Capítulo 6
Cap.6 Home
No outro dia
- /Bom dia Malfoys./- falou Seleena entrando no quarto e falando com Antony que estava esparramado no sofá, provavelmente chegara pela manhã.
Jack se virou a cama, se recusando a acordar.
- /Bom dia Seleena./- disse Antony bocejando.
- /Bom dia Antony./- então ela parou sem olhar no loiro e comentou - /Pela sua cara Antony eu poderia dizer que a farra foi boa ontem./- ela disse sorrindo de forma enigmática.
- /Não sei do que você está falando Seleena eu fiquei trabalhando a noite toda, eu estou simplesmente exausto./- ele falou indo ao banheiro, e passando a mão pelos cabelos tentando se manter acordado quando seus olhos imploravam por descanso.
- /Bom dia Jack./
- /Só se for pra você Seleena, eu ainda estou morto de sono./- ele falou0 finalmente desistindo.
- /Ah, você não dormiu bem à noite?/- ela perguntou com um tom diferente na voz, como se soubesse algo.
- /Na verdade não, eu tive uma crise de insônia./- ele respondeu descontraído.
- /Ah, sim. Você costuma ter insônia normalmente?/
- /Às vezes. Mas porque tanta curiosidade?/- ele perguntou desconfiado.
- /Por nada./- ela falou lhe dando o remédio.
Ele tomou e depois tomou água, o gosto era horrível, e ele não conseguiu conter a careta.
- /Odeio esse remédio./- ele comentou com ela, ainda sentindo o gosto horrível na boca.
- /Tigre, você sabia que o guarda de um dos andares, acordou assustadíssimo alegando ter sido atacado por um tigre./- ela falou como quem não quer nada.
Ele entendeu onde ela queria chegar.
- /E você acha que este tigre foi eu?/- ele foi direto ao assunto.
- /Eu não disse isso./
- /Mas foi o que você pensou. Não sou idiota Seleena. Bom, mas de qualquer forma, não foi eu querida, faz tanto tempo que eu não me transformo que talvez já nem saiba mais como andar com quatro patas./- ele falou relaxado, e com um sorriso no rosto.
- /Imaginei isso, é claro, o guarda deve ter pego no sono e sonhado./- ela falou.
- /Em falar nisso acho que vocês deveria contratar guardas descentes./
- /Nossa segurança não é suficiente para você senhor Malfoy?/
- /Sinto lhe informar que não, imagine se um daqueles bruxos das trevas que usualmente se libertam resolve se vingar daquele que o trancafiou na cadeia? Ou seja euzinho aqui./- ele falou .
- / Realmente seria terrível que perdêssemos o Senhor, não é mesmo?/- ela falou rindo, enquanto batia a porta atrás de si. Ela sabia, sabia que havia sido ele quem atacara o guarda, ele sabia que ela sabia, mas afinal de contas ela não poderia provar nada. Ele sorriu sozinho, sabia perfeitamente que ela alegaria que o guarda simplesmente havia sonhado, daria tudo para ver a cara de Seleena quando ela deixou o quarto. Mas por enquanto só ouvir a sua voz já estava ótimo.
Ele não podia dizer porque estava de tão bom humor naquela manhã, mas até o fato de ele encontrar Antony adormecido na privada pareceu engraçado o suficiente para que ele não lhe desse uma bronca.
Os cabelos loiros quase brancos de Antony estavam em desalinho, o rosto amassado e marcado ainda com as dobras do sofá estampadas na bochecha, a varinha pendendo de um bolso na grossa capa preta que ele usava. Faixas escuras torneavam os olhos azul-cinzento do Malfoy mais novo, o que daria uma seria indicação a qualquer um que o visse de que ele havia dormido muitíssimo mal, se é que ele havia sequer dormido.
- /Pirralho, levanta daí!/- ele falou, a sua voz alta o suficiente para fazer o irmão acordar sobressaltado. - /Por Merlin Antony, não envergonhe o nome da família!/
- /É fácil falar quando não foi você que passou metade da noite levando sermão e a outra metade montando guarda!/- reclamou ele depois de se recuperar do susto.
Os dois saíram do banheiro depois que Antony finalmente lavou o rosto e parecia um pouco mais desperto. A enfermeira já havia chegado com o café da manhã e a outra dose de remédios matinal.
- /Bom dia Sr. Malfoy/- falou a voz conhecida de Nay.
- /Bom dia Nay./- respondeu o Tigre.
