Capítulo 4



Cap.4 O baile

Blás chegou quase no outro dia e encontrou os esquisitos trajes de palhaço ao lado da cama de Draco, o que causaram ao loiro desagradáveis especulações sobre o que ele andara fazendo durante os próximos três dias. Naquela noite ele não conseguira dormir, e nem na próxima, ele parecia ter acabado de sair de um imenso torpor, nunca havia experimentado algo assim, era estranho.

Na noite em que voltou, assim que conseguiu retirar aquela maldita roupa de palhaço foi direto para o chuveiro tomar um banho quente, sentia lentamente as gotas geladas a chuva escorrerem do seu corpo sendo substituídas pelas mornas do chuveiro. A imagem dela ainda estava na sua cabeça, a roupa molhada colada ao corpo, as pernas elegantes, ela era realmente bonita, não entendia como não havia percebido assim que a vira novamente. Da primeira vez foi meio impossível ele ter qualquer idéia de como ela era afinal, estava escuro mesmo, mas depois quando a encontrou no circo, era de se esperar que ele notasse de imediato.

E o que era mais estranho de tudo é que mesmo sem ter visto seu sorriso ele o achara lindo, tinha certeza que era lindo, alguma coisa lhe dizia aquilo, ainda poderia ouvir o barulho cascateante que ela fazia ao sorrir. Era alegre.

- Por que? Quando você toma banho você não se molha?

- Molho, mas... É diferente.

- Só porque você está de roupa?

- Também.

- Fique pelado.

Ela era engraçada, ele sorriu no box, ta ai mais uma coisa estranha ele sorria mais enquanto estava com ela. Mas quanto a isso ele chegou à conclusão de que era porque ela era estranha, não pelo fato de querer ver ele pelado, afinal ela não fora a única a querer que ele ficasse pelado. Ela era simplesmente estranha mesmo.

É talvez fosse por isso, ela era estranha quem sabe por isso, não o fizesse se sentir estranho também...

E uma determinada hora sentira até vontade de beijá-la!

- Eu gosto quando você sorri.

- Tem algo de especial no meu sorriso?- perguntou irônico.

- Não sei. Você sorri sempre?

- Não.- ele foi sincero, ela estava muito próxima, ele poderia tirar a máscara que cobria seu rosto e ver o sorriso dela, poderia beijá-la. É aquilo lhe soava uma boa idéia, aliás uma idéia muito atraente.

Apesar de que ele não poderia ter se culpado por isso, afinal ela era bonita, não iria se reconhecer se não se sentisse atraído por uma mulher bonita, como ele constatara.

Sua cabeça estava começando a ficar cheia de dúvidas, então ele simplesmente sacudiu a cabeça com os olhos bem cerrados, saiu do banho e tentou não pensar nisso agora, mas aquilo se demonstrou uma tarefa bem difícil a imagem dela parecia colada a sua mente, e ele não sabia o que era aquilo.

Dormiu um sono mal dormido e cheio de imagens estranhas, sem contar que acordava a toda hora, até que finalmente se viu livre de todo e qualquer vestígio de sono. Abatido pela insônia resignou-se sob as cobertas e simplesmente deixou-se jazer no mesmo lugar de olhos fechados até sentir a claridade que emanava pela janela, o que indicara que já era outro dia. A noite seguinte não fora muito diferente dessa povoada de sonhos com esfinges, mulheres sem rosto e sua mãe.

O café da manhã no hotel era razoável, nada parecido com o que ele estava acostumado na mansão, mas dava de certa forma para engolir com algum esforço. O bacon não estava no ponto, e ainda assim ele comeu sem deixar expressa a sua opinião.

- Você está bem?- perguntou Blás no meio de um bocejo discreto.

- Estou.

- Não, não está, se estivesse, não teria respondido que estava.

- Se não estivesse, eu diria não...?- - Draco devolveu ainda observando a janela.

- Não, você não diria.

- O que...?

- Olha, você não está bem o Draco Malfoy que eu conheço já teria encontrado no mínimo cinco coisas do que reclamar e já teria me mandado calar a boca junto com alguma ameaça infundada.

Draco permaneceu calado.

- O que você tem?- insistiu Blás.

- Nada!

- É falta de mulher não é? Isso só pode ser falta de mulher...

