Alegria vs. Perturbação
À medida que se aproximavam da terra firme, fora do dique, a névoa esvaía-se. Eles enxergaram Fred sentado em um banco, braços cruzados sobre o peito, olhando para os próprios pés, iluminado pela luz azul de um poste ao lado. Antes de qualquer reação sua, George correra ao seu encontro, num abraço que quase os derrubou. Eles gargalharam. Rony não conseguia sair do lugar, feliz com a visão dos gêmeos Weasley juntos de novo. Aquilo era realmente bom. O caroço em sua laringe não permitia nenhuma expressão verbal. Sua mente sofria de um bloqueio branco, pacífico, relaxante.
Ele estava vendo o que há pouco tempo atrás julgaria que não veria nunca mais. Era uma solução da morte. A morte estava começando a soar-lhe realmente interessante. A pressão sobre seus ombros diminuiu mais. Rony teve a sensação de que não faltava muito para ele poderia... “ir para a luz”, ou o que fosse, embora soubesse que seria difícil se livrar do que faltava... Um motivo especial: o que acontecia no mundo dos vivos.
Absorto nisso, ele olhava o rosto de Hermione. Parecia dormir. Ela estava realmente ali. Eles estavam realmente juntos. Não conseguia acreditar no quanto fora estúpido, todos aqueles anos. Estava com raiva de si e da sua imaturidade. Do seu ciúme. De sua constante falta de noção sobre o que fazer com relação aos seus próprios sentimentos. Aquela insegurança que lhe corroeu por três, quatro anos nos pensamentos... Ás vezes achava que ela poderia gostar dele, mas lá vinham suas críticas contra ele para derrubá-lo daquele “absurdo”, ou das idiotices distorcidas que ele mesmo criara, mudando a atenção e meiguice de Hermione para com os outros em estranhos interresses que faziam seu peito rugir de fúria e desgosto. Idiota. Como pôde?
Ele sentiu uma lágrima quente escorrer na sua face congelada pela temperatura da cidade lúgubre. O que era aquilo? A lamentação de tantos anos perdidos ou a felicidade de tudo aquilo ter acabado, de certa maneira, bem? Como “bem”? Eles estavam mortos! E só existia aquele lugar escuro, sujo, infeliz e gélido ao redor! Não existiam as pradarias em volta da Toca, nem o Lago de Hogwarts cercado pelas montanhas verdes. O mundo estava pintado de azul, branco e preto agora. E eles só conseguiriam estar ao lado de quem nessa tristeza emborcara também...
Aquelas coisas não o fizeram bem. O peso aumentou de novo, e Hermione nos seus braços o puxara para o chão subitamente, como se alguém tivesse jogado toda uma estante de livros. Ele forçou o peso nos seus joelhos, mas não a deixou cair. O que era só uma lágrima virou um choro silencioso. Chorava pelo mundo colorido que poderia ter vivido com Hermione e que foi deixado para trás. Sentiu raiva de Voldemort mais do que nunca. Agora, ele sabia, estava numa sobrecarga emocional nada parecida com a “colherzinha de chá” que fora antes. Agarrou Hermione, ainda desacordada, como se isso fosse melhorar.
Os gêmeos vieram em seu socorro:
- Hey, irmãozinho, sem choro agora! Você parecia tão bem ainda há pouco, para um defunto!
- Sinceramente, George, acho que o Roniquinho aqui precisa de um local aquecido para parar de usar Hermione de cobertor... – Fred agachou- Embora ache que é ela quem precisa de um... De verdade, não você, Ronald! Calor humano é bom, mas às vezes precisamos ser mais técnicos! – ele deu uma piscadela.
Rony tentou, mas não conseguia se reerguer. Sua boca carregava a batata do choro, contudo, algumas palavras saíram:
- Levantar... Não dá... Levem Hermione... Daqui sozinho...
Antes que Fred e George fizessem qualquer movimento, todos sentiram espectros negros vindo em sua direção. Rony percebeu, então, que eles estavam sem varinha. Aquelas coisas usavam mantos negros rotos e rasgados. Pareciam dementadores, não fosse o par de brilhos vermelhos saindo do capuz. O que diabos era aquilo? As coisas, muito numerosas, avançaram contra eles. Iriam atacar, Rony sabia disso.
- Olha só! Existem problemas até depois de morto, Fred! Que falta de sossego!
