Capítulo 8
Cap 8. Where'd you go?
Ginny deixou o apartamento relutante, não queria deixar aquele recinto, ela se sentia tão incrivelmente bem no local. E o cheiro de hortelã! Foi um sacrifício subir mais escadas e sentir que a cada degrau ela estava um pouco mais longe do que parecia ser algo como um templo. Então ela viu-se de frente para uma porta branca e lisa, sem olho-mágico, sem sequer um entalhe usual, nada que lhe desse uma graça especial ou qualquer floreio mágico. Uma ausência total. Neutra.
Where'd you go?
I miss you so,
Seems like it's been forever,
That you've been gone.
Era ali, ela sabia. Os outros dois estavam parados esperando para ver sua reação, ela deu um passo a frente, e colocou a mão na maçaneta, quase pode sentir o fluxo descontrolado de memórias, cenas cortadas ao meio, fragmentadas, e sentimentos incompletos como sempre era. Ela quase pôde sentir... Nada dessa vez, absolutamente nada, ela ficou parada encarando sua mão apertando a maçaneta, e sentiu-se boba como uma criança que vê um brinquedo pela primeira vez e fica apertando para ver se ele fala.
E foi isso que ela fez, apertou com mais força a maçaneta, quem sabe se ela se esforçasse conseguisse lembrar de mais algo, os nós de seus dedos estavam ficando brancos pela força e tudo que ela conseguia sentir era o metal frio da maçaneta roubar lentamente o calor da palma de sua mão. Encarou a imensidão branca da porta á sua frente frustrada. A grande verdade era que ela tinha a mais pura e devastadora sede de vida, sentira-se até a pouco tão viva em comparação com a habitual morbidez de todos os dias no escuro da sua falta de lembranças. Queria desesperadamente sentir-se viva novamente, queria lembrar, ter o que era seu por direito e lhe foi roubado por algum artifício do destino.
- /Raposa?/- começou Leo hesitante colocando sua mão sobre a dela e finalmente abrindo a porta- /Algum problema? Lembrou-se de algo?/- ela pode perceber as notas de ansiedade no tom jovial da voz dele.
Ela finalmente desviou os olhos da porta piscou, e olhou para o espaço antigamente novo a sua frente.
- /Não/ - ela respondeu em um fiapo de voz, os olhos colados na sala a sua frente.
- /Você mora aqui./- disse Leo.
She said "Some days I feel like shit,
Some days I wanna quit, and just be normal for a bit,"
I don't understand why you have to always be gone,
I get along but the trips always feel so long,
And, I find myself tryna stay by the phone,
'Cause your voice always helps me to not feel so alone,
But I feel like an idiot, workin' my day around the call,
But when I pick up I don't have much to say,
So, I want you to know it's a little fucked up,
That I'm stuck here waitin', at times debatin',
Tellin' you that I've had it with you and your career,
Me and the rest of the family here singing "Where'd you go?"
Ela observou o sofá de veludo preto, e os azulejos brancos sobre seus pés, o tapete grosso e felpudo azul-marinho sob a mesa de jantar de vidro combinando com as cortinas da mesma cor de veludo pesado que escorriam pelas paredes escondendo as janelas largas de vidro. Uma bancada espelhada a sua direita e longas cadeiras com assento de acrílico vermelho meio transparente, marcavam o início da cozinha.
Então seus olhos se chocaram brutalmente contra o tapete vermelho sangue sob o sofá preto e a poltrona vermelha de mesmo tom.
Sorriu.
Sem saber porque sem ter sequer um motivo racional ela sorriu. Simplesmente sorriu de leve, fazendo seus lábios se formaram graciosamente em um sorriso.
O abajur ao canto da sala perto da poltrona vermelha, provavelmente para ler em dias de chuva... Deu alguns passos incertos para dentro da sala, e olhou tudo ao seu redor.
Ela sentia-se como se estive apenas ela e ela, a Virginia Weasley sem lembranças, e a Raposa composta por cada minúsculo pedacinho da casa. Pelo tapete vermelho, pelas cortinas azul-marinho... Seus pés a guiaram pelo corredor idêntico ao do apartamento de Jack que levava aos quartos, passou direto para a última porta no corredor, que estava de frente para ela. De imediato percebeu que aquela não seria uma porta neutra.
Tinha leves entalhes nos cantos que davam o leve aspecto de moldura, arranhões discretos na pintura clássica denunciavam que ela era muito utilizada, a maçaneta prateada e também cuidadosamente entalhada por mãos hábeis. Marcas de leve chamuscado eram vistas em certos pontos sob um olhar mais atento que o comum, sinal de que já havia sido alvo de certas varinhas, amigáveis ou não.
Ela gostou repentinamente daquela porta.
