Capítulo 2



Cap. 2 Sorvete de Baunilha

O trem chegaria a Veneza logo de tardezinha, ao por do sol, estavam ela e Izzie em uma sessão de beleza, ambas com toucas nas cabeças e de biquíni mergulhadas até o pescoço na água da banheira que continha fluidos hidratantes e pétalas de rosas, rodelas de pepinos nos olhos para retirar qualquer eventual olheira que pudesse haver, as duas tinham as faces cobertas de um creme branco, ao qual nem elas mesmas sabiam ao certo para que servia, mas de que isso importava? Mal é que não faria... E mais tarde, antes de chegarem, fariam as unhas uma da outra.

Queriam estar muito bonitas ao chegarem em Veneza, Ginny estava empolgadíssima para ver o Circo, que sempre fora sua paixão desde menina, e entre os bruxos os Circos de lá tinham uma ótima fama, dizia-se até que eram os melhores do mundo.

Mas ela estava muito calada, até agora para o seu perfil, e foi exatamente isso que Izzie estranhou:

- Tão calada... Que aconteceu? Se engasgou com a língua, foi?

- Não, engraçadinha, eu estava apenas pensando... - disse a ruiva parecendo dispersa.

- Pensando no tal Merlin?- Perguntou Izzie, segurando a risada.

- Era nele mesmo, e pare de rir!- ralhou a outra.

- Qual é Ginny, não seja chata, como eu não vou rir, o nome do cara é Merlin!

- Quantas vezes eu vou ter que dizer para vocês que o nome dele não é Merlin, foi só uma confusão.

- Mas você o chama de Merlin.

- E daí?! Ele deve me chamar de Morgana!

- Ai, Ginny, você é ótima, ninguém merece, Morgana...! – e a outra sorria.

- Estava pensando se ele encontrou a manga da sua capa, para ele concertar. - disse corando em se lembrar de com a manga rasgou.

- A manga que você rasgou ao tropeçar e cair?

- É. - respondeu a ruiva.

- Você realmente acha que ele voltou lá?- perguntou Izzie.

- Não sei; eu espero que sim.

FLASHBACK

(no outro dia, depois do apagão)

- Vamos Ginny está tarde, as meninas já foram para a cabine, amanhã você faz isto.

- Não, Izzie, eu já deveria ter colocado a manga lá a muito tempo, mas como a anta que eu sou, só fui pensar em fazer isto agora.

- Eu já vou indo, você tem a chave?

- Tenho, pode ir.- e dizendo isso as duas se separaram, Izzie foi para a cabine das duas dormir, estava muito cansada, mas Ginny ainda tinha que fazer algo. Não conseguia parar de pensar em quem seria o tal Merlin, que a havia feito companhia enquanto estava em pânico no escuro, queria muito saber quem ele era, mas como poderia saber não tinham nem uma pista sequer, a não ser a voz, a qual ela já estava esquecendo o timbre...

Não tinha como concertar já que ela não tinha a capa dele para colar a manga ao lugar de volta, então no jantar de noite, ao olhar em todos os ocupantes do restaurante, tentando identificar qualquer sinal, resquício, qualquer coisa que indicasse quem era o Merlin, ela tinha tido esta idéia.

Não era lá, a melhor idéia do mundo, mas o que ela poderia fazer? Era a única coisa plausível a se fazer, que era voltar ao lugar onde os dois haviam ficado presos juntos, deixar o pedaço de manga rasgada lá, e esperar que ele passasse por lá algum dia novamente, e encontrasse.

Era a única coisa que lhe restava fazer.

Ela foi correndo, seu coração palpitando de curiosidade, era como se esperasse encontra-lo lá, como se alguma coisa naquele lugar fosse lhe dizer quem era ele, a faria voltar no tempo... Ela não sabia explicar direito, foi correndo até lá, e quase não se lembrava o caminho, perdeu-se duas vezes antes de achar aquela pequena sala escondida, e lá estava, tudo exatamente como ela havia deixado, o vaso espatifado no chão, e a mesa torta e fora do lugar. Olhou ao seu redor, nada que indicasse que ele estivera ali, nada.

O ritmo de batimentos do seu coração diminuiu, e sua respiração foi voltando ao normal, de acordo com a rapidez que a sensação de frustração a dominava. Tinha sido tola em acreditar que por alguma coincidência do destino ele estaria ali com se esperasse que ela chegasse a qualquer hora.

“Ginny Weasley, você é uma otária”

Sendo assim, ela apontou a varinha para os cacos do vaso espatifados no chão e disse:

- Reparo!- o vaso se fez inteiro outra vez, como se nunca tivesse se quebrado. Ginny o pegou com cuidado, e o colocou em cima da mesa, e pôs Tudo no seu devido lugar, recolheu as flores, que ainda não haviam murchado, eram rosas vermelhas. Deu uma ultima olhada, e pegou o raso da manga, dobrou cuidadosamente, e coloco-o em cima da mesa ao lado do vaso. Queria dizer algo a ele, mas não sabia o que, não sabia nem mesmo se ele encontraria a droga da manga. Então com raiva da situação por não poder fazer nada, por se sentir tão impotente, apenas pegou uma pena e um pedaço de pergaminho, e rabiscou apenas três palavra:

“Merlin

Desculpe-me

Morgana.”

Colocou o bilhete em cima da manga dobrada, pegou uma rosa do vaso, e pôs em cima do bilhete, foi a melhor forma que encontrou de pedir desculpas. Sendo assim, não tinha mais nada para fazer ali, olhou uma ultima vez por toda a pequena sala, abriu a porta e foi embora. Só agora percebia o quanto também estava cansada.

FIM DO FLASHBACK

- Por que este ar tão sonhador?- perguntou Izzie provocando-a.

- Não é da tua conta. - disse Ginny se irritando – E o que você esta querendo insinuar com isto?

- Nossa, que agressiva! - disse a outra ironizando. – Eu não quis insinuar nada...

- Hum que bom.

- Você não vai me contar por que está deste jeito?- perguntou Blás meio irritado, pela falta de atenção do outro.

- Pela milésima vez, Zabini eu estou normal!- disse Draco entre dentes.

- Não, não está!

- Por Merlin, você quer calar a boca e me deixar em paz?! Será que é pedir muito?

- É sim. E nem adianta dizer que não aconteceu nada, porque eu sei que aconteceu, você está assim desde que encontrou um pedaço de pano rasgado em uma saleta qualquer...

- Já disse, não foi nada!- disse Draco aéreo.

- De quem é aquele pedaço de pano?

- Escuta, você não acha que está se metendo demais na vida dos outros não?- perguntou Draco irônico, e desta vez se virando para encara o moreno.