- Essas bestas são atraídas quando as pessoas têm uma recaída. Parecem abutres! Alguns dizem que são eles que presenteiam os ‘fracos’, os que sucumbem à falta da vida, com o vazio. Precisamos afastá-los... Não é tão difícil, meu caro irmão. Só uma liçãozinha sobre humor... Nada muito profissional...
- Podemos ser patéticos, então?
- Algo ao nível deles. Certamente que sim!
Os gêmeos avançaram, gritando xingamentos engraçados para os abutres do vazio. Mexiam os braços como quem espantava abelhas tentando pousar no copo, debochando dos vultos. Rony ria internamente, impossibilitado de mover seus músculos sem fazer esforço. Estava feliz de ter aqueles dois de novo perto dele. Aqueles cuja presença e as brincadeiras fizeram sua infância alegre e, ao mesmo tempo, muito aborrecida. Aqueles que, bem ou mal, influenciaram na sua própria personalidade como poucos. Mas eles eram demais. Tiravam sarro até da morte!
Os vultos foram embora, e Fred e George o ajudavam a se levantar e carregar Hermione. Fred dizia no caminho:
- Vocês não vão ter muita dificuldade de acharem alguém... O que não me parece muito bom. A maioria eu já vi e está comigo numa estalagem...
Rony, que melhorara seus pensamentos, já se articulava com mais tranqüilidade:
- Estalagem?
- Que bom que você sabe ouvir direito, Rony. É, como se fosse. Aqui é estranho – Fred franzira o cenho, sério – Não há dinheiro, não há porque ter comércio, mas as pessoas vivem como se tivesse. Ter estalagem, lojas... Mas você não paga. Parece que é um vício de vida sustentado, como se não desse para ser de outro jeito para essas pessoas. E alguém está de acordo em ceder isso. Não me pergunte como as coisas surgem nesses lugares. A dona da estalagem me disse que os suprimentos simplesmente aparecem na porta dela.
- Realmente estranho! A morte é caridosa, não?! – George olhava ironicamente indagador.
- Bem, é o que parece... Chegamos!
Era um local simples. Sua fachada era igual às outras, de madeira, e tinha dois barris na lateral da varanda frontal. Ao entrar, Rony sentiu um calor enorme vindo do lugar. Tinha um balcão à direita, longo, protegendo os produtos nas prateleiras igualmente longas. Mesas e cadeiras estavam espalhadas até mesmo embaixo da escada rente à esquerda, que dava para o segundo andar. Umas cinco mesas ao fundo estavam unidas, frente à lareira, com muitas pessoas agitadas conversando ao redor. Rony sorriu.
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N/A: Er... bem... Esse está denso tbm, não me lembrava tanto. Mas acho q Fred e George dão uma aliviada ;-)
Eu qria trabalhar um pouco mais com esses dois, só q ia ficar meio nada a ver. A mente do Rony correndo não ia ficar prestando atenção no q falaríam logo no começo de seu encontro, então, por coerência, privei-me dessa oportunidade.
Espero que vocês tenham compreendido essa passagem de confusão do Rony. Felicidade em um momento, até pensar em algo q desencadeia coisas q ele se lamenta muito. Mais peso. Ficou sútil, o q me deixa feliz, mas gostaria q ficasse tão claro qto. Digam-me vcs.
Se vcs quiserem pensar como eu, sempre achei q o Véu da Morte tinha A VER com os dementadores... Esses espectros são "primos" dos dementadores? Possivelmente. Podem ser uma evolução.. ou o contrário, uma forma primitiva dos dementadores... Mas isso fica por conta do departamento de mistérios,ok? Não pretendo fazer um verdadeiro estudo sobre a existência e as propriedades dos dementardores ou dos meus espectros aqui.
Para quem achou o capítulo muito curto, eu compartilho o pensamento XD
Mas achei melhor dividí-lo do próximo. Ele não tem nada muito semelhante a esse. Na verdade, no próximo está a resposta sobre o Harry (o q não vai agradar os loucos por vê-lo com Rony e Hermione de novo, já aviso) e grande parte de suas linhas estão compostas por puro romance (e uma espécie de desabafo), contendo algumas falas que, no mínimo, eu gostaria q a J.K. tivesse insinuado. Mas não deu. Não teve. E msm assim estou satisfeitíssima com DH
=)
OBs: N/A quase maior q o proprio texto! XDDDDDDD
COMENTEM!!!
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