Os preparativos da missão.
2 - Os preparativos da missão,
- QUÊ?! – exclamou Kathy, lançando a Gina um olhar cheio de incredulidade e inveja. Kathy era uma das amigas da ruiva dentro do Ministério. Ela trabalhava como secretária do chefe do Departamento de Transportes Mágicos, era uma das pessoas mais espontâneas que Gina já havia conhecido, e se tornara uma ótima companhia. – Você vai passar três meses... escute bem, três meses inteiros numa missão, sozinha com o homem mais... – ela olhou para os lados, certificando-se de que ninguém estava ouvindo, e abaixou a voz, o que era particularmente sem sentido, já que se encontravam sozinhas na sala de espera – gostoso, sexy e desejado do Ministério inteiro, e ainda está reclamando! – Gina conseguiu, apenas, revirar os olhos diante de um comentário tão idiota. – O que foi? Não me diga que você não acha isso do Malfoy?
- É claro que eu não acho. Ele é a pessoa mais arrogante do mundo inteiro, Kathy, você sabe!
- Pode ser, mas você já notou o corpo dele?
- Eu nunca perderia meu tempo olhando para o corpo daquele verme. Agora cale-se, OK. – a ruiva balançou a cabeça, pondo um ponto final no assunto. – Vou subir, o Sr. Trolle quer falar comigo. Passar as informações...
- Ah, certo. – Kathy observou a outra se levantar, e então gritou enquanto Gina se afastava e saia da sala. – Não sabia que o chefe precisava passar informações de como fazer sexo selvagem com o Malfoy! – a outra apenas bufou e mostrou o dedo do meio para ela, que não conseguia conter a risada.
Gina se encontrava parada no escritório do seu chefe, enquanto este observava uns papéis atentamente, sem parecer notar a presença da funcionária.
Agust Trolle era um homem notável. Um brilhante e destacado auror durante o tempo de Voldemort, foi promovido logo após a sua queda. Era bastante exigente, mas tratava muito bem os seus funcionários.
A mulher deixou o seu olhar recair sobre um porta-retrato na mesa dele. Lá estava a foto de quatros pessoas; um Trolle bem mais novo, uma mulher e dois adolescentes muito parecidos com ele. No retrato, sorriam felizes e despreocupados, mas Gina sabia que aquele senhor nunca mais veria aquelas pessoas. Sua família havia sido outra vítima de Lord Voldemort.
Enquanto ela lamentava e lembrava da perda de todas aquelas pessoas durante a guerra, Trolle levantou a cabeça e pareceu se surpreender com a ruiva parada ali.
- Oh, minha querida, e o Draco? – ele sorriu, afável, como sempre.
- Sinto muito por Malfoy, senhor, ele está atrasado. – os olhos dela refletiam um desgosto imenso ao pronunciar aquele nome.
- Ontem à tarde, ele veio conversar comigo. – Gina meneou a cabeça, como se pedindo para ele continuar, e ele o fez. – Queria que eu mudasse o seu companheiro de missão, ele não queria lhe acompanhar.
- Eu pedi para ele fazer isto, senhor. Eu também lhe fiz este pedido, lembra? – internamente ela torcia para que ele houvesse pensado melhor e que fosse mudar o seu companheiro.
- Sim, querida, estou lembrado. Mas, continuo firme, vocês dois irão juntos. – o estômago da ruiva revirou; as esperanças de se livrar daquele verme haviam se extinguido. – Me desculpe, mas será bom para vocês.
- Claro, senhor, é você quem manda. – ela se esforçou para ser o mais respeitosa possível.
- E agora, vá buscá-lo, por favor. – Gina assentiu com a cabeça e se levantou, saindo da sala do chefe. Atravessou o longo corredor até chegar no Q.G. dos Aurores e abriu a porta, se encaminhando para o cubículo de Draco.
- Desculpe atrapalhar o senhor, mas o nosso chefe está esperando por nós. – ela soltou cada palavra devagar, apoiada na parede frágil. Draco se sobressaltou com a presença inesperada e se virou para ela, em um salto.
- Pombas, Weasley! Não dá para anunciar a sua chegada, não? – ele tinha a mão no lado esquerdo do peito.
- Não sabia que Draco Malfoy era tão medrosinho assim! – ele levantou a sobrancelha para ela, antes de continuar, ignorando o comentário.
- Mas afinal, o que você veio fazer aqui na minha sala? – desdenhoso, virou toda a cadeira para ela, olhando-a de frente.