- /Faça minhas as palavras dele./- disse Antony atirando-se no sofá, mas desta vez sentado.
-/Bom Jack, eu trouxe seu café, e seus dois remédios./
- /Digo muitíssimo obrigado pelo café, quanto aos remédios, é realmente uma pena eu não poder dizer o mesmo./- ele falou.
- /Sabia que iria dizer isso./- ela falou sorrindo. - /No entanto são necessários./- ela completou enquanto preparava a dose.
Ele tomou, graças a Merlin esses eram menos piores que os que Seleena viera trazer pessoalmente. Por alguns instantes de reflexão ele chegou a conclusão de que era por isso que ela mesma viera pessoalmente, caso contrario seria um tanto quanto difícil que ele tomasse.
- /Já disse a você que odeio hospital?/- ele perguntou enquanto ela colocava a bandeja na mesa ao lado.
- /Acho que já, deixe-me ver... Acho que umas trezentas vezes./- ela falou sorrindo mais ainda. - /Mas não se preocupe tanto, eu não devia dizer, mas quem sabe não demore muito para você sair daqui.../
Um filete de esperanças se propagou no peito dele, com aquela frase cheia de possibilidades.
- /Nem posso acreditar.../
- /Vou sentir sua falta./- ela disse, segurando na sua mão. Ele retesou os músculos assim que sentiu a mão dela na sua, retirou a sua de perto da dela com a desculpa de pegar o copo de suco.
- /Também sentirei a sua, mas posso afirmar que não sentirei destes malditos remédios, parece que vou morrer de overdose./
Ela sorriu.
- / Nay, se não for pedir demais, você poderia trazer qualquer coisa para o Antony? Ele não esta se sentindo muito bem.../- ele falou sorrindo galante para ela, e tocando de leve na mão dela. Ele sentiu ela se arrepiar imediatamente.
- / Claro, sem problema./- ela falou saindo apressada pela porta.
Antony olhava para ele como se não acreditasse no que estava vendo, enquanto um sorriso se formava no canto dos seus lábios.
- /Ás vezes eu não acredito no que meu próprio irmão é capaz de fazer./- ele falou sacudindo a cabeça.
Jack se virou para a direção onde o irmão estava.
- /O que eu fiz?/- perguntou fingindo-se de inocente.
- /Deixe-me ver... Jogou charme para enfermeira, para que ela traga café da manhã para mim?/- Antony disse levantando uma sobrancelha.
- /Ah, isso?/- Jack devolveu fazendo pouco do que o irão dissera. - /Eu tenho que arranjar um jeito de te alimentar não é?/
- /Como você é capaz de tal feito?/- o loiro com o seu melhor tom de voz horrorizado.
- /Você não é?/- perguntou o Tigre.
- /Jamais seria capaz de tamanha atrocidade./- completou Antony fingindo-se de ofendido.
- /Isso confirma a minha teoria de que você foi adotado./- disse ele dando dois tapinhas nos ombros de Antony.
- /Muito engraçado, Tigre./- falou o loiro irônico.
- /Eu sempre disse ao papai, mas ele nunca quis me ouvir./
- /Você está de muito bom humor hoje para o meu gosto, não está não Tigre?/- ele disse desconfiado.
- /Normal, Pirralho, normal./
- /Ah, mas não mesmo! Não está o Sr. Rabugento de todos os dias./
- /De qualquer forma não é realmente da sua conta, é Pirralho?/
- /Ok não está mais aqui quem falou!/
- /Bom mesmo./
- /Por falar em atrocidades, porque diabos você foi falar para Ivanovitch que o Leo havia dito que estávamos de pernas para o ar no ministério? Pirou Tigre? Agora o retardado botou a culpa toda em mim, que nunca disse nada, estava até de licença! E bom, agora não estou mais Ivanovitch cancelou minha licença!/
-/Achei que você estava muito sedentário e preguiçoso, ele fez bem feito./
- /Achou é? Bom, espero que você esteja feliz agora, ele me fez trabalhar como um burro de carga, sem falar que resolveu deixar Andrei e Bea com os turnos diários, isso significa que o Pirralho aqui, vai ter que cobrir o turnos deles a noite, ou seja eu só tenho duas noites livres por semana sábado e domingo! Porque Duchynov, e Corroy estão cobrindo!/
- /Não reclama Pirralho, você sabe que o nosso velho chefinho te adora não é?/
- /Bom se ele me adora deste jeito, acho que me odiar não seria muito pior não é?/
- /Ah, e você acaba de perder as duas noites livres que você tem por semana, no sábado e no domingo, você vai estar treinando comigo./
- /Ah, não Tigre, você ainda não esqueceu essa idéia?!/- falou Antony com desagrado.