I miss you so,
Seems like it's been forever,
That you've been gone.
Where'd you go?
I miss you so,
Seems like it's been forever,
That you've been gone,
Please come back home...
Então uma sensação gelada invadiu seu corpo despertando o maldito frio no estômago trazido pela ansiedade em demasia. Ela tinha um incrível receio sobre o que ela iria encontrar dentro do quarto que ela sentia ser seu.
O que ela encontraria ali, ela não se conhecia, não poderia dizer, mais um tapete vermelho? Quem sabe mais poltronas, e uma pufe... Ou cortinas...? Quadros na parede, ou simplesmente a parede lisa. Paredes riscadas, revistas, em qualquer canto, uma bagunça ou quem sabe uma arrumação irritante? Seria mesma Ginny do resto da casa ou aquela seria apenas uma pálida sobra que ela desejava mostrar aos menos íntimos?
Soaria paradoxal alguém que tem medo de abrir o seu próprio quarto e descobrir algo que não vá gostar, mas seu caso era diferente, porque ela não sabia direito quem ela mesma era, ou quem fora em algum dia na sua vida.
Uma voz as suas costas disse com tom delicado:
- /Você não vai entrar?/
Ela então tomou coragem e finalmente empurrou a porta, o que viu foi uma grande cama de colunas, com duas camadas de cortina, uma leve e diáfana e a outra mais pesada, da cor verde musgo de veludo. Não deixou de reparar que ela deveria gostar de veludo, já que as cortinas da casa eram todas daquele tecido. O guarda roupa branco de sete portas, sonho de consumo! A enorme janela que ocupava a sua metade da parede dividida com guarda-roupa, dava para uma vista maravilhosa da cidade, era simplesmente como se metade da parede fosse de vidro.
Deu alguns passos extasiada pela beleza do que via, entrou por fim no quarto, com um sorriso simples colado aos lábios indecifráveis. Uma criado mudo com apenas um porta retrato de moldura vermelha, ali ela tinha a foto dela com os amigos Bea, Andrei, Leo Antony e o Tigre a carregando nos braços, tão mudo como deveria ser.
Olhou a figura e ficou impressionada como os olhos dele eram vivos enquanto ele a girava no ar, e os outros sorriam, Antony estava tendo uma amigável briga com Leo, e Andrei fazia cócegas em Bea.
Ela acenou para as pequenas pessoas na fotografia, que notaram sua presença e finalmente pararam tudo que estava fazendo para acenar para ela, Jack a colocou no chão depois de um beliscão da Ginny na fotografia. A ruiva fotográfica não sorria abertamente apenas tinha um leve sorriso compreensivo estampado no rosto. Era como se ela miraculosamente soubesse que aquela não era ela, como se soubesse de tudo que aconteceu.
Sentiu uma pontada no peito, o seu eu fotográfico não a reconhecia, sabia da lacuna em suas memórias sabia que não era mesma, e sorria triste pela perda do seu ‘eu’ real.
You know the place where you used to live,
Used to barbecue up burgers and ribs,
Used to have a little party every Hallowe'en with candy by the pile
Olhou para todos na fotografia e sorriu, as outras pessoas parecia perceber aos poucos que ela não era a mesma que costumava acenar para eles anteriormente, e seus sorrisos iam falhando. Ela desviou os olhos.
Afastou-se da fotografia e deslizou a mão pelo veludo macio da cortina, ela não sentia nada ao tocar no veludo, não sentia angustia prazer, alivio, nada. Seria ele como a porta? Não, era diferente. Aproximou o rosto do pano lentamente sentindo seu cheiro sintético, estava impregnado com a fragrância de alfazema. Não era seu aquele cheiro, aquele perfume não era da casa. Não pertencia ao quarto.
Ela sabia de onde era... Era...
- /Essas cortinas foram trocadas?/- ela perguntou virando-se rapidamente para Leo que olhava-a com um sorriso saudoso no rosto, em um canto do aposento.
-/ Foram./- ele afirmou alargando o sorriso.- /Você percebeu...!/
- /Sim./- eu disse sentindo-me vibrar por dentro
- /Você lembrou-se de mais alguma coisa?/
- /Não exatamente, eu só sei. È como se elas não fizessem parte do quarto antigo, como se fosse tão nova quanto eu aqui dentro.../- ela falou dando uma risada, parecia estupidez o que ela dizia.
- /Creio que tenho uma noção de como se sente... De qualquer forma é um progresso a ser acrescentado! Sabia que essa vinda aqui faria bem, um tremendo estímulo à sua memória./
- /Você tem razão... É.../ – ela estava sem palavras.- /Maravilhoso./
Ela não sabia descrever, é como se cada objeto, cada tecido, o ar, as imagens do lugar, como se todo o ambiente lhe contasse uma nova história sobre ela mesma, como se catasse um pedacinho de si, um pedacinho da antiga Ginny.