- O que eu vim fazer aqui? Seu verme, você deveria estar na reunião com Trolle, sobre a missão! – disse, impaciente. – Típico, não é? Um péssimo funcionário, eu vivo dizendo isso, mas não me escutam. – ela deu de ombros, antes de continuar, com arrogância. – Ele mandou eu vir buscá-lo.
- Reunião? – ele ficou um tempo com a testa franzida, até soltar uma exclamação de compreensão. – Como eu pude esquecer? – ele levantou-se e passou apressado por ela, segurando seu braço. – Vem logo, Weasley!
- Malfoy, solta-o-meu-braço! – falou entre dentes, mas ele nem lhe ouviu, e a puxou até a porta do escritório do chefe. Os dois entraram em um alvoroço, e ele os olhou, atento.
- Senhor Trolle, desculpe a minha falha, eu estava cheio de tarefas e me atrasei...!
- Na verdade, – começou a ruiva, com os olhos brilhando diante da oportunidade de entregar Malfoy. – ele se esqueceu. Acho que você deveria mandar alguém mais competente para realizar a missão, senhor.
- Ah, eu concordo plenamente com você, Weasley. Então, claro, ele teria que colocar outra pessoa no seu lugar. – indignada, a ruiva abriu a boca para retrucar, mas o chefe dos dois os interrompeu.
- Está tudo bem, Draco. – disse Trolle, ignorando a discussão e dando-lhe um ponto final, sem nem mesmo elevar a voz. – Vamos às instruções! – concluiu, empolgado. Draco e Gina se ajeitaram nas cadeiras, rígidos, prestando atenção nas próximas palavras de Agust. – Então, como vocês sabem, as informações são as seguintes: há rumores de que Vander Kollp esteja em uma pequena cidade no sul da Itália, onde, acredita-se, existem vários antigos Comensais da Morte que se esconderam na comunidade trouxa após a queda de seu mestre. Vocês precisam se infiltrar entre os trouxas e ficar atentos a qualquer sinal de magia por lá. – o Sr. Trolle fez uma pausa, aparentemente para conferir que estavam entendendo, e Gina e Draco assentiram com a cabeça. – Dizem também que Kollp está atrás dos Comensais para reunir algumas informações sobre Lord Voldemort. – Gina, particularmente, notou a expressão do chefe ao pronunciar o nome do assassino de sua família – Descubram quais são essas informações. – ele mexeu em uns papéis, antes de voltar a olhar para os dois a sua frente. – Descubram quem está por trás de Kollp. Há indícios de que a sua saúde mental não é das melhores, então acredita-se que ele não pode estar agindo sozinho.
- Senhor, eu andei ouvindo rumores de que Kollp teria um plano para desestruturar internamente o Ministério... – começou Draco, com cara de incredulidade.
- É, Draco, é isso que falam por aí. Eu não posso opinar por enquanto, mas se realmente existir alguém por trás dele, então, deveremos nos preocupar com isso. Mas por hora, o que vocês têm de fazer é o que eu já lhes disse. Alguma dúvida?
- Senhor, nós iremos para a Itália amanhã, certo? – ele afirmou com a cabeça. – Nós aparataremos? – acabou Gina, com uma expressão de dúvida na face.
- Ah, claro, me esqueci deste detalhe! Não. Vocês, como já disse, têm de se fingirem de trouxas. Um homem do povoado onde ficarão irá buscar vocês no aeroporto, e os levará até o seu hotel. – ele abriu uma gaveta e tirou de dentro alguns papéis. – Isto são as coisas que vocês precisam para pegar o avião e para ficarem no hotel. – entregou uma passagem e uma série de documentos para cada um. – A passagem, como viram, é para as 10 horas da manhã, precisam estar no aeroporto de Heathrow às 8h 30min, onde se apresentarão como Sr. e Sra. Campbell. – eles olharam para Agust, com um misto de indignação e desespero, mas foi a ruiva quem falou primeiro.
- Ah, eu NÃO vou ter de me fingir de esposa desse idiota, vou?! – Draco lançou-lhe um olhar cheio de desdém, mas não falou nada.
- Sinto muito, queridos, mas vocês terão de se fingir, sim. Apenas em público, e não peço que façam contato corporal e nem nada. Apenas, tratem-se bem. – mas era óbvio que aquela seria uma tarefa difícil para eles, talvez mais difícil do que lutar com o próprio Kollp. – Muito bem, já expliquei tudo que precisam saber. – Draco e Gina, ainda indignados, receberam um sorriso do chefe, que pegou, com as suas, uma mão de cada um. – Boa sorte, está bem? Se cuidem.
- Pode deixar, a gente vai acabar com o Kollp! – Gina riu, se esquecendo momentaneamente de que estava indignada com ele e piscou para o chefe, antes de se levantar e ser imitada por Malfoy.
