Capítulo 9



Cap. 9 Amizade? É, talvez...

3 meses 2 semanas e 1 dia.

Helena ainda não voltou! Desde ontem a noite... Desde quando nós voltamos depois de acabar com Greyback... Ela estava com um corte realmente feio na barriga, sangrava muito. Será que havia sido uma mordida? Mas de qualquer forma, ela negou essa possibilidade terminantemente.

Já tomei café, eu mesmo tive que me dar o trabalho de preparar, todos me dizem que não tenho dotes culinários, mas não estava ruim. Passei grande parte do dia vagando pela casa, li alguns livros, mas como não consegui me concentrar em nenhuma das inúmeras palavras que passavam em frente aos meus olhos, eu guardei novamente todos os livros de volta na estante. Se ela ficasse muito mal, ou pior se morresse de quem seria a culpa? Minha é claro! Todos me culpariam.

Fui ao ateliê e olhei todas as minhas obras incompletas, alguns jardins nevados, castelos russos, sombras, e um dos meus preferidos, a lua cheia no céu com algumas nuvens nublando-o acima de uma floresta escura. Agora aquela lua me fazia lembrar da noite anterior, então minha mente que até agora estivera vagando, foi tomada por lembranças sombrias da noite passada: Greyback rolando no chão junto com Zatknis, Greyback com as facas cravadas nas costas, Greyback ferindo Helena! Aquilo tudo me atormentava muito, então eu sacudi a cabeça como se assim pudesse em livrar de tudo, como se pudesse fingir que nada daquilo tivesse acontecido.

Eu tinha dito ao velho, tinha dito ao Dumbledore, eu não preciso de ninguém comigo, não preciso de ajuda para realizar as missões a mim dirigidas, mas como sempre ninguém nunca me ouve naquela maldita Ordem!

Meu olhar foi atraído para outro quadro, este estava coberto por um pano, provavelmente inacabado. Eu fui até lá e tirei o pano de cima e vi o que havia começado, era Virginia. Ela estava linda, mas não estava totalmente pintada, apenas o cabelo estava terminado o rosto ainda faltava. Então peguei o pincel e as tintas e comecei a pintar.

Era uma forma de afastar os maus pensamentos, ninguém nunca entrava no meu ateliê, nem no meu jardim de inverno, nem Virginia nunca tinha posto o pé no jardim ou no ateliê. Ela sabia que eu ficaria muitíssimo irritado se entrasse, ali. Por quantas horas eu fiquei ali? Não sei dizer exatamente, mas foi o suficiente para terminar o quadro.

Eu olhei de perto, é parecia bom... Dei dois passos para trás, para olhar mais de longe e ter uma visão mais ampla. Eu arregalei os olhos, aquela não era Virginia! Não completamente. Tinha o cabelo o formato do rosto e o nariz de Virginia, mas todas as outras feições, a cor dos olhos, o jeito de sorrir eram de Helena! Eu devia estar ficando louco! O que era quilo? Era para eu ter desenhado Virginia e não Helena! Eu não podia estar confundindo minha noiva com Helena! O que estava acontecendo comigo?!

Parte II

3meses duas semanas e 3 dias

Ta legal, agora eu estava preocupado, será que ela estava tão mal assim? Eu me perguntava no jardim de inverno, sentado em um banco olhando uma fonte de mármore preto cuspir água pela boca.

Já faz dois dias que eu não tenho visto Zatknis, eu já estava pensando no pior, não conseguia entender porque ela ainda não havia voltado. Eu detestava ter que admitir isso, mas Helena faz falta para mim. Ela era a única companhia que eu tinha em casa, durante este tempo, não que eu não gostasse de ficar só é claro, mas isto, combinado com a saudade de Virginia estava me deixando louco.

Será que ela não queria voltar? Será que ela tinha voltado para o lugar de onde veio? Depois de tanto me perguntar o que teria acontecido eu resolvi descobrir por mim mesmo. Fui lá.