- Que mulher...? Do que você está falando?- o loiro falou parecendo sair de um transe.

- Malfoy! Acorda Draco!

- Estou acordado idiota! Ou por acaso alguém pode comer dormindo?

- Não parece. Você não ta normal hoje.

- Lógico que estou normal, pareço anormal? Tenho tentáculos no rosto ou uma terceira cabeça?- perguntou o outro carregando o tom de sarcasmo habitual.

- Não diria nada sobre tentáculos, mas abstinência pode levar um cara a loucura.

- Cala a boca Blás. - disse Draco sem cerimônia e levantou-se da mesa onde tomavam café, e seguiu andando para algum lugar.

- Deve ser o sol, Draco nunca se deu bem com sol. - ele concluiu.

O dia se passou tranqüilo e bastante quente, Draco melhorara um pouco e voltara a ser como antes então Blás acabou deixando de lado a estranheza do Malfoy, provavelmente ele só estava com sono.

A calmaria e o calor da tarde, especialmente depois de um farto almoço deixava seus corpos moles e preguiçosos, foi de forma relutante que os dois desceram até a recepção quando o coordenador da viagem chamou todos da excursão para dar um aviso.

Um amontoado de gente encontrava-se de forma desorganizada no hall de entrada e o gerente do hotel não parecia satisfeito com a bagunça e o burburinho. Blás reparou que a ruiva e as amigas dela estava em um lugar não muito longe deles no meio da bagunça, lançou-lhe um sorriso charmosos assim que conseguiu capturar seu olhar e ela lhe devolveu com outro sorriso bonito embora um tanto desconcertado.

- Devo pedir em nome de todos que acalmem-se e façam silencio por favor.- soou uma voz magicamente ampliada no coordenador tentando conter todos.

O barulho e as vozes sussurradas diminuíram consideravelmente no curto espaço de tempo, ao que os ouvidos e a paciência de Draco agradeceram, ele não estava no melhor de seus humores.

- A coordenação tem um aviso a dar a todos, durante toda a semana passada nós organizamos isto e esperamos que aproveitem. Este fim de semana haverá um baile de máscaras!

O barulho que em alguns instantes havia cessado agora voltara com força total.

- O que, ele disse baile?

- Um baile de máscaras?

- Isso quer dizer que teremos que arranjar fantasias...

- Será que Alfred vai querer ir.

- Vai ser demais.

- Ele falou máscaras?

- Mas eu nunca vou reconhecer você...!

- Como você pode achar isto?

- Vai ser tão legal!

- Chame a Chris!

Todos pareciam querer falar ao mesmo tempo e se continuasse neste ritmo iriam explodir o local junto com seus vitrais surreais. Por todo lado estouravam comentários excitados ou desapontados sobre a novidade, todos pareciam ter algo a dizer, ou alguém a chamar.

A cabeça do loiro não agüentou tanto barulho e começou a latejar dolorosamente, a dor de cabeça combinada com o calor que fazia, o deixaram de péssimo humor. Ainda mais agora que todos pareciam querer falar sobre a droga do baile se é que realmente era isso que o coordenador tinha dito.

- Vamos Draco. - disse Blás o puxando pelo braço.

- Vamos para Onde Zabini?

- O que, você realmente acha que vamos passar a tarde trancados neste hotel?! Depois de todo esse alvoroço?

- É exatamente isso que eu vou fazer.

- Não é não, nós vamos fazer um tour pela cidade.

- Escuta Blás, eu...

E antes de Draco pudesse fazer algum outro protesto ele já estava fora do hotel com Blás Zabini o conduzindo pelas ruas.

O sol já estava alto e imensamente brilhante exalando um calor enorme que por sua vez infiltrava-se na cabeça de todos. O céu não tinha sequer uma nuvem parar marcar presença e a atmosfera no quarto era inebriante, abafada, e muito, muito calorenta! A ruiva estava deitada na cama com uma face enterrada no travesseiro enquanto era envolvida por uma inevitável lerdeza, sequer levantara para trocar a roupa de dormir.

Naquele momento o quarto de hotel lhe lembrou terrivelmente a sala de aula de uma antiga professora sua, de adivinhação, é claro sem o cheiro adocicado que se desprendia da lareira. Estava sozinha no quarto, Izzie havia saído para fazer compras e nem tentara acordá-la, ela sabia como Ginny tinha sérias dificuldades em acordar cedo então simplesmente achava que seria um ato de caridade deixa a amiga dormir até mais tarde.