- /Na verdade você vai começar hoje mesmo, assim que terminar o seu café./
- /Você só pode estar brincando não é? Eu estou acabado cara!/
- /Não estou brincando./- ele falou sério enquanto ele começava a preparar a sala para o treinamento de Antony, lançando feitiços que abafavam o som e a luz dos feitiços, feitiços anti-quebra, impermeabilizando tudo, e protegendo contra chamas.
- /Ah, Jack.../ - o Pirralho reclamou com um gemido cansado.
Ginny estava observando o jogo de luzes douradas que o sol pálido do país jogava com as nuvens espessas que cobriam o céu, e a temperatura que já não era mais tão baixa assim, adorava a sensação do frio na sua pele, o leve arrepio que este causava. Gostava de olhar ao longe as montanhas de neve que eram tão altas no horizonte lá fora que parecia capazes de tocas o céu. Um sorriso tímido, que não era quase um sorriso se formou em formou lentamente em seus lábios.
Seus olhos castanhos refletiam, o dourado quase transparente do céu, as montanhas ao fundo da cidade, dos prédios das casas... Será que ela conhecia tudo aquilo? Ela sentia que sim... Queria poder ver tudo aquilo novamente, quem sabe aquilo fosse de algum incentivo para a sua mente inválida.
Até que uma vós a trouxe de volta à realidade
- Bom dia Ginny!- falou Harry alegre.
- Bom dia Harry. - ela falou sorrindo para ele.
- Como tem passado?
- Muitíssimo bem, só gostaria de poder sair deste hospital, eu já estou bem.
- Você ainda precisa tomar os remédios. - falou Hermione se fazendo notar mais atrás.
- Eu poderia tomá-los em casa. - ela argumentou.
- Acredite, nós também gostaríamos de tê-la em casa de novo. - Harry falou sorrindo sincero para ela.
- Vocês também vão morar na Rússia?! – ela perguntou parecendo empolgada.
- Não. – respondeu Mione rapidamente. – Não foi isso que o Harry quis dizer.
- Hermione tem razão, a gente não pode morar aqui na Rússia, eu quis dizer que seria bom se você pudesse passar um tempo conosco novamente.
- Ah, sim. Entendo, mas eu só queria sair deste estúpido hospital. - ela falou frustrada socando a cama de leve.
- Sua mãe e seu pai conversaram com a curandeira chefe, eles acham que talvez fosse mais fácil você recobrar a memória se você fosse conosco, para a Inglaterra. Entende? Na casa de seus pais, foi lá onde você passou a maior parte de sua vida. - disse Hermione cautelosa.
- Eu poderia passar um tempo sim, quem sabe uma semana ou duas na Toca. Tenho vontade de conhecer o local, quem sabe quando eu sair do hospital depois que eu me instalar na minha casa eu posso lhes fazer uma visita. - ela falou tensa, de alguma forma Hermione havia soado como se ela devesse morar com eles na Toca de novo, sentia vontade de ir lá, tinha boas sensações com relação ao lugar, gostaria de vê-lo, mas algo dentro dela não queria ir morar lá. De jeito algum, ela não queria ir morar lá, ela queria morar ali, onde sempre havia morado. Sentia que gostava mais do que poderia dizer daquele céu pálido e nublado, das montanhas nevadas ao longe, do vento gelado no seu rosto agitando seus cabelos...
- Você não quer ir ficar conosco?- Harry perguntou, e sua voz quase deixou transparecer um leve tom de mágoa.
- Não é isso, vocês tem sido maravilhosos comigo, mesmo eu não lembrando de nada, mas eu sequer conheço o lugar em que eu moro, não vejo nenhum sentido em me mudar para outro.
- Mas é claro que poderia ser depois de um tempo, você poderia rever tudo por aqui e depois... - ele tentou argumentar, mas ela realmente não queria falar disso naquele momento, de certa forma aquilo lhe dava uma sensação não exatamente agradável.
- Veremos. - ela falou o interrompendo com a voz firme.
- Realmente, depois vemos isto, afinal não se sabe nem quando é que você vai poder sair daqui. - falou Hermione conciliadora.
- Espero que não demore... – falou a ruiva com um longo suspiro.
