Castellazzo Bormida.




3 - Castellazzo Bormida.

- Obrigada. – Gina mal acabara de responder e já fechara a porta na cara do rapaz que havia carregado suas malas, sem nem lhe dar uma gorjeta. Então, se virou para Draco e... explodiu. – Eu não acredito. Eu não, escutou bem?, NÃO irei dividir o quarto com você!
- Você é tão burra assim, Weasley? – ele perguntou, tedioso. – Se nós estamos fingindo ser marido e mulher, não é mais que óbvio que teremos que ficar no mesmo quarto de hotel?
- Não sou, OK? Eu pensei que... – ela parou, sem argumentos, e corou. – Ah, só não dividirei o quarto com você, e ponto! – Draco, que nem prestava atenção no que ela falava, estava abrindo uma de suas malas, arrumando as coisas.
- Tudo bem, então. Eu posso avisar para o Sr. Trolle que você se recusa a cumprir as ordens... Quem sabe eu me livre de você, não é? – Gina bufou e se atirou na cama, com raiva.
- Maldita missão, maldito Malfoy! – murmurou, enquanto o seu companheiro de quarto rumava para o banheiro.

Fazia cerca de uma hora que os dois haviam chegado no Hotel Cavour, em Castellazzo Bormida, a pequena comuna italiana da região do Piemonte, província de Alexandria. Era uma cidade minúscula, que Gina contemplava pela janela, e na qual ela sabia que seriam tediosos os seus próximos meses.
Com um suspiro, e saindo da janela, a ruiva se jogou na cama, observando ao redor, pensativa. Daria tudo por uma distração naquele lugar. E bem, a sua distração chegou naquele exato momento.
Draco Malfoy saíra do banheiro, com apenas uma toalha amarrada na cintura. Ela estremeceu diante da visão, e sentiu a própria boca se entreabrir. Não era à toa que ele era o homem mais desejado do Ministério.
Durante alguns segundos, Gina se viu observando uma gota de água escorrer dos cabelos loiros, passando pelo pescoço alvo, percorrendo o peito e o abdômen – bem definido, por sinal – nus e se perdendo dentro da toalha, e com um súbito de loucura, ela desejou ser aquela gota. Chegou até a desejar tê-lo!
Demorou um pouco até a ruiva voltar à consciência, se repreendendo, obviamente, por aquele deslize. Prometeu a si mesma que aquilo não voltaria a acontecer e então conseguiu exclamar indignada:
- Malfoy! Será que você não pode fazer o favor de vestir uma roupa antes de sair do banheiro? Ao contrário das mulheres fúteis que ficam se jogando aos seus pés, eu não faço NENHUMA questão de vê-lo assim! – ele riu afetado, encarando-a com aqueles olhos azuis-acinzentados, fazendo-a se sentir incomodada, como se aqueles olhos pudessem ler os malditos – e involuntários – pensamentos que ela estava tendo naquele momento. Depois de uns segundos, ele deu de ombros com um sorriso malicioso e rumou para o armário do quarto.
- Desculpe estressadinha, eu esqueci de levar a roupa e... – ele parou ao abrir o armário e se virou para ela, de boca aberta. – Onde foram parar as minhas coisas, Weasley?! – perguntou, áspero.
- Na sua mala... – ela deu de ombros, como se fosse algo óbvio.
- Mas eu coloquei-as no armário, antes!
- Eu sei... Mas eu tirei-as, porque eu precisava de lugar para as minhas roupas, verme. – ele bufou.
- Você acha que simplesmente pode chegar e tomar conta de tudo?! Não, não pode! O quarto é NOSSO, esqueceu?! – Draco levantou a voz.
- Não é de tudo, meu querido, só do armário. – ela fez uma pausa. – E claro, da cama.
- DA CAMA? – ele estava começando a se enfurecer. – Weasley, o armário até passa... mas a cama? Você quer que eu durma aonde?!
- No chão. – outro dar de ombros de Gina.
- Eu nunca dormi no chão, e não vai ser agora que eu vou dormir, escutou? – ele tinha os olhos estreitos... aquilo era perigoso. – Só por que você, pobretona, está acostumada com isso, não quer dizer que eu esteja também. – E ele se virou, sabendo que resolveria isso mais tarde, e voltou ao banheiro para se vestir, deixando a ruiva com várias ofensas na ponta da língua, mas que foram totalmente esquecidas por ela ao pregar os olhos na bunda de Draco, saliente por dentro da toalha.