De nada adiantou, logo depois que Izzie saíra a esfinge, Cissy, a mais recente hospede do quarto fizera tentativas de lhe acordar até finalmente conseguir seu intento. Agora ela jazia no seu mais pleno estado de alfa maior mergulhada em um bolo de lençóis. Sua cabeça ainda sonolenta se perguntava que horas seriam naquele momento.

- Você vai o não vai me levar para ver o resto da cidade?- a voz macia e um tanto profunda da esfinge soou no local mais uma vez, fazendo ela se lembrar dos sonhos que tivera noite passada, ela sonhara com o Merlin, mas ele sem a roupa de palhaço, era um parque, tinha uma árvore muito grande, muito grande mesmo, e estava começando a nevar, pequenos flocos de neve enchiam seus cabelos formando um contrate entre o branco puro dos flocos e o vermelho fogo de seus fios. Então um homem alto moreno, e com aqueles penetrantes olhos azuis que ela sabia serem dele, estava sentado ao seu lado na neve observando no chão a sua frente a figura de dois anjos na neve...

Era engraçado porque de alguma forma ela não conseguia ver o rosto dele, ou ao menos não conseguia se lembrar no momento de como era seu rosto no sonho, embora soubesse que ele era bonito. Era confuso, mas quando algum dia na vida seus sonhos haviam feito algum sentido racional? Nunca!

Ela riu consigo mesma por estar divagando sobre aquilo consigo naquele momento de torpor. Onde ele estaria agora?

Pensou durante um tempo, e não chegou a resposta alguma, ele poderia estar em qualquer lugar. Afinal de contas essa não era a questão. A pergunta a ser feita era “Quem é ele?”. Mas esta, como todas as outras ela não sabia responder.

- Weasley! Me responda!- Cissy falou alto soando irritada por ser terminantemente ignorada.

- Oi,oi, o que você disse mesmo?- ela disse novamente levando um susto com a voz autoritária da esfinge cortando a sua linha de pensamentos.

- Você não quer me levar pra ver a cidade!

- Escuta, isso não pode ser outra hora?

- Por que não agora?

- Porque eu estou com sono.

- Eu vou só. - ela afirmou impassível.

- Não vai não, vai acabar sendo esmagada se não se perder!- a ruiva tentou cortar o barato da pequena esfinge.

- Não vai acontecer nada disso.

- Não, Cissy você não vai. - Ginny falou esperando soar firme, mas não funcionou.

- Ah, eu vou sim!- disse ela teimando e pulando da cama onde estivera tentando tirar a ruiva do seu torpor.

Cissy andou em direção a porta afirmando que realmente era capaz de fazer o que havia ameaçado. E desapareceu como num passe de mágica, ou melhor era um passe de mágica já que as esfinges são criaturas extremamente mágicas em sua essência. Por um segundo ou dois a ruiva parou refletindo como Cissy havia conseguido passar pela barreira do feitiço que impedia de qualquer pessoa aparatar ou desaparatar nos quartos. Então se deu conta de que a esfinge realmente havia aparatado provavelmente para o corredor! Cissy iria sair sozinha, alem de correr um risco enorme podendo ser esmagada, atropelada pelos carros velozes ou se perder, não poderia de jeito algum ser vista por algum trouxa no hotel, afinal não é todo dia que se olha uma esfinge na rua, mesmo que seja uma em miniatura.

Levantou-se de um pulo pegou um casaco qualquer que estava jogado por cima da poltrona, vestiu e saiu porta a fora atrás de Cissy. Ela então viu a esfinge parada em frente a porta do elevador que se mantinha fechada.

- Cissy, por favor, deixe de teimosia mais tarde eu lhe levo.

- Não, Weasley eu estou indo. - ela falou sem se virar.

Ginny bufou irritada, e neste exato momento as portas do elevador se abriram e revelaram o cubículo vazio parar o qual Cissy se adiantou, e Ginny a seguiu, ainda tentando convencê-la deixar de ser teimosa.

- Você vem comigo. – ela falou se abaixando e pegando-a no colo contra sua vontade.

- Tarde demais o elevador já está descendo.