- Não, não acho.

- Pois está. - afirmou ele.

- Anda, fala logo de quem é aquele pedaço de pano?

- Zabini vá comer, andar, dar em cima de mulher alheia, travesti... O que você quiser, só me deixe em paz. Tudo bem?

- Hahaha... Muito engraçado a sua brincadeirinha do travesti Sr. Malfoy, estou me sacudindo de rir. - disse Blás sarcástico.

- Ótimo. - disse Malfoy, fazendo pouco caso.

- Anda Draco, você sabe que eu não vou te deixar em paz enquanto você não me contar de quem é aquele pedaço de pano.

- Tá, tá, tá! Tudo para você calar a boca.

- Ótimo.- disse Blás sorrindo satisfeito.

- O que você quer saber?

- De quem é aquele pedaço de pano rasgado?

- Meu! - disse Draco com maus modos.

- E o que ele estava fazendo lá naquela saleta junto com o pergaminho e a flor?

FLASHBACK

(Hoje de manhã)

Draco estava voltando do restaurante, tinha acabado de tomar café da manhã junto com um Blás bastante animado por saber que chegariam ao seu primeiro destino hoje. Então ele se deparou com uma porta logo a sua frente no corredor, algo de familiar lhe ocorreu ao olhar o corredor e a porta, como se tivesse tido um deja vu. Foi até lá e abriu a porta.

- Draco, onde você está indo?- perguntou Blás confuso, e ainda assim seguindo o loiro. – as cabines são para o outro lado.

Mas Draco não respondeu estava concentrado demais naquela porta, e na saleta que ela encerrava que era tão familiar para seus olhos. Então ele se lembrou, da noite do apagão que ficara preso em um cômodo que ele desconhecia por ali por perto do restaurante. Como se estivesse acontecendo naquele instante, tudo estava escuro, ele estava procurando a maçaneta da porta, a mulher desconhecida, Morgana chamava por ele, ele achou a maçaneta, ela se levantou, tropeçou em algo que caiu e se quebrou, e ele segurou-a antes que ela caísse, ela rasgou um pedaço da manga de sua capa...

Seu olhar fugaz varreu toda a extensão da pequena sala, e seu olhar ficou preso em uma mesinha de madeira bem entalhada e lustrosa, com um jarro de porcelana chinês, com bonitos desenhos pintados cheio de rosas vermelhas. Então ele teve certeza de que fora ali onde ficara preso com Morgana durante a queda de energia.

- Draco você está bem? Por que você está olhando para este jarro...?- perguntou Blás se aproximando cauteloso.

- Não é o jarro.- o loiro respondeu sem lhe dar atenção.

Observou que ao lado do jarro, havia um pano preto dobrado com um pedaço de pergaminho e uma rosa vermelha que repousava delicadamente por cima de tudo.

“Será que é... Não, não pode ser.” E a pergunta que vinha lhe atormentando ocasionalmente a mente havia algum tempo, mais precisamente desde o apagão, emergiu novamente. Ele retirou a rosa de cima, pegou o pedaço de pergaminho e leu:

“Merlin

Desculpe-me

Morgana”

Era tudo que havia escrito ali, e a pergunta martelou com mais intensidade na sua cabeça: “Quem seria a Morgana?”. Pegou o pedaço de pano preto, e viu que era o pedaço da manga da capa que ele usava naquele dia, a capa que ela havia rasgado em meio ao seu desespero para não ficar só no escuro.

Ele sorriu levemente ao se lembrar. E sua curiosidade estava no auge “Quem seria a Morgana?”.

FIM DO FLASHBACK

- Draco meu camarada, você é o cara mais sortudo que eu já vi na vida, e mais burro também!- disse Blás depois que Draco lhe contou toda a história.

- Me dê dois motivos pra eu não arrancar a tua cabeça fora por causa desta frase, Blás. - ele disse lentamente.

- Caramba vai ter sorte assim lá no inferno, durante um apagão, onde todos ficam no restaurante murmurando e ouvindo a senhoras soltarem gritinhos de nervosismo você fica preso em uma sala desconhecida com uma mulher...

- Com pânico de escuro. - Draco o cortou.

- Que interessa ela ter medo de escuro ou não, pelo que você e disse ela não aprecia tão medrosa assim enquanto você fazia companhia para ela. Mas voltando aos motivos: você fica preso com ela na saleta, com apenas um jarro e uma mesa por testemunha, e o máximo que aconteceu foi ela tropeçar e rasgar a manga da sua capa... Tsk, tsk, tsk. Você me decepciona Malfoy.

- Blás, por Merlin, eu nem podia ver ela! Como é que eu iria saber se ela não era um trasgo montanhês, ou mesmo se ela era mulher?

- Pela voz!- ele disse como se fosse obvio.

- Quando você pegou o travesti a voz era parecida com a de uma mulher? Sim, porque eu não quero cair no mesmo conto que você...

- EU NÃO PEGUEI O TRAVESTI! E com certeza da para saber pela voz, admita você não pegou de frou...

- Se você disser uma palavra a mais, eu juro que te deixo preso nessa cabine por três dias sem comida, sem água, sem varinha, e sem mulher!- Draco disse já de pé com a varinha apontada para a garganta do moreno que congelou no mesmo momento.

- Ok, eu não digo mais nada.

- Melhor para você.

- Mas fala sério, você não sentiu nem o perfume?

- Você disse que iria ficar calado, quer que eu mude de idéia?! - disse Draco olhando feio para o outro.

Agora que Blás tinha dito ele estava recordando, do perfume não tinha certeza sobre a fragrância, não conseguia se lembrar direito, foi a passos rápidos até o armário onde estava a capa rasgada, a qual ele ainda não havia concertado, por que? Nem ele sabia. Pegou a capa, e encostou-a perto do rosto, pode sentir o cheiro delicado de alfazema, quase inexistente no pano.

Ele procurou por alguém com aquele cheiro, mas não lhe vinha ninguém na cabeça, provavelmente a Morgana era uma desconhecida. O trem foi diminuindo a velocidade, e então uma voz gutural soou por todo o trem:

- Queridos passageiros, chegamos a Veneza!- dizia a voz animada. - Temos um dois guias prontos para darem as instruções e os guiarem até o seu hotel.

- Ouviu isso? Vamos, eu estou louco para conhecer Veneza!- disse Blás empolgado, e Draco guardou a capa, mas continuou com a pergunta e o cheiro de alfazema na cabeça.

“Quem seria Morgana?”

As quatro desceram do trem juntas, uma mais sorridente que a outra, todas ansiosas para conhecer a nova cidade. Seguiram o velho senhor que era o guia.

