei sabendo, num outro momento, num outro lugar, não pela mesma pessoa que tratou de contar tudo minuciosamente – contou tudo com o mais cuidado que teve com as palavras para que eu chegasse a entender –... Não foi por essa pessoa... não por ela... mas por outra. E foi da pior forma possível. Para eles eu não existia. Era apenas uma imagem de alguém, uma imagem. Eu nunca existi. Nunca tive uma própria identidade. Não sei mais de meus pensamentos, minhas atitudes, minhas razões... Eu não sei nada sobre meu próprio eu que na verdade era cópia de alguém.
Ann segurava em suas mãos frouxas a fotografia velha e amassada que Harry lhe dará. Por alguma razão da qual desconhecia, um receio lhe rondava com a foto virada para baixo. Ela fitava suas costas amarelada exibindo algumas linhas do amasso. Nem Harry nem Dumbledore mencionaram alguma palavra nesse momento. A sala produzia alguns ruídos de pigarros e outros de resmungos que se tornavam irritantes naquele silêncio angustiante e doloroso. Harry se mantinha numa expressão curiosa, uma sensação estranha de dor passou por seu coração ao lembrar-se de um momento parecido no ano passado. Ele olhou para a janela, que nem dava para perceber que horas eram pelas nuvens pesadas enquanto um tímido sol tentava a todo custo passar transmitindo seus raios, e com os flocos de neve batendo ferozmente na janela fechada. Era uma visão que Harry talvez nunca esquecesse. Que estranho era aquela sensação, que lhe tirava o ar, Harry se encostou mais na cadeira quase se deitando passando as mãos sobre o rosto de forma cansada ao fechar os olhos. Abriu-os e viu algumas partes girar, não estava agüentando ficar ali. Estava sufocando.
- Quem é...? – soou a voz de Ann distante, tão distante que Harry pensou que ele estivesse numa sala de aula e ela estivesse numa outra extremidade. Ele olhou para o professor que lhe estendia a mão com um chocolate. Ele hesitou por alguns instantes, mas aceitou e logo o levou a boca, sentido todo o seu corpo relaxar. Harry se sentou direito na cadeira. E viu que Ann havia virado a fotografia vendo agora a antiga Ordem da Fênix acenando para ela entre sorrisos, enquanto sua face era uma grande incógnita para ele. Este olhou para Dumbledore, mas este agora fitava os olhos baixos de Ann.
- É... – disse Harry ao se aproximar de Ann. – Essa mulher... – disse numa voz vacilante. Ann se empertigou na cadeira fitando a foto. Harry engoliu seco.
- Posso ficar sozinha um minuto? – perguntou ainda fitando a foto depois de um tempo. Harry olhou rapidamente para Dumbledore. Que este consentiu com a cabeça.
- Pode. – respondeu. Dumbledore se levantou. Harry fez o mesmo olhando para Ann que ainda matinha a cabeça baixa.
- Não precisam se retirar. – falou. – Eu disse que queria ficar sozinha e nessa sala não tem como. – Harry olhou para Dumbledore, que este olhou curioso para os quadros dos diretores, estes lançavam olhares de censura para Ann.
- Tudo bem. – falou Dumbledore numa voz gentil. Ann se levantou e caminhou para a porta a passos largos, abriu num gesto e saiu numa batida seca. – Não se preocupe. Theron é uma moça inteligente.
- Mas ainda falta...
- Não. – cortou Dumbledore ao mexer em alguns papeis à mesa. – Tudo ao seu tempo Harry. No seu tempo.
Harry encarou a porta fechada por onde a garota passara, Dumbledore apenas contou sobre sua mãe e Voldemort, mas não contou sobre Samantha ou... o outro alguém. Um pressentimento passou por seu peito, Harry temia algo que poderia acontecer.
Draco caminhava desolado pelos corredores ao passar por alguns alunos que o faziam de pista de corrida, às vezes. Ele levantou a cabeça e viu alguém se aproximando de cabeça baixa. Ann segurava a foto em suas mãos e ainda a fitava andando a passos tão lendo que até uma tartaruga poderia apostar corrida. Draco parou diante dela a fazendo parar, mas esta não levantou a cabeça. Ele hesitou por alguns momentos, até que Ann fungou alto, ele a abraçou novamente. E ela desabou a chorar. O que pareceu um tempo ela se afastou sem olhá-los nos olhos.
- Eu... quero ficar um pouco sozinha. – soou a sua voz embargada. Draco consentiu com a cabeça, mas nada disse, apenas a olhava. Ann continuou seu caminho ainda de cabeça baixa. Draco a acompanhava com os olhos até esta desaparecer de vista.
Os burburinhos ao longe entravam pelas frestas das portas e janelas juntamente com os tímidos raios de sol que ainda lutavam contra as nuvens carregadas criando fachos de luzes entre os flocos de neve sobre o castelo de Hogwarts. Os risos e os falatórios eram o mesmo, ao longe se poderiam ouvir os grandes barulhos que o tal canhão do duelo avisava uma ou outra disputa. Alguns estudantes passavam excitados entre pulinhos de alegria no corredor, outros com suas varinhas levantadas simulando ataques de alguns duelistas. Ainda ficavam no ar os comentários sobre o duelo de Rony e a explosão que causou, mas ninguém sabia ao certo o que acontecerá. Já rondava argumentos de que alguns garotos haviam parado na ala hospitalar atingidos pela explosão e juravam que os raios saiam da varinha de Rony, fato que Madame Pronfey negou, com as explicações do narrador do duelo: as barreiras servem para proteger tanto que ta de fora quem ta dentro. Já era considerado normal que alguns estudantes armassem confusões pelos corredores ainda com o caso das apostas entre os duelos. Um dos piores casos ainda foi no duelo de Rony com Aira, a rivalidade francesa e inglesa poderia ser ver por toda parte, mas o castigo vinha quando Argo Filch tinha permissão para castigar os alunos no comando de Rufus Schuenemann que alegava dizer que aquilo serviria de boa conduta.
O último dia antes das férias de dezembro fora marcado por desencontros. Ann, que desde o dia da conversa com Dumbledore, se mantinha distante e, às vezes, desaparecia. Ninguém a encontrava, até que Hermione a achou, sem querer, na torre de astronomia, com o mesmo argumento de sempre: “Quero ficar sozinha”. Draco também sumirá. Harry ainda tinha as esperança de descobrir os passos do garoto, o que se tornara cada vez mais difícil, e quando o achava por acaso, via o garoto perturbado e até mesmo aborrecido, de vez em quando o via aos cochichos com alguns alunos da sonserina, após isso, sumia de novo. Hermione tomou chá de explosão. Sumia, às vezes, e quando aparecia, era atordoada e também muito cansada e, às vezes, aparecia em lugares que não devia resmungando baixinho e gritando com quem passava a frente. Gina disse que ela anda estudando muito, mesmo que algumas aulas tenham sido canceladas pelo duelo. Disse que resolveu voltar a estudar da maneira que estudou no seu terceiro ano, com o viratempo, o único que sobrou e estava no escritório de McGonagall. Seu ataque de nervos subiu numa proporção estrondosa, o que resultou numa discussão feia com duas garotas do sexto ano da Corvinal da mesma sala que ela em Aritmacia. A discussão fora tão grande, que Hermione havia tirado cinqüenta pontos de cada uma e as expulsou do Duelo de Prata, alegando ser monitora tinha autoridade para isso. Resultado: Hermione fora parar na Ala-Hopitalar em estado de nervosos descontrolados embaixo dos prantos das duas alunas da Corvinnal. Gina deu pra rondar a beira do lago para treinar, e parecia cada vez mais viciada que não perdia uma partida dos duelistas. Já Rony, era cada vez mais desastre, e ninguém sabia como ele escapara vivo de Aira, já que este último, mandou quatro estudantes da Sonserina direto para S.t. Mungus. O que dirá que os boatos de apostas, que pareciam ter acabado, mas na verdade corria aos zumbidos de mensagens subliminares de apostas mais violentas. Fora a semana mais agitada que tiveram: Hermione gritando com todo mundo; Rony quebrara o nariz de um quintanista da Lufa-Lufa ao passar bufando pela vigésima derrota; Gina era uma das melhores, e ganhará fácil por algumas. Seu duelo mais longo um contra uma aluna de Durmstrang. A garota era peso pesado de derrubar. Neville fora desclassificado logo na sua primeira luta. Foi derrubado com um Petrificus Totalus, o básico do básico, por um aluno de Beauxbatons, mas este aluno xingou os ingleses a sua frente, Neville perdeu a cabeça e caiu no que se diz Duelo de Trouxa. Fora desclassificado. Mas deixou o aluno de Beauxbatons impedindo de lutar e com algumas faltas. Roland Welling derrubará fácil o favorito da Lufa-Lufa, Owen Cauldwell. Owen estava ganhando fácil de seus adversários, até chegar em Terêncio Boot, que até então, este ultimo estava surpreendendo a todos, mas foi derrubado por Owen, que pegou Thomas Rivert Etsedor, ou Tom, da Sonserina, mas passou fácil e caiu quando pegou Roland Welling, não durou nem mesmo dez minutos.
- Ele nem esconde sua força. – comentou Vitor a Aira entre os dentes, este bufou entediado.
Harry tirou o dia para caminhar pelos corredores silenciosos à noite e Ann ainda estava num lugar ao qual ela desaparecera das vistas de todo mundo. Harry parou ao ver Draco cruzar o corredor, entrou rapidamente numa sala vazia.
Draco andava absorto em seus pensamentos ao atravessar um corredor e sem querer trombar em alguém que logo indagou:
- Vê se olha por onde anda! – soou a voz de Zabini. Draco o encarou. Pany vinha a passos rápidos e se pôs entre os dois.