Era verdade de alguma forma o elevador estava descendo alguém devia ter chamado de algum outro andar.

- Droga. – xingou a ruiva com a perspectiva de alguém olhá-la naqueles trajes ridículos.

Então como se um gigante tivesse pego elevador e sacudido, a máquina parou instantaneamente derrubando-as no chão com um baque surdo enquanto as luzes do teto piscavam até se extinguirem de uma vez por todas. Estavam imersas na mais total escuridão e silencio.

- Você fez isso?- perguntou Ginny.

- Não.

- Então estamos presas.

Ela se levantou com cuidado e tateou ao redor, até encontrar as portas de aço, forçou-as talvez não tivessem descido tanto e ainda estivessem na porta do mesmo andar, mas era inútil as portas não abriram. Estava muito escuro ali, e ela podia sentir a gelada sensação de medo crescendo cada vez mais em seu estômago e lhe causando náuseas. Porque diabos Cissy tinha que ser tão teimosa?! Agora estavam presas em um elevador!

Tentou a todo custo desaparatar, mas provavelmente o dono do Hotel que era Bruxo havia colocado todo tipo de prevenção para que não se executassem mágicas dentro do elevador já que o hotel era freqüentado tanto por bruxos como por trouxas. Ou seja, tinha uma barreira que lhe impedia de desaparatar ou aparatar como em Hogwarts. O desespero tomou contar como veneno que se espalha veloz pelas veias.

- Ah meu Deus! Como vamos sair daqui agora?!

- Calma.- disse a esfinge.

- Calma!? Como eu posso ficar calma, eu não enxergo um palmo a frente do nariz e estou presa em uma caixa de aço suspensa a não sei quantos metros do solo! Eu preciso sair daqui!

- Não se desespere ta legal, elevadores quebram o tempo todo.

- O que você entende disso, você é uma esfinge!

- Fique calma, eu vou aparatar fora daqui e chamar alguém para te ajudar.

- Não dá para aparatar aqui! Acha que já não tentei?!

- Não dá para você aparatar aqui. Como você mesma disse eu sou uma esfinge.

E dizendo isso Ginny se viu imersa no mais total silêncio, a escuridão parecia pesar tanto que impedia seus pulmões de trabalharam normalmente. Porque tinha que ser tão nervosa? Porque tinha que ser tão medrosa? Ela se perguntava enquanto sua imaginação fluía trazendo a tona imagens desagradáveis da sua vida.

Começou a se arrepender de ter ralhado com Cissy, era melhor estar com ela do que sozinha naquela escuridão engolidora, sentia-se como se a todo segundo algo fosse irromper do nada atacá-la, sentia-se tão vulnerável...

Tentou gritar por alguém. Gritou até sentir sua garganta formigar irritada, e sua respiração ficar ofegante. Porque tudo isso tinha que acontecer justo com ela? Tudo isso por culpa da sua esfinge teimosa! Ninguém jamais a ouviria, e daqui que Cissy trouxesse alguém poderia morrer sufocada! Quem lhe garantia que o elevador tivesse entrada de ar.

Sua mente em desespero já começava a formular hipóteses absurdas com relação a estar presa ali dentro. Não conseguiu segurar as lágrimas que insistiam em encharcar seus olhos fazendo a se sentir mais frágil e desprotegida do que nunca.

De repente o elevador estremeceu e desceu alguns metros, estancando de uma vez novamente. A ruiva gritou desesperadamente, mais uma vez sentindo sua garganta doer novamente.

Cissy percebeu que não demoraria muito até a ruiva entrar em completo desespero e se descontrolasse, aproveitou que alguns feitiços não faziam efeito sobre a sua espécie e desaparatou no corredor de costas para a porta escancarada que dava no poço do elevador. Precisava achar alguém o mais rápido possível que tirasse Ginny do elevador antes que ela se machucasse.

Repetiu para si mesma “Achar alguém tirar ela de lá... Achar alguém tirar ela de lá...”

Passou desabalada pela escada e nem viu quando esbarrou com um rapaz moreno acompanhado de um loiro emburrado.

“Achar alguém tirar ela de lá... Achar alguém tirar ela de lá...” ela repetia para si mesma enquanto corria sem se preocupar se era vista ou não por qualquer trouxa que fosse.