- Por favor subam nas carruagens elas irão levá-los até o hotel, e lá vocês tomarão conhecimento dos aposentos em que irão ficar, e mais tarde poderão escolher se seguem á passeio com outro guia ou se preferem explorar a cidade por si mesmos. Cuidado apenas para não se perderem.

E dada as recomendações a todos elas subiram em uma carruagem que era puxada por cavalos marrons e foram conversando para o hotel, pelo que puderam ver pela pequena janela, a cidade era linda! Estavam super empolgadas, mas o que Ginny queria ver mais do que tudo era o circo.

Não iria aquietar um segundo naquele hotel enquanto não saísse imediatamente para conhecer tudo.

Chegando ao hotel, o guia conduziu com ajuda de um funcionário do hotel cada hospede ao seu quarto. Novamente ela e Izzie ficaram dividindo uma mesma suíte com duas camas e tudo o mais, elas entraram se instalaram, e tudo o mais.

- Nossa Ginny! O Hotel consegue ser ainda melhor que o trem!- disse a amiga ainda.

- Tenho que admitir é bonito mesmo!- disse Ginny empolgada, mas ainda assim louca para sair. – Mais eu não vejo a hora de sair e conhecer a cidade.

- Por mim, se eu passasse a minha estadia toda só no hotel já estava de bom tamanho! - exclamou a outra.

Então as duas pararam de conversar, quando ouviram alguém bater levemente na porta. Ginny foi atender.

- Deixa que eu vou lá, vai logo tomando banho porque você demora muito.- e continuou até a porta andando preguiçosamente. Quando abriu, um homem charmosos estava a sua espera, tinha os cabelos muito negros caídos sobre os olhos castanhos sedutores, com um braço apoiava-se no portal da porta de forma displicente, e com a outra mão segurava a bolsa de Izzie.

- Quem é o senhor?- perguntou Ginny sem desgrudar os olhos do rosto hipnotizante dele.

- Meu nome é Blás Zabini, Srta. Eu vim entregar essa bolsa, estava caída aqui na porta. - disse ele sorrindo.

Ginny ficou calada, ela não conseguia desgrudar os olhos dele, e sua mente viajava, não parava de pensar coisas do tipo: Que olhos perfeitos... Ela estava perdida ali, mal tinha escutado as palavras pronunciadas pelo homem. Estava observando ele tirar os cabelos dos olhos, que caia graciosamente na frente atrapalhando sua visão. O rosto harmonioso, o sorriso sexy, aqueles dentes brancos a boca parecia chamá-la Então ela abaixou os olhos para o peito dele, ele usava os primeiros botões das vestes abertos, dando asas a imaginação dela, seu corpo tremeu de leve com o que seus olhos traidores lhe mostravam. Só pelo contorno dos músculos dava para ver como ele era forte. O que ela estava fazendo? Ele tinha dito alguma coisa para ela, ela parecia uma idiota olhando para ele sem dizer nada. Mas realmente... Quem se importava com o que ele tinha dito? Ela era obrigada a responder? Não! Podia muito bem ficar olhando... Apreciando.

E os braços, os braços fortes, que casavam perfeitamente com os ombros largos, a pele levemente bronzeada, perfeita, ao ponto de deixar as bochechas vermelhas. Ela chegou mais perto para olhar as pequenas sardas, quase imperceptíveis...

- Com licença... Você está bem...?- ele perguntou com a expressão insegura, arrancando Ginny brutalmente do seu devaneio sobre o homem lindo ali na sua porta o qual ela nem prestara atenção em qual era o nome, e sabe-se lá o que estaria fazendo ali uma hora daquelas...

- Ham... O que...?- ela disse saindo do seu torpor.

- Você está bem?

- Aham... Não... Quero dizer, sim. Eu estou bem. - ela disse ainda confusa.

- Você parecia tão... - ele tentou falar, mas ela o interrompeu antes que ele tivesse sucesso em terminar a frase começada.

- Só uma tontura, mas eu estou ótima!- disse abrindo um sorriso enorme para ele. – Como você disse que era seu nome mesmo? Desculpe não ouvi muito bem.

- Blás, Blás Zabini. E você tem certeza de que não quer ir na pequena enfermaria que tem logo aqui em baixo...

- Não! Eu estou ótima!- ela disse apressada. – Acho que foi... O sol. É isso, deve ter sido o sol. – logo depois se censurando ao ver a cara de descrença com a qual ele a observava, eles não tinham pegado mais de vinte minutos de sol, ao sair do trem e chegar ao hotel. “Sua Idiota! Não tinha nada melhor para dizer não?! Por que não disse que rinocerontes voadores havia lha dado uma patada! Teria sido mais lógico que isso!” ela ralhava consigo mesma, mas sem tirar o sorriso do rosto.

- Bom, de qualquer forma eu vim aqui para trazer essa bolsa, que estava caída no chão aqui em frente a sua porta. – então eu olhei para a sua mão, e prestei atenção na bolsa da Izzie. – Acho que a Senhorita deve ter deixado cair... - ele disse de forma gentil a ela.

Ela achou tão charmoso ele pronunciar o “Senhorita” com tanto respeito que até esqueceu de lhe dizer qual era o seu nome.

- Oh, sim é da minha amiga. Ela é meio descuidada, deve ter deixado cair, com certeza. Obrigado Sr. Zabini. – ela disse recebendo a bolsa em seus braços.

- De nada, e pode me chamar de Blás. Foi um prazer vir entrega-la. – ele respondeu com os olhos brilhando, enquanto ela derretida se escorava na porta.

O senhor deu um último sorriso e abriu a porta do apartamento logo em frente e entrou.

Ginny sacudiu a cabeça, para afastar aquela imagem inebriante da sua mente, e finalmente fechou a porta e foi correndo até o banheiro escancarando a porta e entrando saltitante coma bolsa na mão.

- Izzie, minha amiga do coração. Algum dia eu já mencionei que te amo?! Amo o seu jeitinho esquecido, avoado, lerdo, e esquecido?!- disse imensamente feliz.

- Eu também te amo Ginny. Quanto ao meu jeitinho lerdo e etc. e tal, você geralmente reclama. - disse Izzie sem entender absolutamente nada do que a amiga estava dizendo.

- Pois eu adorooooooooooo!

- Anda Ginny, pode ir desembuchando tudinho.

- Como assim eu vou ter que dividir o quarto?! - o Sr. Malfoy esbravejou com o gerente na recepção.

- Sr. Malfoy, desculpe-nos, mas calculamos errado os números da excursão, então como o hotel está lotado, não poderemos coloca-lo em um quarto sozinho.- disse o gerente em tom de desculpas.

- Escute aqui, eu paguei pelo melhor quarto e individual!