- Entendo perfeitamente como se sente. – disse Hermione. – Eu também detesto hospitais.
- Nem me fale... Mas falando de assuntos mais felizes, onde anda meu sobrinho?
- Mark? Esse é o que mais gostou daqui, adorando o clima, já seu pai definitivamente já não foi feito para este país, não consegue nem dormir de tanto frio. - ela comentou.
- Você deveria mandá-lo passar as férias aqui comigo. – ela comentou, simplesmente adorava o garoto, ele era muitíssimo inteligente pelo que já reparara, parecia com a mãe.
- Quem sabe de outra vez quando você estiver melhor. - ela disse sorrindo.
- Escutem, não precisam se preocupar tanto assim, eu estou bem, posso cuidar de mim mesma, eu só não lembro de como era antes, pode dizer para papai pra ele voltar para casa, não é necessário todos vocês aqui, eu estou bem.
- A gente sabe que você está bem. – falou Harry apressado.
Ela não se convenceu.
- Eu estou falando sério!- ela disse, sentindo um pontinha de frustração.
- A gente sabe, mas mesmo assim será, mas fácil pra você se lembrar das coisas se as pessoas mais próximas, com as quais você passou a maior parte do tempo estiverem por perto. - falou Hermione, com um sorriso tentando não irritá-la, mas ai é que estava o problema ela já estava irritada.
- Vocês que sabem... - ela falou por fim, sem querer confusão e simplesmente ficou deitada olhando para a janela.
O silêncio permaneceu, no recinto, eles haviam percebido que ele havia se irritado, e então Hermione, deu qualquer desculpa para deixar a atmosfera de tensão, ela e Harry ficaram sós.
- Ginny desculpe-nos, é porque nenhum de nós agüenta mais te ver neste hospital. - ele falou andando até ela e segurando sua mão.
Ginny sorriu de volta, ela podia entender o que ele queria dizer.
- Eu sei, Harry, nem eu quero ficar mais aqui.
- Então por que não...?
- Não, Harry eu não irei morar na Inglaterra! – ela falou sua irritação aflorando cada vez mais.
- Por que?
- Porque eu não quero!- ela falou pausadamente.
- Não entendo...
- Nem eu, algo de em mim não quer voltar lá, eu gostaria muito de saber o que aconteceu lá para essa sensação não me deixar em paz, se você sabe o que foi por favor me conte!- ela falou já muitíssimo irritada, realmente não esperando uma resposta, só não queria mais falar no assunto.
Harry sentiu um pontada dolorosa no estômago e uma sensação desagradável quando ela disse o que disse, ele tinha a leve impressão de que sabia ao que ela se referia, mas não sabia se deveria ou não contar. Parte de si mandava que contasse imediatamente, ela tinha direito de saber sobre a própria história, afinal aquilo significara muito para os dois, outra parte se preocupava em como ela iria reagir a isto, se ela iria entender o que ele fizera, se seria capaz de lhe perdoar. Estaria a ruiva pronta para saber sobre isso? Era uma pergunta que ele não sabia responder, não queria responder... Tinha plena consciência que teria que contar a ela um dia, ou alguém o faria, ele só não sabia quando teria coragem o suficiente.
Sentiu-se o pior homem a pisar no mundo, sentiu-se sujo, e o nojo de si mesmo fez com que ele tivesse vontade de vomitar, ainda assim tudo isso não era forte o suficiente para fazê-lo contar toda a história a ela. Ele não agüentava encarar aqueles olhos castanhos profundos, sem sentir vergonha de si mesmo, vergonha do que havia se transformado, vergonha do que ele havia feito com eles. Durante a noite, ele conseguia lembrar de quando ela passara o natal lá, parecia tudo tão surreal, tudo absolutamente tão longe, distante... Parecia ter acontecido a séculos.E ele não sabia o que doía mais, se era o fato de ela não lembra de nada, ou se era o fato de ele não poder contar nada...
Então ela sorriu para ele, um sorriso sincero, que se transformou em uma risada divertida, aquilo o trouxe de volta à realidade.
- O que foi?- ele falou não conseguindo conter o riso.
- Eu vou lhe contar um coisa, mas você não vai poder contar à ninguém.
- Tudo bem eu sou todo ouvidos. – ele falou com a curiosidade saltitando dentro de si.
Ginny contou que havia escapado do hospital noite passada, junto com Jack, e como haviam se divertido, contou tudo, com exceção da parte sobre a corrente ao redor do seu pescoço, Jack dissera que aquele era um segredo só deles.