- Você viu o que eu vi, ou eu estou ficando louco? – perguntou Blás enquanto subiam as escadas para chegar ao seu andar já que o elevador simplesmente se recusara a descer até o térreo.

- Aquilo era uma...?- começou Draco espantado.

- Uma esfinge. - confirmou o outro. – Um tanto quanto pequena, mas me pareceu uma.

- Uma esfinge em miniatura... - Draco falou consigo mesmo como se lembrasse de algo há muito tempo.

- O que uma esfinge em miniatura faz aqui no hotel?

- Não sei mas eu tenho um palpite. –ele respondeu com um sorriso brincando nos lábios e subindo a escada correndo fazendo o caminho pelo qual a esfinge passará pulando dois degraus por vez.

- Hei Draco, espera onde você vai?- falou Zabini seguindo o loiro.

Subiu os últimos degraus e deu de cara coma porta do elevador escancarada levando qualquer um que se atrevesse a olhar a um poço profundo, escuro e vazio. Olhou ao redor, não viu mais ninguém. Não poderia ser ela, não poderia ser Cissy, não poderia ser Morgana, seria coincidência demais em tão pouco tempo. Mas a esfinge...

Não encontrou mais qualquer sinal delas, ou de que algo fora do normal estivesse acontecendo só a porta do elevador aberta.

Finalmente Blás o alcançou chegando ao corredor do seu andar.

- O que deu em você? O que te fez pirar de vez ao ver aquela esfinge?- perguntou ele ofegante.

- Blás ela disse alguma coisa, não disse? Estava falando algo quando passou correndo não estava, algo como achar alguém... Ela estava procurando por alguém?

- Quem?- ele perguntou confuso.

- A esfinge seu, idiota!

- Você conhece aquela miniatura?- ele perguntou arqueando as sobrancelhas.

- O que ela estava dizendo?!

- Não sei, não ouvi direito. Ouvi qualquer coisa sobre tirar alguém de algum lugar, ou coisa parecida. - ele falou ignorando a exaltação do loiro que repetiu com os lábios a frase dele.

Andou alguns passos e chegou perto do poço do elevador.

- O elevador quebrou, por isso demorou tanto. - constatou.

- Quebrou? Como assim?

- Use a pouca inteligência que tem nessa sua cabeça albina Malfoy, se você não reparou o elevador está parado a alguns metros abaixo, por isso fomos forçados e subir de escada.

Draco ignorou o insulto do amigo e colocou a cabeça na porta aberta olhando na penumbra o elevador e alguns cabos de aço parados. Era isso! O elevador quebrou e Cissy tinha que tirar alguém de lá, por isso passou correndo por eles, par a buscar ajuda. Morgana estava lá dentro, presa no elevador quebrado, no escuro...

- Blás você vai chamar alguém, eu vou descer até o elevador.

- Enlouqueceu Draco?

- Tem gente lá dentro! Por isso a esfinge passou correndo.

- Então vamos chamar alguém! Não precisa você descer.

- Você não entende, ela detesta escuro!

Foi a ultima coisa que ele disse antes de aparatar para dentro do poço.

Draco sentiu o metal estalar sobre seus pés assim que tocou a superfície do elevador, não conseguiu chegar ao destino que queria, não conseguiu aparatar dentro do elevador, agora estava sobre a caixa metálica. Tinha que arranjar um jeito de entrar lá dentro.

Ascendeu a varinha e tentou achar qualquer saída de emergência qualquer buraco no metal. Não achou nada, nem sequer um vão. Apagou a varinha e se concentrou no feitiço.

- Reducto!- ele falou e com uma forte explosão, ele abriu um buraco de bom tamanho na estrutura de aço aos seus pés. Os gritos assustados vazaram pela fenda agora exposta, desceu pelo buraco, na mais completa escuridão. Até sentir o carpete macio que envolvia o interior do elevador.

- Quem está ai?- Ele ouviu uma voz amedrontada soar.

Era ela. Ele teve certeza, seu estômago deu um solavanco como se o elevador tivesse dado um salto com os dois dentro.

- Quem está ai?!- ela insistiu, com a vós trêmula pelo desespero.

Com certeza era ela, o perfume característico dela impregnava todo o local.

- Morgana...- ele sussurrou baixinho.