- Eu sei. Logicamente meu senhor. Mas... Não temos mais quartos, este é o último... - disse o gerente começando a gaguejar.

- Olhe aqui Senhor Não sei das quantas, você não está entendendo o que eu estou dizendo. Eu não vou dividir o meu quarto, ou vocês se viram e dão um jeito de desocupar um para o meu uso, ou eu mesmo faço isso!- gritou Draco para o gerente que torcia as mãos em um frenesi terrível.

- Sr. Malfoy. o Senhor não pode fazer isto... E nem nós, não temos um quarto só para o Senhor, pedimos desculpas, mas...

- Fique com as desculpas seu inútil e incompetente, elas não vão melhorar as situações precárias desse hotel vagabundo...!

1h Depois

- Blás eu vou ficar com a cama da esquerda.

- Não, mesmo!

- Claro que vou!

- Por que? - perguntou o moreno indignado.

- Porque foi Você que me arrastou para essa droga de viagem, portanto a culpa é sua se eu tenho que dividir o quarto que seria só meu com você.- ele disse pondo um ponto final.

- Tudo bem Sr. Mau humor, fico com a cama da direita.- disse Blás insatisfeito mas conformado.

O quarto era muito bem mobiliado, Os móveis era no estilo dos móveis do trem, bem antigos e lustrosos todos de madeira, com detalhes em ouro, as cortinas que cobriam toda parede da esquerda, davam para uma linda vista na sacada, eram feitas de veludo preto e grosso, não deixando os raios de sol penetrarem no quarto. Em frente a cada cama havia um belo armário combinando com o resto dos móveis com as portas entalhas e um espelho por dentro, tinha espaço suficiente para guardar as coisas. O chão era totalmente coberto por um tapete muitíssimo macio, e com desenhos em tons de vermelho perto e amarelo, alguns desenhos parecia ciganas dançando em uma aldeia e uma fogueira ao lado, ou qualquer coisa parecida.

No centro haviam poltronas vermelhas com os pés em formas de garras douradas também bastante confortáveis que lembravam um pouco as poltronas da sala comunal da Sonseirina nos tempos de Hogwarts, só que as do salão comunal eram verdes. Em uma mesinha de canto haviam dois litros de Wisky de fogo e um de licor de alguma coisa que era esverdeado, e bem menor ao lado havia uma pequena garrafa de cerveja amanteigada.

E de cada lado do aposento havia uma porta discreta que eram os banheiros.

Os banheiros tinham as paredes revestidas de cerâmica branca e reluzente, com uma banheira quadrada ao canto, e um boxe de vidro separando a área do chuveiro do resto do recinto. A torneira e alguns detalhes como o gancho das toalhas e os puxadores dos armários eram dourados.

Tudo em perfeita harmonia.

Blás foi até a porta que ainda se encontrava aberta com o intuito de pegar as suas bagagens e terminar de trazê-las para perto da sua cama e enfim fechar a porta. Mas ao colocar a cabeça para fora da porta em direção ao corredor viu uma bolsa preta de couro caída desajeitadamente na soleira do apartamento em frente.

Ele sorriu ao ver a bolsa largada ali, alguma mulher deveria ter deixado cair. E como bom moço que ele é, sentiu-se a obrigação de entregar a bolsa à tão descuidada dama. Sorriu conquistador.

Andou até o pequeno corredor e pegou cuidadosamente a bolsa para não deixar nada cair, olhou ao seu redor... Nem vestígio de quem seria a dona da bolsa, olhou para a porta a sua frente, hesitou por um instante para pensar se deveria bater ali e perguntar.

Então bateu.

Esperou um pouco até ouvir o barulho de passos vindo na direção da porta, então uma ruiva atendeu à porta. Não, não era uma ruiva. Era a ruiva a mesma ruiva que ele achara encantadora e sedutora, das vezes que ele a viu no trem, mais precisamente no restaurante. Agradeceu aos Deuses pela sua sorte, abriu um sorriso simpático e inocente para ela.

- Quem é o senhor?- ela falou olhando-o intensamente.

- Meu nome é Blás Zabini, Srta. Eu vim entregar essa bolsa, estava caída aqui na porta. - disse ele mantendo o sorriso e o braço apoiado no portal da porta só para fazer o charme. Sempre funcionava, ela não falou nada depois dele, apenas assumiu uma expressão um tanto boba e ficou olhando-o.

Blás manteve o sorriso no rosto, ele sabia que ela o estava avaliando, agora era a hora de fingir que não percebia, e ser educado, a técnica do sorriso inocente e homem educado e cavalheiro sempre funcionavam. Ela parecia estar totalmente aérea, e não estar ouvindo uma palavra do que ele disse.

Parecia em transe...

Depois de um tempo, ele educadamente perguntou:

- Com licença... Você está bem...?- ele perguntou fazendo uma expressão insegura e hesitante, como se não estivesse certo se deveria falar ou não. A ruiva pareceu acordar do transe, e ficou maio atordoada e desorientada, como se estivesse imaginando outra coisa...

- Ham... O que...?- ela disse saindo do seu torpor.

Blás estava fazendo um esforço monstruoso para manter aquela expressão no rosto e não cair no riso ali na frente dela e estragar tudo.

- Você está bem?- ele perguntou de novo.

- Aham... Não... Quero dizer, sim. Eu estou bem. - ela disse ainda confusa.

- Você parecia tão... – ele começou a falar agora parecendo levemente preocupado, mas ela o cortou visivelmente envergonhada e disparou.

- Só uma tontura, mas eu estou ótima!- disse abrindo um sorriso enorme para ele. – Como você disse que era seu nome mesmo? Desculpe não ouvi muito bem.

- Blás, Blás Zabini. E você tem certeza de que não quer ir na pequena enfermaria que tem logo aqui em baixo...- Zabini insistiu falando sobre uma pequena ala para primeiros socorros enquanto Draco berrava e perdia tempo amedrontando o gerente.

- Não! Eu estou ótima!- ela disse apressada. – Acho que foi... O sol. É isso, deve ter sido o sol. – falou totalmente sem jeito, e inventando uma desculpa totalmente não convincente, mas lógico ele fingiu que acreditou, embora ele soubesse que não tivessem pegou nem sequer duas horas de sol, na vinda do trem para o hotel.

Riu internamente e continuou a falar:

- Bom, de qualquer forma eu vim aqui para trazer essa bolsa, que estava caída no chão aqui em frente a sua porta. – então ela pareceu se tocar que ele segurava alguma coisa na mão livre. – Acho que a Senhorita deve ter deixado cair... - ele disse de forma gentil a ela.