Era tarde, e a noite, junto com suas inúmeras estrelas, envolvia delicadamente o Hotel Cavour. No quarto 134, um homem loiro se encontrava deitado na espaçosa cama de casal, usando apenas a parte de baixo do seu pijama, devido ao calor, e encarava algum ponto distinto do quarto.
Internamente, ele se perguntava o que havia feito para merecer a companhia daquela ruiva insuportável por tanto tempo. O dia havia transcorrido calmo, eles haviam visitado alguns lugares e conhecido a cidade, mas sempre entre brigas e ofensas.
Mas o que mais incomodava Draco era a maldita aposta que ele havia feito com Wolf antes de viajar. Era claro que ele era um homem e não desprezava um corpo tão bem desenvolvido como o de Gina, mas simplesmente ter uma Weasley nos braços não era um dos seus grandes sonhos.
Mas naquele exato momento, a ruiva saíra de dentro do banheiro, carregando as roupas que havia tirado em uma das mãos. Vestia agora uma camisola de seda preta, que não alcançava nem a metade das suas bonitas coxas, e que também não fazia um papel muito significativo tapando os seios fartos.
Aquela cena só havia feito com que Draco detestasse um pouco menos a aposta. Afinal, se era para ter uma mulher que odiava, ela pelo menos deveria ser desejável, o que de fato a ruiva era – e muito. Mas ele sabia que no início seria difícil, ela iria rejeitar qualquer toque dele... Mas seria só no início.
Ele concluiu seus pensamentos com um sorriso malicioso, enquanto a ruiva deitava na cama e se virava para o outro lado. Parecia cansada demais para discutir e tirá-lo da “sua” cama, mas ele não perderia a chance de provocá-la um pouco.
- Boa noite, ruiva. – Draco sussurrou perto do ouvido da mulher, dando uma leve mordiscada no lóbulo da sua orelha. Ele sentiu-a estremecer na sua frente, mas responder logo em seguida com a voz muito firme.
- Se você encostar mais um dedo em mim, eu mesma vou te mandar para o inferno, Malfoy... – ele riu, cínico e se virou para o lado também.
“Isso é o que nós veremos, Weasley.”

-

Já haviam se passado cinco dias desde a chegada de Gina e Draco em Castellazzo Bormida, e nada de interessante havia ocorrido. Nenhum sinal de Kollp, nem de algum ex-Comensal da Morte. Até aquele dia fatídico.
Os dois se encontravam em uma pequena aldeia vizinha à cidade onde estavam hospedados. Lá, havia uma pequena casa abandonada, da qual os habitantes tinham receio de se aproximar e que diziam ser assombrada. Algo que lembrava muito a antiga Casa dos Gritos em Hogsmeade, e que seria um ótimo lugar para algum bruxo das trevas se esconder.
A casa ficava do outro lado de um pequeno lago, que os dois atravessaram em um pequeno barco que conseguiram alugar com um morador da aldeia. Durante o percurso, os dois ficaram apertados dentro dele, com seus joelhos roçando-se de forma incômoda.
Depois de uns dez minutos, os dois chegaram na margem do lago. Draco se aproximou mais cautelosamente da casa, e Gina permaneceu ali, vigiando, mas só depois de muita insistência da parte dele.
A cada passo em direção à casa, o homem olhava com mais atenção ao redor, temendo ser descoberto. A aparência dela, pelo menos por fora, era de uma que realmente estava abandonada há bastante tempo, mas havia algo nela que chamava a atenção do loiro. Já o jardim, tinha uma aparência bem diferente. Parecia ser cuidado por alguém, pois a grama não estava alta como se esperaria e todos os arbustos estavam delicadamente podados.
Então, quando finalmente chegou mais perto da casa, ele pôde notar um brasão marcado na porta de entrada, e Draco teve certeza que já havia visto-o anteriormente. Mas depois de uns segundos, acabou desviando da porta e alcançou uma das janelas quebradas, conseguindo espiar para dentro. Mas o seu cérebro não registrou nada do que estava dentro do cômodo. Um grito, que ele tinha certeza que vinha da margem do lago, prendeu a sua atenção, junto com a sua respiração.

E Gina Weasley só conseguira gritar ao sentir duas mãos segurarem-na por trás, antes de desabar nos braços daquele desconhecido, desacordada.

...to be continued.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.