No número 487.
4 - No número 487.
A primeira coisa a ver ao abrir os olhos, foi um teto baixo e quatro paredes de pedra. A sala era escura, iluminada por apenas uma tocha acesa, no canto do cômodo, e seus olhos demoraram a se acostumar com aquela escuridão. Ela tentou se mover, pronta para pegar sua varinha, mas então percebeu que estava amarrada pelos pulsos, não conseguindo fazer nenhum movimento.
Deixou o seu olhar percorrer o lugar onde se encontrava, procurando por quem havia amarrado-a, e foi só aí que ela notou uma forma humana em um canto do cômodo, que olhou-a, percebendo que despertara.
- Ora, ora, ora, gracinha... Já não era sem tempo. – Gina olhou com atenção para o homem que devagar foi saindo das sombras. Ele tinha os cabelos castanhos, juntamente com olhos azuis, muito vivos. Parecia ser alguns anos mais velho, apenas. Ele se aproximou, parando de pé em frente a ela, que estava deitada no chão frio de pedras.
- Quem é você? – ela perguntou com aspereza, ajeitando a postura, sem demonstrar nenhum medo; ela não fazia isto naquelas situações, mesmo que esse sentimento tomasse conta de cada fibra do seu corpo.
- Michael Bendwich. – ele sorriu, um sorriso meio cínico, meio sedutor. – Mudou bastante desde a época em que eu vi você pela última vez... – ela olhou-o, com cara de interrogação. – É que não é mais aquela garotinha assustada que deixara o Lord das Trevas a possuir. Agora parece ter bem mais personalidade. – Ele falava com leveza, se lembrando, ainda com sorrisos nos lábios.
- De onde você me conhece? – ficara curiosa, mas ao mesmo tempo tentava distraí-lo, pois olhava para os lados, tentando arranjar um meio de sair além da única porta, e também procurando pela sua varinha. – É de Hogwarts?
- Sim... Eu sabia quem você era. Quem não saberia, afinal? Todos os comentários eram sobre Gina Weasley depois que descobriram que estivera por trás da abertura da Câmara Secreta... E eu? Eu era apenas um garoto do sétimo ano da Sonserina... Não era brilhante, não tinha grandes poderes... – ele balançou a cabeça, percebendo a movimentação dela, e resmungou. – Não há meios de fugir, garota, e a sua varinha está comigo. – Gina soltou um muxoxo, baixinho, antes de perguntar.
- E o que você quer comigo? Eu ainda não sei. – havia voltado a ser ríspida.
- Estou só cumprindo ordens. Raptar você, trazer para cá, esperar ele chegar... – Bendwich deu de ombros, como se não fosse algo de grande importância.
- Ordens de quem? Esperar por quem? – ela já tinha várias idéias sobre as respostas, que acreditava serem certas, mas ainda estava tentando ganhar tempo.
- Weasley, não se faça de idiota, certo? Ordens de Kollp, esperar pelo Malfoy! – respondeu, impaciente, e logo se afastou da ruiva, voltando para o seu canto escuro.
Draco Malfoy abriu com ferocidade as grandes portas de entrada do Hotel Cavour. Havia procurado Gina em todos os lugares ao redor da casa abandonada, depois de ouvi-la gritar, mas não achara nada, nem um rastro de onde poderia ter ido. Agora tinha – quase inexistentes – esperanças de que ela estivesse por ali, e que fosse só uma brincadeira de mau gosto da ruiva, embora tivesse praticamente certeza de que não o era.
Chamou a atenção de todas as pessoas que estavam na recepção do hotel com tamanha pressa, mas nem se importou muito com isso. Estava indo em direção aos elevadores quando ouviu uma recepcionista o chamar.
- Sr. Campbell... – ele demorou um pouco para perceber que era com ele, e só então se virou para a moça. – Deixaram um bilhete para você. – ela dizia, temerosa, diante da visão dele, tão furioso e preocupado.
- Ah, claro. – ele se aproximou, esperando que fosse de Gina, e pegou o bilhete da mão da mulher na sua frente. Leu com atenção, franzindo a testa.
Rua Paul Gough, 487, Castellazo Bormida.
Diabos, então era lá que a ruiva detestável estava.
Gina observava cada canto ao seu redor, a procura de qualquer pista que indicasse onde ela estava. Bendwich cantarolava alguma música baixinho, que ela tinha certeza que era uma daquelas que estavam fazendo sucesso no mundo bruxo na atualidade e que não paravam de tocar nas rádios, pois ela conhecia a melodia de algum lugar.
Ela precisava de algum plano, precisava raciocinar e encontrar um jeito de fugir dali, mas se sentia totalmente desprotegida sem a sua varinha. Será que Malfoy demoraria muito para chegar?