- Vamos Zabini, você não tem que dirigir a palavra a traidores. Draco a olhou de forma ameaçadora, esta lhe devolveu o olhar enquanto empurrava Zabini. Draco ficou os observando até que estes desaparecessem de vista. Draco virou o corredor adjacente quando sentiu um puxão em seu braço.
- Quero dar uma palavra com você. – falou a voz de Snape subitamente, pegando Draco de surpresa. Harry viu os dois passarem por ele, Snape caminhava apressadamente com sua capa farfalhando em seus calcanhares e Malfoy vinha logo atrás, meio ressentido. Ele os seguiu.
Ann estava sentada com a cabeça debruçada sobre uma carteira escolar na escuridão, quebrada apenas pela luz fraca que entrava pela janela. A foto pendia de sua mão frouxa enquanto ela se encontrava num sono solto. A porta da sala se abriu num estalo, Ann levantou a cabeça com sua vista turva demorou para perceber que alguém entrara na sala. Escondida pela penumbra da janela, suas forças estavam tão fracas que ela não teve coragem de se levantar da cadeira, apenas observou o movimento de passos até que os donos desses, entrassem no campo de luz. Ann arregalou os olhos, levou a mão na boca sufocando um grito se mantendo no mais absoluto silêncio.
-... Você ficou maluco? O que você tem na cabeça! – rosnava Snape em voz baixa. Draco havia se encostado numa cadeira evitando encarar o professor.
- Já foram fazer fofocas? – suspirou.
- Não seja ridículo! – repreendeu. O professor parecia atordoado. – Você não vai andar para trás. Não pode fazer isso. Fez um juramento. Há vidas que depende da sua atuação.
- Mas agora elas não podem correr risco de vida se eu não fizer. – Snape lhe lançou um olhar censurado ao se empertigar.
- Você vai continuar com o que estava fazendo. E se não fizer, vai se arrepender amargamente. Achou que isso já não esta correndo pelos ouvidos de outras pessoas? Acha que já não estão sabendo? Pensou que iria ficar protegido? Aqui? – ele ofegou. – está engano senhor Malfoy. Estou tentando ajudá-lo, mas não será por mim a burrice que você fizer. Arrume um jeito de concertar o que fez e faça isso o mais rápido possível.
- Não preciso de sua ajuda. – disse num desdém.
- Pois acho que vai precisar. – houve um silêncio mórbido. – Ousa. Sua imprudência irá prejudicá-lo.
- Já disse que não vou fazer.
- Escute aqui garoto; Jurei a sua mãe que iria ajudá-lo. Fiz o voto perpétuo!
- Eu não preciso de sua proteção. – rosnou Malfoy aumentando o tom de voz.
- Fale baixo! – rosnou. – Não seja criança! – ele ofegou. – Vai voltar o que estava fazendo. Não cabe a você decidir se vai parar ou não. Esta se sentindo sobre pressão...? Isso é muito bom... Esta achando que agora pode mudar de lado, está enganado. – soou sua voz fria. – Sinto pelo seu pai. E também irei sentir se acontecer algo com a garota... Você não tem escolha.
Malfoy o encarou por alguns minutos, virou-se de forma rápida e saiu a passos largos pelos corredores. Ann viu sua sombra passar pela janela. Snape demorou alguns segundos ainda na sala. E saiu de forma lenta. Ann ficou ali, quieta, absorvendo as informações que havia escutado. Levantou-se cansada e saiu a passos lentos. Harry, que estava alguns passos de distancia, teve um grande susto ao ver a garota saindo da sala. A capa escorregou e Harry não notará, apenas viu Ann caminhar a passos lentos de deprimentes na direção oposta até desaparecer de vista.
- Ela... ela estava lá... – ofegou Harry ao se encostar à parede.
Últimos dias das férias.
Era como voltar no tempo. Os casarões quadrados, a rua longa e cinzenta, silenciosa. Nada havia mudado depois de tanto tempo. A mesma faixada de sempre daquela casa, o mesmo portal a mesma calçada. Ann estava com a bagagem em mãos, eram as férias de inverno. Ela estava parada diante da mesma casa por onde viveu quando era criança antes de ir para a França. Parada ali, empertigada, era como se as imagens de suas lembranças voltassem. Sua expressão séria num tom incógnito despertou a curiosidade e preocupação de Clear, sua irmã.
- Ann... tem alguma coisa errada? – perguntou vacilante. Ann demorou um pouco para responder, serrou os olhos e olhou em seguida para a irmã, parada a sua frente esperando uma resposta.
- Não. – respondeu. – Não tem nada de errado. Passou por sua irmã, que ainda a olhava preocupada. Ann parou no portal, olhando para baixo, e sua lembrança veio à mente, de uma garotinha brincando com uma esfarrapada na faia daquela mesma porta. Uma senhora havia parado a sua frente e lhe perguntando sobre Ordélio, e foi ali a conversar que ela ouvirá sem querer, por trás da porta, sobre a história de uma mulher que não queria que alguém soubesse de sua existência. Era como se tudo se encaixasse, e todas as coisas que Dumbledore dissera fizesse sentido.
- Ann? – falou Clear a suas costas, ano notar a garota parada à porta. Ann não respondeu apenas entrou com um ar de arrogância.
O Cheio de mofo e panos molhados lhe recebera ao passar pela porta. O casarão mostrando-se imponente com aquele teto alto com suas paredes escuras, e agora, desbotadas pelo tempo. O cheio continuava o mesmo de suas lembranças. Ela olhou para a ponta da escada, onde levava um corredor longo e frio para os quartos silenciosos e sombrios. Subindo as escadas que rangiam a cada passo, via os quadros velhos e alguns traçados pelos cupins, outros cobertos com panos brancos juntamente com o ronco do sono dos mesmos.
- Locomotor malas – disse ao ignorar os olhares de arregalados e cheios e preocupação de Clear. Ela subia devagar à medida que olhava para trás lembrando de seus passos pequenos sobre a mesma escada. O corredor longo e escuro talhado de portas era frio com um ar denso. Sacou a varinha e logo a enfeitiçou com lumus. Ela não sabia nem mesmo o que estava sentido. Saiu andando devagar, com a madeira rangendo ao seus pés, as portas fechadas e teias de aranhas a pender no teto. Parou diante de uma porta, hesitou por alguns instantes. Tocou na maçaneta de prata enferrujada fria e a girou devagar fazendo um ruído metálico, lembrando do mesmo momento em que fizera isso quando criança. A porta abriu rangendo e o quarto iluminado apareceu intenso. Os mesmos móveis cobertos de panos brancos empoeirados pelo tempo, amarelados e encardidos. A mesma cama de metal fria postada perto da janela de vidro suja. O ar leve devido à janela ainda esta um pouco entre aberta, carregava o ar denso para fora fazendo seu ambiente um pouco mais respirável.
“Deixe-me contar uma história para você”
“Que história?”
Ann virou-se para olhar a escrivaninha velha e bamba coberta por poeira e teia de aranhas.
“É um pouco longa, mas vou explicar de modo rápido para você. Há muito tempo, Anita Meadowes, irmã de sua mãe, gostava muito de ler. Ela adorava ficar vendo os livros das bibliotecas e passava horas e horas absorta em histórias que ela imaginava ser real.”
“Ela morava aqui?”
- Ela morava aqui...? – disse a mesma coisa que dissera há muito tempo, fazendo o mesmo movimento que fizera da outra vez: passando a mão sobre um objeto de vidro
“Sim, esse era o quarto dela.”
“Onde ela está?”
“Vou continuar a história e você vai saber.”
“Anita ganhou seu primeiro livro quando tinha dez anos de idade e ficava horas escrevendo histórias, anotações. Ela ia às ruas de Londres com esse livro na mão copiando os nomes mais esquisitos que encontrava para colocar em seus personagens. Ela sempre fora sozinha, não tinha amigos e seu pai não tinha dinheiro para pagar uma escola de bruxos, e a ensinava em casa. Quando ela completou onze anos, recebeu uma ajuda para ingressar em Hogwarts. Lá ela aprendeu sua matéria favorita, Poções.
‘Poções para ela, era magnífico, fazia todas as poções possíveis que estava em seu alcance, até misturar algumas ela misturava e anotava tudo em seu livro encadernado de couro vermelho que ela adotou como um grande amigo dando-lhe o nome de Moulin Rouge. Ela carregava durante horas esse livro vermelho e quando chegava a casa nas férias, ela o guardava na terceira prateleira sendo o terceiro livro. Anita era uma das garotas mais espertas em Poções, sempre tirando ótimas notas. Ela se casou jovem com dezessete anos e trabalhou no que mais gostava, escrever. Virou professora de Poções na Academia de Magia de Beauxbatons, e morou na França durante sete anos. Voltou para Londres para uma reunião que tinha, e uma tragédia aconteceu. Seu marido fora mordido com um lobisomem.’”
“Lobisomem?”
“Sim, Anita ficou muito triste com isso, e teve muitos problemas. Como lobisomem, sue marido perdia a consciência em diversos momentos durante a passagem da lua cheia, ela fazia poções para retardar o processo quando se chegava essa fase da lua. Mas não agüentava ver o sofrimento do marido. Passou anos e anos pesquisando por uma cura e só iria descansar quando descobrisse. Passou horas e horas debruçada sobre mesas de bibliotecas, sobre equipamentos, caldeirões, gastou toda a fortuna que tinha, perdeu o emprego para poder salvar seu marido.”
“Ela salvou?”
“... mas chegou o dia que ela descobriu a cura para tal enfermidade, mas lhe custou mais caro do que tudo o que havia perdido, custou sua vida.”