Agora o próximo passo era ela dizer seu nome a ele, e assim ele a chamaria pelo sobrenome, e ela pediria delicadamente para que ele a chamasse pelo nome de batismo, era assim que funcionava, este era o protocolo.

- Oh, sim é da minha amiga. Ela é meio descuidada, deve ter deixado cair, com certeza. Obrigado Sr. Zabini. – ela disse enquanto ele lhe dava a bolsa.

Blás olhou decepcionado, mas não deixando transparecer e continuando a sorrir, por que diabos ela não havia dito o seu nome, e todo o resto?

- De nada, e pode me chamar de Blás. Foi um prazer vir entrega-la. – ele respondeu com os olhos brilhando, tentando incentiva-la a dizer o seu nome, mas ela parecia ter voltado ao seu antigo transe, e parecia meio... Mole. Agarrando-se discretamente ao portal da porta.

Blás deu um último sorriso, na esperança de que ela falasse, mas como ela não disse absolutamente uma palavra, ele abriu a porta do apartamento logo em frente e entrou.

Draco estava deitado com os braços em baixo da cabeça olhando para o teto, havia fechado as cortinas de modo que o quarto estava imerso em uma leve penumbra, alguns raios persistentes ainda conseguiam transpassar por frestas.

Olhou a cara de satisfação de Zabini estranhou, afinal quem poderia estar satisfeito com uma situação daquelas? Ambos num mesmo quarto de hotel, a sorte é que o quarto era razoavelmente confortável.

- O que foi?- perguntou sem se mover.

- Draco, nós somos os caras mais sortudos do momento- disse Blás com um sorriso.

- Fale por você, ter que dividir um quarto com você não é a idéia que eu tenho de sorte. – ele falou irônico, mas o outro simplesmente o ignorou.

- Lembra das duas garotas que vimos no restaurante?

- Sim.

- Lembra da ruiva?

- Claro Blás eu não sou idiota.

- Então, ela e a amiga está no quarto em frente.

- Qual amiga?- perguntou ele se sentando na cama.

- Não sei anda, mas a gente descobre.

Draco apenas deixou que se formasse um sorriso maroto no rosto e voltou a se deitar, mais tarde eles teria um passeio com um guia, ou poderiam simplesmente sair sozinhos pela cidade, preferia particularmente a segunda opção. Fazia tempo que não saia a noite, e Veneza era uma cidade a qual ele gostava.

Já tinha ido lá algumas vezes, uma com sua mãe, ela adorava a cidade, principalmente os passeios de barco, ele detestava passear de barco, nunca gostou, odiava o sol quente, das dez da manhã, lhe fazendo suar e queimando sua pele. Mas ele gostava da noite em Veneza, o céu parecia nunca escurecer de um todo, e sempre adquirir uma tonalidade de azul marinho. Seu pensamento divagava pelas lembranças da cidade que a muito tempo visitara.

A luz do abajur que agora estava ligada, piscou algumas vezes, como se ameaçasse queimar e deixa-lo na penumbra novamente, ele fixou o olhar no abajur como se fosse algo extraordinário, e não um simples artefato comum, enquanto em sua mente uma pergunta ressoou: Onde estaria Morgana agora?

- Vamos Ginny! Eu quero voltar antes da meia noite!- disse Izzie impaciente.

- Já estou indo!- disse a ruiva se tornando visível por de trás da pilha de roupas em cima da cama. – Eu só queria achar aquela blusa amarela.

- Vai com essa vermelha mesmo, ela é mais bonita. Alem do quê amarelo não é sua cor.- disse a outra paciente

- Você só está dizendo isso para que eu saia mais cedo.- bufou a outra, corada com o esforço de remover a pilha de roupas para o guarda-roupa novamente.

- Em parte, eu admito, mas ainda assim eu prefiro essa na qual você está vestida.- confessou a amiga

- Serio?

- Seríssimo! Agora vamos pelo amor de Merlin!- disse Izzie já cansada de esperar. – Você quer ou não estar de volta a tempo de pegar o passeio turístico da noite?

- Lógico que quero, Izzie.

- Então se apresse ou não vai dar tempo de irmos nem até a esquina sozinhas.

- Pronto, pronto, estou pronta. – confirmou a ruiva pegando a bolsa em cima da cama.

- Aleluia! Depois você diz que eu demoro para me arrumar.

- Ah, não reclama Izzie eu não estou aqui?!

- Depois de duras penas.- disse ela batendo a porta do quarto das duas e começando a descer as escadas, em direção do térreo.

Ginny e Izzie, queriam ir lanchar fora, para aproveitar e conhecer um pouco a cidade antes de saírem com o guia, ter alguma aventura sozinha em Veneza. Nenhuma das duas nunca havia indo à Veneza, e estavam adorando a experiência.

- Por que mesmo a Lucy e a Julia não vão?- perguntou Ginny.

- Julia não está se sentindo muito bem, e Lucy está cansada, por isso elas preferiram esperar até mais tarde para ver se melhoram.

- Ah bem, não acredito que a Julia já está doente, ela ainda não curtiu nada da cidade.

- É verdade é muita falta de sorte.

- Espero que ela melhore, vai ser muito divertido hoje.

E assim as duas saíram do hotel e ganharam as ruas da cidade, o sol era forte, mas Ginny gostava de sentir o calor aconchegante que o raios traziam consigo se espalhar por toda a sua pele, mesmo que ficasse vermelha e ardida depois. Elas andaram até o outro lado da rua, e então Ginny perguntou.

- Aonde você prefere ir?

- Não sei, está um pouco quente, que tal irmos tomar um sorvete?- sugeriu Izzie se abanando com as mãos.

- Acho ótimo e depois poderíamos passear de barco pelos canais.

- Certo então. Mas primeiro temos que comprar um mapa.

Não andaram muito e encontraram um apequena banca, e uma praça simplesmente lotada de pombos gordos sendo alimentados por algumas pessoas sentadas em bancos.

- Ali! – disse Izzie que viu a banca primeiro. – Lá deve ter um mapa ou qualquer coisa que sirva para nos guiar.

Entraram e uma velha senhora de aparência simpática estava atrás de um balcão quando os sinos pendurados na porta soaram avisando que a porta havia sido aberta. Elas olharam ao redor, era um local pequeno abarrotado de revistas jornais e informativos, com alguns chaveiros, óculos de sol, e outras coisinhas pequenas com algum símbolo que lembrasse Veneza.

A senhora sorriu para elas, e perguntou algo que elas não entenderam, nenhuma das duas falava Italiano.

- Estamos precisando de um mapa. – tentou Izzie.

A mulher parou uns segundos como se refletisse algo além de seus cabelos brancos.