A ruiva e o loiro saíram do escritório de Trolle e na porta, se despediram. Bem, da maneira deles, claro.
- Escuta bem, Malfoy. Se você encostar um dedo em mim enquanto eu estiver fingindo ser a sua esposa, eu te mato, entendeu, meu bem? - ela disse com um jeito calmo, soltando as palavras em um tom de voz bem baixo, mas ameaçador. Qualquer um se intimidaria, mas nós não podemos acrescentar Draco Malfoy nesta lista.
- Presunção a sua achar que eu encostaria em você, Weasley. Não encosto em pobretonas, e, de qualquer forma, não sou daqueles que gosta do tipo de mulher que você é. – virou as costas e saiu caminhando para o elevador, sempre com aquela pose de quem se acha superior aos outros.
- O tipo de mulher que eu sou? – ela elevou a voz, para ele ouvir da distância em que estava. – O que você quer dizer com isso, verme?! – exclamou, furiosa e com o rosto provavelmente da mesma cor de seus cabelos, para um Malfoy que apenas riu.
- Olhe bem para isso, Wolf. – Draco largou alguns papéis na mesa em frente à Greggory Wolf, o qual olhou-os curioso.
Greggory havia se tornado, nos últimos anos, o melhor amigo de Draco, e, por mais irônico que isso pareça, ele não tinha um grande emprego no Ministério, e sim, um cargo insignificante no Departamento de Cooperação Internacional em Magia. Não havia sido o poder e a riqueza que os juntara, e sim, a ambição pelos dois, juntamente com a arrogância e o complexo de superioridade.
Entendam que Wolf não era um dos homens mais bem falados do Ministério, principalmente quando o assunto envolvia mulheres.
- O que é isso, Malfoy? – ele pegou os papéis e leu o primeiro com atenção, era um passaporte trouxa. – Markus Campbell?
- Isto mesmo, casado com Rebecca Campbell. – diante da expressão de incompreensão do amigo, ele suspirou. – Ou seja, Ginevra Weasley.
- Marido da Weasley? – ele soltou uma exclamação e olhou pra Draco, invejoso. – Cara, você tem uma puta sorte!
- Oh, eu não sabia que sorte havia virado sinônimo de azar. – ele respondeu, ríspido.
- Qual é, Draco? Você pode usar muito bem essa desculpa para dar “uns pegas” na Weasley!
- E eu disse, alguma vez, que eu queria fazer isso?
- Não! Mas por que não agora?
- Eu não vou perder meu tempo com ela, entendeu? Ela é uma Weasley, uma pobretona!
- Bem, pra mim, mulher é mulher. – Wolf deu de ombros, encarando Draco por uns segundos, antes de continuar. – Mas eu acho, que não é bem esse o seu problema. – o amigo olhou-o com cara de interrogação. – Você sabe que ela não deixaria você fazer isso... Que ela te rejeitaria. – ele terminou de falar e cruzou os braços, olhando para Malfoy com o típico ar de superioridade; era óbvio que ele estava desafiando-o.
- O quê? – Draco deu aquela risadinha afetada já conhecida. – Até parece que, algum dia, uma mulher rejeitará a Draco Malfoy. – ele levantou a sobrancelha para Wolf.
- Eu discordo, meu querido Malfoy, acho que você acabou de descobrir a mulher que lhe rejeitará.
- Oh, então o que você acha de uma aposta, Wolf? – ele balançou a cabeça afirmativamente, pedindo para Draco continuar. – Se eu voltar da missão e tiver pego a Weasley, você vai ter que se declarar para aquela lá, na frente de todo mundo na festa de Fim de Ano do Ministério, não esquecendo de acrescentar que ela é a mulher mais linda do mundo. – ele apontou, discretamente, com a cabeça, a mulher que trabalhava na mesa vizinha a de Wolf, e que estava bem, mas bem longe mesmo, de ser a mais linda do mundo. – E claro, sair com ela pelo menos por um mês. – emendou.
- E se você não tiver pego a Weasley, é você quem terá que o fazer, certo? – Draco confirmou. – Ótimo, fechado. Já vá preparando a sua declaração, Malfoy. – acrescentou enquanto o amigo recolhia os documentos falsos e começava a se afastar.
- Acho que quem precisa começar é você, Wolf. – ele sorriu malicioso e saiu em direção ao corredor.
-
Pequenas réstias de um sol de verão passavam através das nuvens e iluminavam o Aeroporto de Heathrow, em Londres. O dia era calmo, mesmo com o tráfico intenso de veículos em frente à construção. Mas essa tranqüilidade estava bem longe de ser encontrada dentro do aeroporto, pelo menos dentro da sala de embarque e entre um casal em especial: Sr. e Sra. Campbell. Ou, como são mais conhecidos por nós, Draco Malfoy e Gina Weasley. Mas, creio que isso não é novidade, certo?
