A Barca branca



Rony sentiu seu corpo mais leve. Ele estava deitado num gramado escuro. De olhos fechados, perguntou-se o que acabara de acontecer. Não lembrava direto... Tentou reconhecer seu corpo. Ele sentiu o calor de uma mão. Era Hermione. Ela parecia estar tomando consciência de si. Estranhamente, não havia mais manchas em seu corpo, nem inchações, nem cortes. Sua roupa também estava intacta. Ele olhou para seu próprio corpo e aparentemente ocorrera o mesmo com ele. Um sorriso brotou em seu rosto, inexplicável.
Hermione abriu os olhos se deparou com Rony a encarando. Impressão sua, ou ela estava mais bonita ainda? Ele aumentou o sorriso enquanto ela o fitava, com cara de quem estava tentando entender o que aconteceu. Por fim, ela se deixou levar pelo entusiasmo de Rony, sentindo que, fosse o que fosse onde eles estavam, ruim não seria. Eles se beijaram longamente, deitados na grama numa troca de carícias que foi interrompida por Hermione:
- Céus, onde estamos?
Um pouco frustrado com a interrupção, Rony decidiu não contrariá-la.
- Não faço a mínima idéia, mas acho que nunca me senti tão feliz!
Ela sorriu com o galanteio e continuou, suavemente afastando um pouco a franja de Rony dos olhos dele:
- Não acha que deveríamos descobrir? Não consigo lembrar o que nos aconteceu desde... Nossa, nada! Só tenho lembranças da luta em Hogwarts!
- Agora? – disse Rony, um pouco chateado, mas com humor – Ok, então – consertou, em resposta ao olhar reprovador que ela o lançou.
Ele se levantou rapidamente e ergueu a mão para ajudá-la. Ela tinha praticamente feito a pior parte do impulso sozinha, mas aceitou a gentileza para deixá-lo satisfeito.
Com uma exclamação de espanto, os dois perceberam que estavam numa colina, separados de uma cidade iluminada pelas luzes da noite, por um enorme lago negro. No entanto, eles olharam para baixo, em busca da margem das águas, e perceberam uma grande barca branca, com dois andares repletos de cadeiras, numa espécie de ônibus aquático. Havia uma fila para o embarque.
- Você acha que deveríamos ir? – questionou Rony.
Hermione estava visivelmente apreensiva por um momento, mordendo os lábios. Ela, então, tremeu, arregalando os olhos, como se tivesse percebido algo muito medonho.
- Eu acho... Rony, eu acho que nós morremos!
Ele olhava para ela incrédulo. Não podia ser verdade! Se era, como eles estavam com consciência daquilo? Era realmente uma espécie de vida pós-morte? Isso existia mesmo? Aquilo, o lugar para onde a barca estava indo... Era a eternidade ou coisa do tipo? Ou será que Hermione tinha batido a cabeça?
- Você tem certeza? Por quê?
- Me passou pela cabeça que essa barca era um tanto sinistra, mesmo branca. Eu me lembrei de algumas histórias, sobre uma barca pós-vida e, depois... Depois eu me lembrei do lampejo verde vindo na sua direção. Algum comensal lhe lançou o Avada... Eu tive um pequeno tempo para reagir, acho. Mas eu estava em choque, em prantos. Não tive vontade de me defender. E o ouvi gritar o feitiço de novo...
Ela não parecia querer chorar. Falava firme como se aquilo fosse uma história dos livros que ela lia, da qual procurava se lembrar. Mas Rony não se conteve. Ele chorou.
- Hermione, o que você fez?
- Como assim o que eu fiz? Você acha que eu iria conseguir reagir?
- Eu... Eu não sei... Talvez se eu não... Você poderia... Sua vida...
- Cala a boca, Ronald Weasley! – Ela tentou parecer agressiva, mas seu rosto passava ternura pela suas lamúrias. Ele a encarou, pedindo perdão, e ela simplesmente lhe deu um beijo rápido.
- Vamos! Vamos descer. Deve ser mesmo esse o caminho.
Ainda abalado, ele demorou um pouco para retornar os reflexos. Seguiu-a com os olhos, admirado com sua aceitação rápida e convicção. O que ele fez para merecê-la? Ela olhou para trás e o viu ali parado no topo da colina. Ela acenou para ele se apressar, mas Rony continuou estático. Ela voltou correndo, meio preocupada, meio aborrecida.