Tudo, absolutamente tudo até o cheiro do local, tinha uma história para contar, e ela estivera ansiosa para ouvir. Tocar, sentir cada coisa, era simplesmente um deleite.
Ela foi até a janela de vidro.
- /Era preciso trocá-las, as outras estava rasgando, agora teremos que trocar as da janela também. Bea escolheu./
- /Ah, sim Bea!/- ela percebeu de quem era o cheiro de alfazema.
Sabia que conhecia ele de algum lugar!
- /Você gostou?/
- /Adorei./- ela disse, agora encostando a mão para tocar a superfície gelada do vidro, dava para ver boa parte da cidade, a pouca neve que restava derretendo lentamente sobre os telhados de casa e prédios. A cidade era linda. Ela imaginou de noite como deveria ser lindo, as luzinhas brilhando ao longe se confundindo com o manto estrelado que era o céu. Desejou poder passar uma noite ali.
E por fim disse:
- /A vista é maravilhosa./
-/ Perdi as contas de quantas vezes, você o Pirralho e o Tigre ficaram admirando essa vista e falando besteira./
Ela sorriu ao imaginar a cena.
-/ Eu e o Tigre sempre estivemos juntos não é?/
- /Você eram inseparáveis, ainda são./
- /Gostaria que pudesse lembrar.../- falou esforçando ao máximo sua mente para que conseguisse nem que fosse apenas um flash rápido, qualquer coisa, um cheiro uma sensação, uma visão, qualquer coisa que a fizesse lembrar...
- /Não se preocupe, cedo ou tarde você vai lembrar, afinal de contas você sempre foi um tanto quanto esquecida mesmo, mas no fim tudo sempre dava certo./
Ela sorriu do amigo. Leo levantaria o astral até da morte.
Então ela sentiu falta, onde está Jack?
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Ginny havia pisado no azulejo de mármore branco, ele poderia ouvir cada passo dela sob o mármore liso, era como o barulho de dois tambores, ele tocou a superfície lisa da porta dela com a ponta dos dedos.
But now, you only stop by every once in a while,
Shit, I find myself just fillin' my time with
Anything to keep the thought of you from my mind,
I'm doin' fine, I plan to keep it that way,
You can call me if you find you have somethin' to say,
And I'll tell you, I want you to know it's a little fucked up,
Flashs tomaram a sua mente, a porta branca e lisa sem detalhes, “Discreta” como ela gostava de dizer, misteriosa como ele não cansava de repetir, o resto das pessoas que passavam por ali deveria achar apenas sem graça. As vozes e risadas impregnadas no ar do apartamento dela invadiam seus ouvidos, roubando sua audição de qualquer outra coisa. As falas, as frases ditas, o entreabrir de lábios minuciosos, ele poderia ver aquilo, podia enxergar o apartamento...
Era amedrontador, ele podia ver as paredes brancas, as poltronas pretas de veludo macio com o cheiro característico de tudo que estava naquele apartamento, a conhecida fragrância de flores. O tapete vermelho que se espalhava gentilmente por debaixo dos pés de qualquer um que entrasse no ressinto, ele adorava aquele tapete, quantas vezes não a derrubara do conforto do sofá apenas para ver como seus cabelos se perdiam em meio as cerdas rubras do tapete. Era encantador.
A poltrona vermelha de couro que estava em um canto perto do abajur elegante e preto, na qual uma luz amarelada saia, abajur esse que ela sabia ter ganhado de seus irmãos, ele funcionava sem qualquer lâmpada ou fogo, alguma coisa a ver com um feitiço, Lumus distorcido, para durar mais... Sua memória falhava.
A bancada da cozinha de cadeiras acrílicas em um descombinado elegante com as cortinas que cercavam a sacada e as janelas na cor azul marinho que se confundiria com o preto sob um olhar menos atento. Varias macarronadas de ultima hora, várias crises de insônia passadas ali.
A Biblioteca da qual a ruiva morria de ciúme! Quase sorriu ao ver o aposento claramente na frente de seus olhos. Cada um de seus livros preciosos era mimado como uma criança recém nascida. O quarto de hóspedes em seu branco singelo, e o quarto da ruiva. A cama de dossel, a janela enorme com a vista panorâmica, o tapete branco e macio...
Tudo por um segundo ou dois ele achou que por um milagre havia voltado enxergar que finalmente havia voltado da escuridão, que ele tinha seu mundo de volta. Por um segundo aqueles flashes bem que poderiam ser verdadeiros... Ele sabia que o apartamento não havia mudado, o ar estava lhe contando isso. Mas o mundo não havia permanecido o mesmo, e seu mundo já não era o mesmo, muito havia mudado...
