Capítulo 7
Cap.7 Home Sweet Home, At Last
Aquela semana se passou com a leve brisa de verão a temperatura ficava cada vez mais agradável com a chegada do verão, e o frio menos rigoroso, podia-se observar os delicados pingentes de gelo derretendo-se sob a luz cálida de um sol revigorado. Nada de sol esfuziante, apenas a esperança de dias melhores que se espalhava pelas ruas e vielas, pelas antigas construções e penetrava o aço prateado e vidro espelhado das construções modernas.
O tempo passava imponente pelas paredes do hospital roubando os segundos sofridos de cada pessoa dentro daquelas paredes, como um Lord a quem todos obedecem e se curvam em reverência ao seu poder absoluto sobre todos. As três últimas semanas haviam sido as mais rápidas que haviam passado dentro daquelas paredes tão iguais, cheias de acontecimentos.
Vega Malfoy havia chegado e modificado totalmente a suas rotinas, Jack aproveitava cada momento livre para treinar Antony que havia se provado um exímio aprendiz em duelos. Já faziam três semanas que eles estavam treinando sem descanso, e ele poderia sentir que Antony estava muito mais fugaz, atento e menos “pirralho”. O Tigre podia se dar por satisfeito, Antony não só sempre o derrotara várias vezes como lhe deixara várias escoriações as quais os dois tinha muita dificuldade em esconder de Vega.
Mas Jack queria que ele se esforçasse mais, afinal derrotá-lo não era um grande feito já que ele estava cego e seus reflexos apesar de terem melhorado bastante com o treinamento do irmão ainda estava enferrujados depois de tanto tempo no hospital, e mesmo assim, a visão era quase insubstituível.
Ele e Antony duelavam por horas a fio agora, e ele já não brigava com o Pirralho por isso, afinal ele também havia feito progressos, seus reflexos estavam melhorando com o passar dos treinos, ele poderia ouvir o menor farfalhar que fosse dos feitiços e identificar a direção em que eles ricocheteavam em segundos. Sua mira tinha melhorado bastante, ele já conseguia atingir o oponente mais ou menos no lugar em que desejava, mas ele estava investindo em sua audição, identificando os pontos fracos do oponente, uma respiração ofegante, passos incertos, deslocamentos de ar, indicavam o que ele deveria atacar e onde seu oponente estava fragilizado. Ele se focava nisso e poderia perceber a melhora que havia feito, mas nada poderia ser comparado ainda com o seu desempenho antigo. Ele iria persistir.
Afinal era uma forma de passar o tempo naquele lugar que ele tanto odiava.
Para Ginny aquela também havia sido uma semana agitada, seu pai tivera que ir embora há três dias atrás pois não podia se ausentar todo aquele tempo do seu trabalho, e seu tempo já havia se esgotado, Molly estivera dividida entre ir com o marido e deixar a filha ou ficar coma filha e deixar o marido.
Mas no fim das contas Ginny conseguiu convencer a matriarca Weasley de que ela ficaria bem, seus irmãos estariam com ela, com exceção de Charlie e Bill que tiveram que voltar ao trabalho novamente. Toda uma correria em fazer malas e dar as últimas lembranças, o drama que Molly sempre fazia com os filhos, e então eles voltaram à Inglaterra. O quarto de hospital onde a ruiva se encontrava agora parecia até vazio.
Fred e George haviam descoberto, uma loja de logros na parte bruxa da cidade, e trouxeram várias coisas extraordinárias, mas Pirralho, o mini pufe, é quem realmente se divertia com elas. Havia uma máquina estranha composta por dois barris que transformava o que quer que se colocasse lá dentro em vodka pura, um travesseiro com dentes, um colar magníficos de rubis falsos que enganaria até o mais perito joalheiro, mas que se desfazia em dez anos, pergaminhos que se grudavam em qualquer coisa, obras de arte que se transformavam na paisagem ou retrato do que quer que se ordenasse... As mais diversas coisas.
Tudo que ela não havia feito naquelas últimas três semanas havia sido falar com Jack e Antony. Andrei e Leo haviam visitado-a na semana passada, assim como há três dias junto com Bea. Mas nada de Antony e Jack.
A última vez que haviam se visto havia sido no dia em que Harry invadira o quarto dos Malfoy para brigar com Jack por ter deixado que Ginny saísse do hospital. Por algum motivo ainda desconhecido por ela os dois se detestavam, o que era realmente uma pena, porque ela gostava de ambos, e realmente queria que eles se dessem bem, não via porque não poderiam ser grandes amigos. Mas para Jack e Harry pareciam haver motivos de sobra.
Depois de toda aquela confusão Ginny havia ficado magoada com Harry, mas já estava tudo bem entre os dois, ela simplesmente havia chegado a conclusão que Harry se preocupava demais com ela.
FLASHBACK
- Ginny espere!- ele gritou vendo os cabelos ruivos esvoaçarem nas costas dela enquanto ela se locomovia a passos firmes pelo corredor em direção ao seu quarto.
Isso era tudo culpa do Malfoy, aquele idiota! Agora ela deveria estar furiosa, aquela era para ter sido uma conversa particular.- Ginny! Escute...!- ele disse chegando a tempo de impedi-la de bater a porta no seu nariz.
- Harry, eu quero que saia daqui agora...- ela disse sem olhá-lo no rosto, estava transtornada demais, não conseguia acreditar ele havia ido no quarto de Jack para insultá-lo por algo que ele sequer tinha culpa. E o principal, ela havia confiado a história a ele!
-Ginny me escute, eu fiquei preocupado...
- Você ficou preocupado com o que, eu saí e você nem sabia. Como poderia ter ficado preocupado?! Afinal de contas não aconteceu nada comigo.