- Você está bem? O que está esperando?
- Ham... Nada! Eu só... Deixa para lá. – Ele sacudiu a cabeça para se livrar dos pensamentos.
- Então? Vamos? – Ela perguntou atenciosa, puxando sua mão.
- Claro, claro...
Eles corriam em direção à fila, derrapando na terra íngreme. Qual foi a surpresa ao se depararem com rostos conhecidos! George estava ali, esticando o pescoço em busca de algo. Os nascidos-trouxas que eles deixaram na floresta também se encontravam na fila, um tanto perdidos. Rony procurou por mais alguém, chocado com o que via. Um pouco a sua frente, Hermione também estava paralisada, olhando de um lado para o outro da fileira de gente. Ele chegou mais perto, quase sussurrando:
- O que diabos é isso? Onde estão os outros?
- Talvez... Talvez já tenham atravessado... – Ela respondeu hesitante, sem se virar. Ela então levantou os braços – George! George!
George virou-se para eles. Em um primeiro instante ficou contente de não estar sozinho, mas, ao perceber o que isso significava, perdeu o sorriso e balançou a cabeça negativamente.
- Vamos, Rony. Vamos ver se ele sabe de algo!
- Não estou certo disso... – Mas ela já o puxara até George.
- George, como você se sente? – Hermione fora direta.
- Muito vivo! – disse George, achando a pergunta engraçada – Sinceramente, vocês perceberam o que isso aqui é, não? Lucius está um pouco ali atrás, silencioso. Nem tente nada... Obra sua? - Não havia muita felicidade nessas últimas palavras dirigidas a Rony.
- Eu... Sim. – Rony desviara seu rosto.
- Vejo que houve vingança... Bom, já não podemos fazer muito pelo mundo de lá agora... Melhor embarcarem!
- Para onde isso vai, exatamente? O que significa? – Hermione se esforçava para mudar de assunto.
- Significa que você quer aceitar a morte. Caso contrário, sua alma vagará nessas colinas e, eventualmente, fará paralelo com o mundo dos vivos sem poder ter contato. Não é uma escolha muito feliz, respondo aos que me perguntam. – Uma figura transparente, com jeito de ser da tripulação se intrometera na conversa – O outro lado do Lago... O outro lado do Lago é uma trilha árdua, mas que resulta no mais próximo do que muitos que encontraram esta barca questionavam ser o paraíso. Para além da cidade que vocês vêem, há luz e paz. Não é muito fácil de alcançar. Mas é um risco que todos preferem correr – Ele continuou. Suas últimas falas foram acompanhadas de um sorriso malicioso.
- E quem acaba ficando na cidade? O que encontra? – disse Hermione com astúcia.
O tripulante fantasma analisou-a um pouco antes de responder.
- Dor. E o peso de todas as dores e pesares. Quanto mais insatisfeito com sua morte, mais tudo irá pesar, pois seus pensamentos estão no mundo dos vivos. Alguns suportam a dor, mas não conseguem se desfazer de sua vida vital, portanto, permanecem na cidade. Outros acabam com todas as suas oportunidades de felicidade pós-morte por não agüentarem a dor e sucumbirem ao vazio, à escuridão. O pior dos fins. Existem aqueles também que passam um tempo na cidade, até se convencerem da morte, e conseguirem ir para além da floresta atrás da cidade... E, os mais admiráveis, que chegam aqui e vão direto para a luz, aceitando tudo desde o momento em que viram a barca.
Rony estava bestificado com tudo aquilo. Nunca imaginaria as coisas desse jeito. Na verdade, nunca quisera pensar muito em como era a morte, a fim de não se torturar. Interrompendo o breve silêncio em que os três encaravam o fantasma, Hermione continuou seu interrogatório:
- Existem limites para quem fica na colina sem embarcar?
- Os que ficam por aqui podem vagar como fantasmas, se assim preferirem. Se nem ao menos corresponderem a isso, ficarão assistindo todos que chegam, mas perdendo suas memórias aos poucos. – Hermione olhou seu interlocutor, aflita. – É muito devagar, e surte efeito a cada barca que cruza o Lago. Vocês não perderam nada.