- São inglesas presumo?- disse com gentileza para elas.

- Sim, nós somos. - confirmou Ginny. – E não falamos nada de Italiano, desculpe-nos.

- Não tem problema querida, mas terão que desculpar o meu inglês aprendiz.

- Sem problema, o que importa é a compreensão. – disse Ginny sorrindo de volta.

- Vocês querem um mapa de Veneza pelo que entendi, é isso?

- Exatamente.

- Tenho alguns. - disse acenando para um prateleira a esquerda. Elas conseguiram comprar o mapa, com alguma dificuldade para contar o dinheiro trouxa, mas a senhora achou que fosse apenas fala de familiarização com a moeda, e não ficou muito curiosa.

Agora ambas estavam tentando encontrar, a tal sorveteria, mas parecia um trabalho hercúleo de se executar, já fazia uma hora desde que tinham saído do Hotel. Elas já haviam rodado praticamente todo o bairro, e ainda não haviam encontrado ninguém capaz de informá-las em uma língua a qual ambos entendessem como chegariam a uma sorveteria mais rápido.

Depois de muito esforço encontraram um jovem de cabelos verde berrante que falava Inglês, e ele lhes deu mais ou menos a direção por qual seguir traçando uma linha no mapa, a qual elas ainda estava tendo dificuldade em seguir.

- Acho que é por aqui. - falou Izzie apreensiva.

- Não, nós já passamos por ai lembra? Já vi aquele casarão ali no mínimo quatro vezes.

- Então por onde acha que é?

- Acho que é para este lado, pelo menos é para onde parece estar indo a linha.

- Ginny, sinto informar-lhe, mas eu estou cansada, e estou começando a achar que aquele híbrido de sereiano nos mandou na direção errada.- disse ela suspirando cansada e se resignando a dar passos cansados com os pés já doloridos.

- Por que ele faria isso Izzie? Acho que estamos quase lá.

- Pelo puro prazer de imaginar duas idiotas perdidas em Veneza.- disse ela incrédula.

- Não seja maldosa Izzie, só porque o cabelo dele não era... Hum... Convencional...?

- Não, só porque estamos andando a horas e não vimos nem a sombra tunê de qualquer sorveteria.- disse ela sarcástica fazendo careta por causa da dor de seus pés.

- Não vejo razão... Ah, veja! Está ali. - disse ela olhando a placa bem grande cujo nome elas não entenderam, mas o desenho de uma casquinha com duas bolas cor de rosa informou-lhes o que elas precisavam saber.

As duas entraram, sedentas por qualquer coisa que as refrescassem, e cada minuto de espera pela chegada do pedido parecia um milênio e quando ele finalmente chegou, elas puderam se deliciar no seu prêmio depois de tanto trabalho.

As duas satisfaziam-se cada uma com um sorvete diferente, e os sorvetes, pareciam jamais satisfazê-las, Ginny já estava no terceiro quando ela ouviu um homem ao fundo gritar.

- Escute aqui mocinha, eu fiz meu pedido a quase uma hora, e ainda estou esperando! É um absurdo! Um simples sorvete de baunilha!- ele esbravejava em cima da garçonete.

- Senhor, o carregamento de sorvete de baunilha, não chegou, não temos este sabor na sorveteria. – ela respondeu, conciliadora, com seu inglês bem pronunciado.

- Como vocês podem não ter sorvete de baunilha?! Como uma sorveteria tão renomada pode não ter sorvete de baunilha? Sua incompetente! – de longe as duas observavam a jovem se encolher diante da fúria do senhor que esbravejava em sua frente.

- Desculpe-nos, o senhor não gostaria de pedir outro sabor, nós temos...- mas ela não pode dar as outras opções de pedido para o homem, que iniciou novamente a gritaria.

Mas Ginny e Izzie, sabiam que era mentira, havia sorvete de baunilha, a não ser que estivesse se esgotado na velocidade da luz, pois era justamente este o sabor do sorvete que Izzie pedira, e estava tomando. As garotas se alarmaram com a confusão que se armava na sorveteria, o homem segurava a garçonete pelos ombros a chacoalhava ela gritando:

- Quero o sorvete de baunilha! Sua idiota, eu quero um sorvete de baunilha! Cadê o meu sorvete de baunilha?!- entre outras coisas relacionadas a sorvetes de baunilha e a incompetência da garçonete.

Todos na sorveteria estavam estáticos, petrificados, olhando sem piscar para o homem insano ali a sua frente sacudindo a garçonete que parecia uma boneca de trapos em suas mãos. Então a mulher acertou-lhe um tapa, que o fez cambalear e esbarrar no garçom que passava na frente das duas com uma bandeja em cada mão, Ginny que já estava de pé foi a primeira a ser atingida, pela taça de sorvete que veio voando em sua direção deixando sua blusa em um estado deplorável assim como seu cabelo que agora mesclava-se com as cores do sorvete que pelo cheiro deveria ser de menta.

No susto ela bateu com as costas na mesa onde Izzie continuava sentada observando a cena, e a taça de sorvete da amiga escorregou para o colo da mesma, melando toda a sua saia de sorvete de baunilha. As duas olharam uma para a outra enquanto o garçom de olhos arregalados admirava o desastre que havia acontecido e o homem desesperado por sorvete de baunilha gritava novamente contra uma outra garçonete desta vez.

Ginny pegou um guardanapo de cima da mesa melada de sorvete e passou de leve no rosto, e com uma expressão de susto, olhou para a amiga. Izzie parecia possessa, levantou-se com os olhos negros faiscando perigosamente e encaminhou-se até o homem que gritava.

- Izzie, onde você está indo? Não faça isso... – mas antes que Ginny sugerisse que ambas fossem apenas embora e deixassem toda aquela confusão de lado, a morena já estava de frente com o homem do sorvete de baunilha e sem que ninguém pudesse prever a sua reação ela acertou um soco bastante forte no rosto do homem.

- Escute aqui seu maníaco por sorvete de baunilha, pare com esse seu ataque por que quer sorvete, ta legal, se a mulher está dizendo que não tem, é porque não tem, levante a sua bunda gorda da cadeira e vá embora procurar sorvete de baunilha em outro lugar. Graças a você o último sorvete de baunilha se foi, espatifou-se na minha saia novíssima, portanto seu idiota, saia da sua TPM e vá comer sorvete em outro lugar!

Todos olhavam para Izzie que tremia de raiva, então, dois segundos depois toda a sorveteria foi invadida pelo som de gargalhadas.

- Vamos Izzie.- foi tudo que Ginny conseguiu dizer, surpresa coma reação da amiga, segurando a mão da mesma a puxou para fora da sorveteria.