- Preocupado em você fazer isso novamente, e aquele imbecil deixar!- ele explodiu, segurando-a pelo braço.
Uma onda de fúria subiu pelo estômago da ruiva e ela deus uma safanão em Harry que o fez largar o seu braço de uma vez, ela acertou um tapa no rosto dele, e em dois segundos a face esquerda de Harry estava vermelha e formigando terrivelmente sob a ardência dos seus cinco dedos. Havia sido mais forte que ela, seus olhos faiscavam, e ele desconheceu a pessoa que estava na sua frente, aquela não era Ginny Weasley que ele conheceu, que ele beijou, pela qual ele se apaixonou, a qual ele amava.
- Não se atreva a falar assim dele! Jack não teve absolutamente culpa alguma, eu o convenci, eu insisti para que ele fosse comigo, se ele não fosse eu iria sozinha! – ela falou com a voz sufocada na garganta e trêmula de raiva.
O homem na sua frente parecia sem reação, os olhos verdes que atraiam os seus quando estava sós, estavam escuros e misteriosos. Ela não gostou de vê-lo assim então lhe deu as costas.
- Como você pôde Harry! Eu confiei em você contando tudo que havia acontecido, achei que ficaria feliz por eu poder alguma vez me sentir em casa novamente! E você me trai pelas costas...!
- Eu não a traí!- ele retomou a voz novamente.
- Sinto lhe informar, mas eu ainda tenho um conceito pra traição, ele não se esvaiu com a minha memória e ao contrário do que o senhor pensa eu ainda tenho algum juízo.- ela falou deixando sua mágoa transparecer pela voz.
- Eu não acho que tenha perdido o juízo!
- Acha que não sei o que é melhor para mim!- ela disse bruscamente.
- Não e nada disso!- ele tentou protestar.
Ela se virou para ele.
- Escute aqui Harry, eu não sou uma bonequinha de porcelana encerada em uma redoma de vidro construída por todos vocês! Eu perdi a memória, mas aqui vai uma novidade pra vocês eu não vou conseguir recuperá-la nunca se vocês quiserem me montar! Eu não sou um jogo um quebra cabeça que alguém pode ver qual parte combina mais com a outra e simplesmente encaixa! Estou de saco cheio de ser quem eu não gosto de ser, de cada ato meu ser controlado por alguém, eu não sou uma criança, não sou doente mental!
- Ginny ninguém disse isso de você... - ele falou abismado.
- É o que todos pensam, Molly evitando falar coisas perto de mim, e supervisionando minha comida, Rony todo minuto falando sobre as coisas como se eu fosse um recém nascido que tivesse que ser reeducada, você me tratando como se soubesse de tudo que eu gosto, de tudo que eu preciso, como se soubesse quem eu sou!
- Eu sei quem, você é! Você é Ginny Weasley!
- Bom, deixe-me contar-lhe uma novidade aqui meu nome é Raposa!
- O que você quer dizer com isso?- ele interrogou receoso.
- Como você pode saber quem sou eu se eu sou a Raposa ou a Ginny Weasley? Como você pode ter certeza que eu sou Ginny Weasley se aqui eu sou a Raposa?! Qual é a melhor a Ginny montadinha, delicada, que ganha presentes de natal especiais, que tem uma família enorme, que é protegida por todos eles. Ou a Raposa, que mora na Rússia, que é uma auror, que tem muitos amigos, mas nenhuma família por perto, que corre, que ninguém pode prender, que é amiga do Tigre... Que tem uma vida totalmente diferente do que todos vocês dizem que eu sou. Como você pode decidir entre o Anjo ou o Demônio? Como você pode se nem eu mesma sei o que sou, sei o que sinto?- as lágrimas escorriam pelo seu rosto sem a sua licença, ela não queria chorar não na frente dele, mas aquela agonia no canto dos olhos tornava sua vontade inválida, se tornava uma necessidade. Suas pernas pareciam não agüentá-la, e de repente ela parecia tão cansada. Seus joelhos cederam e ela escorregou lentamente de costas para a parede se permitindo abraçar os joelhos e apenas permanecer ali.
Harry fora rapidamente ao seu encontro, e ela não teve forças para argumentar quando ele lhe pegou no colo e a levou até a cama a deixando deitada, ele se dirigiu até a porta.
- Me desculpe Ginny, eu acho que quis proteger você de viver, ou ao menos de viver a vida que eu não queria que você vivesse, - ele falou sua voz não passava de um sussurro morto e derrotado – o único problema é que eu amo você, mesmo você sendo o anjo e o demônio. Nós todos amamos você. – ele acrescentou desviando os olhos dos dela. E fechando a porta atrás de si.
Ela passou o resto do dia encerrada em seu quarto, se permitiu chorar tudo que tinha entalado no peito, a raiva de estar no hospital, a frustração de não reconhecer sequer um rosto, e a saudade de algo que ela nem sequer sabia que um dia havia existido. Afinal ela não conseguia lembrar...
THE GHOST OF YOU
FIM DO FLASHBACK
Agora ela simplesmente jazia pensativa e solitária no seu quarto, enquanto Pirralho brincava com a máquina de fazer vodka sujando todo o chão aos pés da cama.
Ela decidiu que iria visitá-lo, de uma vez por todas e descobrir porque ela havia sido deixada de lado, por algum motivo aquele pensamento lhe trouxe leves sensações de mal estar que ela identificou como náuseas... Pegou uma capa qualquer no cabide, não era mais preciso longos sobretudo de pele, não fazia mais quase frio, e atualmente ela já se permitia até a sentir um calorzinho ao meio dia. Olhou para Pirralho no chão, fazia tempo que ele também não via Jack, então pegou-o no colo junto com o seu brinquedo e os dois seguiram pelo corredor.