That I'm stuck here waitin', at times debatin'
Tellin' you that I've had it with you and your career,
Me and the rest of the family here singing "Where'd you go?"
Ele não conseguiria colocar um pé a frente e adentrar o portal da porta. Era vivo demais tudo que estava ali dentro. Detestava admitir, mas ele tinha medo do que poderia ver, do que poderia sentir, de tudo ser mais real do que e o que ele se sentia capaz de suportar...
Era assustador como ele visualizava as coisas, cada canto, os objetos... Como se ele estivesse realmente vendo. Durante segundos fracionários ele imaginou a possibilidade de ter voltado enxergar, porque a cada passo imaginário ele via a paisagem do apartamento exatamente como ele era.
O Tigre teve medo.
Não ousou.
Apenas permaneceu.
Não demorou muito e pôde ouvir a voz dela ao chamar.
- /Jack!/
É, com certeza era ela. Mas ele não pôde vê-la. Não pôde ver os cabelos de fogo caindo sobre os ombros envolvidos em um leve sobretudo, não pôde ver o sorriso, não pôde olhar o olhar daqueles profundos olhos castanhos.
- /Jack!/
- /Oi, estou aqui./- ele respondeu.
Sentiu que ela se aproximava e tomava sua mão nas dela.
- /É maravilhoso!/
Ele sorriu.
- /Eu sei./- ele murmurou, ele percebeu que ela também sentia a magia da casa, também a sentia viva.
- /A vista na janela! Quase não acreditei./
Ele percebeu de imediato que ela iria querer que ele entrasse no local. Eu não conseguiria, não queria. Não ainda. Odiou-se por isso.
- /Eu também aprecio a vista Ginny, mas receio que tenhamos que nos apressar, vocês sabem que horas são? Já está na hora do almoço./
miss you so,
Seems like it's been forever,
That you've been gone.
Where'd you go?
I miss you so,
Seems like it's been forever,
That you've been gone,
Please come back home...
- /Já ?/- perguntou Leo.
- /O Tempo voou…/- ela comentou impressionada.- /Você não vai entrar?/- ela perguntou achando estranho ele estar exatamente no lugar em que estava assim que ela adentrou o apartamento.
- /Já entrei./ ele falou em um tom convincente que não a convenceu.
Ginny permaneceu por alguns segundos a encará-lo, tinha algo de errado, ela só não sabia o que era, podia perceber pelo modo como ele mantinha as mãos no bolso. Quem sabe estaria nervoso.
A ruiva não desejava ir embora ainda, mas não argumentou, talvez Jack tivesse suas razões para estar ligeiramente apressado.
- /Vou levá-los para almoçar no melhor lugar da cidade./- disse Leo.
- /Ahhh... Faz séculos que não como lá!/- disse Jack, sentindo um leve entusiasmo. Ele adorava a aquele local, havia perdido as contas de quantas vezes havia saído mais cedo do turno (escondido do chefe é claro) para comer lá. Era maravilhoso e a comida parecia esquentar tudo por dentro, expulsando a sensação de frio do corpo.
- /Eu já estive lá?/- perguntou Ginny, enquanto eles começavam a descer as escadas.
- /Milhares de vezes!/- disse Leo sorrindo.
- /Você adorava a carne de lá./- disse Jack.
- /Tigre sua mãe ficou de nos encontrar lá./- disse Leo.
- /Porque ela não vai conosco daqui?/- perguntou Jack, afinal ela estava ficando na casa de Antony que era apenas um andar acima.
- /Não, sei, ela disse que iria sair, e depois nos encontraria lá./- ele disse, apressando a passo.
- /Estranho, ela não me disse nada./- ele concluiu, mas apenas deu de ombros e resolveu deixar a questão de lado, mesmo sabendo que Leo não estava dizendo alguma coisa.
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Um cheiro delicioso de comida adentrava o lugar, o Tigre deliciava-se com a atmosfera aconchegante e quente que ele sabia pertencer ao lugar. Fazia realmente muito tempo que ele não ia ali, na verdade tudo antes de Ginny ir para a Inglaterra parecia ter acontecido há milênios. Havia acontecido tanta coisa.
Ginny havia gostado do lugar, as várias mesas quadradas espalhadas cobertas pela toalha preta lisa, os assentos acolchoados de um marrom tabaco, dava um ar sofisticado ao local, que era quebrado pela vitrine na parede, fazendo com que parecesse uma mistura de café e restaurante. Um arranjo simples de flores de vidro na mesa dava o toque aconchegante ao local, assim como as paredes revestidas de madeiras como um soalho.
O cheiro era muito bom, ela achava que tinham razão. Ela iria gostar do local.