Harry ouvia cada palavra que lhe escapava os lábios sorridentes com pesar, cada risada, e toda vez que os olhos dela brilhavam de prazer contando a história para ele sentia o seu próprio sorriso se desvanecer no rosto, e ir morrendo aos poucos nos cantos dos lábios. Ele não gostava de Jack, e aquela sensação dolorida no peito só fazia sua rivalidade por ele aumentar mais ainda. Não conseguia acreditar que ela era amiga daquele cara, ele provavelmente não tinha cérebro o suficiente para encher a própria cabeça, e por isso sobrava tanto espaço para aquele ego ridículo.
Ah, mas ele iria ter uma palavrinha com aquele tal de Jack, com certeza ele iria...
- Vamos Antony, pelo amor de Merlin! É só isso que sabe fazer?- provocava o Tigre, ele estava um tanto quanto desapontado com o irmão, ele sabia que o Pirralho poderia fazer mais do que aquilo, ele só estava com medo de machucá-lo, pelo visto ele teria que dar um lição nele.
Ouviu o barulho de um deslocamento de ar a sua direita, abaixou-se de imediato, sentiu o feitiço chamuscar a manga de sua capa, tentava a todo custo concentrar-se na respiração ofegante de Antony, mas a sua própria interferia no processo, por fim conseguiu mirar não com muita precisão, não tinha tempo para isso, e lançou um feitiço estuporante, ouviu o barulho de passos, e um vaso estourou. Errara. Tinha que se concentrar. Outro raio passou chispando por sua orelha e ele girou no mesmo lugar, o Pirralho estava melhorando, ele sorriu divertido, disparou um jorro de fagulhas para todos os lados, e um raio na direção da porta do banheiro, ele iria pegar Antony desprevenido. A porta soltou-se das dobradiças, e desabou para frente, ele pôde escutar o gemido de dor, antes da fumaça se dissipar e o ambiente antes lotado de explosões acalmou-se misteriosamente.
- /Endoidou, Tigre?/- falou Antony furioso, saindo debaixo da porta, e passando a mão na cabeça que na sua concepção parecia ter se partido em duas metades.
- /Antony você me subestimou! Não faça isso, você não poderia fazer isso com um adversário!/ - devolveu o Tigre, também sentindo a raiva pulsar em suas veias.
- /Eu não te subestimei, ta legal?!/
- /Não? E o que foi aquela sua ridícula tentativa de ‘expeliarmus’?/- perguntou o mais velho, irônico. - /Antony você poderia ter me vencido facilmente! Você só não quis! Pelo amor de Merlin, eu mal posso mirar um feitiço direito e você ainda perde para mim?!/- ele perguntou agora realmente furioso.
- /Pra mim você parecia estar mirando direitinho! Ou você chama minha melhor capa arruinada para sempre de não mirar direito?/- disse o outro apagando uma última chama deixada pelas fagulhas na manga da capa.
- /Não envergonhe o nome da família, Pirralho!/- falou Jack desgostoso.
Antony ficou calado, com a cara totalmente emburrada e seu humor já péssimo desde ontem, não havia melhorado muito ultimamente, na verdade havia piorado se é que isso poderia ser possível.
- /Vamos, outro duelo./- começou o Tigre ainda meio ofegante. – / e se esse durar mais do que cinco minutos, vou fazer o papai te deserdar!/
- /Não vai mesmo!/
E Antony atacou. Um feitiço escudo deu conta do feitiço, Jack lançou um feitiço estuporante, que ricocheteou nas paredes, e ele se amaldiçoou pela sua mira, quando teve que se abaixar para não ser nocauteado pelo próprio feitiço. Disparou uma serie de raios, mas Antony se defendeu com algo que ele não sabia o que era e que por sinal se espatifou em mil pedaços. Sentiu um soco nas costelas, e o ar foi expulso de seus pulmões instantaneamente, não era um punho normal se é que era um punho, o que quer que fosse aquilo, chegou muito perto e ele pode rachá-la em dois com um raio amarelo.
- Rictusempra!- ele disse mirando em Antony que estava distraído vendo a sua obra de arte atar o irmão.
Antony sentiu as pernas dançarem sem que ele as ordenasse, xingou alto, e com um aceno na varinha, ele se livrou da azaração, lançou uma enxurrada de raios contra Jack que se defendeu de todos com um simples feitiço escudo, e atacou novamente, impetuosamente, com um aceno ele deu vida a estante, e ao sofá, que começaram a se mover na direção de Jack.
