Capítulo 12



Cap. 12 Delírios

quatro meses e três semanas

Durante o tempo em que a minha doença persistiu sofri, febre, dores e delírios, sem contar com os calafrios. Em uma das muitas noites tortuosas, minha febre conseguiu alcançar o ápice, o seu ponto forte, e eu mergulhei em sonhos e pesadelos, sem sentido, delirei.

Helena que neste meio tempo não havia saído de perto de mim nem para comer, ta, tudo bem... Às vezes ela saía para preparar a minha comida e a dela.

Mas fora isto ela estava sempre lá, marcando a hora de tomar a poção e dizendo palavras que ela julgava me tranqüilizar, e até ajudavam um pouquinho: “Calma apenas tome isto , e tudo vai ficar bem” ou “Já vai passar.” ou “Relaxe, tudo vai acabar logo, e você logo vai ficar bom.” E até mesmo para me obrigar o tomar os remédios gritando comigo coisas do tipo: “Sr. Malfoy, você vai tomar está poção por bem ou por mal, e acredite eu tenho mais de dez maneiras diferentes de fazer isso descer sua goela abaixo!”

E é claro que diante desta ameaça eu cedia visivelmente e acabava sempre tomando a droga do remédio que na maioria das vezes tinha um gosto nojento, mas acabava fazendo efeito.

De qualquer forma ela estava sempre lá, e eu gostava disto, sua presença pode-se dizer assim que era reconfortante, quando ela estava lá tudo aprecia um pouco mais suportável, até mesmo a dor na garganta e os calafrios. E sendo assim no meio da noite, quando eu comecei a murmurar coisas sem sentido delirando, ela estava lá sentada na cabeceira da minha cama como sempre, sua mão repousava levemente sobre os meus cabelos.

E o pior de tudo é que eu não falei coisas totalmente incoerentes como o normal. Algumas coisas infelizmente faziam sentido. Eu tenho lembranças muito vagas desta noite, mas a mais vergonhosa foi:

Eu estava me contorcendo e suando muito e ocasionalmente murmurava coisas como:

- Na Alemanha... Volte...! Não... Volte!

Então Helena acordou assustada e perguntou:

- Alemanha?

- Virginia! Não! Volte... Cuidado...! – eu continuava alheio às interrogações de Helena.

- Draco está tudo bem; Virginia está na Alemanha. Está tudo bem com ela...

- Não, volte aqui... Weasley! - eu continuava (de acordo com o que Helena em disse no outro dia) gritando por Virginia como um condenado, como se quisesse livrá-la da forca. – Atrás de você! Virginia corra...

- Draco por Merlin! Volte a si. Você está delirando, não há nada que respire neste quarto alem de nós dois! – mas claro como pessoa delirante eu não ouvi, ou não prestei atenção, não me lembro.

- Corra... Não! Não vou deixar... Corra! Vá rápido!

- Não, Draco acorde, você está apenas sonhando, delirando, ninguém está sendo perseguido, ela está bem, está na Alemanha, está segura!

Helena me sacudia tentando me acordar sem sucesso, eu apenas me debatia mais ainda, não sei como não acabei machucando ela. Meus sonhos eram muito confusos, até agora não me lembro direito sobre o que se tratavam, lembro de ver Virginia correndo, e depois alguém prendendo Helena. Mas são apenas memórias vagas... Mas lembro muito bem a sensação que isso me causava, eu estava em desespero completo!

- Virginia... Volte! Helena! Helena me ajude... Não! Não toquem nela...! Não; soltem Helena...!

- Eu estou bem, estou aqui ao seu lado, por favor acorde! Eu estou segurando a sua mão! Me ouça!

- Helena venha! Eu mato vocês...!Não toquem nela... Não encostem um dedo nela! Um arranhão... Mato... Bosta de Morcego!- foi quando eu comecei a me debater intensamente e com força, agarrando o edredom e os lençóis. Helena estava tentando me segurar.

Eu não acredito que eu fiz isso... Eu, num átimo do meu sonho, abracei-a com força puxando-a para mim, ela caiu na cama ao meu lado e mesmo assim não a soltei, e como sou muito mais forte que ela nem que ela quisesse não conseguiria se soltar. Segurei-a com força, perto de mim, não sei como ela não gritou de dor, ou me bateu.Acho que pensava estar protegendo ela de algo invisível aos seus olhos, mas visível aos meus.

Mas depois disto eu parei de gritar e me remexer, como se ter feito o que fiz, já não fosse suficiente por uma noite. Então eu apenas resmungava levemente, e ela murmurava ao meu ouvido para me acalmar:

- Pronto... Tudo bem agora...? Estou aqui pertinho de você... Apenas durma... – ela dizia enquanto passava a mão levemente pelas minhas costas. E finalmente eu me acalmei, aquela noite havia sido uma bagunça total!

Fico pensando como ela suportou tudo aquilo e ainda foi amigável comigo, tentou me acalmar ainda por cima depois que eu quase esmaguei as costelas dela contra o meu peito.

Se fosse eu no lugar dela, não teria feito nem a metade do que ela fez, teria no máximo estúpido ela de remédios e iria dormir, ou alguém realmente acha que eu ficaria das doze horas da noite até as cinco e pouca da manhã cuidando de um doente delirante? Não mesmo...

Mas outra coisa que me perturbou também, foi que no meio de toda aquela confusão em que eu chamava por Virginia ela disse: “Draco, está tudo bem, Virginia está na Alemanha.”

Eu não tinha dito a ninguém onde Virginia está, nem mesmo para a mãe dela, ou qualquer outro membro daquela detestável família e todos acharam melhor assim.

Então como Helena poderia saber?

Tudo bem que eu mencionei a Alemanha em meus devaneios e logo depois o nome Virginia , mas eu estava delirando e isto não dá para provar nada! Simplesmente acho meio improvável ela ter entendido tudo com apenas duas palavras.

Afinal eu poderia ter dito qualquer outro país, Jamaica, Iraque, Peru, Chile Rússia: quer dizer eu estava delirando! Ocorreu-me agora uma possibilidade, será que Helena havia mexido em minhas anotações e descoberto? Eu as deixo normalmente no criado mudo ao lado da cama, é bem provável que por curiosidade tenha aberto para ler e descoberto o paradeiro de Virginia... E tinha omitido essa parte da história de mim quando a a contou, provavelmente. Eu estava sendo muito descuidado com isso.

No outro dia quando eu acordei, senti um cheiro familiar e sorri, esperando ver a aquela cabeleira conhecida... Mas quando eu vi realmente os cabelos pretos reluzentes espalhados pelo meu peito, com a cabeça no meu ombro, percebi quem era na verdade. Zatknis.

Levantei a cabeça e olhei a minha situação, eu parecia um carrapato muito branco grudado em Helena que ressonava levemente em meus braços com uma das mãos nas minhas costas.

Meu Merlin! O que eu tinha feito ali?! Eu pensei em desespero. Então eu vasculhei a minha mente, atrás de alguma resposta para aquilo, e me surgiram vagas lembranças da noite passada, da febre, do delírio, do sonho, assim eu me tranqüilizei mais. E mais tarde no café Helena completou as minhas lembranças para que eu pudesse contar tudo

Continuação da lista:

8º Gente fraca

9º Me sentir culpado (mas como isso nunca acontece com freqüência...)

10º Delirar.

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