Ginny olhou o longe, uma mulher de cabelos muito negros e olhos azuis escuros que sorriu levemente para eles, reconheceu a pose altiva imediatamente. Vega Malfoy já estava ali os esperando. Antes que pudesse dizer qualquer coisa Leo o fez primeiro.
- /Sua mãe já está aqui Tigre, infelizmente você não herdou a eficiência dela./
- /Muito engraçado Leo. Mas vindo de alguém com a pontualidade de uma coruja com relógio quebrado isso soa como um elogio./- disse ele com um sorriso irônico e charmoso no rosto. Levemente frustrado por não ter notado o perfume inconfundível de sua mãe, mas ela totalmente compreensível já que aquele cheiro maravilhoso de comida inebriava qualquer um.
Então ele sentiu a mão da ruiva se fechar sobre a sua, enquanto Leo ia na frente abrindo caminho entre as mesas.
I want you to know it's a little fucked up,
That I'm stuck here waitin', no longer debatin',
Tired of sittin' and hatin' and makin' these excuses,
For while you're not around, and feeling so useless,
It seems one thing has been true all along,
- /Boa tarde a todos./- Vega cumprimentou todos presentes.
- /Boa Tarde Sra. Malfoy./- disse Ginny e Leo em uníssono.
- /Boa Tarde querida, bom ver que ambos estão se recobrando bem. Então Jack como foi o primeiro dia fora do hospital depois de todo esse tempo?/
- / Incrivelmente melhor do que os que eu tenho passado lá dentro, pode ficar certa disso mamãe, finalmente posso respirar novamente./- ele disse tateando com as mãos uma cadeira.
- /Não tive conhecimento de que tentaram lhe estrangular no hospital, pelo contrário você mesmo me disse que estava sendo muitíssimo bem tratado./- ela devolveu.
- /Aquelas paredes me estrangulam, mamãe./- ele disse, puxando a cadeira para Ginny sentar-se.
- /Obrigada. Seu filho é um cavalheiro, Sra. Malfoy/- ela falou sorrindo. - / E me vejo obrigada a concordar com ele na questão das paredes./
- /Tigre, não vai puxar um cadeira para mim também?/- perguntou Leo cínico.
- /A presença de minha adorada mãe me impede de lhe dar uma resposta adequada, Leo./- Foi tudo que ele respondeu sentando-se e escutando a gargalhada do amigo.
Vega sorriu, ela sabia quanto era uma tortura para seu filho ficar quieto por muitos dias, como ele certamente estava sendo forçado a ficar no hospital, mas era em prol de um bem maior.
- /Tomei a liberdade de fazer um dos pedidos, Jack pedi seu prato favorito, já que estão atrasados alguns minutos, não podemos nos demorar./- ela disse.
- /Obrigada mãe, e Ginny acho que você vai gostar, já que era seu prato preferido também./
- /Ótimo./- ela disse- /Você aceita Leo?/
- /Na verdade eu vou comer uma salada./
- /Uma salada?/- Jack estranhou.
- /Algo na voz de meu filho me diz que você não é adepto a saladas Leo./- comentou Vega.
- /Ah, não diga nada, eu sei o que é isso./- disse o Tigre de imediato, com um largo sorriso sarcástico no rosto.
- /Problemas estomacais?/- perguntou Ginny levantando uma sobrancelha.
- /Não./- disse Jack esperto. - /Mulher./
- /Como assim mulher? Ele não vai comer salada? O que isso tem a ver com mulher?/ - questionou a ruiva.
- /O único motivo forte o suficiente para fazer um carnívoro como Leo abdicar aos “prazeres da carne” no sentido literal da palavra carne, seria outros “prazeres da carne” ou seja mulheres./
- /No plural?/- observou Vega levantando uma sobrancelha levemente irônica em um gesto absolutamente igual ao de seu filho.
-/Bom isso eu não sei, mas que é mulher é./
- /Vegetariana./- Leo limitou-se a dizer.
Todos sorriram, da cara desgostosa do outro.
- /Não há conquistas sem certos sacrifícios, Leo./- disse Vega o aconselhando.
Ele concordou com um suspiro.
Não demorou muito e os pratos haviam chegado.
You don't really know what you got 'til it's gone,
I guess I've had it with you and your career,
When you come back I won't be here and you'll can sing it...
Eles comeram rápido e silenciosamente aproveitando o ambiente e as companhias, e se deliciando com o sabor.
Quando terminaram, Ginny pediu um chá e foi acompanhada pela Sra. Malfoy.
- /Entendo porque vocês disseram que eu gostava deste lugar. Eu simplesmente adorei a comida./ ela disse, saboreando o chá.
- /Bom agora temos que levá-los até o ministério, o pessoal todo está muito ansioso para revê-los./- disse Leo, e a Sra. Malfoy completou com um sorriso gentil.
