Misturando o leão e a cobra?




1 - Misturando o leão e a cobra?

- Ah, isso só pode ser brincadeira! – exclamou a ruiva, abrindo com violência as portas de carvalho que levavam a uma área aberta, subdivida em cubículos, fazendo com que vários colegas de trabalho, do Quartel-General dos Aurores, colocassem a cabeça para fora da sua “sala” e procurassem por quem passava. Mas as cabeças pareceram se esconder rapidamente; todos sabiam como deviam agir diante de um ataque de raiva daquela ruiva. Eles brincavam, longe dos seus ouvidos, claro, que os malfeitores que ela já havia jogado em Azkaban pareciam ter aprendido a nunca brincar com fogo.
Era a auror mais apreciada entre todas, e porque não, todos. Era considerada a mais experiente no ramo, e ninguém se metia com ela. Bem, com exceção, talvez, de certo homem loiro.
- Malfoy! – exclamou ela, dirigindo-se a passos firmes até um dos cubículos mais próximos, quase atropelando um jovem garoto que havia começado a trabalhar ali a menos de um mês atrás. Ele realmente não estava acostumado com aquelas cenas, um tanto quanto, erm, freqüentes. – Você precisa ir falar com o Sr. Trolle, AGORA! – ela gritou a última palavra. – Ele simplesmente não está bem da cabeça. – o homem a sua frente, que estava de costas para ela e sentado em sua cadeira, apenas fez um quase imperceptível gesto com a cabeça, e ela explodiu. – Se você não sabe, eu terei que passar cerca de TRÊS MESES com você, atrás do Vander Kollp! Eu simplesmente me recuso! – o loiro girou o corpo na cadeira, parando de frente para ela, de modo que pudesse encará-la.
- Saiba que isso não me agrada nem um pouco também, Weasley. – ele disse, com a voz fria e arrastada, e então se calou.
- Vá falar com ele agora!
- Eu não recebo ordens de você, Weasley. Que eu saiba, a única pessoa que pode mandar em mim aqui, é o Sr. Trolle. – ao ouvir as palavras arrogantes dele, a varinha de Gina, dentro do seu bolso, deixou sair algumas faíscas vermelhas, mostrando como a ruiva estava com raiva. De fato, o seu rosto parecia mais vermelho do que os seus próprios cabelos.
- Isso não vai ficar assim Malfoy, eu não vou sair em uma missão sozinha com você. – ela deu as costas e rumou até o seu pequeno cubículo quase do outro lado da sala. Gina atirou-se rapidamente em sua cadeira, e a primeira coisa que pôde pensar era que precisava urgentemente falar com Hermione.