As duas andaram um pouco em silêncio, enquanto cada pessoa que passava por lá prendia o seu olhar nas duas sujas de sorvete, e vermelhas pelo sol. Já estavam na metade do caminho de volta para o Hotel, o sol cruel castigando seus ombros expostos, e fazendo o suor brotar lentamente em sua faces, e só para aperfeiçoar o desconforto, ambas cheirando a sorvete. Aquele definitivamente havia sido um passeio e tanto.

- Você é louca.- falou Ginny, como quem constata alguma coisa.

- Eu?- a outra perguntou incrédula. – Louco é aquele viciado em sorvete de baunilha.

- Ele é outra pessoa que precisa de tratamento urgente.

- Aquele desgraçado.

- Mas você é mais louca que ele, como é que você vai lá e simplesmente mete a mão na cara de um desconhecido violento, escandalosos e viciado em sorvete de baunilha?

Izzie, para alguns segundos como que para a avaliar a situação, e pensar no que tinha feito, não conseguiu conter o sorriso que se formou em seus lábios.

- Você tem razão, acho que eu sou louca mesmo.- e com isso Ginny também desatou em gargalhadas desesperadas, agora todos na rua prestavam atenção nas duas mulheres no meio da calçada que riam sem parar, mas a esta altura, as duas não estavam mais se importando. Isto é, se estivessem vendo a atenção que chamavam.

Ao chegarem ao hotel, o recepcionista as recebeu, com um olhar, desconfiado e a voz hesitante estranhando aquela situação incomum, as duas não se atreviam a usar magia em um hotel trouxa, então tiverem que pegar o elevador, para finalmente se depararem com a porta do seu quarto. Ginny ainda tinha a barriga dolorida, devido as risadas frenéticas que lhe assomara, enquanto procurava a chave do local dentro da bolsa.

Suas mãos procuraram em todos os lugares possíveis dentro da bolsa, mas nem sinal da pequena chave prateada que lhes fora dada com a advertência de que feitiços não funcionariam na fechadura. Uma sensação gelada invadiu seu estômago e as risadas restantes morreram a caminho dos lábios enquanto ela tirava a bolsa do ombro e procurava mais atentamente, sem obter sucesso.

- Izzie, você pegou a chave?

- Sim.

- Ai, graças a Merlin, me dê para eu abrir a porta.

- Eu coloquei na sua bolsa.

- Não, não colocou.

- Coloquei.

- Não esta aqui.- falou a ruiva com um leve tom de nervosismo na voz.

- Claro que está Ginny. – disse a garota insistente, enquanto a ruiva remexia freneticamente na bolsa.

- Não, você deve ter colocado em outro lugar! E agora Izzie?! Não podemos usar magia para abrir as drogas das portas.

- Me dá aqui essa bolsa! Do jeito que você é lerda deve está em baixo do seu nariz.- disse a outra ignorando o nervosismo da amiga.

- Vai lá, se você achar, eu te dou um prêmio!

- É só procurar direito e com calma. – disse a outra procurando com cuidado a pequena chave dentro da bolsa preta que Ginny carregava consigo.

Os olhos de Izzie se arregalaram logo na primeira tentativa na qual a sua mão percorreu todo o perímetro da bolsa e não viu sinal da chave.

- Vai, acha logo a merda da chave, do jeito que você é lerda deve estar bem debaixo do seu nariz. – debochou Ginny com os braços cruzados sobre o peito

Izzie não respondeu a provocação da amiga, e sem pensar duas vezes derramou todo o conteúdo da bolsa no capacho da porta, sacudiu para ter certeza de que nada havia restado dentro da bolsa já do avesso. Nada, as duas se agacharam com os joelhos no chão começaram a procurar e pequena chave dourada no meio dos mais variados itens que haviam na bolsa preta.

- Oh meu Merlin! O que vamos fazer?- perguntou Izzie, compartilhando agora do mesmo nervosismo que a ruiva.

- É, né? Você deve ter deixado a chave em qualquer outro lugar.

- Vamos tentar um feitiço.

- Não funciona, o guia da excursão falou que não adiante feitiços, este é um hotel trouxa mas como iria ser habitado por bruxos, então para que precisássemos trancar a porta com feitiços facilmente corrompidos, ele preparara as chaves. Que não poderiam ser trocadas ou adulteradas, e as portas permaneceriam lacradas uma vez que trancadas pelas chaves.- disse Ginny repassando toda a conversa que o guia havia tido com os membros da excussão que estavam dispostos a ouvi-lo.

- Você tem razão.- disse Izzie desapontada depois de tentar cinco feitiços diferentes da fechadura e terminar frustrada chutando a porta.

- Eu já disse que você anda um pouco violenta demais esses dias?

- Quem pode me culpar?- perguntou a outra desanimada.

- Ninguém, é verdade.

- E agora?! Precisamos dar um jeito em nós, parecemos duas doidas, não sei como não chamaram o pessoal do hospício para nos prender enquanto passávamos na rua.

- Ah, Merlin eu quero tomar um banho! Não agüento mais esse cheiro de menta misturado com framboesa! Quero tomar um banho agora!

- Acredite você não é a única.

As duas deixaram-se escorregar pela parede até o chão e ficaram sentadas, lá, Julia e Lucy haviam saindo pelo que o recepcionista as informara com receio.

Ambas tentavam refletir sobre como sairiam daquela situação, mas nada lhes vinha em mente, a ruiva fitava a porta do quarto e frente onde o moreno que viera entregar a bolsa de Izzie, Blás Zabini, entrara mais cedo. Daria tudo para que pudessem atravessar aquela porta agora, ela já estava realmente começando a ficar nauseada com aquele cheiro irritantemente doce.

Então tirando-a de seus pensamentos, ouviram passos vindos da escada ganhando o corredor, ela definitivamente não queria nem que o mendigo da esquina a visse assim. Num ato de desespero puxou izzie pela mão com a outra murmurou um feitiço contra a fechadura da porta, que estalou e se abriu para elas, de forma inacreditável.

Em dois segundos a porta do apartamento da frente batera novamente com uma ruiva ofegante encostada na madeira do lado de dentro.

- Ginny, sua louca, o que você fez?- perguntou Izzie aflita.

- O que nós fizemos... - ela falou ainda não consciente de seus atos.

- Merlin, nós invadimos um apartamento!

- Nós invadimos um apartamento!- repetiu ela se dando conta da situação, e não estava trancado na chave caso contrário não teria cedido ao feitiço, isso deveria significar que havia gente lá dentro.

- Nem ao menos sabemos de quem é o apartamento, e se houver gente aqui dentro...?- a outra sussurrou em uma voz esganiçada temendo ser ouvida.