Ginny sentiu um aperto no peito tinha medo de não saber como agir, de não saber como se portar no meio daquelas pessoas que agora eram desconhecidas, não queria ter que pedir desculpas a cada cumprimento trocado por não lembrar sequer um nome.
Segurou-se firme por dentro, seria algo pelo qual ela teria que passar, e repetiu para si mesma que era apenas um processo, ela teria que se acostumar, até ter sua memória de volta. Quem sabe não conseguisse ter mais flashes...? Aquilo conseguiu devolver o sorriso a seu rosto.
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Where'd you go?
I miss you so,
Seems like it's been forever,
That you've been gone.
A fachada do prédio era simples e sem muita pompa que parecia ser merecida de um ministério, mas ela já havia aprendido a se surpreender, a maioria das coisas não era o que aparentava ser. E sem demora eles entraram no prédio que era o tão falado ministério da magia. Realmente dentro ele era inteiramente majestoso, um espaçoso hall de entrada revestido de lareiras muitíssimo bem entalhadas, que no momento pareciam apagadas.
No fim do aposento haviam duas escadas que levantavam-se fazendo uma curva até o nível superior, e entre as duas escadas, haviam as portas de um antigo elevador. Ela olhou tudo ao seu redor, sabia que já havia estado ali, e novamente aquela sensação de dejá vu.
Jack estava elétrico só em pisar novamente no ministério, sentia incrivelmente a falta daquele lugar onde passara a maior parte dos últimos anos, queria ouvir o murmúrios das vozes apresadas, o barulhos dos pés gostaria de ver o fogo magicamente verde se acendendo a cada segundo, e um bruxo diferente chegar no hall. Então alguém iria chamá-lo, “Tigre! Acho bom você se apressar, Ivanovitch está possesso, problemas na captura de um elemento perigoso, ele estava bradando por você a alguns segundos atrás...” Ele sorriu. Era sempre assim.
Queria desesperadamente voltar ao passado, desejava que um dia pudesse viver tudo aquilo novamente.
Estava tudo tão silencioso, como em véspera de uma grande batalha, era estranho, por que não haveria ninguém no ministério uma hora daquelas? Depois do almoço era horário de pico, assim como às oito horas da manhã. Algo estava acontecendo.
- /Leo, o que está acontecendo?/
- /O que foi Jack? Algo de errado./- perguntou sua mãe.
- /É feriado nacional e eu não sei?/
- /Acredite Tigre, eu estou tão assustado quanto você./- respondeu o outro.
- /É impressão minha ou não tem ninguém aqui?/- perguntou Ginny.
- /Não é impressão./- disse Jack. - /A questão é por que?/
- /Vamos descobrir então./- disse Leo.
Jack sentiu um arrepio percorrer pelo corpo, algo estaria por vir...
Eles entraram no elevador, e Leo apertou o botão. Jack tateava com a mão livre a parede do elevador, era revestido de madeira, e tinha um grande espelho, os botões ficavam a direita. Ele lembrava perfeitamente, da sensação deslizante de estar lá dentro.
- /Raposa, agora você irá conhecer o quartel general dos aurores./- disse Leo entusiasmado.
Não demorou muito e o elevador parou, os quatro saíram e chegaram ao corredor. Estavam bem no meio do corredor a sua direita tinha uma única porta diferente das outras esta era feita de vidro fosco e ao fim do corredor e a esquerda outras ramificações que daria em outros corredores.
- /Não há ninguém aqui!/- ela disse sentindo-se levemente assustada por ter todo o prédio vazio e no mais completo silencio. Sua voz ecoou nas paredes.
Ninguém respondeu.
Então o Tigre disse:
- /Não, eles estão aqui./
- /Onde?Escondidos?/- ela perguntou, não fazia sentido, porque estariam escondidos.
- /Vamos, vocês dois. É nessa direção./- disse Leo seguido pela Sra. Malfoy, chamando a atenção da ruiva e do tigre que continuavam parados no meio do corredor enquanto as portas do elevador se fechavam a suas costas.
Seguiram em direção á porta de vidro fosco.
Jack ouviu o leve tilintar da porta atrás de si assim que chegaram no local. Então tudo estava quieto.
- /Bem vindos de volta...!/- disse uma voz conhecida, que ele demorou alguns segundos para identificar como sendo a voz de seu chefe.
Ele gargalhou, era uma surpresa!
Então o burburinho incansável, e o som de várias vozes, algumas conhecidas embora algumas não identificadas, o barulho gostoso dos sorrisos. Então ele sentiu uma mão no seu ombro.
- /Achou que iria passar despercebido?/- disse Andrei o conduzindo para o meio da multidão.