O Tigre sorriu divertido.
- /Parece que você aprendeu alguma coisa com a sua derrota maninho./- ele falou antes de ser arremessado para trás, com raio de Antony.
Ouviu um barulho a sua direita, assim que caiu no chão, ainda um pouco tonto, ele apontou a varinha para a direção do barulho, e explodiu o que quer que fosse com gosto. Se Antony estava brincando de dar vida as coisas ele também poderia brincar. Enfeitiçou um jarro que ele sabia estar ao lado da cama, e este perseguia o irmão por toda a extensão do quarto apenas refletindo o feitiços lançados nele. Sentiu uma pancada brusca no seu braço, e então vários tapas ao mesmo tempo. Não havia como acertar, era muitos. Disparou raios em todas as direções, inclusive onde ele podia ouvir o irmão ofegante. Deu vida a cama, que rapidamente saiu em sua defesa e se arrastou na direção de Antony com todo o seu peso e força. Então ele sentiu-se prensado contra a parede por algo muito maior que ele, seu peito parecia ser esmagado.
- Finite Incantatem!- ele gritou apontando a varinha para a coisa a sua frente que caiu inerte no chão a sua frente, e os tapas pararam, e o que quer que estivessem exercendo-os também caiu inerte.
Antony pareceu finalmente se tocar o que faria o vaso parar de persegui-lo e assim o fez. A cama e o vaso param instantaneamente e no segundo seguinte eram só parte da mobília. Jack mirou mais três feitiços estuporantes no irmão, que usou o feitiço escudo, e devolveu rapidamente com um jorro azul, que atirou o Tigre contra a parede oposta, sua varinha fora arremessada para longe de seu alcance e ele sentiu cordas atarem firmemente seus pulsos e tornozelos. Ele estava vencido.
Um sorriso iluminou o seu rosto, quanto tempo ele não tinha um duelo, aquele não havia sido grande coisa até por causa do seu estado atual, mas mesmo assim servia para revigorar suas forças.
- /Antony, você ainda deveria ser deserdado.../-ele falou sorrindo.
- /Por que?/- perguntou o irmão indignado.
- /O alarme do relógio já tocou você excedeu os cinco minutos./- ele falou, enquanto sentiu as cordas se afrouxarem.
- /Ah, não vale!/
- /Dessa vez passa, mas eu sou um inimigo que não vale mais que cinco minutos Pirralho, concentre-se nisso./- ele falou buscando a jarra de água, mas esta estava partida no chão assim como o resto das coisas dentro do quarto.
- /Se você pudesse lutar contra si mesmo não diria a mesma coisa./- falou Antony.
- /Realmente eu diria que eu não passaria de dois minutos./- ele falou com um sorriso provocador, nos rosto enquanto Antony lhe devolvia sua varinha. - /Mas você chega lá, agora que já parou de me subestimar./
Os dois continuaram a duelar o resto do dia, até as quatro horas da tarde, quando ambos já estavam ofegantes, o Pirralho já havia pego o ritmo e estava até um tanto quanto mais rápidos, o Tigre gostaria que ele pudesse enfrentar um inimigo mais ágil, por mais que ele se esforçasse, jamais seria a mesma coisa, ele não poderia ver os movimentos de Antony ou prevê-los, precisava ficar com os ouvidos atentos a cada barulho, e identificar quais eram os de Antony e quais não eram, tudo isso o fazia perder tempo, um tempo precioso que ele poderia estar utilizando para atacar Antony. Mas de qualquer forma ele havia começado a evoluir.
Ele se deu por satisfeito e dispensou Antony, que estava tão cansado que sequer levantou-se do sofá, e apenas deixou-se jazer ali, sem coragem de se encaminhar para o chuveiro. Então alguém bate na porta.
Jack a destranca com um aceno de sua varinha e, no mesmo instante ele sentiu um perfume conhecido inundar a sala, ele só queria se lembrar de quem era o perfume, certeza ele já havia sentido antes, calma ai, era o perfume de...
- /Mamãe?/- ele perguntou hesitante.
- /Vega?/- falou Antony, olhando para a mãe de Jack, sem acreditar que ela estava ali.
- /Jack Pólux Malfoy, como você pôde me esconder que estava no hospital este tempo todo?!/- ela falou em um irlandês rápido, visivelmente irritada, encaminhando-se diretamente a ele, e lhe dando um tapa no braço.