Não demorou muito para ela chegar ao quarto do Tigre, ela pode perceber que o local estava silencioso, muito silencioso. Não dava para ouvir o barulho de conversas, ou qualquer voz, não se ouvia sequer o vento assoviando pelas frestas da janela, ou os passos de Antony ou Jack pelo chão encarpetado. Parecia terrivelmente com um feitiço abafador, ou um feitiço silenciador, ela sabia que era, mesmo que não soubesse o como.
Bateu na porta, ninguém respondeu nada, então um arrepio percorreu a sua nuca em excitação, ela abriu devagar a porta, então barulhos de coisas explodindo, raios e feitiços invadiram seus ouvidos. Ela se assustou de imediato com o que viu, Antony e Jack estavam tomados no meio de um duelo espetacular, e implacável, os dois pareciam ferozes inimigos, a mira de Antony era perfeita, mas Jack fazia contorcionismos para evitar ser atingido usando vários objetos como escudo, e atacava com alguma precisão, mesmo que sua mira fosse um tanto falha, mas mesmo assim muito boa para alguém cego. Ela estava paralisada no meio do duelo, não entendia como Jack conseguia ter alguma mira e se perguntou como ele saberia para onde estava lançando seus feitiços e maldições. Então ela se moveu para perto dele, e mais do que rápido ele se virou na sua direção e uma maldição veio zunindo pelo ar na direção da sua cabeça, ela se abaixou e foi por pouco.
Suas respiração estava ofegante com o susto.
- Raposa!-gritou Antony.
Jack parou imediatamente de lançar feitiços e todo o tipo de maldições e raios naquela direção, quando ou ouviu a voz do irmão soar a alguns metros na direção oposta a qual ele estava mirando. Sua mente raciocinou quase na velocidade da luz: se Antony não estava naquele local, então a única pessoa que poderia estar lá...
- Ginny!- ele falou andando apressado até ela uma expressão preocupada enrugava o seu cenho sem piedade alguma.- /Você está bem?! Por Merlin você está bem/
- /Está tudo bem, eu consegui desviar por pouco.../- ela falou ainda não acreditando no que via, então flashs percorreram seus olhos na rapidez de um foguete:
Uma rua que estava lotada de desespero, pessoas chorando, pessoas gritando, muitos feitiços, explosões... Um calor esfuziante, muita areia, um estrondo e a parede ao seu lado tem um buraco admirável um pensamento sobressaiu-se em sua mente “Belo feitiço explosivo...!” e de repente ela já estava lançar maldições na direção oposta mirando pelo buraco.
Ela pareceu aterrissar com impacto no chão do hospital, a respiração ofegante como se houvesse corrido uma maratona, ou melhor como se ela realmente tivesse acabado de chegar daqueles lugares, como se ela tivesse realmente vivido aquelas cenas.
- /Ginny responda! O que está acontecendo...!?Seleena!/ - gritava Jack sacudindo-a, e sua voz demonstrava um tantinho de desespero reprimido no tom.
- /Eu vou chamar um curandeiro!/- disse Antony indo em direção à porta.
- /Não!/- ela finalmente se manifestou, seu tom de voz firme e decidido. Um sorriso se formava eu seus olhos e aos poucos desceu até seus lábios, um entusiasmo impressionante tomou conta de seu estômago que já não era mais seu afinal, aquela sensação de frio na barriga não era sua conhecida, mas ela lembrava perfeitamente dela.
Ela lembrava!
- /Jack eu lembrei!/- lá disse sua voz não passava de um sussurro qualquer quase inaudível
- /Você... Você... Você o que?/- ele perguntou e afastando receoso dela, imaginando ter ouvido errado, ou simplesmente não ter associado a frase dita pelos lábios trêmulos da ruiva.
- /Eu lembrei.../- ela repetiu como quem saboreia as palavras, e experimenta dizê-las pela primeira vez.
- /Raposa o que você está querendo dizer é que você lembrou, lembrou de tudo?!/- perguntou Antony ansioso.
- /Não./- ela falou com sua voz soando normal ao seus ouvidos.
- /Do que você lembrou... Exatamente?/- perguntou Jack, seu coração batia em descompasso, e ele sentia como se estivesse prestes a enfartar, sua respiração saia em arquejos, mas sua necessidade de oxigênio parecia simplesmente não estar saciada, ele sentia-se afogar num mar sem água alguma. Uma pontada forte, o fez libertar um pensamento e ascender uma leve chama de esperança, o que ela teria lembrado? Será que ela teria lembrado dele? Teria a ruiva lembrado deles?
Nada pareceu demorar tanto quanto a reposta que veio daqueles lábios invisíveis a seus olhos e totalmente visíveis a sua mente. Pareceram séculos, eras, uma espera tortuosa que a cada minuto parecia sufocá-lo com suas mãos tão sólidas e inexistentes. A ansiedade a devorá-lo impiedosamente pro dentro, a quase iminente decepção espremida contra parede de um quarto qualquer em sua mente acelerada. Nunca havia ansiado tanto na vida por algo, não ao menos que ele pudesse se lembrar.
- /Uma rua, uma rua cheia de pessoas gritando, e feitiços ricocheteando a todos os lados, uma sacada desabando... Depois areia, muita areia, e um calor sufocante, e eu, eu lembrei de mim! Era eu ali lançando feitiços e explodindo paredes./- ela aprecia impressionada consigo mesma, como se houvesse recebido a visita de um deus ou anjo.
Seu sorriso parecia emanar algo que não emanava a muito tempo, pela primeira vez desde que acordara naquele hospital ela parecia sorrir de verdade.