Where'd you go?
I miss you so,
Seems like it's been forever,
That you've been gone,
- /Tigre!/- ele ouviu uma voz conhecida falar. Seria Carmem? Mas fazia tanto tempo que não a via. - /É Carmem, você ainda lembra de mim...? Afinal faz tanto tempo!/
Acertou.
- /Claro! Como poderia esquecer?/- ele disse com um sorriso. Ainda lembrava das curvas dela. Impressionantes. - /Por onde você andou?/
- /Pelo mundo...!/- ela disse soando feliz.
Ele não teve sequer tempo para responder, e já tinha outra pessoa falando com ele.
- /Rapaz achei que nem iria notar, mas você faz uma falta tremenda, agora eu sempre pego os piores turnos...!/- disse alguém que ele reconheceu como Galahad Orlov.
- /Galahad, ninguém pode dizer que eu não tentei aliviar a sua vida, já que eu empurrei os turnos noturnos para o Pirralho./- ele devolveu rindo.
- /Foi você! Meu Merlin nunca havia visto o Antony tão zangado na vida. Sabia que você era um bom amigo Tigre!/- ele disse arrancando risadas dos mais próximos. - /E então como tem passado?/
- /Terrivelmente mal, são muitas enfermeiras, e a cama do hospital é de solteiro...!/- ele disse soltando um muxoxo em uma falsa reprovação.
- /Tigre não fale assim! Será que nem doente você se concerta?/- interviu uma nova voz na conversa.
- /Eu estava brincando Katrina, essa parte da minha natureza está perdida em algum lugar.../- ele disse falando com Katrina Bolchovois a namorada de Galahad, que por sinal a qual ele já conhecia de outras conversas e passeios... Mas é claro aquilo não era uma observação conveniente a ser feita.
- /Nem a Raposa te deu jeito?/ - ela perguntou.
Ele sustentou o sorriso no rosto, mesmo que por segundos o mesmo tivesse falhado.
- /Bom, quanto a Ginny, ela não lembra de muita coisa para falar a verdade, é um processo lento. Ela ainda está recobrando a memória, e ela não se dá muito bem com as enfermeiras.../- ele falou brincando, mas era verdade ele sabia que Ginny não gostava de Nay- /A verdade é, eu nunca gostei muito de mulheres vestidas de branco./- ele completou. – /Desculpe, se você estiver vestindo branco Katrina./
- / Não se preocupe não estou./
- /Tigre!/- ele ouviu a voz de Bea se sobrepor as várias outras.
- /Bea? Onde você está?/- ele perguntou.
O burburinho estava cada vez maior e aquilo estava o deixando confuso, já que a voz era um elemento decisivo para ele identificar as pessoas, e ele não estava conseguindo ouvir direito. Ralhou consigo mesmo, ele teria que se acostumar, ou jamais conseguiria viver normalmente, teria que aguçar mais ainda os ouvidos.
Ele concentrou-se tentando achá-la no meio das pessoas que conversavam, mas antes que pudesse vencer a leve dor de cabeça ela já havia tomado sua mão nas suas, e lhe dado um abraço.
Beatrice evitou com todas as formas olhar para Andrei, afinal os dois não estavam se dando muito bem, e ela ainda sentia-se um tanto quanto magoada.
- /Então o que está achando?/- ela perguntou diretamente ao amigo um tanto quanto tensa pela presença do outro, mais ainda assim decidida a ignorá-lo um pouco mais, quem sabe falaria com ele casualmente mais tarde.
- /Maravilhoso!/- ele disse notando a tensão da voz da amiga, concentrando-se ao máximo do tom da sua voz. - /Sabia que vocês estavam armando alguma coisa. Tinha que ter dedo seu nesta história./
Era impressão dele ou a amiga estava ignorando Andrei?
- /Não me diga que você percebeu!/
- /Quase. Eu só não sabia que seria toda essa recepção./- ele disse.
- /Seu estraga prazeres!/- ela disse lhe dano um leve tapa no ombro soando levemente indignada mas ainda assim conservando a tom tenso.
- /Culpe o Leo./
- /Sabia que eu deveria ter ido no lugar dele.../- ela disse com um muxoxo de arrependimento.
- /Eu também me ofereci, mas Leo é uma pessoa delicada e ofendeu-se com a idéia. E por falar nisso, boa tarde para você também Beatrice./- disse Andrei seco.
Bom o clima entre os dois realmente não era dos melhores, realmente o casal Hollywood (não declarado) do grupo estava brigado pela primeira vez. Era estranho vê-los assim. Ele teria uma conversa com os dois quem sabe mais tarde.
- /Boa tarde Andrei./- ela respondeu, puxando o Tigre pela mão e o conduzindo para cumprimentar outras pessoas.