Eles pararam de falar. Rony alternava sua cabeça do fantasma para Hermione, esperando que alguém continuasse. George fazia o mesmo, até resolver tomar uma atitude:
- Bom, vocês dois, não quero ficar por aqui.. Não achei divertido. Vão embarcar também?
Sem pensar duas vezes, eles o acompanharam, ouvindo o fantasma atrás deles.
- Muito bem!
Os três se sentaram em bancos um de frente para o outro. Todos digerindo o que ouviram em suas próprias mentes. A cidade não soou um lugar interessante. Rony sabia que eles ficariam lá por um tempo, procurando aqueles que haviam perdido. Esperando a barca partir, ele achou melhor discutir o que fariam:
- Vocês... Vocês acham que acontecerá o que quando chegarmos à cidade?
- Eu procurarei por algumas pessoas, sem dúvidas. – respondeu George, determinado.
- Eu terei vontade de fazer isso também... – disse Hermione, parecendo indecisa em terminar o que queria dizer - ... Não me senti bem em perguntar, mas o que deve acontecer com as almas que chegam à luz?
- Vivem felizes! Sei lá! Aquele cara parecia estar brincando de ser enigmático! – George dizia aborrecido – Mas talvez nem ele saiba, já que virou fantasma!
- As almas fazem parte de um ciclo? Ou a luz é a vida eterna? – Hermione perguntava a si mesma.
- Não acha que filosofia não será útil agora? Saberemos quando chegarmos lá! – Rony tentava não absorver o questionamento. Ela o olhou com as sobrancelhas franzidas.
- Conseguiremos fazer isso? Conseguiremos fazer isso pensando que deixamos um mundo que precisava de nós? – Sua voz alcançou um tom molhado de lamento. Rony pegou sua mão.
- Pode não ser tão rapidamente, mas precisaremos fazer isso, sim! Pra minha frustração, que é tão grande quanta a sua, não há mais nada que possamos fazer.
- É, berrar xingamentos para Voldemort não vai funcionar daqui... Não que isto esteja proibido – consolou George, pondo a mão em seu ombro. Ela deu um risinho fraco.
- Têm razão... Só encontrar forças! Não vai ser fácil, mas...
Eles foram interrompidos por uma figura fantasmagórica, que, para surpresa dos três, era Percy. Em resposta aos seus rostos atônitos, ele levantou a mão em cumprimento e disse:
- Ouvi suas vozes. Sinto muito por estarem aqui.







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N/A: Não sei se vcs tbm sentem essa sensação de enjôo qdo lêem algo mto mto melodramático, mas eu posso disso q tenho algo, no minimo, semelhante. Não cola, não gruda.
Não me venha com lengas-lengas "Eu te amo, vc me ama?", "Oh! Lembra daquilo q aconteceu nos cafundéu do judas e só leitores do livro para lembrarem exatamente como foi, esquecendo q eu deveria ser uma pessoa?", ou "vc me magoou, vou brigar com vc como se não tivessemos resolvido nossas inseguranças naquele beijo ou q nem ao menos nos lembremos q nos tratamos super-bem nos ultimos tempos, pq finalmente um de nós aprendeu a se expressar melhor"
Pois é. Esqueceu disso, fica osso de engolir. Ou msm qdo antes de DH... Não acho q nem o Rony, nem a Hermione ião virar e flar "senta aqui, vamos conversar sobre o nosso relacionamento pq eu já não aguento mais" ou agir com um pretexto pensado, ou msm por um impulso sem uma desculpa mto forte. Não. Os dois são uns dois enrolados. E é isso q os faz fofos XD
E tudo entre eles, ao meu ver, tem q acontecer naturalmente, senão eles coram demais e desistem.
Aos autores/leitores de melodrama, por favor, não se chateiem. É só a exigente opinião dessa autora chatona aqui. Q diferença isso faz para vcs se vcs gostam? Sejam felizes! Td mundo tem direito =)


Outra coisa q me caíria no Melodrama se lesse... "Oh, vamos para o caminho da luz, meu amor!" ¬¬" Esqueçam. Eu só usei os termos paz, luz, paraíso, eternidade e derivados aqui pq é assim q maioria das pessoas tratam (e tbm pq há uma falta de definir o que é exatamente), com certeza o tal fantasma ouviu mto isso e usou. Ele não sabe como é. Nem ngm.
Só eu! Muuahahahahahahah

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