“Ela morreu? Como?”
“No dia de lua cheia, Anita Meadowes deixou seu marido se transformar em Lobisomem e ao ataque ela cravou uma seringa com um liquido vermelho brilhante nele, e em poucos minutos ele deixou de ser o lobisomem. Por sorte ela ficou viva, apenas sofrerá arranhões simples. Para saber se o marido estava curado, eles esperam outras luas cheias, mas a enfermidade não vinha. Ele estava curado. Anita quis levar essa noticia ao mundo bruxo, revelando a cura para esse mal que atacava a comunidade bruxa e até mesmo trouxas. Mas o poder maior político a tachou como louca, Anita foi condenada pela comunidade bruxa com o pior dos castigos, queimada viva em plena praça publica na frente de bruxos e trouxas, revelando o segredo de que era bruxa para os trouxas que passavam.”
“Oh meu Deus”
“O marido dela foi preso em Azkaban durante vinte anos, mas morreu antes de completar a pena.”
“E essa cura ainda existe?”
“Existe.”
“Terceira prateleira. O terceiro livro.”
Ann olhou para a grande estante coberta com um longo pano encardido e com o mesmo gesto que a moça fizera em suas lembranças, num único gesto retirou o pano que cobria a estante. Tão empoeirado e encardido quase escondido pelas teias de aranhas... e lá estava Moulin, o livro vermelho
- Você existe mesmo... – suspirou Ann ao esticar a mão, um tanto relutante, e o retirou da prateleira. Assoprando a poeira que se encontrava no livro, ela o levou até a escrivaninha e o abriu. Algumas páginas estavam grudadas, outras rasgadas pelas traças, e encardidas de mofo. Ela saiu passando as páginas com todo o cuidado que pôde para não rasgá-las, algumas se soltavam à medida que passava. Nele continha anotações, rabiscos quase ilegíveis. Pedaços de folhas do jornal Profeta Diário com matérias sobre ataques de lobisomens. Pedaços de reportagens de Comensais da Morte presos pelo Ministério da Magia. Rabisco de campanhas para a cura dos lobisomens, relatos de mulheres que perderam seus maridos para a maldição. Rabiscos sobre os ataques de Voldemort. Ann tremeu involuntariamente ao ler esse nome. Fechou o livro com violência fitando o mesmo diante de si. Abriu novamente passando a página do nome sem olhá-lo novamente. A página continha letras bem feitas, algumas partes riscadas, mas muito bem organizada intitulada: Lasferoto. A poção da cura Lobina.
Ann levou o livro até as vistas, parecia complexa e difícil de fazer. Deu alguns passos para a cama e deitou na mesma, sentido o rangido metálico em suas costas, do colchão frio e fino. Ficou ali por muito tempo, lendo.
A cozinha cinzenta, encardida e escura não era diferente do restante dos cômodos sombrios da casa. A grande mesa robusta no centro, as panelas grudadas nas paredes dando um toque de metal frio e prateado as paredes. Clear cobrira metade da mesa com livros e pergaminhos, de quando em quando, se levantava para verificar alguns trechos dos livros encadernados de couro. Copiava de maneira absorta. Ordélio estava à frente do fogão a lenha enquanto ao seu lado a louça se lavava sozinha. Ann correu os olhos pelo aposento iluminado a velas que flutuavam a suas cabeças. Ela ficou parada, observando os dois em suas atividades rotineiras. Acuada como um cão sendo dono, as palavras de Dumbledore lhe vinha à mente enquanto ela estava ali, parada à porta, vendo as pessoas que até então, juraria serem sua família, e por que não seria? Essa pergunta lhe martelava a mente e se sentindo enojava pensava se deveria por os pés novamente em Hogwarts. Foi quando uma voz lhe veio a mente.
- Ann? – Ann olhou para os lados a procura do som, ao levantar a cabeça percebeu que sua vista estava turva, Ordélio e Clear entraram em foco, eles a olhavam num tom preocupado. – Tem alguma coisa errada? – perguntou a voz de Ordélio. Ann respirou fundo, as palavras tropeçavam em sua boca.
- Não. – respondeu numa voz tremula e fingida. Dando graças por esta única existir no vocabulário. Não sabia se agora que ela sabe de tudo ele a receitariam, se eles a odiariam. Temeu por perdê-los, e se sentia perdida. Ela saiu da cozinha dando sorrisos não tão alegres convencendo a Clear e a Ordélio, de que estava tudo bem. A porta da cozinha, ao se fechar, Ann apertou a mão contra o peito, vendo a escuridão a sua frente sendo apenas quebrada pelos raios da lua que entravam pelas janelas. Cruzando o corredor frio e sombrio, subiu as escadas rangendo alto, a cada passo pesado que dava. Era como se andasse com pesos nos pés. Abriu a porta do quarto, ficou parada, no meio do corredor, enxugando as lágrimas. A fechou, ainda segurando a maçaneta. Pegou do bolso a foto, agora quase moída de tanto olhar. Andou silenciosamente para o final do corredor, abrindo uma porta de madeira velha e robusta que rangeu como a escada. O ar frio veio ao seu encontro, à sala era pequena coberta por várias estantes de livros e uma grande janela à frente, com a vidraça quebrada. Exibia teias de aranhas visíveis aos raios que entravam pela grande janela. Ann sentou-se no sofá mofado que outrora fora de cor vinho. A luz que entrava na sala a banhava de fora imponente, uma parte do rosto de Ann ficou escura pela penumbra da sombra e a outra iluminada pela luz prateada. Ela segurava frouxamente a fotografia, esquecerá de devolver a Harry.
A porta da sala se abriu lentamente, tangendo alto, mas Ann não olhou, era como se estivesse em outro mundo. Alguém estava à porta, mas não se pronunciou. Pelo canto do olhou Ann percebeu que era Ordélio. Este entrou a passos cautelosos. Ann permaneceu quieta. Ordélio parou ao ficar alguns passos próximo de Ann, a olhou de cima e viu a foto em suas mãos. Ele suspirou. Ann notara que ele percebeu que algo estava acontecendo. Ele puxou uma cadeira próxima e parecia esperar pelas palavras que estavam engasgadas em Ann.
- Por quê? – soou a voz distante da garota. Ordélio não respondeu e mesmo que quisesse não saberia a resposta, ninguém saberia. Ann tinha várias perguntas e ao mesmo tempo não tinha nenhuma, e se manteve nessa única e pequena pergunta: “Por quê?”. Ordélio a olhou com olhar paterno e acolhedor. Ann sentiu uma onda de angustia passar por seu peito, lhe apertando de forma avassaladora, foi quando sentiu as lágrimas salgadas rolando pela face.
- Não foi por egoísmo meu, espero que entenda. Quis te proteger, quis te livrar de tudo isso e só o que fiz foi até machucar algumas pessoas que só queria ficar próximas de você. Queria que você nunca soubesse dessa história, mesmo assim, tentei me preparar para este momento e para quê? Não consigo dizer nada a não ser me defender. Sinto muito. Mas quero que saiba que sempre, sempre você será a minha filha, assim como Clear, a minha menina, que amor muito e sempre vou amar.
- Pai... – disse numa voz embargada ao abraçar forte Ordélio. – Diz que é mentira... diz que e tudo mentira... por favor... – chorava Ann. Ordélio lhe afagava chorando em silêncio e percebeu que havia outra pessoa ao seu lado. Clear exibia olhos cheios de água e bastou a chorar, Ordélio lhe estendeu a mão para Clear a as abraçou.
Naquele final de tarde, do dia seguinte, Ann arrumava seu malão em cima da cama metálica, respirava pesado e de quando em quando, folgava o cachecol de lã feito por sua irmã, agora em seu pescoço. Todos os livros e outras vestes guardadas como se fosse algo tão precioso que nunca poderiam fazer-se todos os dias. Por fim, rasgou uma página do livro vermelho e o colocou de volta a seu lugar. Dobrou cuidadosamente a página amarelada e guardando-a em seguida no bolso das vestes. Desceu o malão da cama com, dando uns pequenos toques com a varinha o fez levitar para descer as longas escadas.
Ordenados pelo Ministério da Magia, todos os alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts inspecionou para que os mesmos pegassem o meio de transporte de rede de Pó-de-Flu, por medidas de seguranças.
A sala da biblioteca era o point de leitura de duelos, muitos alunos ficavam por lá para acompanhar mais os estudos e outros interesses sobre os duelos, enquanto tomavam uma grande e extensa aula de interpretação de Rufus Schuenemann, que este, tomava empresta do professor Flitwick como cobaia; que este por sua vez já fora parar na Ala-hospitalar pelo menos duas vezes por semana. Hermione dava olhares de esgoelar em Harry à chegada de Ann, que esta apenas deu pequenas palavras de como foram às férias e como esta, nada mais. Hermione era quase que censurada por Gina, que lhe repreendia com apenas um olhar sobre os ocorridos.
Aristella Vanes, da Grifinoria, estava sentada algumas carteiras com um livro grosso sobre a mesa, debruçada sobre o mesmo, absorta em suas leituras, mas que estas, foram despesas por uma conversa da mesa ao lado que invadiu seus ouvidos, aos sussurros:
-... de onde você tirou essa idéia ridícula?! – exclamava num tom alarmado e censurado a voz de Vivian Schneider à uma Pansy Parkinson que escrevia num pergaminho de forma esnobe e empertigada. Pany levantou os olhos para olhar uma Vivian, que esta mantinha no rosto uma expressão assustada e preocupada.