Naquele exato momento, ela escutou uma campainha soar muito alta, de tal modo que o som parecia vir das paredes, e se sobressaltou.
- Finalmente o seu maridinho chegou... – Bendwich disse, zombeteiro, e se levantou, indo em direção a porta. A claridade que surgiu no instante em que ele a abriu cegou Gina, e quando se acostumou, ela pôde ver os calcanhares dele sumindo enquanto subia os degraus. Seguiram-se alguns momentos de um silêncio ensurdecedor, e para se distrair da agonia constante, ela voltou a olhar ao redor... E o seu coração quase parou com o que ela viu em seguida.
No canto da sala, onde Bendwich estivera sentado, ela localizou uma varinha! Não importava se pertencia a ela ou a ele, o que importava era que poderia usá-la e sair dali. Engatinhou até o outro lado da sala, com pressa, enquanto se questionava sobre a real competência de Michael Bendwich.
Pegou a varinha com dificuldade, com uma das mãos que estavam amarradas às costas, e apontou-a para a corda, murmurando um feitiço. Sentiu a corda afrouxar e soltou as mãos delicadamente.
Gina se pôs de pé, rumando para a porta com atenção. Subiu as escadas depressa, mas nas pontas dos pés, e então se deparou com Bendwich de costas para ela, apontando a varinha para Draco, que estava amarrado por inúmeras cordas.
Ela nem teve tempo de apontar a própria varinha para ele, e já sentira várias cordas envolvendo o seu corpo, também.
- Poupou meu trabalho de ir buscá-la, Weasley. – ele riu, enquanto com um gesto da varinha fazia a ruiva voar pelo cômodo, batendo na parede e escorregando lentamente por ela. Caiu no chão, ao lado de Draco, mas já não estava mais acordada.
- O que você quer, Bendwich? – o loiro perguntou com selvageria, enquanto lançava um olhar preocupado para a mulher ao seu lado.
- Eu não quero nada... Kollp quer. – Bendwich riu, cínico, e olhou bem para o outro. – Quem diria, não é, Malfoy? Trabalhando como auror, perseguindo os bruxos das trevas... Os seus companheiros.
- Há muito deixaram de ser os meus companheiros. – ele falou com desdém, ainda olhando para Gina, a procura de sinais de que a mulher estava bem. – Quanto tempo não o vejo, Bendwich, por onde você andou durante a guerra? Escondido? – Draco olhava-o, zombeteiro.
- Fazendo tarefas para o Lord das Trevas, tarefas importantes! – ele exclamou, ficando vermelho de raiva ou de vergonha, não havia como saber.
- E depois? – era óbvio que Draco estava enrolando o outro homem, tentando pensar em uma maneira de se libertar das cordas, mas Bendwich não percebia, se deixava levar pelas palavras de Draco... Realmente tinha uma competência muito contestável.
- Depois? Eu cuidei da minha vida, oras. Mas sempre do lado dos meus companheiros... Nunca fui um traidor. Tenho nojo de traidores. – ele olhava Draco, demonstrando pela expressão o seu nojo pelo outro.
- É mesmo? E sabe do que eu tenho nojo? – o loiro perguntou, desafiador. – De covardes, Bendwich. – o outro levantou a varinha depressa, furioso, e apontando-a para o peito de Draco. Após alguns segundos encarando-o, acabou se virando para a lareira do outro lado da sala de estar e se aproximou dela com passos rápidos, pegando um potinho com algo que provavelmente era pó de Flú, e largou um pouco do conteúdo no fogo.
Enquanto isso, Draco percebeu a movimentação da ruiva ao seu lado, e antes que ela pudesse fazer qualquer ruído, ele sussurrou para ela, apenas movendo os lábios:
- Fique quieta. – ela confirmou com a cabeça, e foi responder, mas ele prosseguiu. – Você está com a sua varinha aí? – a ruiva balançou a cabeça negativamente, apontando para um pedaço do piso próximo a escada, onde uma varinha preta descansava. Em seguida, ele olhou para perto da porta, onde a própria havia caído ao ser desarmado.
Draco espiou Bendwich, que tinha a cabeça dentro das chamas e falava com, provavelmente, Vander Kollp, e então decidiu que aquela era a hora certa. Fez um sinal para Gina, e os dois, com uma rapidez impressionante, engatinharam para as suas próprias varinhas e as pegaram.
Mas exatamente no momento em que conseguiram realizar um feitiço com as mãos amarradas daquele jeito, e as cordas se soltaram, Bendwich se levantou apressado, havia escutados os ruídos dos dois, e apontou sua varinha para a pessoa que estava mais perto... Draco Malfoy.
