Capítulo 9



Cap. 9 Ajuda? Talvez ...

Já faz três semanas desde que Therisford foi embora, Anny fala o mínimo possível sobre o assunto. Hoje quando tomávamos o café-da-manhã, perdão; eu disse café? Não. Eu quis dizer envenenamento matinal. Aquilo poderia ser chamado de tudo menos de café. Fowl não tem o mínimo talento culinário, ela é terrível na cozinha, francamente não sei como não morri ali mesmo.

- O que é isso?- eu perguntei enquanto comia algo que parecia com bacon, mas que contraditoriamente não tinha gosto do mesmo.

-Bacon. - ela me respondeu com naturalidade e eu a olhei consternado.

-O que! Foi você quem fez isso?

-Foi sim. - Ela respondeu me encarando e eu respondi mais para mim mesmo do que para ela:

-Porque será que não estou surpreso?

-OK, eu admito. Meus dons culinários não são tão desenvolvidos assim. - Meu Deus! Quanta cara de páu! Dons culinários? Ali não tinha vestígio nenhum de dons culinários, nem que eles fossem mínimos! De 0 a 10, com certeza Fowl ganharia -1 com aquele bacon.

E eu não a enganei.

-A mim parece que algumas pessoas são privadas deste tipo de dom. - Disse encarando aquilo que ela dizia ser bacon.

-Você se inclui neste “algumas pessoas”, ou vai se mobilizar para preparar algo para nós comermos? - Ela perguntou me olhando sinicamente, mas eu não respondi aquela pergunta.

-Esqueça, eu vou comer fora, você vem?

-É, parece que este tipo de dom não é muito comum não é mesmo? - Ela falou piscando um olho para mim: - Sim, eu vou. - E nós fomos para o caldeirão furado, sentamos em uma mesa qualquer e pedimos comida descente.

-Eu não sei quanto a você Sr. Eu-cozinho-bem, mas eu vou passar a comer fora. - Ela disse depois de tomar um longo gole de seu suco de abóbora.

-Eu acho que você não precisa que eu lhe dê uma resposta não é? - Eu simplesmente disse e ela puxou outro assunto.

-Então, você resolveu o problema com a ruiva? Como é mesmo o nome dela...? - Ela disse tentando se lembrar, e quando ela me olhou eu me senti tonto e percebi o que estava acontecendo.



Ela estava tendo acesso as minhas lembranças, mas isto era impossível! Eu sou perito em oclumência e nunca deixo a mente aberta. Eu tentei reforçar a barreira que deveria impedir qualquer legimente, mas não funcionava com ela.

Então eu disse irritado por não ter conseguido detê-la.

-Pare com isto!

-Isto o que? - Ela pareceu assustada com o fato de eu perceber, mas logo se recuperou e voltou ao sarcasmo habitual. - Ah, tudo bem, se você não quer falar sobre o assunto...

-Você sabe! Não finja, pare de tentar entrar na minha mente! - Provavelmente esta foi a única vez que eu a vi surpresa. - Como você sabe?

-Como você consegue? - Eu a respondi com outra pergunta.

-Sou uma legimente de primeira. - Ela tentou.

-E eu um oclumente. Não minta.

Ela ficou séria e me olhou profundamente com os olhos castanhos e penetrantes e como outras vezes eu pude ver filigramas de angústia e dor faiscando nas profundezas de seus olhos. Então eu senti uma pontada aguda de dor no peito, e por fim ela disse:

-São segredos que eu não posso revelar, Draco. - Aquilo me irritou.

-Então o que lhe faz pensar que você tem o direito de saber de segredos que não lhe pertencem? - Quem ela achava que era? Se ela tinha direitos de guardar segredos, porque ela invadia a mente dos outros? Mas o que mais me irritava era que eu não tinha conseguido bloqueá-la, não tinha conseguido a minha mente para ela.

-O fato de eu poder ajudar. - Ela continuava me encarando, mas agora de uma forma triste. Essa foi a primeira vez que eu notei os olhos dela; eu pude perceber que ela possuía uma tristeza incomparável ali dentro. Ela tinha os olhos tristes e vazios sem nenhum traço de felicidade, só dor. A partir deste momento eu soube que ela não estava assim. Ela sempre fora assim eu é que nunca havia percebido.

Muitos teriam sentido pena, mas não eu, pena é para fracos e eu não sou um deles. Pena e piedade são sentimentos nos quais eu não acredito, são para gente fraca.

-Quem você acha que é? Ora, não faça-me rir, você... me ajudar?- Minhas palavras destilavam veneno e eu pude ver que a magoava. - Ninguém pode me ajudar. Não seja ridícula. - Eu disse friamente olhando nos seus olhos. Pena? Não, ela não era a única ali que possuía dores, não era a única infeliz ali dentro.

Que idéia mais imbecil de ajudar. Ninguém poderia me ajudar nunca!

-Você não me conhece Malfoy. - Ela continuou inabalável, mas seu olhos diziam tudo. Eram as janelas dos seus sentimentos.



-Então estamos iguais. Você também não me conhece, o que você pensa? Que saber que eu quase morri em batalha e conheço uma ruiva é saber tudo sobre a minha vida? Não, não é, sinto lhe informar. - Eu revidei grosseiramente aos sussurros para ninguém ouvir.

-Você se engana. - ela disse e se levantou da mesa. - Talvez eu pudesse aliviar você de todo esse peso de outras maneiras... Maneiras as quais você não conhece e eu não posso explicar. Você só precisa se dar esta chance.

-Não, eu não quero ela.

-Tudo bem, prometo não invadir sua mente. - E ela foi embora do bar me deixando lá sentado.

Quando eu voltei para casa não havia ninguém lá. A porta do quarto dela jazia aberta, eu não me importei e fui dormir, mas a nossa discussão não saia da minha cabeça. Quem era ela? O que era ela?

N/A: gente a culpa é minha da demora... e não pensem com segundas intenções sobre a frase dela. Essa foi uma frase completamente inocente ok?!

:)

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