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A ruiva ainda não conseguia acreditar que ela conhecia tanta gente assim, já cumprimentara no mínimo umas 90 pessoas, e parecia haver sempre mais gente. No momento atual ela estava conversando com uma mulher chamada Tonks, muitíssimo simpática por sinal, que era um auror inglesa, e que a conhecia desde os tempos de escola.
A metamorfoga conseguia mudar sua aparência livremente, e Ginny estava encantada com o fato, embora a cada momento uma nova pessoa queria abraçá-la e apertar sua mão ela se sentia um pouco sem graça por não reconhecê-las, mas todos estavam reagindo muito bem. Compreensivos seria a palavra ideal.
- /Raposa! Que bom ver que você está ok!/- disse uma mulher logo à frente.
Ela pediu licença a Tonks para ir até onde a outra mulher a chamava.
- /Oi eu sou Lya Troviinskya, da seção de criaturas mágicas, nós nos conhecemos, aqui no trabalho, quando você precisou de alguma ajuda com um bruxo perigoso que estava criando Quimeras assassinas.Desde então temos feito algumas parcerias./
- /Nossa, Quimeras!/- ela disse um tanto quanto admirada, Quimeras eram bichos perigosos, bem raros.
- /Logo antes de você tirar férias, tivemos um caso de experiências encontradas pelas Sombras que tentou cruzar dragões e esfinges, daria uma combinação espantosamente perigosa, se não tivéssemos intervindo./-comentou a mulher.
Lya era baixa, dos cabelos muito loiros, e a pele muito clara, tinha os olhos claros simpáticos, um sorriso alegre, e em alguns pontos das mãos tinha leves cicatrizes, as quais a ruiva nem queria imaginar como haviam sido obtidas. Certamente algum trasgo montanhês, ou qualquer coisa do gênero, quem sabe um acromântula.
-/Não consigo imaginar para que alguém faria uma barbaridade destas...?/
- /Algumas vezes esses fanáticos tem a brilhante idéia de usar os animais como armas./-esclareceu Lya.
- /Realmente são combinações um tanto mortíferas./
Lya sorriu.
- /Então como tem sido os últimos meses?/
- /Os mais confusos possíveis Lya, a cada dia uma descoberta inesperada, mas hoje eu estou batendo o recorde. Nunca imaginei que conhecesse tantas pessoas./
- /Posso imaginar... E você realmente conhece bastante gente mesmo Raposa, você e o Tigre são a dupla de ouro do Ivanovitch. Acho que todos no ministério devem ter ouvido falar dos dois./
-/É muita informação.../- a ruiva suspirou feliz e empolgada o que arrancou algumas risadas de Lya.
- /Não se preocupe você sempre foi bem ágil, não demora muito e estará lembrando de tudo. Nem vai mais se lembrar que um dia não se lembrou./
As duas sorriram um pouco então Harry acenou para Ginny de longe. Ela reconheceu aqueles olhos verdes vivos e os cabelos negros imediatamente. Ela não pôde acreditar! Ele também estava ali. Riu feliz!
Pediu licença a Lya, e foi na direção dele parando é claro para cumprimentar mais algumas pessoas durante o trajeto.
- /Harry que bom que você está aqui!/
- /Venha Ginny está quase na hora!/- ele disse abraçando-a e em seguida a puxando pela mão.
- /Na hora do que?/- ela perguntou, mais surpresas? Aquele dia iria entrar para a história, deveria havia algo assim no livro dos recordes, aquele certamente teria o pódio.
Então ela viu Ivanovitch com a varinha apontada para a garganta amplificando a voz de modo a ser ouvido por todos e assim atrais as devidas atenções.
- /Bom, como não sou bom de cerimônias devo ser breve, até porque a curandeira Seleena foi rígida com o horário em que os dois devem retornar ao hospital. Grande parte do ministério da Magia Russo está aqui reunido no quartel general dos aurores, por que toda a comunidade bruxa lhes é grata direta ou indiretamente. O trabalho memorável de vocês e de todos os aurores deste ministério permite que hoje possamos respirar e dormir tranqüilos./- Ela teve a impressão de ouvir Antony dizer algo como “Fale por você, eu não durmo já faz algum tempo! E bom realmente isso foi trabalho do Tigre, se hoje eu tenho olheiras a culpa é toda dele.”
Abafou o riso e continuou a ouvir, sem deixar de perceber a cara feia que o chefe direcionou ao mais novo dos Malfoy.
- /Então tudo que queremos dizer é obrigado pelo seu esforço e sacrifícios. Creio que isso pertença a vocês./- ele disse entregando a cada um uma pequena estatueta de um bruxo que segurava a varinha apontada para frente. - /Ordem de Merlin primeira classe./
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