Ele gritara um feitiço que Gina não reconhecera, que lançara um jato laranja, e que abrira vários cortes de aparência profunda no corpo do loiro, pelos quais o sangue escorria. Ele cambaleou por um momento, e em seguida seu corpo pendeu para trás, fazendo um barulho abafado ao cair de costas no piso de madeira, manchando-o de vermelho.
Os pensamentos de Gina haviam parado naquele momento, sua garganta havia ficado seca e o corpo era dominado por uma sensação intensa de pavor. Apesar de tudo isso, como em um reflexo, ela se erguera do chão, e em uma fração de segundo, antes que Michael Bendwich conseguisse sequer se virar para ela, a ruiva já segurava o corpo de Draco contra o seu e aparatava com ele para fora do número 487.
Gina Weasley aparatou dentro do quarto 134 do Hotel Cavour. Ela deitou o corpo inerte de Draco na cama, pouco se importando com o fato de as suas roupas estarem manchadas com o sangue do homem e de que os lençóis também ficariam. Ela estava tomada por uma aflição enorme por vê-lo dessa maneira, e não sabia o que fazer.
Não poderia levá-lo para o hospital dos trouxas, a forma como havia sido ferido ia ser muito questionada e eles não conseguiriam curá-lo a tempo, e um hospital bruxo não deveria existir em Castellazzo Bormida. Por fim, sem outras alternativas, acabou ficando por ali mesmo, cuidando dele.
Usando seus conhecimentos básicos de medicina, que todo auror deveria saber, ela cuidou dos cortes de Draco, murmurando feitiços complicados, e aos poucos viu-os cicatrizar. Em seguida, fez alguns curativos com um kit básico de Primeiros Socorros que achara na mala dele e deitou-se ao lado do loiro.
Ele tinha o rosto pálido e havia perdido muito sangue. Vê-lo tão frágil dava-lhe uma sensação horrível, porque ela estava acostumada com o Draco arrogante de todos os dias. Não poderia negar que havia ficado realmente preocupada com ele, que teve medo de perdê-lo...
Gina passou as mãos lentamente pelo rosto dele, afastando uma mecha loira que caía-lhe sobre os olhos, enquanto pensava no que fariam a seguir. Teriam que arranjar outro lugar para ficar, outra cidade, talvez... Provavelmente teriam que se esconder e mudar de disfarce, agora que Kollp sabia quem eles eram. Mas isto eram coisas que eles resolveriam no outro dia, pois agora o mais importante era a saúde dele, o que deixava-a aflita, ainda.
Ela se levantou para lançar alguns feitiços no quarto, para a proteção deles e entrou no banheiro para tomar um banho e trocar aquelas roupas. Vinte minutos depois, quando saiu, ela encontrou Draco acordado, encarando o teto.
- Ah, Draco! – ela se surpreendeu ao chamá-lo assim, mas não se importou. Aproximou-se da cama depressa e se acomodou do lado dele, olhando-o preocupada. – Você está bem? Está se sentindo melhor?
- É, eu estou e... – ele falava em voz baixa, mas a cor havia voltado, parcialmente, para o seu rosto.
- Eu fiquei tão preocupada! – sem perceber os seus olhos se encheram de lágrimas, enquanto ela acomodava o corpo mais junto ao dele.
- Te dei um susto, não é, Weasley? – ele falou risonho, enquanto, por alguma razão, deixou o seu braço envolver a cintura da ruiva, trazendo-a para perto.
- Não ria! – ela foi dar um tapa no braço dele, mas se repreendeu; ele estava machucado demais, já. – Você me deu um baita de um susto! Pensei que pudesse morrer, tive medo... E eu não sabia o que fazer... – ela deixou as próprias lágrimas escorrerem livremente pelo rosto.
- Então você ficou com medo de que eu morresse? Você não me despreza tanto assim? – ele desafiava-a, não conseguia se conter nem nestas horas.
Gina deixou os braços envolverem o corpo do loiro, também, e nem respondeu a provocação. Era bom vê-lo desafiando-a, porque era sinal de que estava bem, mas ela estava tão abalada que não conseguira responder. Apenas apertou-o mais contra o corpo e deixou todas as lágrimas caírem, enquanto ele lhe acariciava os macios cabelos ruivos.
E eu pergunto, o que o desespero não faz com as pessoas?
...to be continued.
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ODIEI, O-D-I-E-I, com todas as letras, odiei. eu esperava algo melhor, mas eu sinceramente não sou boa para essas horas de 'ação'. mas enfim, espero que a opinião de vocês seja contrária à minha. :D
só ganham o 5º cap se fizerem por merecer, ouviram?
bem, novamente, esse é um endereço novo pq o FeB foi mau comigo, de novo! --' me ajudem com esse aqui, sim? espero que continuem acompanhando! um beijo :)
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