- Você não precisa fazer parte disso. Alguém que se acovarda em minha frente não deve ser perdoado e ainda por cima, não deveria estar na Sonserina. – Vivian franziu o cenho, abriu e fechou a boca para replicar, demorou alguns minutos para continuar a conversa:
- O... o que esta escrevendo? – quis mudar de assunto.
- Nada que lhe interessa. – respondeu fria. Vivian entortou o nariz.
- Você continua com suas idéias fixas de fica com Malfoy, não percebeu? Você vai enlouquecer com isso! Já não basta da outra vez? Você só fez passar por papel de palhaça. – Aristella Vanes tentou arrastar a cadeira para escutar melhor de forma discreta e pigarreando alto como se tivesse algo na garganta aproveitado o barulho ambiente que Rufus Schuenemann fazia e as gargalhadas dos alunos do quarto ano da Lufa-lufa mais a frente.
Pansy, mais uma vez, levantou os olhos para Vivian com um olhar incógnito e distante.
- Infelizmente cometi um erro de fazer besteira. Funcionou por um certo período de tempo, mas parece que aquela nojenta tem algo de doce que sempre o atrai. – Aristella sufocou um riso.
- Foi uma idéia muito boa, aproveitar a ex-namorada de Keichi... – Um grupo de estudantes brutamontes de Durmstrang passou fazendo barulhos arrastando as cadeiras, alguns alunos reclamaram. Aristella arriscou olhar para trás e viu as duas ainda em suas posições. Aproveitou o barulho para se aproximar. –... Fazer com que Ann pegasse uma Ostrad com Malfoy pagando a Lidy um serviço, sendo que na verdade era eu ali. Mas ainda não entendo como foi que isso não deu certo? – Aristella arregalou os olhos e se espremeu para prestar mais atenção.
- Já lhe disse: Ela parece feita de açúcar. Mesmo que tenhamos tirado a Ostrad de minha lembrança, juntando uma ceninha de teatro: Você de Malfoy...
- Que tive que tomar aquela poção horrorosa. – Vivian fez um barulho com a garganta numa cara feita como se tivesse engolido um limão azedo.
- E Emília Bulstrode de ex-namorada de Sato, a Lidy. Ainda por cima que Keichi ainda sentia algo por ela. O resto, foi fácil, não esperava que Keichi caísse... – falou Pansy com um leve sorriso maldoso no rosto. Ela terminou de escrever e guardou a carta num livro de capa vermelha colocando dentro da mochila.
- O quê?! – exclamou Aristella ao dar um salto da cadeira e a derrubar no chão. Pansy e Vivian a olharam.
- Vê se não faz tanto barulho, sua imbecil – disse a voz arrastada de Pany.
Aristella não deu ouvidos a Pansy, recolheu suas coisas e saiu andando por entre os corredores estreitos da biblioteca a procura de Ann. Passou esbarrando em algumas garotas até achar o lugar. Ann estava com, Gina, Rony, Hermione e Harry; todos sentados e absortos em conversas rotineiras.
Aristella pigarreou, olhou para os lados, nervosa, e viu a uma distancia Draco Malfoy de costas escrevendo.
- Ann, posso falar com você um instante? – perguntou nervosa. Ann levantou o olhar.
- Diga. – falou.
- Em particular. – Ann levantou-se. Aristella pegou em seu braço e a arrastou para um corredor vazio.
- Calma! – exclamou Ann ao ser arrastada.
- Foi tudo armação! – disparou direto. Ann franziu o cenho.
- Hã? – fez.
- Foi tudo armação! Tudo! Foi idéia da Parkinson, tudo! – falou nervosa e olhando para os lados.
- Aristella, respira, ok! – falou Ann lhe segurando nos ombros. Aristella encarou Ann.
- Ann, você lembra-se da traição de Sato? – perguntou calmamente. Ann demorou alguns minutos para responder.
- Lembro. – disse numa voz mínima.
- Foi uma armação.
- Armação? – perguntou pensativa.
- Isso. Foi um plano traçado por Schneider, Bulstrode e a Parkinson! O Malfoy não fez nada! Elas armaram um plano para afastar você do Malfoy. Elas falaram de uma lembrança que elas ensaiaram e te entregaram... acho que foi no dia que nos encontramos no Três Vassouras! – falou ela as últimas palavras muito rápido.
- Plano traçado pela Vivian e pela Pansy? E o que tem haver a Emília Bulstrode nisso? – perguntou Ann sem entender. – E... que lembrança...?
Aristella respirou fundo, fez Ann se sentar numa cadeira próxima.
- No dia da “traição” de Keichi Sato, o que foi que aconteceu? – perguntou de forma gentil e devagar, quase irônica.
Ann coçou a nuca como se tal lembrança a desconfortasse.
- Seja como for, Aristella, agradeço por me contar o que quer que seja que descobriu, mas agora não importância. Já passou. – Ann se levantou. Aristella lhe segurou o braço e a fez sentar, esta amarrou a cara e massageou o braço a contragosto.
- Sei que aquele canalha é de uma casa diferente, mas ele tem um valor especial para você. E sei que ele não presta e nunca, talvez, não venha prestar, mas se você se sente feliz ao lado dele, deva voltar a trás. Pansy esta armando para ficar com Malfoy. Elas fizeram você terminar o seu namoro com Keichi para não vê-la feliz nem com Sato e nem com Malfoy. Pense Ann. – Ann tirou devagar a mão de Aristella, e sorriu de forma cansada e gentil.
- Não se preocupe comigo. Vou ficar bem. Mais uma vez, agradeço por querer me contar. Mas não importa mais. – disse ao voltar ao seu lugar. Aristella ficou olhando o vazio a sua frente quando seus olhos caíram sobre uma garota sentada algumas mesas a frente que havia escutado toda a conversa, Kristin Lana. Kristin desviou o olhar de Aristella para a janela e a contemplou com um semblante triste.
Seus olhos caíram nas duas garotas que passaram a sua frente. Pansy e Vivian.
- Via deixar sua mochila ali? – perguntou a voz de Vivian.
- Depois a gente volta. – disse Pansy. Aristella fechou a cara com deboche ao se levantar suspirando pesadamente.
Ann voltou à mesa e se distanciou em pensamentos sentindo uma pequena pontada no peito que lhe apertava ao ver o perfil de Draco algumas mesas à frente; enquanto as conversas a sua volta pareciam não ter som. Ela o viu se levantar, ele exibia um semblante preocupado e agitado, saiu a passos largos da biblioteca deixando seus colegas para trás sem nada a dizer. Os alunos foram se levantando das mesas, Ann foi a ultima da sua a perceber.
- Vamos. – disse Hermione com seus livros em mãos. Ann parecia acordar de um transe. Pegou rapidamente suas coisas e saiu andando. Ao cruzar o corredor cheio de alunos, Draco vinha em sua frente. Ann parou. O garoto não, passou por ela como se não a visse ou fosse uma pessoa estranha. Ann franziu o cenho, virou-se para encarar as costas do outro. O rapaz não parou, continuou seguindo seu caminho.
- Malfoy... – sussurrou Ann em voz baixa, olhou mais uma vez para o final do corredor como se esperasse que o rapaz virasse, mas não ele seguia pela aglomeração de alunos. Ela respirou fundo e olhou para o relógio de pulso e saiu correndo as pressas. – Ele não me viu? – saiu dizendo para si mesmo.
Draco, ao cruzar o corredor, saiu andando olhando para trás, de quando em quando, arriscava a andar de costa. Como se esperasse que ela visse atrás para perguntar algo, mas ela não o fez. Ele virou-se contrariado e se deparou com Zabinir, este lhe estendia o envelope, a sua frente. Draco parou de supetão.
- O que é isso? – perguntou ao olhar o envelope estendido.
- É endereçado a Draco Malfoy. – respondeu Zabinir com um tom de voz grave e levemente irritada. Draco olhou por alguns minutos o envelope, o apanhou de devagar, ao fizer isso, Zabinir girou nos calcanhares e saiu a passos largos.
Draco esperou até que Zabinir desaparecesse do corredor. Abriu o envelope rapidamente com violência.
Apareça na floresta de Hogsmeade, agora.
Venha sozinho.
Amassou a carta enquanto colocava no bolso das vestes. Passou pelos corredores ainda cheios de alunos, desceu as escadas de dois em dois. Passou por duas garotas da Sonserina que o observava de longe. Uma delas deu um sorriso maroto e saiu a passos largos para o lado contrário. Draco passou pelo salão principal e de lá desapareceu de vista.
Pansy subiu as escadas até o corredor onde os alunos de Beauxbatons estavam hospedados. Parou diante de uma das monitoras que conversava com outra garota de Beauxbatons. Pigarreou para dar o ar de sua presença já que as duas conversava animadamente.
- Sim? – disse à monitora que parou sua conversa. Ela olhou Pansy de cima a baixo com um olhar de desdém.
- Eu preciso falar com Welling. Sabe onde posso encontrá-lo? É urgente. – disse num tom de voz arrogante devolvendo o olhar.
- Não sei onde ele esta. – respondeu num tom trepido. Pansy fez cara de fingido desapontamento.
- Ele deve esta na biblioteca, não? – disse à moça que conversava com a monitora de Beauxbatons. A monitora a olhou de forma assassina. – De qualquer forma, em Hogwarts não tem muito que fazer, o lugar mais interessante que os alunos de Beauxbatons acharam foi à biblioteca da escola. – disse de forma autoritária. Pansy apenas deu um aceno de agradecimento e saiu a passos rápidos, não antes de sair das vista para ouvir os comentários das duas:
-... Por que você disse? – rosnava em voz baixa a monitora.
- Eu só queria ajudar! – exclamava a outra.