- /A parte de área e calor poderia ser o Marrocos./- disse Antony, ao seu lado. - /Nada mais relacionado a isso?/
- /Não./
- /Essa rua da qual você falou, você reconheceu essa rua?/- perguntou Jack delicadamente.
- /Não sei.../- ela disse parando para pensar - /A sensação era de que eu morava lá, mas não tenho certeza./
- /Eu tenho./- ele falou sorrindo para ela. - /Você mora lá. Esse foi o dia em que as Sombras atacaram a nossa rua./
- /Sombras? Não foi eliminá-las, nossa missão, na qual aconteceu o acidente que nos deixou assim? Fomos atacados por uma dessas pessoas, não foi isso que você me disse?/- ela o interrogou ávida por uma confirmação urgente.
- /Essas mesmas./- falou Antony. - /Raposa isso é incrível! Você está melhorando! Quem sabe com essas memórias venham muitas outras./- ele continuou otimista.
- /Quem sabe.../- ela falando e não conseguindo deixar de ter pequenas faíscas incandescentes de esperança.
- /Seleena precisa ficar sabendo disso./- disse Jack feliz por ela.
Os outros dois concordaram com a cabeça, todos estavam emudecidos pela magnitude do que havia acabado de acontecer, e mesmo as esperanças do Tigre terem sido de fato parcialmente frustradas, algo havia sido reascendido em seu peito. Talvez aquilo fossem sinais de novos tempos, e ele até sentia como se aquele hospital não fosse tão ruim como ele havia imaginado todas aquelas semanas encerradas ali dentro.
Suas atenções estavam todas distraídas quando um barulho semelhante a um pequeno arroto e um baque quase inaudível soaram. Ginny desviou por milésimos de segundos os olhos para a direção do som e assim sua atenção.
- Pirrralho!- ela gritou ao olhar o mini pufe lilás desacordado ao lado da máquina de fazer vodka.
Os curandeiros foram chamados e o mini pufe reanimado de seu coma alcoólico, ele havia bebido vodka demais. Seleena não sabia se ria ou se ficava brava com os dois, se não fosse trágica a situação seria cômica, ela era chamada com emergência para tirar um bichinho que ela sequer havia visto a vida do coma alcoólico, realmente aquilo só poderia ser coisa do Tigre e da Raposa. Ultimamente, ela havia notado alguma melhora em ambos, Jack é claro era um caso mais difícil, a quantidade de poção para animar que ele havia tomado, estava impregnada em seu corpo, em seu sangue e bloqueava o efeito de qualquer outro remédio.
Era somente por isso que ela o mantinha ali. Caso contrário ele poderia estar tomando os medicamentos em casa com uma enfermeira ou ele mesmo se conseguisse lembrar os horários, o que ela duvidava, mas de qualquer forma nenhuma de suas enfermeiras se oporia a este trabalho. Ele era terrível.
Notícias boas haviam chegado a ela nos três dias passados, a Raposa estava tendo flashes do passado. Isso era realmente muito bom, pois o estado dela era imprevisível, já que ninguém poderia saber se ela recuperaria a memória toda algum dia, ela poderia recuperar só partes, assim como poderia recuperá-la toda. Ela achava que haviam grandes chances de ela ficar boa mesmo que demorasse, o tempo que ela levaria para uma recuperação mesmo parcial era impossível de ser previsto também, poderia vir tudo de uma vez, ou simplesmente poderia demorar anos... Mesmo assim a notícia de que ela começara a se lembrar de coisas esparsas já era um progresso muito grande. Um ótimo sinal.
Seleena vinha pensando cada vez mais no que Antony lhe propôs a alguns dias, e como ele prometera não havia contado nada ao irmão. Deixar que Jack e a Raposa fizessem um passeio, de preferência em suas casas, ela fora contra de imediato, essa seria a oportunidade perfeita que Jack precisaria para arranjar alguma confusão. Ele poderia tentar fugir, ou aprontar alguma. Ela tinha suas suspeitas de que ele já havia realizado tentativas, só não sabia se estas tinham sido bem sucedidas ou não.
Mas agora que ela parava para pensar direito poderia ser algo que fizesse bem para ele, ela temia que tivesse que recorrer para uma desintoxicação mágica, com Jack, esse era um processo doloroso e sofrido que ela raramente tinha que usar, mas ainda assim não era garantia de que ele voltasse a enxergar com o tratamento depois de uma desintoxicação, mas por si só já aumentava as chances dele. Ela tinha esperança nele, algo lhe dizia que o Tigre não era uma presa fácil de ser derrubada. Ele ainda iria lutar para voltar.
Mas ela era uma curandeira, não poderia confiar a saúde de seus pacientes em suas esperanças, então talvez servisse como uma readaptação para ele, sentir como é o mundo lá fora agora na sua nova condição. Talvez Antony estivesse certo.
No caso de Ginny, agora ela via grande importância nisto, ela precisava entrar em contato com a sua antiga vida, com os objetos que marcaram seu dia a dia, com as lembranças da antiga Ginny Weasley. Por isso ela considerara uma boa alternativa ela voltar à Inglaterra com seus parentes quando melhorasse, e assim como Jack tomar seus medicamentos em casa, mas achava muito cedo para ela se ausentar de seus cuidados. Por isso uma ida ao seu antigo apartamento seria de bom início.
Quem sabe algo mais. Ivanovitch havia comentado algo sobre uma cerimônia de condecoração para os dois, o mais rápido possível, disse para alertá-lo assim que os dois pudessem deixar o hospital nem que fosse por algumas horas.
Talvez fosse hora para isso. Ela acreditava que isso os deixaria felizes, sorriu consigo mesma e rumou para o quarto do senhor Malfoy.