- /Mamãe o que você está fazendo aqui?/
-/Seu irmão! Graças a Merlin este tem algum juízo na cabeça, mandou uma coruja, na semana passada!/
-/Pirralho, seu traidor!/- ele falou para Antony.
-/Não fale com seu irmão deste jeito!/- ela ralhou com ele. - /Você fez muito bem, Antony, eu estou orgulhosa de você querido./ - ela falou, olhando para ele.
- /Mamãe eu não queria que você se preocupasse./- desculpou-se Jack.
- /Meu filho, quando eu soube, quase enfartei, Jack! E meu filho, por Merlin você está cego!/- ela falou com os olhos marejados.
- /Estou sendo bem tratado, não se preocupe, bem tratado até demais para o meu gosto, eu já não agüento mais hospital.../
-/Mesmo assim, Jack você deveria ter me avisado, eu tinha o direito de saber.../- ela falou com a voz levemente embargada, e lutando contra as lágrimas que já rolavam suas faces.
- /Desculpe mamãe./- ele falou desviando o rosto da direção em que ela estava. A verdade era que não queria desapontá-la, e ver a expressão de preocupação no seu rosto quando o visse no estado em que estava.
Ela lhe abraçou forte, fazia bastante tempo que ele não a via, uns dois anos, sua mãe morava na Irlanda na antiga casa onde ele nascera, a casa de seu pai, em que ele e Antony haviam sido criados. Vega Malfoy era uma mulher altiva, de olhos azuis escuro, alta, cabelos negros como os do filho, e pele pálida, seus cabelos jaziam presos em um nó elegante na nuca, e ela trajava um longo sobretudo de pele cinza. Tinha 45 anos, tivera seu único filho biológico quando ainda era muito jovem, e assim que casara com Leônidas Malfoy, ela cuidara de Antony também, por isso ele também era seu filho.
- /Jack eu não pude acreditar quando li a carta do seu irmão, você sempre teve uma saúde de ferro, vocês dois... Mas não se preocupe, isso não vai ficar assim, você vai ficar bom, eu prometo./- ela falou passando a mão pelos seus cabelos, enquanto limpava as lágrimas do rosto.
Jack permaneceu tão silencioso como um túmulo. Até que ela se virou para Antony.
- /Antony meu amor, venha cá, fiquei tão desesperada que nem sequer falei direito com você, eu estava tão irritada.../- ela caminhou até ele no sofá, e lhe deu um abraço apertado, enquanto o loiro sorria. - /Como você tem estado? Porque está tão magro?/
- /Estou bem, mãe./- ele falou a abraçando de volta.
- /Jack tem cuidado de você direito?/- ela perguntou olhando sérias para Antony.
- /Não mamãe, tenho forçado o Pirralho ai, a uma dieta de pão e água, e ele lava as minhas louças, e limpa o meu apartamento, eu já posso até nomeá-lo meu escravo pessoal.../- falou Jack irritado, a mãe sempre puxava o saco de Antony porque ele era mais novo.
- /Jack, eu espero sinceramente que isso não seja verdade, porque se for, mesmo você estando nesta cama de hospital, você vai ficar um bom tempo sem poder usar a coisa que você mais gosta na vida, assim que a minha azaração te atingir.../- ela falou ameaçadora.
-/Mamãe você não teria coragem!/- falou Jack ultrajado.
- /Não me teste Jack./- ela falou estreitando os olhos.
- /Eu estava brincando!/- ele falou, zangado.
- /Mas ainda assim eu ainda lavo as suas louças.../- falou Antony.
- /Mentira Pirralho!/- falou Jack.
- /Eu estou brincando mãe, ele não teria capacidade de fazer isso comigo, eu já teria o nocauteado antes./- disse Antony tranqüilizado a mulher.
- /Como se você pudesse acertar qualquer coisa que não estivesse a cinco centímetro de você.../- provocou Jack.
- /Quietos os dois! Ou eu azaro os dois!/- ela falou, antes que eles começassem a discutir.- /Jack não provoque o seu irmão ele é mais novo, e Antony não provoque o Jack, ele está doente./
- /Desculpe mãe./- eles disseram ao mesmo tempo.
Nada como uma mãe para colocar ordem na casa.