- Ah! Idiota! É mais uma que esta atrás de Welling... já não basta a magra azeda da Lana! – bufou.
- Mas nós acabamos de sair de lá... – disse para si mesma. – Ao menos eles não...
Sentado de forma displicente sobre uma cadeira de madeira com os pés apoiados na mesa, a mão esquerda levemente apoiada em seus lábios vermelhos, numa mistura de expressão maliciosa e discreta com seus cabelos ruivos caindo levemente sobre seus olhos acinzentado; ao som dos gemidos e suspiros da mesa ao lado de umas garotas do sétimo ano da Corvinal.
Pansy vinha andando a passos decisivos até entrar no campo de visão de Roland Welling que não se incomodou com a garota e manteve o estado, até então, presente.
- Preciso falar com você. – disse a garota num tom firme. Victor, Ryan e Akira se entreolharam. Roland a olhou indiferente sem mover um músculo.
- Fale. – disse ao olhá-la nos olhos. Pensy se sentiu desconfortável, não sabia se era por ter os amigos curiosos de Welling lhe observando ou os olhos perfurantes e frios do próprio Welling a lhe observar. Era a primeira vez que se sentia assim, uma sensação nova, ficou nervosa, como se todos os seus mecanismos de defesa tivesse pifado. Definitivamente aquele olhar a incomodava, mas fez o possível para sustentá-lo.
- Em particular. – disse mantendo o tom firme e decidido mesmo que não ache que foi tão firme assim, olhou rapidamente para as caretas assassinas das garotas ao lado. Pansy gostou de ver isso, tirar o gostinho daquelas que só se satisfaziam em olhar, ela estava mais que isso. Roland se levantou. As garotas ao lado murcharam. Ele se aproximou de Pansy, esta engoliu seco.
- Vamos. – disse ele numa voz grave muito perto da orelha esquerda da garota, que sentiu os cabelos de sua nuca se arrepiarem. Ela sentiu um rebuliço no estomago, mas deteve a mostrar algo. Seus olhos caíram sobre os amigos de Welling que lhe olhavam com um certo interesse. Ela virou-se de forma arrogante e saiu acompanhando Welling com alguns passos de distancia.
Saindo da biblioteca, caminharam por um corredor silencioso. Pansy o seguia intrigada. Roland parou de repente, a garota absorta em seus pensamentos enquanto olhava as costas do garoto, quase trombou no mesmo, olhou para os lados disfarçando.
- Comece. – disse ele ao cruzar os braços. Pansy respirou fundo.
- Aqui podem nos ouvir. – disse ela ao olhar pelo corredor.
- Não tem ninguém por perto. Não quero perder meu tempo se o assunto não for do meu interesse...
- O assunto é do seu interesse. – disse ao cortá-lo. Roland se empertigou. Ela se sentiu superior. Um fio de curiosidade irônica passou pelos olhos de Roland.
- Então... – começou ele dando a ela continuidade que esta aproveitou numa superioridade como se tivesse algo maravilho nas mãos.
- Posso levá-lo até o encontro de Draco Malfoy e os Comensais da Morte. – para a surpresa de Pansy, que achou que a novidade fosse causar certo espanto ou contentamento no rapaz, desapontou. Roland Welling a olhava indiferente, como se aquela novidade não fosse nada demais. – Eu sei o que você veio fazer aqui, não é de um simples duelo de um bando de estudante que você veio participar. Senhor Auror. – sua voz soou fria e ameaçadora.
Roland serrou os olhos ainda encarando Pansy com indiferença.
- Eu sei que você anda falando com o auror James Milian... – a voz da garota saiu nervosa. O rapaz se aproximou dela.
- Como soube disso? – perguntou numa voz grave próximo ao ouvido da garota, esta tremeu.
- Muito inteligente de sua parte perguntar. – disse num tom sarcástico.
- É eu tenho minhas lembranças. O que mais sabe?
- Eu... – ela parou se embriagando no perfume do rapaz. – Eu sei...
- Sabe...? – sua voz soou tão macia que Pansy achou que suas pernas tremeram involuntariamente.
- Que você sabe sobre o envolvimento de Draco Malfoy com os Comensais da Morte. – Pansy encarava o corredor vazio a sua frente, ao seu lado, bem ao lado, tão próximo que sentia a respiração do garoto no seu pescoço, estava Roland Welling.
- Quando? – perguntou Roland Welling depois de um tempo. Tempo este que Pansy notou ser uma eternidade.
- Hoje, neste momento Draco deve esta indo para a floresta de Hogsmeade.
- Como sabe?
- Eu interceptei uma coruja que foi enviada a ele. Como nós brigamos pedir que um colega entregasse a carta.
Algo pontiagudo tocou na bochecha de Pansy, esta se assustou ao se virar para encarar o garoto. A varinha de Welling estava apontada para seu rosto. Pansy sufocou um grito.
- Não pense que me usara para seus propósitos de vingança. – sua voz soou ameaçadora e seus olhos estavam mesclados num com sombrio e temível.
Um pensamento de arrependimento passou pela mente da garota, mas logo se dissipou; não levaria a sério a ameaça de Welling, o usaria sim, e ele nem saberia. Estava jogando e jogava para ganhar. Roland guardou sua varinha e seguiu seu caminho de volta para a biblioteca deixando Pany sozinha no corredor vazio.
Esta esperou que o garoto desaparecesse de vista e desabou com os joelhos no chão frio. Com a mão no peito respirando fundo e pesadamente. Ela ficou encarando o chão engolindo seco. Começou a dar risinhos de felicidade, levou as mãos até o rosto de alivio encarando uma grande janela próximo ao cruzamento do corredor; mostrando o céu claro da tarde.
- Eu disse... – ela sussurrou para si mesmo. – Eu disse... Draco para não brincar comigo... eu disse... te dei uma chance meu amor e você jogou fora... – uma lágrima silenciosa correu por sua face, logo seus olhos ficaram turvos de lágrimas. – Agora chegou a minha vez. – disse de forma firme enxugando as lágrimas com ferocidade ao se levantar e sair dando desoladamente. “Tenho que buscar a minha mochila que deixei na biblioteca...”
Ann guardava suas coisas na gaveta do criado-mudo ao lado de sua cama quando pegou de forma lenta e pensativa seu diário. Passou a mão levemente sobre a capa esfarrapada do mesmo. Seus olhos caíram sobre o livro que trouxera de casa, guardado com todo o cuidado dentro da gaveta. Voltou-se a olhar para o diário, passando as páginas rapidamente sentindo uma saudade inestimável. Como se tudo aquilo que escreveu fosse uma mentira ou um sonho do qual não voltaria mais. O que foi que a fez mudar tanto? E por que mudará?
“Gostaria de poder voltar a viver aquilo novamente, era tudo diferente.” Pensou ela para si mesmo, sozinha, no dormitório feminino.
A porta abriu e Ann virou-se para olhar, Hermione vinha a passos vacilantes, parou com um olhar envergonhado. Ann deu apenas um sorriso simples e voltou-se para seu diário.
Hermione esfregou as mãos e andou até a cama de Lilá que ficava ao lado da de Ann. Esta se sentou de frente para a mesma. Ann levantou os olhos.
- Me desculpe. – desse Hermione num murmúrio como se há muito não tivesse voz. – Eu não queria que você soubesse dessa maneira...
- Hermione. – disse Ann ao fazer a garota se calar. Hermione parou esperando que Ann dissesse algo. – Isso já acabou.
- Já sei de tudo e não importa mais nada não é? – ela disse num sorriso fraco. – Minha família vai continuar sendo a mesma não importa de onde eu venho.
Hermione suspirou com um alivio involuntário.
- Você e o restando serão meus amigos como sempre isso não vai mudar. – exclamou ao olhar Hermione nos olhos. – Fiquei chocada em saber disso tudo, mas para mim é como se fosse uma mentira. Sem ofender vocês e nem mesmo a Dumbledore. Há muito tempo eu queria saber sobre minha mãe, mas não sabia que isso viria a contar a verdade sobre meu verdadeiro pai. – disse as ultimas palavras de forma murmurada. – Só... – suspirou ela. – Deixe-me pensar que tudo isso não passou de um pesadelo. – Hermione sorriu fraco.
- Tudo bem. – disse por fim. Hermione viu de relance umas palavras no diário aberto sobre o colo de Ann:
(...)Descobrir a pouco que Voldemor é meu pai...(...)
Ann levantou-se e o fechou estendendo a Hermione, que esta a olhou de forma intrigada.
- O quê? – fez esta.
- Leve-o daqui. – pediu. Hermione franziu o cenho.
- Como?
- Quero que você dê um fim neste diário.
- Mas por quê? – disse Hermione numa voz fraca.
- Quer me desfazer dele, mas eu não consigo.
- Se não consegue, não o faça.
- Mas tenho. Não quero viver de lembranças. – Hermione mordeu os lábios inferiores, mas pegou o diário. – Hermione, poderia me deixar sozinha?
- Esta bem. – disse ao se levantar. – Eu vou guarda para você. Caso você o queira de volta é só me pedir. – disse ao sair fechando a porta. Ann se deitou na cama fitando teto.
Hermione desceu as escadas desoladas com o diário de Ann em mãos. Pegou a varinha e deu umas pancadinhas de leve mudando a coloração do mesmo para um vermelho.
- Ele ficou com uma cara ótima. – disse para si mesma.
- O que esta fazendo, Hermione? – perguntou Gina ao encontrá-la no meio da escada.
- É o diário de Ann. Ela queria desfazer dele e me pediu isso. Mas irei guardá-lo, caso ela o quiser de volta eu o devolverei. Eu o colori de vermelho para quando ela for ao meu quarto não o vê e ficar melancólica.