- Quem...- ela começou novamente mas a frase morreu em seus lábios quando ela ouviu o que a pessoa irreconhecível disse a sua frente falou. – Porque está me chamando de...

- Morgana, é você...?- ele tentou hesitante.

E no segundo seguinte quase fora esmagado contra a parede do elevador ela se jogara sobre ele, soluçante em um enorme e desesperado abraço, ele soltou a sua varinha e a abraçou de volta. O cheiro dela invadia sem piedade o seu cérebro funcionando como se fosse algum tipo de alucinógeno. Sua cabeça ainda não processara os fatos direito, era muita coincidência, o acaso parecia persegui-los. Deslizou a mão pelos cabelos dela, enquanto sorria da situação.

- Merlin que bom que você está aqui!- ela falou limpando as lágrimas e sentindo o desespero se aplacar com o abraço.

- Estou vendo que você ainda mantém o seu medo de escuro não é?- ele falou sorrindo.

- Não ria, eu estava desesperada!

- Imaginei.

- Graças a Deus você esta aqui, achei que morreria aqui dentro trancada. - falou ainda segurando-o forte. - Mas como descobriu que eu estava aqui?

- Encontrei com Cissy correndo escada a abaixo ainda agora.

- O elevador quebrou com nós duas dentro, enquanto eu tentava impedir que ela saísse sozinha do hotel. - ela falou. – Então pedi que fosse chamar ajuda.

- Sua esfinge está se saído um tanto quanto indomável não é?

Ela sorriu de leve limpando o rosto manchado de lágrimas, e segurando forte na mão dele para ter certeza de que ele estava realmente ali.

- Parece que o acaso tem sido nosso amigo fiel.

- Verdade. – ela concordou.

- Vamos eu vou tirar você daqui.

- Ninguém pode nos ver usando mágica, pode estar passando algum trouxa. - ela alertou.

Ele xingou internamente por estarem em um hotel freqüentado por trouxas, ela tinha razão.

- Acho que não vai ter problema se você aparatar bem na porta do elevador afinal todos estão em polvorosa com o tal baile, ninguém vai sequer prestar atenção. - ele disse.

- Baile?- ela perguntou confusa.

- Você não desceu parar tomar café?

- Não, na verdade eu fiquei dormindo até mais tarde hoje, na verdade acabei de acordar...

- Você dormiu no elevador?- ele falou cínico, fingindo não entender.

Ela sorriu achando graça. Ele gostou de ter ouvido ela sorrir, mesmo não conseguindo vê-la.

- Claro que não.

- Sabe, acho que você não tem mais medo de escuro, já está até rindo, acho que já vou indo então... - ele falou pelo puro prazer de provocar

- NÃO!- ela abraçou-se a ele, como se sua vida depende-se daquilo quase derrubando-o novamente, o coração batendo rápido como se fosse saltar pela boca.

Ele sorriu divertido, colocou a mão na cabeça dela enquanto ela o abraçava forte com medo de que ele fugisse e a deixasse sozinha no escuro. Ela pode sentir o peito dele vibrar contra sua cabeça enquanto ele sorria.

- Calma, eu estava apenas brincando. - ele falou passando a mão pelos cabelos dela.

- Idiota!- ela falou irritada com o fato dele se divertir as suas custas, e socou de leve o seu ombro com ambos os pulsos soltando-o bruscamente.

- Ah, é? Eu sou idiota, é? Então ta legal, vire-se sozinha Morgana.- ele falou revidando, e dando alguns passos como se fosse embora.

Ela sentiu seu coração se apertar na dúvida, não queria que ele a deixasse e assim que ouviu os passos engoliu o orgulho e o chamou de volta.

- Merlin...?- chamou baixinho como quem não quer nada.

- Oi. - ele falou achando graça no tom dela, mas fazendo-se soar displicente.

- Você não vai me deixar aqui, não é?- completou manhosa.

- Só se você merecer... - ele disse frio.

- Ora seu... - ela falou irritadíssima dando as costas para onde ele estava, como ele se atrevia?!

Ele sorriu novamente ao ouvi-la irritada, e caminhou até onde ela estava , segurou sua cintura, lhe assustando.

- Mas o que...?- ela falou bufando de raiva por não consegui evitá-lo.

- Estava só te irritando Morgana, eu não vou te deixar aqui. - ele falou de frente para ela.