A ruiva engoliu em seco, não pronunciou suas suspeitas, e sim o primeiro pensamento que lhe veio na cabeça.

- Blás Zabini.

- O que?

- O apartamento é de Blás Zabini.- ela repetiu.

- O cara que achou a minha bolsa?- ela perguntou confusa.

- Isso ai.

- Bom, eu espero que vocês já estejam íntimos ao ponto de você poder invadir o apartamento dele.

- Não seja tola, é claro que não.

- Então por que diabos vocês nos arrastou para cá?!- ela gritou nervosa. Neste instante, as duas congelaram, se houvesse alguém no local com certeza teria ouvido. Esperaram estáticas com todos os seus músculos retesados que alguém aparecesse e as colocasse para fora a pontapés.

Para o bem do coração de Ginny que batia desesperado e a qualquer instante poderia para, ninguém apareceu, o apartamento só poderia estar vazio! Elas esperaram mais um pouco, então suspiraram aliviadas.

- Ginny, acho que demos sorte. O apartamento está vazio.- falou Izzie um pouco mais calma.

- Graças a Merlin!

- Mas e se não estivesse?! Sua maluca, você não pode sair me arrastando assim para o apartamento dos outro!

E ignorando a amiga Ginny perguntou:

- E agora o que a gente faz? Volta para o corredor?

- Agora que já estamos aqui dentro, acho que não fará mal se tomarmos um banho rápido enquanto o dono do apartamento não chega.

Ginny não gostou muito da idéia, pois não tinham como saber se o tal Blás Zabini iria demorar a chegar ou não, e se ele chegasse e as encontrasse ali? Seria um desastre.

- Não sei, Izzie, talvez simplesmente devêssemos... - mas antes que pudesse terminar foi interrompida por sua amiga apressada.

- Não podemos voltar para o corredor onde qualquer hora passa gente, e não podemos entrar no nosso apartamento, então só resta dar um jeito na nossa aparência que diga-se de passagem está abominável, - disse ela olhando-se em um espelho que havia por lá. – e esperar que as outras duas voltem para podermos resolver esta situação. - Argumentou Izzie enquanto as duas andavam pelo apartamento a procura de um banheiro pelo local. Vendo por este ângulo era realmente a melhor opção a ser escolhida, ou talvez a única que houvesse, mesmo que fosse arriscada. Ginny não interferiu contra.

- Eu vou tomar banho primeiro pois você demora muito, e é capaz do tal Zabini chegar e nos encontrar e você ainda estar ensopada. Eu acabo rápido e assim se ele chegar eu tento enrolar ele dizendo que trabalho no hotel, ou qualquer coisa assim enquanto você banha.

- Tudo bem, mas seja rápida, pelo amor de Merlin! Qualquer coisa eu solto fagulhas amarelas para dentro do banheiro e me escondo ta legal?

- Ta.

- Vai logo!

E assim, Izzie correu para o banheiro, e não demorou muito, Ginny ouviu o barulho da água caindo, os pingos batendo no chão. Seu coração ainda batia acelerado e qualquer vulto ou som, por mínimo que fosse ela achava ser Zabini chegando.

O tempo passava, devagar, e como ela não levava relógio algum consigo não tinha noção de quantos minutos, ou até talvez horas haviam se passado. Seu pensamento perdido em hipóteses do que faria se aquele Deus grego que ela encontrara mais cedo aparecesse pela porta e a visse naquele estado, andando de um lado para o outro no carpete do apartamento dele, enquanto outra tomava banho no seu banheiro. Seu estômago encolhia só de pensar naquela hipótese.

Estava tão entretida que não ouviu de imediato o barulho de vozes e o ranger a da porta do apartamento, quando se deu conta, deu um salto em direção ao banheiro e lançou as fagulhas como combinado, seu olhos voando ao redor, a procura de qualquer lugar que pudesse se esconder. O guarda-roupa, poderia ser um tanto quanto clichê, mas ela não tinha tempo para discutir isso no presente momento, e entrou lá dentro fechando a porta com cuidado. Não esperou para ver como a amiga havia se virado pois as vozes estava cada vez mais próximas apenas rezava para que ela tivesse visto o sinal e tivesse tido tempo para pensar em algo. De dentro do Guarda-roupa ela pôde escutar as vozes conversando.

- O que achou da cidade, a uma primeira vista?- perguntou um deles.- Bonita não?

Pelo silêncio ela supôs que o outro deveria ter respondido com um aceno, sem palavras.

- Estou ansioso para vê-la de noite, me disseram que a vida noturna daqui é fantástica.- falou a primeira voz.

O outro respondeu com um murmúrio que ela não conseguiu identificar o que era, e pelo que lhe pareceu se atirou na cama.

- Dor de cabeça de novo?! Vou te contar, nunca vi ninguém que tivesse mais dores de cabeça que você.

Ela ouviu um resmungo de leve, e então seu estômago congelou com a frase seguinte.

- Tem remédio, no guarda-roupa, procura por lá que eu vou tomar banho, o calor daqui é quase insuportável. - e dizendo isso o outro se calou, e ela ouviu o barulho de passos cada vez mais audíveis no carpete macio.

Seu pensamente estava a mil, “O que eu faço agora! Merlin ele não pode abrir essa maldita porta.” Girou em torno de si mesma procurando sem sucesso alguma saída dentro do guarda-roupa, o que era uma tolice. Por que um Hotel colocaria uma passagem secreta dentro do guarda roupa? Sua face arrastava pelos sobretudos e camisetas desesperada ela implorava a Merlin que ele não abrisse a porta do guarda-roupa.

Antes que ela mesma pudesse gritar, ela ouviu um grito agudo vindo do banheiro, e então a claridade invadiu o lugar, ela se achatou contra o fundo de madeira, e uma mão branca afastou os casacos da sua frente expondo-a.

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!- ela gritou de susto mesmo sabendo que aquilo iria acontecer, o homem loiro que estava ali na sua frente deu um salto para trás.

- O que?!

Então Zabini saiu apressado de dentro do banheiro:

- Tem uma louca no banheiro!- então surpreso com Ginny que estava saindo do guarda-roupa corando desesperadamente continuou. – O que?! Oh Merlin tem outra dentro do guarda-roupa!

O loiro ainda estava estático pro causa do susto não pronunciou nada apenas permaneceu de boca aberta contemplando a cena e olhando de uma Izzie ensopada enrolada em uma toalha olhando perplexa para a cena para uma ruiva suja de várias cores que acabara de sair do guarda-roupa.

- Calma ai ninguém me disse que brotava mulher nesse apartamento, se eu olhar em baixo da cama aparece mais uma?- falou o moreno sorrindo incrédulo.


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