- Como um disfarce, sei... – disse Gina. – Ela irá pensar que você o jogou fora, e se futuramente ela pensar em se arrepender... você pode devolver.
- Sim. – respondeu a garota num tom animado.
- Hermione! – chamou uma voz. Parvati a chamava.
- Oi, Parvati. O que foi? – perguntou a garota.
- Rony ta dando um escândalo no corredor perto da biblioteca com uma tropinha de alunos do segundo ano da Grifinória, acho melhor você dar uma olhada. – falou a garota ao passar por ela.
- Obrigada, vou lá sim... – respondeu ela. Passando pelo buraco do retrato e saiu andando apressadamente pelos corredores.
Logo que chegara ao corredor adjacente já começou a ouvir os inconfundíveis berros de Rony, mas assim que a garota cruzou o corredor, algo trombou com ela fazendo derrubar o diário.
- Olha por onde anda! – berrou uma voz irritada. Hermione levantou e viu que trombara em Pansy Parkinson e viu a mochila da garota aberta, vários livros espalhados. Pansy começou a recolher suas coisas. Hermione pegou o livro vermelho e saiu sem dar satisfações. – Idiota... garota impertinente! – bufou Pansy pegando seus livros de má vontade e os jogando dentro da mochila.
- O que esta acontecendo aqui?! – perguntou Hermione mais alto do que o normal para abafar os gritos do garoto.
- ELES ESTÃO APOSTANDO! – berrou este. Hermione levou a mão na testa.
- Tenho mais problemas com o que me preocupar... – murmurou ela. – E DESDE QUANDO VOCÊ SE IMPORTA COM APOSTAS?! – berrou esta em resposta.
- DESDE QUE ELES APOSTARAM QUE EU IRIA MORRER NO PRÓXIMO DUELO! – rosnou ele. Hermione virou para os alunos do segundo ano da Grifinória.
- TODO MUNDO EM DETENÇÃO! – gritou ao sacar a varinha e fazer com que esta transfigurasse duas folhas de pergaminho que foram arrancadas das mãos de um garoto, que logo ficou pulando para pegar as folhas no ar; uma em pena e começou a escrever os nomes dos presentes em meio aos protestos e berros dos alunos.
Draco já estava descendo um morrinho baixo tropeçando nas raízes altas da floresta com a varinha em punho. Sue coração batia rápido num compasso descontrolado, sua garganta seca juntamente com sua boca dificultava sua respiração. Ele olhou para os lados da mata, olhou para o céu da tarde, agora se pintando de cinza. Ele parou para respirar. Nervoso e irritado. Deu meia volta quando um raio prateado o atingiu no peito o fazendo voar alguns metros para trás.
Caiu no chão com um baque surdo. Massageando o peito, apertou a varinha entre os dedos, tentou levantar, mas não conseguiu. Tentou mais uma vez, cambaleando, escorou-se em uma arvore. Um homem andava a sua frente a passos lentos como de um animal cercando sua presa. Draco o reconheceu como Chanbers.
- Foi você quem me enviou a mensagem? – perguntou num tom sarcástico, Draco. O homem não respondeu. Draco olhou para os lados e viu que o homem não estava sozinho. – Hehehe... – riu irônico. – Estamos mais uma vez em reunião?
- Você sabia que temos uma autorização para matá-lo, senhor Malfoy? – disse a voz conhecida de Edward. Draco não riu e nem mesmo deu o gostinho de ficar assustado na frente deles.
- O que esta esperando? – perguntou ao encarar Edward. Um rubor de raiva passou pelo rosto de Edward e Draco viu que seu maxilar estalou.
- Não vamos matá-lo, você ainda serve, apesar de sua traição...
- Que comovente... – disse este irônico. Outro raio prateado saiu da varinha de Albert Chanbers acertando mais uma vez no peito de Draco. Antes que o garoto caísse no chão foi atingindo por mais um raio prateado pelas costas de outro comensal da morte fazendo com que o garoto caísse aos pés de Edward.
Edward se agachou olhando de cima para Draco, que este se rastejava na terra úmida de frio, enquanto Edward empurrava o garoto para baixo com a varinha sobre sua cabeça.
- Terá que voltar a fazer o que jurou fazer. Não poderá voltar a trás. – disse o homem pausadamente num tom gentil traiçoeiro.
- tec... – fez Draco. – Eu tomei uma decisão... – sua voz saiu embargada. Edward respirou fundo enquanto levantava Draco pelo colarinho das vestes. Draco sentiu-se sufocar por alguns instantes. Sendo obrigado a olhar para o céu cinza por entre as árvores.
- Vai voltar a fazer, nem que seja por mal. – rosnou Edward.
- Então que seja por mal. – vociferou Draco desafiando Edward com os olhos. O homem o jogou para o lado mal Draco caiu na terra já fora atingindo por mais dois ou três disparos de varinhas das quais ele mesmo nem contou. O garoto foi levantado pela varinha, sentindo seus pés flutuarem e se via a cima das cabeças das pessoas ali presentes, não teve como escapar. Estava sendo tratado como um objeto de tiro-ao-alvo de alguns Comensais da Morte. De quando em quando era jogado, amordaçado por feitiços de cordas, contras as árvores com toda a força.
Draco não teve a noção do tempo, já não distinguia bem as pessoas a sua volta, somente a dor que sentia lhe era companheira. Foi num baque no chão duro que ele sentiu de volta a realidade.
- Não se preocupe, senhor Malfoy, estes feitiços não são tão fortes assim. No mais passará por algumas noites com dores piores do que estas. Volte a fazer o deveria fazer, como jurou, e as dores irão passar. – riu Edward gentilmente num tom irônico.
Draco encarou o homem com um olhar de desprezo.
O garoto se escorava aos cambaleios numa árvore próxima, cuspia involuntariamente sangue dos lábios inchados. Suas vestes rasgadas, sujas de terra, pedaços de folhas de árvores, moribundo em alguns minutos. Ele se empertigou com toda a dor que sentia no corpo, segurando firme a varinha em mãos, pretendendo não usa-la por uma causa justa – esse era seu pensamento no momento –; olhou para o homem a sua frente com o mesmo olhar de antes, o mesmo olhar desafiador.
- Não voltou atrás. – vociferou.
- Vai voltar... ou ela morrer. – disse entre os dentes Edward. Draco arregalou os olhos. O homem levantou com graça sua varinha e apontou para o peito do garoto.
- Estupore! – urrou. Draco foi jogado como um boneco de pano para trás. Sentiu-se cair pesadamente, mais uma vez, ao chão e com a dor que sentia, mas uma para somar as outras, fechou os olhos por alguns momentos; abriu-os novamente, moveu-se com dificuldade e viu um vulto preto por trás das árvores, ele arregalou os olhos quieto, encarando o que via.
- O quê? – sussurrou Draco. – Welling? – disse num murmúrio. Roland Welling estava postado dentro da penumbra às árvores longe das vistas dos Comensais da Morte. Draco não conseguia identificar aquele olhar ao que lhe encarava. Mas jurou ter visto algo como satisfatório para aquele que o encarava num bom sentido.
- Vamos. – ele ouviu de longe a voz de Edward e os possíveis estalos altos e ressonantes dos Comensais em aparatar. Draco virou-se para olhar os comensais indo embora. Virou-se novamente para Welling, este já não estava mais lá.
O silêncio tomou conta do lugar, o único som que quebrara aquilo era d vento chacoalhando as árvores. E o rapaz encarou aquele céu e o som das árvores.
- Onde você estava? – perguntou Vivian assim que viu Pansy entrar emburrada no dormitório feminino da Sonserina. A garota apenas jogou a mochila para o lado em cima da cama.
- Estava resolvendo algumas coisas. – disse ao começar a tirar os livros de dentro da mochila e os colocarem em cima da cama.
- Resolvendo o quê? – perguntou Vivian pausadamente olhando a garota de esgoelar. Pansy virou para amiga com uma expressão irritada no rosto.
- Você é virou para o outro lado. Não lhe interessa o que vou fazer ou não. Não lhe diz respeito. Se quiser me ajudar, aí já é outra história. – disse ao voltar-se para os livros. Sentou-se na cama e começou a organizá-los. – Agora, por favor, me deixe em paz que quero ler... – disse num tom de desdém. Vivian fechou a cara e saiu pesadamente.
Pansy bufou ao que Vivian fechou a porta num baque.
- Onde é que esta aquele texto... – disse ela para si mesma ao procurar pelos livros que pegou na biblioteca. – Hum... – fez ela vasculhando-os. – Ah! Foi no livro vermelho. – disse ao pegar um que estava em baixo de um preto. Abriu-o, pensativa olhou para a janela. – Será que ele foi para a floresta? – Pansy riu consigo mesma folheando o livro com ferocidade a procura do texto que estava escrevendo na biblioteca, enquanto sua mente pensava em Draco Malfoy e Roland Welling. – Ele deve ter ido... – disse. Ela parou. Olhou mais uma vez para a janela. – Daria tudo para ter visto...
- Pansy! – chamou uma voz atrás dela.
- Quê? – fez a garota ao voltar a folhear o livro. – Ai nossa! Esses livros da biblioteca deveriam ser vistoriados de vez em quando. Usam as páginas a bel prazer pra escrever qualquer besteira!
- Pansy! – chamou mais uma vez a garota.
- O que foi?! – rosnou esta.
- Draco chegou num estado deplorável e ta lá na sala de monitoria chefe! – Pansy arregalou os olhos com o livro em cima do colo.
- Pansy?! – chamou a garota mais uma vez. Esta não respondeu.
- Em estado deplorável, é? – disse a garota num tom sombrio e malicioso escondendo o sorriso da garota que a chamava.