Quando cheguei à Ordem hesitei, duvidei, coisa que eu raramente faço. Será que deveria ir mesmo? Ou ela simplesmente não queria mais voltar para a mansão? Quando me dei conta do que estava fazendo, devia estar parecendo um tolo! Fiz um aceno com a mão como que para varrer aquele assunto da minha cabeça. Pus o pé na soleira e mentalizei a porta e a casa surgirem.

A casa estava calma, entrei, ninguém na sala, nem na cozinha. Helena provavelmente estaria em um dos quartos nos andares de cima. Eu fui subindo silenciosamente, a sede raramente ficava tão vazia... Abri a porta do primeiro quarto, nada, ninguém ali, apenas camas desarrumadas e vazias.

Saí e abri a segunda porta, e então eu vi alguém deitado sob vários cobertores e olhei o mar de cabelos negros ondulados esparramados no travesseiro. Reconheci imediatamente “Ela está viva, apenas dormindo” eu pensei.

Sorri e suspirei aliviado, e assim toda a preocupação que pesava sobre os meus ombros se esvaiu da minha mente. Então eu ouvi uma voz:

- Você? Veio visitá-la? - era Tonks.

- Sim. – falei apressadamente. – Posso falar com ela?

- Pode sim, ela apenas não vai responder.

- Por que?- perguntei meio alarmado novamente.

- Poção do morto-vivo, ela vai acordar a qualquer instante. Mas fique a vontade. – ela saiu e me deixou sozinho no quarto com Helena totalmente descordada.

Pensei na possibilidade de sair também afinal, qual era o sentido de falar com alguém que dorme. Mas não saí. Andei até perto da cama, não havia onde sentar, então e sentei nos pés da cama e em dois segundos me via no chão caído e Helena ajoelhada na cama, ela havia me chutado e estava com uma faca que não sei de onde ela havia tirado (ao menos não havia nenhuma por perto). Pronta para atacar. Essa mulher só podia ser maluca!

- Draco?- ela falou baixando a guarda ao me ver caído de forma desajeitada naquele chão.

- Quem você esperava? Voldemort? - disse eu irritado, e me levantando, tirei a capa e coloquei sobre uma mesa próxima, e passei a mão pelo cabelo para ajeitar uma bagunça inexistente.

- Qualquer um menos você. - ela disse se deitando novamente, e parecendo mais calma.

- Nossa, obrigado por me excluir da grande maioria, mas realmente dava para ver pelo jeito que você me recebeu. Estou indo. – Eu disse virando as costas, e girando a maçaneta.

- Eu não atacaria se soubesse que era você. - ela disse séria me encarando, eu podia sentir os olhos dela em mim mesmo de costas.

Senti uma coisa reconfortante se espalhar pelo meu corpo, sorri involuntariamente, e sem poder me conter perguntei:

- Por que você não me atacaria?- eu sei. Eu sei, uma pergunta idiota, mas naquela hora não era eu. Juro que eu estava fora de mim, eu nunca faria uma coisa tão... Tão... Boba. Tão tola que nem essa.

- Você não representa perigo... Você é meu amigo. - ela disse desviando o olhar e mirando um ponto qualquer no teto.

Então ela me considerava um amigo? Deveria me sentir bem ou mau com isso? Não sabia como eu mesmo estava me sentindo naquele momento, uma sensação um tanto quanto desconhecida.

- Você tem razão... Eu não represento perigo... Para você. - eu acrescentei rapidamente e de repente ela se ajoelhou e me olhou profundamente nos olhos, acho que talvez ela tenha visto uma brecha, uma faísca que pudesse amenizar o azul impenetrável (pelo que sempre me dizem) que se forma nos meus olhos, que pareciam perfurarem-na. Então ela me abraçou, e eu hesitei por um instante, sem saber se deveria ou não abraçá-la de volta, sem saber o que fazer, a abracei-a.

Aquilo tudo era tão surreal que se me contassem depois eu diria que era mentira descarada, eu estava fraquejando ali, com já havia feito uma vez antes...

Nunca fui meloso, ou todo sentimental, mas pensando bem talvez nós pudéssemos ser... Talvez nós fossemos... Amigos.

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