Ele segurava sua cintura com firmeza, não deixando ela se soltar, ela o encarava, ele podia sentir pela respiração cálida dela que batia em seu pescoço lhe causando arrepios. As mãos pequenas e delicadas em seus ombros como se esperassem que ele fizesse algo. Ele perguntou a si mesmo se ela ficaria irritada se ele a beijasse, ele adorava irritá-la, o que ela faria se ele a beijasse...?

Ele estava perto, muito perto, muito perto mesmo... Um dos braços na sua cintura, era bom que ele o mantivesse ali pois, ela não sabia como ou porque suas pernas não obedeceriam sequer o mínimo comando do seu cérebro, havia se tornado um monte de geléia inútil. De repente ela ia cair, segurou-se nos ombros dele, e... Oh Merlin! Ele estava perto muito perto, ela estava na ponta dos pés, seu nariz tocou o dele, e foi como se descargas elétricas percorressem os eu corpo. “Será que eu beijo ele?” ela se perguntou em sua mente que agora era um frenesi de sensações “Será que eu devo beijá-lo?” Ela poderia sentir que os lábios dele estavam a milímetros dos seus, ela queria beijá-lo...

- Ok, hora de sair daqui. - falou uma voz conhecida dentro do elevador.

E o clima foi varrido deles como folhas secas no outono, a ruiva sorriu envergonhada enquanto abaixava os olhos. Ele encostou sua testa na dela, os dois sorriram.

- Tem mais alguém aqui, não tem? Porque você não responde?- perguntou Cissy curiosa.

- Olá Cissy. – disse ele ainda com um sorriso brincando nos lábios.

- Merlin?

- Eu mesmo.

- Só a título de curiosidade, eu estou atrapalhando alguma coisa?- ela perguntou incerta.

- Não. – ele respondeu displicente.

- Não. – respondeu ela apressada.

- Ah ta... - ela falou completamente convencida do contrário. - De qualquer jeito é bom os dois saírem logo daqui, um cara apareceu na recepção pedindo para ajeitar o elevador e eles mandaram dois trouxas.

Ela falou isso desaparecendo de vista.

- É bom nos apressarmos. - ele falou.

- Tudo bem.

- Eu vou levitar você até o teto, eu abri um buraco, você passar por lá, e depois eu vou.

- Ta. – ela falou e quase instantaneamente sentiu-se leve, e flutuando até o teto, tateou até achar uma passagem pelo metal frio.

Não demorou muito e os dois estavam do lado de fora do elevador, entre os inúmeros cabos metálicos que o seguravam.

- Você falou de um baile... - ela falou enquanto ele se levantava.

- É um baile de máscaras que vai ter. - ele falou se ajeitando enquanto sua voz ecoava no poço. - Você vai?

- Não sei, acho que sim.

E antes que ele parasse para pensar no que estava fazendo.

- Quer ir ao baile comigo, Morgana?

Ela corou bastante, e agradeceu mentalmente por estar escuro.

- Adoraria.

- Ótimo então, me encontre no saguão de entrada do hotel no dia. Agora é melhor irmos antes que alguém apareça por aqui.

- Tem razão.

- Aparate você primeiro.

- Obrigado por ter me tirado de lá, Merlin. - ela falou lhe dando um beijo no rosto e sorrindo.

- Se o seu problema é escuro...

- Eu vou apagar a luz mais vezes, quem sabe você aparece... - ela falou e com um estalo sumiu no ar.

Draco contemplou o vazio do poço de elevador por alguns segundos, como se saboreasse as palavras dela.

- Quem sabe... - murmurou para si mesmo antes de desaparatar também.

N/A: OK mais uma vez a demora que vem se tornando uma constante, mas são os estudos que me tiram o tempo e a alma, tudo que eu tenho a dizer é perdão. E finalmente eu vou responder as reviews... Todas elas, e agradecer pelo carinho e pela paciência de vocês. Capítulo pequeno porque eu ainda tenho que ensaiar vou dançar um solo amanhã e ainda nem sei direito o que fazer... Por favor torçam por mim! Beijos

Nota da beta: desculpas minhas também pessoal, demorei um pouquinho pra betar também, mas não se preocupem, porque WAY ta finalmente atualizada :D beijos a todos!!

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