- Sim, você não vai vê-lo? – Pansy demorou em responder. – Dizem por aí que ele brigou com Welling. Mas ele não chegou no mesmo estado que Malfoy, estava normal.
- Brigou com Welling? – disse rapidamente atônita. – Vou vê-lo. – respondeu. – É da sua conta se vou vê-lo ou não? – disse num tom autoritário ao se levantar e jogar o livro vermelho para o lado, aberto em cima de sua cama.
Kristin Lana andava absorta com alguns livros na mão ao lado de Victor pelo corredor quando se deparou com Roland Welling vindo à frente com um olhar baixo. Passou por eles sem dar alguma palavra. Victor olhou para Lana, e esta pareceu confusa.
- Welling! – chamou a garota, este levantou a mão sem responder nada seguindo seu caminho. Lana percebeu algumas folhas e raízes prezas as vestes do garoto.
- Aonde ele foi? – perguntou Victor. Lana deu os ombros. Foi quando duas garotas passaram aos cochichos perto dos dois.
-... Você viu?
-... vi sim! Ele passou voando pelo salão. Tava todo machucado. Parkinson já deve ter sido avisada, claro, ela não sai do pé dele... e será que a Theron sabe?
- O quê? – fez Lana. Esta olhou para Victor que deu os ombros também.
- Quem chegou todo machucado? – perguntou Victor sem muita emoção não sabendo se as duas garotas que passaram falaria.
- O Draco Malfoy, da Sonserina, Monitor Chefe de Hogwarts. Parece que brigou com alguém na floresta. – Lana olhou para os livros em mãos.
- Ok. – disse Victor agradecendo a resposta, este olhou para Lana, mas esta parecia que não o via.
- Será que...? – fez ela com uma voz horrorizada.
- Não. – fez Victor em tom incrédulo. – Não acho que Welling tenha brigado com Malfoy.
- Mas vi folhas nas vestes dele. Você viu!
- Não acho que eles tenham brigado. Talvez Welling tenha caído lá fora.
- Caído lá fora...? – repetiu a menina num tom zombeteiro. Victor rolou os olhos. – Vou procurar alguém... – disse ao colocar os livros na mão do garoto que a olhou interrogativo.
- Procurar quem?
- Alguém. Não interessa. – disse ao sair e deixá-lo sozinho.
Ann estava escrevendo uma carta de resposta a sua irmã, sentada à mesa da Grifinória, do salão quase vazio. Poucos alunos das quatro casas estavam ali. Uma sombra cobriu sua visão. Ann levantou o rosto.
- Lana? – exclamou a garota.
- Posso falar com você? – perguntou.
- C-claro... – gaguejou a garota ao recolher os livros que estava estudando e a carta. – Pode falar...
- Podemos ir andando? – Ann retirou uma mecha de seus cabelos compridos do rosto, demorando alguns minutos em responder.
- Esta bem. – respondeu por fim. Viu o sorriso mínimo no rosto de Kristin Lana. Ann achou aquilo muito estranho. As duas começaram a andar, Ann a olhava pelo canto dos olhos, se sentindo incomodada com a presença da ex-amiga.
- Ann... – disse Lana.
- Sim. – respondeu esta.
- Nós fomos amigas por alguns anos...
- Lana... olha não sei se...
- Não, não se preocupe, não vi falar da nossa antiga amizade. – corou-a Lana. – Já faz um tempinho que venho acompanhando o que acontece entre você e o Malfoy. – Ann parou.
- Me desculpe, mas...
- Sei que não tenho o direito de falar nada sobre vocês dois. Mas espero que me escute, por favor. – pediu a garota de forma sincera.
- Você sabe o quanto Roland Welling estudou e deve saber, mais do ninguém que Welling não veio aqui só por causa do Duelo de Prata.
- Como disse? – perguntou Ann sem entender.
- Escute, por favor, apenas escute. Eu suplico.
Ann a olhou de lado.
- Ta bom. – disse.
- Só posso dizer que... Roland pode fazer qualquer coisa contra Draco no duelo de prata. Mas não para participar. – Lana pareceu nervosa olhou para os lados. – Roland é um auror disfarçado.
- Ahhh... sinto muito Lana, há muito tempo já me disseram que você inventa histórias. E de histórias como essas de descobrir que é uma pessoa e depois vira outra eu já estou cheia! – exclamou Ann irritada.
- Ann! Escute, é verdade. Eu vi que Roland tinha saído do castelo.
- Saiu do castelo.
- Sim, e vi que ele deva ter andando pela floresta.
- Aqui na floresta proibida.
- Não! Ele saiu das terras de Hogwarts.
- Mas ninguém pode sair, a não ser para ir a Hogsmeade, mas isso quando temos permissão.
- Ann, para um auror isso é fácil. Se ele esta infiltrado aqui pode fazer qualquer coisa que esta liberado. – disse num tom irônico.
- E o que isso tem haver comigo e com... com Malfoy. – disse as ultimas palavras de firma penosa.
- Vou ter que repetir? – disse sarcasticamente num deboche. – É são somar um mais um. Você gosta do Draco Malfoy, mas parece que ter um orgulho ferino que não junta de uma vez vocês dois e Roland Welling é um auror contratado para matar Draco. O que me diz? – Ann teve das mais variadas expressões: ao ouvir Lana dizendo que ela gosta de Draco Malfoy seu rosto logo se ruborizou, mas esse rubor foi tomado por uma sombra assustada ao ouvir dizer que Roland Welling era um autor contratado para matar Draco.
- Isso não é verdade! – exclamou ela sem saber se Lana entenderia, pela primeira ou pela segunda hipótese.
- Acredite ou não. Draco chegou todo machucado da floresta e não foi nesta floresta e sim na outra. Juntando os dois, Roland também chegou de lá.
- Você não esta me dizendo que...?
- Que os dois possam ter duelado? Não... – suspirou Lana. – Olha eu posso ter sido uma pedra no seu sapato um tempo, posso ter sido uma pessoa ruim que não te compreendeu em alguma época, mas estou aqui pedindo que você abra os olhos. Se gosta do Malfoy vá lá agora e diga isso a ele. Ou poderá ser tarde demais.
- Ai! Pára, pára, pára com isso Lana! – exclamou Ann bufando. – Não quero mais ouvir nada!
- Ele esta na sala de Monitoria Chefe.
- Já chega! – berrou Ann. – Deixe-me em paz!
Lana levantou as mãos em inocência.
- Ann... – disse Lana de mancinho. – Acho que suas amigas já te falaram isso... por favor, não se torne uma garota como eu. – Ann a encarou. Lana baixou os olhos. – Olhe pra mim. Sempre gostei do Roland e... ele nem olha pra mim... não quero que depois de um tempo... você fique como eu. – Ann suspirou longamente.
- Acho... – começou. – Acho que não tem mais nada entre mim e Malfoy.
- Como não?! – exclamou Lana. – Ann, escuta... – parou ao ver o olhar de censura da garota. – Eu não vou insistir. Mas se realmente não há nada entre vocês, ao menos coloque um ponto final.
- Não sei do que você esta falando. – disse ao deixar Lana.
Draco entrou na sala fechando a porta com violência. Cambaleou e se escorou em alguns móveis da sala meio escura as luzes de velas. As janelas já mostravam que a noite caíra. Foi até o banheiro, escorou as duas mãos na pia encardida, sentiu esta gelada sob suas mãos quentes. Abriu penosa e dolorosa, os movimentos que fez com os dedos da mão, para abrir a torneira e deixar a água fria tocar seus dedos. Pegou uma toalha branca, molhou uma ponta e a levou até os lábios inchados e cortados. Seus olhos fitaram o espelho enferrujado e sujo. Fitaram sua face pálida, com alguns arranhões. E as lembranças dos Comensais da Morte na floresta lhe vieram à mente, todos os eles, um por um. Todos os feitiços jogados contra ele. E as palavras de ameaça de Edward.
Deveria ter quebrado algo por dentro, estava quase difícil de respirar. Caminhou devagar pela sala, tirou o sobretudo sujo e o jogou em cima do sofá. Não agüentava mais tinha que ir a Ala-hospitalar mesmo arriscando a passar por um interrogatório. Diria que brigará com Roland Welling já que o mesmo estava lá. Draco Parou alguns centímetros da porta. “Estava lá...” pensou. “Por que ele estava lá?” “Como ele soube?”... “O que ele fará agora que sabe. Com certeza ele sabe e sabe de tudo. Me viu.”.
O rapaz tentou dispensar os pensamentos da cabeça já que a dor no corpo latejava, tocou na maçaneta da porta e a abriu, mas antes de colocar um pé para fora da sala alguém esperava a porta.
- Pansy! – exclamou ele dolorosamente, fazendo um grande esforço para se manter em pé. – O que faz aqui? – perguntou no mesmo instante que a garota entrou e fechou a porta. Este olhou dela para a porta e desistiu de sair. Sentou no sofá dentro da sala e se acomodou ali.
- Fiquei preocupada. – disse numa fingida expressão desesperada. – Soube que você brigou na floresta. Minha nossa! Esta todo sujo!
- Obrigado por sua preocupação. – respondeu. – Mas não quero sua presença.
- Ora, Malfoy, sempre estive ao seu lado. Por favor, deixe-me cuidar de você. – disse ao se sentar ao lado do garoto acariciando seus cabelos.
- Já disse. – falou ele ao se levantar devagar. – Não quero sua presença.
- Draco. – disse ela num tom firme. – Você pensou, nessas férias, sobre sua decisão?
- Não quero falar sobre isso. – disse ao repousar suas mãos na mesa, de costa para a garota. O silêncio caiu sobre eles. Pansu levantou-se e foi até ele, tocando em seus ombros.