- Não, Hermione, você não está entendendo! – a ruiva parecia explicar uma conta muito complicada de matemática para uma criancinha de primeira série. – São três meses, sabe, cerca de 90 dias junto com o Draco Malfoy! Loiro pálido, arrogante, fala arrastada, nojento, aguado, idiota, estúpido, grosso... – ela contava nos dedos, descrevendo aquele loiro tão odiado.
- Claro que eu sei, Gih, claro! Mas por favor, fale mais baixo. – Hermione suplicava, chorosa. – Christian dormiu há alguns minutos, finalmente tenho paz! – Gina não se controlou e bufou baixinho. Christian era o seu mais novo sobrinho, de cinco meses de idade. Era o segundo filho da união de Rony e Hermione.
Naquele momento, a porta se abriu, revelando seu irmão Rony acompanhado de alguém que Gina só distinguiu ao olhar diretamente naqueles olhos verde-esmeralda, ou talvez, ao ouvir sua outra sobrinha falar excitada.
- Quando nós vamos voltar para lá, titio Harry? Quando?! – ela pulava frenética ao redor das pernas do moreno. – Eu quero muito voltar lá!
- Nós voltaremos logo que o titio Harry tiver uma folga, certo? – Judie era uma réplica quase idêntica de Gina, mas tinha apenas 3 anos e meio. Era a filha mais velha de seu irmão e sua melhor amiga, mas havia puxado a tia em muitos aspectos, talvez, até nos que envolvessem gostar muito de Harry Potter.
- Hey, meu bem! – exclamou Rony vendo Hermione e indo logo abraçá-la, ignorando totalmente a sua irmã também presente na sala. O que, na verdade, foi muito diferente do que Harry havia feito, pois ele só parecera ter notado a presença da ruiva.
Mesmo que o longo relacionamento deles de oito anos tivesse terminado a cerca de cinco anos atrás, um clima muito estranho ainda pairava sobre eles as poucas vezes que se encontraram nesse tempo todo. Harry ficara três anos no exterior, na Irlanda, a trabalho. Havia se tornado o melhor apanhador do mundo, e então, voltado à Inglaterra para jogar no Fiep Thormn. Gina quase sempre o via nos jornais, comemorando mais uma esplêndida vitória do seu time.
- Erm... Olá, Gina. – murmurou ele, fixando o olhar em algum ponto perto da mulher, mas que definitivamente não eram os seus olhos. Ela fez um gesto com a cabeça, cumprimentando.
- Como vai, Harry? Nem preciso perguntar do trabalho, não é? Está sempre nos jornais... – ela conseguiu esboçar um sorriso. Ela não podia mentir a si mesma, dizendo que não sentia falta dele. Muitas vezes sentia falta de Harry, principalmente naqueles últimos minutos de consciência, antes de adormecer. Ele pareceu sorrir também.
- Bem, bem. – ele balançou a cabeça, modesto como sempre. O impressionante era que a fama nunca havia subido a sua cabeça. Mesmo depois de derrotar Voldemort, ele não aceitou o posto de Ministro da Magia e muito menos de auror, e resolveu jogar quadribol. – E o seu? Ainda trabalhando como auror?
- Claro, claro... – ela confirmou com a cabeça, no momento que a Judie, que estava cumprimentando a mãe, correu ao seu encontro.
- Titia Gina! – ela exclamou, jogando seus pequenos bracinhos em torno do pescoço da tia.
- Olá pequena! – Gina não pôde deixar de sorrir; ela sentia um carinho imenso por aquela sobrinha, com um aspecto e um jeito de ser muito parecido com o seu.
- Sabe... – começou Harry, meio evasivo. – ela se parece muito com você.
- Eu sei. – a ruiva sorriu de leve, apertando a sobrinha nos braços. – É teimosa igual à tia, não é? – ela falava com a sobrinha, fazendo cócegas na sua pequena barriguinha. Quando ela levantou o olhar, algum tempo depois, ela percebeu que Harry a observava estranhamente e corou. Fazia tempo que ele não a observava daquela forma que ela tanto gostava, e mal sabia ela que ele a observava e a imaginava como mãe, segurando uma pequena ruiva no colo, fruto do amor entre os dois. Mas Harry balançou a cabeça, voltando a se situar no presente; aquele era apenas um dos seus sonhos antigos, e então murmurou atordoado:
- Bem, preciso me retirar. – ele mal acenou para Hermione e Rony, se despediu de Gina com a cabeça e mandou um beijo a Judie, e já estava fora do apartamento.
- Gina! – exclamou Rony, indo ao encontro da irmã que só conseguiu revirar os olhos para Hermione enquanto ele a abraçava.

- Bem... Eu preciso ir mesmo! Amanhã preciso acordar bem cedo para ir logo pegar as instruções finais para a missão. – Gina falou decidida, largando o copo vazio que anteriormente estivera cheio de Whisky de Fogo.
- Quando você parte, Gih? – perguntou Hermione, que tomava alguns golinhos só do copo de Rony, com a desculpa de não poder beber muito porque precisava cuidar de Christian.
- Daqui a dois dias, quinta-feira.
- Para onde você vai? – foi a vez de Rony perguntar, tirando o copo da mão de Hermione com um olhar reprovador e tomando alguns goles.
- Sul da Itália... – ela deu de ombros – Atrás do Kollp. Eu e a aberração loira. – seu irmão a olhou com uma cara de interrogação, e ela explicou. – Malfoy.
- COMO? – ele engasgou-se com a bebida.
- Isso mesmo, não me faça repetir. E se eu tivesse escolha, eu realmente não iria, Rony... – mas ela foi interrompida por ele que voltou a falar.
- Se você acha que eu vou deixar você ir em uma missão sozinha com o Malfoy, pode tirar o hipogrifo da chuva! Ele pode fazer alguma coisa a você!
- Eu sou grande o bastante para saber me defender, irmãozinho. Caso você tenha se esquecido, eu agora tenho 29 anos e sou uma ótima auror. – disse ríspida. Rony apenas revirou os olhos para o teto e murmurou um:
- Você quem sabe. – e deu de ombros.
- Boa noite, querida! – ela mandou um beijo para Hermione, acenou para Rony e se retirou da cozinha.
Ao passar pelo sofá da sala de estar, viu a sua sobrinha adormecida, com os cabelos vermelhos caindo-lhe sobre a face. Gina se abaixou perto da menina e beijou sua face de leve, levantando-se e então saindo do apartamento.
Calmamente a ruiva desceu pelo elevador, despediu-se do porteiro e saiu do prédio, sentindo o olhar dele em si. Caminhou até a esquina e entrou num beco sem saída, totalmente escuro. Lá, desaparatou para uma rua perto do seu apartamento, e então, logo, estava em casa.
Sem hesitar, se atirou direto na cama, encarando o teto, e pensando que aquela era a penúltima noite em que dormiria naquela cama antes de ter de enfrentar três meses numa missão com Draco Malfoy.

...to be continued.

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