The lights go out and I can't be saved
Tides that I tried to swim against
Have brought me down upon my knees
Oh I beg, I beg and I plead
Singing
Come out of the things unsaid
Shoot an apple off my head
And a trouble that can't be named
A tiger's waiting to be tamed
Singing
A Mãe dos dois se encontrava sentada na cabeceira da cama passando a mão lentamente pelos cabelos do filho, nunca havia visto a mãe dos dois até o dia em que ela irrompera pelo hospital a dentro, exalando intransigência e elegância, desesperada pelo filho. Mas ela entendia, um filho poderia virar a cabeça de qualquer mãe. Antony pelo visto não estava presente, deveria estar trabalhando, em seu lugar estavam Andrei e Leo.
- /Bom dia Tigre./- disse ela com um sorriso nos lábios.
- /Bom dia Seleena, a que devo a honra de sua visita? Não creio que esteja na hora do meu remédio ainda, estou certo?/
- /Está querido não é hora do seu remédio ainda./- falou sua mãe.
- /Bom dia Sra. Malfoy, Bom dia Andrei e Leo./
- /Bom dia./- responderam todos ainda que já fosse quase hora do almoço.
- /Estávamos quase que com saudades de você Seleena./- brincou Leo.
- /Realmente tivemos que fazer uma pequena viagem e chegamos a pouco tempo./- explicou Andrei.
- /Sabe é difícil achar enfermeiras assim tão sexy como você hoje em dia/- disse Leo lhe dirigindo uma piscadela.
Não se deu o trabalho de corar com aquela observação.
- /Será que nem na presença da mãe do seu amigo você mede suas palavras?/- foi tudo que ela disse, com um sorriso no canto dos lábios.
- /Perdoe este trago minha mãe, ele não fez por mal, é que lhe faltam alguns neurônios, sabe? Complicações do parto./- falou Jack.
- /Muito engraçado Tigre./- desdenhou Leo. - /Desculpe Sra. Malfoy./
- /Não se preocupe, eu criei meus dois filhos, e bem, vocês já sabem como os dois são, pode-se dizer que já estou acostumada a ouvir este tipo de impropérios./- ela disse,
arrancando risos dos outros e da curandeira.
- /Mas devo anunciar que infelizmente minha visita ao Tigre não, possui fins sentimentais./
- /Você destruiu minhas esperanças Selly!/- ele falou lhe inventando apelido que sabia que ela iria detestar.
- /Embora seja um notícia da qual creio que o Senhor irá gostar Tigre./
- /Por favor, somos todos ouvidos./- disse Andrei, agora já curioso.
-/Eu pensei bem, cheguei a conclusão de que um passeio fará muito bem a você e à Raposa./
Silêncio.
- /O que você quer dizer com “um passeio”/- ele perguntou serio.
- /Uma ida ao seu apartamento,um almoço fora e uma ida rápida ao ministério quem sabe./- ela sugeriu sorrindo como quem sabe das coisas.- /Nada muito extravagante, se é que você me entende./
- /Você quer dizer que tenho permissão para sair do hospital?/- ele perguntou incrédulo.
Ela se permitiu aumentar o sorriso diante da cara incrédula e feliz que começava a se formar na face do homem a sua frente.
- /Desde que se comprometa em voltar e tenha uma companhia, o que eu creio que não seja problema, o Senhor e a Srta. Weasley tem permissão para ir./- ela falou.- /Mas entenderei perfeitamente se não quiser ir ou preferir ficar por aqui./
- /Não mesmo!Me diga a hora em que poderei sair e você me terá fora daqui antes que imagina./- ele falou gargalhando de felicidade.
- /Viu Tigre, a gente te falou que não demoraria e você estaria fora daqui novamente!/- comemorou Andrei.
- /Vamos com calma Andrei. Eu quero o Sr. Malfoy de volta aqui no máximo até as sete da noite ele tem horário certo para a sua medicação./- ela adverteu.
- /Quando a gente pode sair?/- perguntou Jack sentando-se na cama.
- /Assim que eu comunicar a Raposa e você estiver pronto, creio que irá apreciar a presença dela se ela for junto, não?/
- /Isso não é nem pergunta que se faça./- sorriu Leo.
- /Finalmente irei conhecer a tão falada Raposa./- falou Vega sorrindo ao ver o filho alegre como não o via a tempos.
- /Agora se me dão licença, tenho que dar as boas novas a minha outra paciente./- e dizendo isso Seleena os deixou comemorando as notícias no quarto, ela tinha que enviar uma coruja a Ivanovitch avisando que o Tigre e Raposa iria passar pelo ministério por esta tarde.
You are
You are
Quando voltava da ala das corujas encontrou sua paciente no meio do corredor cruzando seu caminho.
- /Muito bem Srta. Weasley, vejo que já está se sentindo melhor./
- /Na minha opinião Seleena eu estaria fora do hospital./- ela falou sorrindo bem disposta.
- /Ainda bem para você Raposa, não é você quem decide isso./- devolveu a curandeira sorrindo.
- /Eu estava indo fazer uma visita ao Jack./- ela explicou-se.
- /É mesmo? O seu amigo o Sr. Potter não apareceu por aqui hoje.?/
-/Não, o Harry deve chegar só depois do almoço, ele não dormiu essa noite toda, ficou acordado o tempo todo./- ela disse.
-/Bom se eu fosse você eu acho que lhe mandaria uma coruja para que ele viesse um pouco mais tarde./- disse a Seleena com um sorriso misterioso no rosto.
- /Se a intenção era me deixar curiosa você conseguiu Seleena./
- /Bom saber./- ela falou impassível apenas aquele sorriso que brincava em seus lábios e fazia a ruiva sentir um formigamento no estômago havida por saber o que a aguardava.