- Me disseram que você brigou com Welling, é verdade? – Draco se desvencilhou dos braços de Pansy.
- Não. – respondeu seco.
- Então, por que esta todo sujo?
- Isso não é da sua conta.
- Só quero ajudar! – exclamou ela em voz alta.
- Ajuda se sair da minha frente. – Pansy calou-se. Engolindo seco. Pensou em várias coisas para dizer, mas não disse. Olhou para Draco como se apreciasse a face do mesmo por algum tempo, talvez, pensou ela, “Talvez essa sua face não esteja mais olhando para mim dessa forma”.
- Não sairei daqui sem ter uma resposta. – disse numa voz grave. Draco franziu o cenho.
- Como?
- Não sairei daqui sem ter a resposta. A resposta que você nos deve. Não pode nos trair assim.
- Quem é você para me obrigar?
- Tem que voltar!
- Eu não irei voltar, Parkinson! – rosnou ele. Pansy respirava fundo.
- Você me perguntou que eu sou? – disse ela pausadamente respirando fundo. – EU SOU A PESSOA QUE SEMPRE ESTEVE AO SEU LADO, MAS VOCÊ NUNCA OUSOU OLHAR PARA MIM COMO SEMPRE TE OLHEI! – berrou. – NUNCA! – gritou. Ela começou a chorar. – Nunca... nunca olhou para mim...
Draco baixou os olhos.
- Mas para ela. Para ela. Uma pessoa que nunca esteve ao seu lado, ela não existia! É só uma trouxa. Uma pessoa que deveria mor... – Pansy não soube se terminaria ou não as palavras que tanto desejava dizer sobre uma certa garota. Mas antes que pudesse, Draco voou pra cima dela. Pansy se viu do outro lado da sala, com Draco respirando bem em cima dela. Suas mãos frias estavam, uma agarrava seus cabelos por trás e a outra tampava a sua boca com ferocidade. Pansy só poderia arregalar os olhos e ver os olhos de Draco, alucinados como nunca havia visto antes.
- Nunca mais... – vociferou ele. – Nunca mais diga isso sobre Ann. – ao ouvir o nome de Ann, Pansy sentiu como se tivesse uma cobra dentro de si, remexendo-se de forma voraz. Queria bater nele, queria furar seus olhos, queria sacar a varia, procurar Ann e lhe causar a maior dor que poderia sentir na vida.
Draco a soltou. Pansy viu papeis espalhados no chão. Ela nem o tinha visto, ele simplesmente pulou sobre a mesa e nem o viu de tão rápido. Pansy chorou silenciosamente enquanto ouvia as respirações pesadas de Draco pela sala.
Ele socou a mesa, Pansy deu um pulo de susto. Ele bufava. Com raiva Draco jogou os últimos objetos que ficaram sobre a mesa no chão de uma só vez, enquanto Pansy apenas olhava aquilo tudo.
- Você traiu a todos nós. – disse Pansy depois de um tempo. – Seus entes queridos podem morrer por você trair o Lorde das Trevas.
- Cale a boca! – pediu ele.
- Você jurou ser um Comensal da Morte. Você é um deles! – falava mais alto Pansy provocativa.
- Fique quieta!
- Não tem como fugir, Draco. Você não é uma criança. Você é responsável pelas escolhas que toma.
- Cale a boca! – rosnou.
- Volte o que estava fazendo. Por que você é um comensal da Morte e deve isso a Você-Sabe-Quem! Deve isso a seus pais!
- Vai embora daqui! – berrou. Pansy enxugou as lágrimas de forma feroz. Deu uma ultima olhada em Draco e saiu pesadamente.
A garota abriu a porta com violência, seus olhos de fúria se arregalam de sustos que passa nos próximos segundos e uma expressão de malicia passa por seus lábios. Ann estava na sua frente, sua expressão incógnita mostrava um lado de desprezo e censura. Pansy da uma volta nos calcanhares para encarar um Draco transtornado e atônito com a presença de Ann. Pansy dar uma rizinho de deboche ao encarar pela ultima vez Ann e saiu dando seus passos de arrogância. Ann encarava Draco com um olhar frio ao qual o garoto não pode fugir. Respirando fundo como se tivesse corrido léguas ele a encarava.
- O que...
- Não vai mais para o duelo? – perguntou numa voz arrastada ao interromper o garoto que a olhou interrogativo. Ele sabia que pelo seu olhar, ela tinha escutado tudo.
- Não sei do que...
- Você disse que queria me enfrentar. – disse num tom indiferente e ameaçador.
- Eu não vou mais. – falou ao desfazer o contato visual, e virar de costas fingir que estava catando alguns papeis pelo chão. Draco se assustou com o baque da porta, virou-se rapidamente para ver se ela tinha ido embora, seu erro, encontrou um olhar mais furiosos do que estava.
- Achei que pelo menos uma vez na vida cumprisse com sua palavra. – Draco empertigou-se, respirou fundo.
- Pensou errado. – respondeu no mesmo tom.
- Então é assim?
- É assim.
- Vai ficar nesse joguinho sórdido? – ele a encarou com o mesmo olhar, se tinha que terminar de uma vez teria que ser ali mesmo.
- Você se faz a pergunta? Já se perguntou alguma vez sobre as minhas atitudes?!
- Me deixe falar...
- NÃO! AGORA SOU EU QUEM VAI FALAR! – começou a gritar.
- VOCÊ! SEMPRE VOCÊ! NUNCA PENSA NOS OUTROS! – gritou ela de volta envolta de um clima tenso.
- O QUE ME IMPORTA OS OUTROS?! – Draco respirava fundo.
- Eu não contei! Poderia ter muito bem contado sobre o que você está fazendo! Quantas vezes me sentir traindo os meus amigos por sua causa, para não te machucar! – Ann sentia as lágrimas brotarem de seus olhos, Draco olhou para os lados.
- Foi burra... – disse num murmurou. Ann franziu o cenho.
- O que disse? – perguntou num sussurro.
- Foi burra! – respondeu ele a encarando em alto e bom som. Ann o olhou atônita. – Deveria ter contado. – disse. – Mas acho que outra pessoa deve ter contado agora. – falou ele mais para si mesmo do que para ela.
- Você...
- Não me importo com os outros.
- Você é um demônio...
- NÃO ME INTERESSA OS OUTROS. ELES QUE MORRAM NESSA MALDITA GUERRA. SÓ ME INTERESSA OS MEUS MOTIVOS.
- VOCÊ É UM HIPÓCRITA!
- ISSO! EU SEMPRE FUI! VOCÊ TENTOU MUDAR A MINHA FACE. PARABÉNS, VOCÊ CONSEGUIU!
- O que...? O que...? – fez Ann sem entender.
- Garota ingênua... pobre menina... – ele disse. A encarou por alguns segundos e desviou o olhar quando as lágrimas estavam deixando sua vista turva, não queria que Ann visse aquilo, não sabia se chorava por ela ou se chorava pela dor que latejava. Dizer coisas que eram verdades, mas que ao mesmo tempo o machucavam. Virou de costas.
- Como pode fazer isso...? – perguntou ela depois de um tempo.
- Vai embora. – disse ele com frieza. Ann o olhou. – Vai embora. – repetiu com uma voz grave de ordem. – Siga um conselho: vá contar o que viu em Hogsmeade. Vai ser melhor para você, assim você sente menos peso. – ao se virar para encará-la após dizer meras palavras, Draco foi surpreendido ao ser esbofeteado no rosto. A mão de tão leve e delicada que o abraçava de forma tremula e tímida, agora ardia em sua face demonstrando desprezo e frustração. Com seu maxilar estalando, Draco permaneceu quieto, sem encarar os olhos de Ann.
- Você não sabe o que sinto. Todos a minha volta me diziam: “Dê uma chance a si mesma, escute o que ele tem a dizer”. Pobre deles em pensar assim... Nem imagina o quão me sinto enojada por não ter contado. Eu tenho pena de você. – disse quase num sussurro de raiva, deixando as lágrimas correrem por sua face enfurecida. Enxugou as lágrimas com ferocidade, caminhou a passos pesados e abriu a porta com violência a deixando aberta. Draco virou-se rapidamente ao ver os ultimas passos da garota cruzarem a porta. Ann saiu correndo batendo em alguns alunos que estavam pelos corredores, alguns reclamaram, mas ela não os deu ouvidos. Correndo era como se o chão não estive aos seus pés, saiu do castelo para os jardins virgens da mata da floresta, longe dos olhares de curiosos e respirou fundo o ar frio, respirou como se nunca tivesse feio isso na vida, e caiu de joelhos na grama úmida. Chorou, chorou alto. Draco fechou a porta devagar, encostou-se a mesma e deslizou até o chão, com as mãos a cabeça ficando em silêncio.
E Pansy observava dos portões do castelo Ann no jardim da floresta, chorando.
- Chore agora, mais tarde, você irá gritar. – soou suas palavras temíveis.
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N/A:
Draco levou um tapa na cara... ele não merecia isso!!!
Tadinho dele... fazendo tudo pra protege-la e ela nem sabe de nada....
Ohhh gente... não posso nem pedir desculpas né? Já pedi tanto ._.
Passei por umas barreiras nada fáceis e nem tive tanto tempo assim de terminar o capitulo. Mas consegui. Consegui um tempo de paz para poder fazer e dar a vocês.
Espero que gostem e um recado: CUIDADO COM A PANSY.
Ela ta armando e pode fazer um inferno na vida de várias pessoas!!!
Ela não vai dar mole para ninguém!
Até a próxima com as finalidades dos planos de Pansy
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