- Minha querida... – a voz era cheia de desdém, e pronunciava as palavras de um jeito ríspido... péssima representação. – Eu não vou carregar mala nenhuma. Quem mandou trazer a casa toda aí dentro?
- É só o básico, meu bem. Mas será pode me ajudar, imprestável? – ele não era o único que era desdenhoso por ali, e nem o único que representava tão mal assim.
O casal andava pela sala de embarque, procurando por um lugar para sentarem e aguardarem. O loiro andava mais a frente, arrastando apenas uma mala de rodinhas, enquanto a ruiva arrastava uma em cada mão e ainda carregava outra, no ombro.
Lá pelas tantas, Gina ouviu uma voz masculina atrás dela:
- Senhorita... Será que eu posso ajudá-la? – ela se virou para a voz, dando de cara com um homem com mais ou menos a sua idade, com os cabelos negros caindo sobre os olhos também escuros.
- Ah, não precisa, eu estou bem, obrigada. – ela falou de um modo não muito convincente. O homem levantou a sobrancelha para ela.
- Tem certeza? – ela fez uma careta antes de responder.
- Não... – os dois riram e ela estendeu a mão na direção dele, soltando uma das malas. – Gin... – ela parou, a tempo, e corrigiu seu erro. – Rebecca Campbell. – o moreno apertou a mão dela, delicadamente.
- Max Steiner. – ele sorriu e se aproximou para retirar a mala do ombro da ruiva e pegar a outra que ela havia soltado, mas naquele momento, Draco chegou à cena e pegou-as antes do outro.
- Pode deixar que eu levo. – olhou o trouxa de cima a baixo, com arrogância, puxando as duas malas da “esposa” para perto de si. Gina olhou-o com desaprovação.
- Esse é o impr... – outra pausa. A ruiva iria demorar para se acostumar com toda aquela história. – ...meu marido, Markus Campbell.
- Prazer, sou Steiner... Max Steiner. – Draco acenou a cabeça, ignorando a mão estendida de Max, e começou a se afastar, chamando pela mulher.
- Prazer em conhecer você, Max. – Gina seguiu o “marido”, de má vontade, mas se virou para Max no meio do caminho. – A gente se vê por aí. – emendou.
O moreno acenou, e Gina foi se afastando com Draco, mas quando eles se encontravam a uma distância considerável, ela exclamou, irritada.
- Por que você não deixou ele carregar as minhas malas?!
- Porque ficaria estranho ele levando-as, sendo que eu sou o seu marido. As pessoas iam desconfiar. – ele olhou-a com desgosto.
- E antes, quando você não quis carregá-las, as pessoas não iam estranhar não? – ela olhou para ele, desafiando-o.
- Só fique quieta e não reclame, Weasley. – ele finalmente achou dois lugares vazios e se jogou em um dos dois.
- Campbell. – ela corrigiu-o, sentando ao seu lado, esquecendo um pouco de que estava irritada e percebendo como precisava se sentar.
- Que seja. – ele resmungou, observando as pessoas ao redor. Depois de um tempo, tornou a falar. – Como a vida dos trouxas é difícil, hein.
- Como? – Gina estivera perdida em pensamentos e não ouvira o que ele havia falado.
- Você é surda, Weasley? – ele revirou os olhos. – Eu disse que a vida dos trouxas é difícil.
- Por que você acha isso? – ela perguntou, imitando-o e olhando ao redor.
- Olha todo o trabalho que eles têm de ter para viajar de um lugar ao outro! Esse aero...aero... – o loiro fez uma pausa para lembrar. – aeroporto! – com ar de triunfo, voltou a falar. – Esse aeroporto lotado, essas filas... – ele balançou a cabeça no fim. Mas quando Gina foi responder, eles escutaram uma voz no alto-falante, que anunciava o vôo que eles deviam pegar. Ela se levantou.
- Vem, Draco.
Fazia mais ou menos uma hora e meia desde que eles haviam escutado o chamado e entrado no avião. Os dois se encontravam sentados lado a lado nas poltronas e uma aeromoça estava distribuindo lanches, mas passou direto por eles, já que estavam dormindo. Só não deixara de notar as mãos do casal Campbell.
Adormecidos, eles tinham as mãos juntas, descansando no escoro da poltrona, uma em cima da outra.
Mas nós com certeza sabemos que elas só se uniram depois de pegarem no sono.
...to be continued.
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