- /Vamos diga logo, não me deixe nessa tensão. É algo bom não é?/
- /O que você acha?/- brincou a loira um pouco mais se divertindo em ver os olhos brilhantes e castanhos cheios de expectativas.
- /Espero que seja bom./
- /Continue seu caminho logo saberá./- disse a outra.
-/Você não fará essa maldade. Não me deixará me roendo de curiosidade./
-/Porque privar o Tigre de lhe contar as novidades?/
A ruiva não esperou mais nenhuma palavra sequer e saiu em uma corrida desabalada até o quarto de Jack seu coração palpitando pelas respostas, algo lhe dizia que seriam boas, que algo poderia mudar tudo.
- /Jack!/- ela irrompeu na sala como um furacão rubro assustando todos que estavam por lá.
Todos no recinto pareceram olhar para ela, Andrei e Leo estavam presentes, Andrei com uma expressão surpresa em vê-la ali, e Leo com aquele sorrisinho zombeteiro e divertido em vê-la. Ela não os via há algum tempo, e de repente parecia séculos sem vê-los. Ela sorriu radiante para os dois, os cabelos bagunçados pela corrida, as maçãs do rosto afogueadas pelo esforço de correr até ali, mas olhos alegre e os sorriso bonito e disposto. A curiosidade era latente em sua mente, mas a surpresa em ver os amigos era imensamente mais agradável e intensa.
Quando estava prestes a abraçá-los, notou mais alguém sentada em uma poltrona ao lado, uma mulher de pose formal que a fitava com leve interesse e curiosidade, o seu olhar era severo, e seus olhos azuis escuro, o rosto palidamente elegante, e os cabelos presos em um coque, bem feito. Trajava roupas um tanto pesadas para a época, o que lhe dizia que ela não era de lá, em seu pescoço uma fina corrente de prata com um pingente em forma de gota, era um brilhante, denunciava seu status social elevado.
Ginny corou imensamente ao ver a senhora encarando-a abaixou os olhos de imediato. Sua euforia interna sendo abafada sentindo-se uma idiota mal educada.
- /Raposa quando tempo!/- disse Leo levantando-se da cama do Tigre onde estivera deitado, e indo abraçá-la.
Ginny devolveu-lhe o abraço tímida pelo olhares da senhora desconhecida.
Leo sorriu da reação da ruiva, era divertido ver como aquela mulher tinha o poder de deixar as pessoas sem graça com a sua elegância que exalava por todos os poros.
- /Sentimos sua falta./- disse Andrei também a abraçando, e percebendo a causa da diversão de Leo, apiedou-se da amiga. – Acredito que vocês duas não se conhecem.- ele começou um tentativa de apresentação, mas foi interrompido no ato.
- /Está, minha cara Raposa, é a mãe do seu eterno amor Vega Malfoy./ - disse Leo ainda achando graça.
- /Mãe do Jack...?/- ela perguntou incerta, e desconcertada.
- /Exatamente senhorita, por fim nos conhecemos, meus filhos falam muito de você./
- / Honrada em conhecê-la Sra. Malfoy./- ela falou apertando a mão.
- /Igualmente./- ela disse. - /Meu filho mais velho escolhe muitíssimo bem, e não mentiu uma só vez com relação a sua beleza./ - Ginny corou mais ainda com os elogios.
- /Obrigada Sra. Malfoy./
- /Mas acredito que você tenha vindo aqui para falar com meu filho. Irei chamá-lo para senhorita./-ela falou, então bateu na porta do banheiro.- /Jack!?/
O Tigre respondeu com a voz abafada vinda de dentro do banheiro.
- /Mamãe eu já disse que estou bem!/
- /Não é isso. /- ela respondeu ríspida. - /Você tem visita./
Jack não respondeu, ouviu-se alguns barulhos vindos do interior do banheiro, e depois de alguns minutos a porta se abriu. Ele vestia uma camisa social preta com mangas assim como a calça e parecia estar prestes a ir a algum lugar.
- /Bom dia Ginny.Você já está pronta para irmos?/- ele disse direto.
- /Bom dia para você também, e vamos a algum lugar?/- ela perguntou confusa, e um tanto surpresa por ele saber que era ela.
- /Seleena não lhe contou?/- ele disse para ela.
- /Cruzei com ela no caminho para cá, mas ela apenas fez o favor de me deixar curiosa./
- /Fico feliz em saber que já era sua intenção me visitar,mas o que está querendo me dizer é que ainda não sabe das boas novas?/- ele perguntou soando incrédulo.
- /É o que parece querido, então seja um cavalheiro e conte a ela./- interferiu sua mãe.
- /Exatamente Sra. Malfoy./- ela falou concordando. -/Sua curandeira puxa saco oficial, disse que não queria lhe privar o prazer de me contar tão esperada notícia./- ela disse bufando de curiosidade.
Jack não conteve a gargalhada e passando a toalha nos cabelos de forma displicente para enxugá-los caminhou até a mãe, esta já sabia qual era o pedido mudo do filho e começou a dobrar o punho direito da camisa.
- /Estamos livres por um dia./
- /Como assim?/- ela perguntou não entendendo.
- /O Sr. Malfoy aqui, quis dizer que Seleena autorizou os dois a fazerem um tour pela cidade. Isto é desde que voltem no horário marcado, e estejam acompanhados de alguém responsável./- disse Andrei rindo do sorriso que ia se formando nos lábios da ruiva, e do riso radiante já exposto no rosto do amigo.
- /E estas pessoas seriam eu e o Andrei, aqui./- falou Leo apontando para o outro.
- /Bom então nós já sabemos que nunca sairemos daqui, Seleena especificou alguém responsável./- disse Jack com um meio sorriso.
- /Muito engraçadinho Tigre./- disse Andrei.
- /Vamos sair daqui! Jack vamos poder sair!/- ela disse radiante, e correndo na sua direção para abraçá-lo, ele a girou no ar ouvindo o barulho gostoso da sua risada que pareciam cascatas se derramando sobre pedra. Ultimamente era assim que ele costumava vê-la, e mais uma vez seu coração latejou de leve num misto de frustração e alegria. Era maravilhoso poder vê-la tão feliz como ele não tinha essa oportunidade há mais tempo do que poderia se lembrar, e frustrante não poder vê-la.
Mesmo assim devolveu o sorriso. Hoje também era o seu dia de sorrir.
Cada passo eram quilômetros vencidos, cada segundo até a saída do hospital eram milênios a se passarem na velocidade impressionante de uma lesma manca. Quando sentiu o vento leve e frio no rosto que indicava o início de verão, ele soube teve certeza que estava fora do seu inferno, não conteve um júbilo que abalou seu interior e se exteriorizou com um leve meio sorriso.
- /Eu vou conhecer nossas casas...?/- ela perguntou observando a rua lá fora.
- /Sim./- ele respondeu.
- /Vocês querem ir primeiro nos apartamentos?/- perguntou Leo.
- /Queremos./- disse Ginny ansiosa sem esperar por uma resposta do Tigre, ele sorriu entendendo a ansiedade dela.
- /Então iremos./- disse Andrei - /Tigre você consegue aparatar sozinho, Raposa você vem comigo já que não lembra do local. Vamos aparatar na portaria./
- /Espera ai, para tudo./- disse Leo soando indignado.
- /O que foi Leo?/- perguntou Andrei.
- /Por que a Raposa vai com você? Achei que seu lance era a Bea./
- / Vai se lascar Leo!Você quer levá-la é isso, não tem problema.../- falou Andrei irritado com a menção de Beatrice.
Leo sorriu da irritação do amigo.
- /Vamos parar vocês dois, estamos perdendo tempo!/- ralhou a ruiva.
- /Tudo bem Raposa você vem comigo, eu sempre achei que do grupo eu era quem aparatava melhor./- disse Leo. E segurando a mão dela sumiu no ar.
- /Aquele bastardo./- falou Andrei, para logo a seguir e desaparecer também.
Jack soltou um longo suspiro, estava indo para casa.
E desapareceu também, sem conseguir evitar um leve sorriso nos rosto.
O cheiro conhecido de jasmim invadiu seu nariz sem pedir licença embriagando sua mente com lembranças do que parecia haver se passado séculos atrás. Risos, piadas, olhares, conversas, tapas e muito beliscões, ele parecia poder viver tudo aquilo no cheiro de jasmim que impregnava o ar de forma quase cruel. Ele estava em casa.
Na porta do prédio havia um pé de jasmim que havia sido plantado ali com um feitiço que fazia com que o seu cheiro mantesse os trouxas afastados, Jack adorava o cheiro de Jasmim, era o cheiro do perfume que sua mãe usava quando ele e Antony eram crianças. Ele e a Raposa haviam tantas vezes sentado nos degraus de entrada enquanto o porteiro dormia a sono e roncos soltos. Ele sorriu.
- /Chegamos./- ele falou, indo na direção do cheiro.
Os outros faziam um silêncio sobrenatural, Leo e Andrei não sabiam como agir, parecia ser a primeira vez que estava visitando Jack ou a Raposa. De qualquer forma era estranho vê-lo em qualquer lugar que não fosse o hospital que os dois tanto odiavam.
Ginny, sentia-se como se estivesse em outro mundo sentindo o sol que não pelas janelas do hospital, e olhando a paisagem que outrora lhe fora tão familiar. Sentia um leve formigamento no estômago ao qual ela atribuiu ao fato de estar nervosa. Gostou imensamente da primeira impressão o cheiro de jasmim era maravilhoso, e ela tinha impressão de que passaria horas apenas na portaria sentindo o maravilhosos cheiro que se desprendia da planta.
- /Então vamos?/- perguntou Leo.
A ruiva pareceu ser tirada de um transe profundo quando respondeu.
- /Vamos./-ela segurou a mão de Jack e os dois entraram no prédio.
Confusion that never stops
closing walls and ticking clocks
Gonna
Come back and take you home
I could not stop, that you now know
Singing
Come out upon my seas
Cursed missed opportunities
Am I a part of the cure
Or am I part of the disease
Singing
Escadas intermináveis, Jack contava degrau por degrau, cada um sendo único ao passo de seus pés insensíveis, cada mísero ruído registrado como em uma fotografia, era surreal demais, a primeira vez em séculos que ele pisava em casa, nunca havia voltado para casa tão diferente.
Então todos param, eles haviam chegado.
Não se conteve e empurrou a porta que rangeu com vontade, deu dois passo sentiu o carpete macio, tocou as paredes brancas, adentrou o cômodo e sentiu as grossas cortinas de veludo estrangulando a claridade como se o sol lá fora fosse devastador. Seus olhos arderam, ele reconheceu cada pedaço, cada mínimo detalhe daquele apartamento. Não esbarrou em nada, tocou no quadro que sabia estar lá, na moldura de vidro do certificado de 1ª Ordem que ganhara a alguns anos do ministério pela captura de um bruxo das trevas um tanto rebelde.
Sua voz perdeu-se na garganta, ele jogou-se em sua poltrona preferida de verde lodo, tantas vezes... Deixou-se sufocar pelo mar de lembranças que insistia em afogar e tomar-lhe sua alma para si.
You are, you are
You are, you are
You are, you are
You are, you are
- /Este lugar é fantástico!/- disse Ginny em um fiapo de voz.- /Eu moro aqui./- ela confirmou para si mesma, com se fosse algo que há muito tempo já sabia.
O Tigre sentiu uma pontada desagradável no peito, ela achava que aquela era sua casa.
- /Ginny você tem certeza do que está dizendo?/- ele falou, soando incerto.
- /Tenho./- ela disse, e enveredou por dentro do apartamento. Percorreu o corredor do quarto de hospedes.
Chegou ao quarto no fim do estreito corredor, tocou na maçaneta prateada, e foi como se apertasse um botão
Ela estava deitada na cama grande de lençóis brancos e cobertas pretas, algo fazia barulho, ela sorriu. Um filme, estava assistindo um filme, olhou para o lado Jack estava ao seu lado, ele sorriu de volta. Estava deitado de forma displicente na cama sorrindo um sorriso maroto. A janela do outro lado do quarto as cortinas negras escancaradas mostravam o céu escuro da noite, as estrelas límpidas mergulhadas no mar negro como pequenas lâmpadas de faróis.
And nothing else compares
Oh! nothing else compares
And nothing else compares
De repente ela não estava mais com insônia, e suas pálpebras estavam tão pesadas, que ela parecia embriagada pelo calor das cobertas, sentia-se segura entre as cobertas, amanhã ela trataria dos problemas, amanhã ela iria para casa, agora ela estava muito cansada.
O cheiro de Hortelã que se desprendia do travesseiro a levou para longe e seus olhos se fecharam antes que ela pudesse desfazer o sorriso em seus lábios.
A sua frente estava a cama, a janela do outro lado do quarto com as mesmas cortinas negras de veludo que pareciam pesar toneladas, o mesmo cheiro de hortelã.
Um frio invadiu sua barriga,e a pergunta saiu de seus lábios antes que ela soubesse o que estava fazendo.
- /Jack, somos casados?!/- ela falou sentindo sue estômago se revirar, era impossível ela ser casada, sabia que jamais esqueceria se fosse, jamais seria capaz. Eles teriam lhe dito o Tigre teria lhe contado se fossem casados. Ele não faria isso com ela, ele não a deixaria sozinha no escuro doloroso da ignorância, seus olhos se encheram de lágrimas mornas que não pediram permissão para cair, e mesmo assim o fizeram.
Ela se virou de costas e lá estava ele seu olhar vago e gelado, ele parecia sem voz, mas seus olhos cegos não mentiam na expressão e era surpresa.
- /Não./- ele falou suspirando cansado.
- /Não que fosse por falta de interesse./- disse Leo que chegou ao quarto seguido de Andrei, este lhe deu um beliscão para que se calasse.
- /Não minta./- ela implorou as lágrimas caindo silenciosamente pelo seu rosto, sem ela ao menos saber que chorava.
- /Não estou mentindo./- ela falou sombrio.
Uma pontada desagradável novamente alastrou-se pelo seu peito,e a ruiva sentiu um gosto levemente amargo nos lábios. Olhou para Andrei e Leo por um confirmação.
- /Ele está falando a verdade./- disse Leo, que pela primeira vez no dia estava serio.
- /Raposa este apartamento não é onde você mora./- começou Andrei delicadamente
Sua mente agora era uma turbilhão.
O Tigre acenou que não com a cabeça.
- /Mas eu lembrei./- ela disse com a voz falha
- /Lembrou do que?/- perguntou o Tigre sentindo suas mãos agora tremulas, seria assim todas as vezes que ela tivesse os flash, todas as vezes. Ele se perguntaria se ela haveria lembrado...
- /Eu lembrei do quarto, da cama, a janela com as cortinas abertas, era noite. Você estava deitado ao meu lado, eu dormi. Estava com insônia. Como pode não ser?!/
- /Você sempre fazia isso quando estava com insônia, me acordava, algumas vezes eu já estava acordado, mas na maioria das vezes não, e ai você me derrubava da cama, ou me acordava passando a mão no meu rosto./- ele disse, sentindo seus olhos marejarem também.
Conteve.
- /O cheiro de hortelã no travesseiro... A sensação.../- ela balbuciava para si mesma.
- /Você sempre disse que o travesseiro tinha cheiro de hortelã./
- /A sensação./- ela repetiu convicta.
- /Que sensação?/
- /Uma sensação de segurança antes de adormecer./- ela explicou.
Ele foi até a sua direção e a envolveu no braços em um abraço sincero, ela enterrou o rosto na sua camisa e as lágrimas sumiram no tecido.
- /Ginny, nós não somos casados, nem você mora aqui./- ele disse confuso.
- /Então.../- ela disse insegura.
- /Eu moro aqui./
Então de repente algo dentro dela lhe confirmou, era verdade cada palavra. Ela não morava ali. Desistiu de limpar os olhos e deixou as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto.
You are, you are
Home, home where I wanted to go
Home, home where I wanted to go
Home, home where I wanted to go (You are)
Home, home where I wanted to go (You are)
N/A: Aula novamente gente eu to no segundo anoooooooo! Não consigo acreditar, minha meta este ano era estudar até secar os olhos mas pelo visto não está dando muito certo... rsrsrsrs Alguém sabe como em ajudar com isso? Hehehe
Me sinto um tanto quanto vagabunda com isso, mas ah deixa pra lá suponho que ninguém queira saber disso mesmo. Esse ai é o capítulo! Eu estava ansiando por escrever este capitulo, mas acabou que não deu pra escrever tudo nele como eu queria, faltou coisa que vem no cap. Seguinte.
Obrigada pela paciência e pelas reviews.
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