- /Francamente eu não sei como eu deixei vocês, virem morar só... São exatamente como quando tinham 1.3m, só cresceram na altura./- ela falou sacudindo a cabeça.- /Agora eu quero que me contem como isso aconteceu.../
Jack ficou congelado no mesmo lugar como se houvesse levado um choque, o olhar mais parado que o normal, Antony olhou para ele, e percebeu no mesmo momento, detestava quando o irmão ficava daquele jeito, ele sabia o que estava se passando na cabeça do Tigre, e não era nada bom...
Então Antony começou a falar. Jack sentiu-se agradecido, não queria ter que contar aquela história mais uma vez...
Vega ouviu a história toda , atenta, sem demonstrar qualquer tipo de emoção enquanto Antony falava. Quando finalmente ele terminou, o recinto mergulhou em um silêncio profundo. Passaram-se o que pareceram séculos na opinião de Jack até sua mãe falar.
- /Essa senhorita, que vocês chamam de Raposa, ela está bem...?/
- /Está./- respondeu Antony.
- /Ela perdeu a memória./- disse Jack sem poder conter o tom de amargura quase imperceptível na sua voz. Imperceptível, mas não para a sua mãe.
- /Ela está no hospital?/
- /Sim ela está aqui./- ele respondeu.
-/Eu gostaria de vê-la, outra hora.../
- /Outra hora, mamãe.../- ele falou.
- /Tudo bem./- ela falou encarando os dois, então de repente ela falou. - /Antony, meu filho você parece exausto.../
- /Eu passei a tarde toda apanhando.../- ele comentou displicente.
- /Como assim...? Você não passou a tarde aqui?/
- /Claro mãe, ele quis dizer, no xadrez, você sabe que o Pirralho nunca jogou muito bem./- disse Jack apressado.
Ela encarou Antony.
- /É verdade, mamãe. E eu passei a noite trabalhando.../- ele falou dando um bocejo para enfatizar.
Lógico, que Vega não se convenceu, mas não insistiu no assunto, apenas disse:
- /Vá tomar banho querido, se você quiser ir para casa hoje, pode ir eu fico com o seu irmão./
- /Obrigado mamãe, mas eu tenho que trabalhar, afinal eu peguei todos os turnos noturnos até o fim de semana, não foi Tigre?/- ele falou azedo fuzilando o irmão.
- /Eu disse a você Pirralho para não levar o trabalho tão a sério assim, mas mamãe, ele insiste...!/- disse o Tigre balançando a cabeça em desaprovação, mas segurando o riso.
O Pirralho teve vontade de socar a cara lavada do irmão, mas ele simplesmente se virou sentindo a raiva borbulhar no seu estômago, e foi em direção ao banheiro. Ah, mas o Tigre Não perdia por esperar...
Vega ficou olhando o filho sorrir, para o nada enquanto Antony tomava banho, sempre foram assim desde pequenos, nunca desgrudavam um do outro, sempre brigando, mas nunca separados e tão parecidos... Os dois realmente eram muito ligados, e ela confiava em Jack para tomar conta de Antony, ele poderia ser implicante e egocêntrico como ela sabia que ele era, mas mesmo assim, sabia que adorava o irmão mais novo.
Quando Antony, saiu do banheiro, Jack entrou, ele também queria um banho, afinal depois de ser atacado por uma estante e seus livros frenéticos ele precisava de descanso, finalmente ele descobrira o quanto estava fora de forma, realmente voltar ao trabalho seria quase impossível, por isso ele teria que pegar pesado com o Pirralho para que ele pudesse substituí-lo durante... Bom, pelo tempo que fosse necessário, até ele se recuperar, ou permanentemente se o veredicto fosse que ele não se curaria. Ele não estava se importando muito, com relação a isso, ele estava concentrado em treinar seu irmão, por enquanto nada mais importava.
Harry estava sentado, ao lado do Sr. e da Sra.Weasley, enquanto todos observavam a caçula dormir serenamente, ele ainda borbulhava de raiva, com o que ela havia lhe contado mais cedo. Como aquele cara poderia ser tão irresponsável? Levá-la para fora do hospital?! Ela poderia ter se machucado, poderiam ter se perdido! Pelo visto ele estava cego, e ela ainda não conseguiria se lembrar de uma esquina da cidade! Poderiam muito bem ter se perdido dormido na rua, isso só traria mais preocupação para todos! A senhora Weasley que agora ostentava profundas olheiras, e olhos vazios,frutos de noites sem pegar no sono preocupada com a filha que até agora não dera nenhum visível sinal de melhora. O senhor Weasley que estava preocupado por não poder ficar até a filha se curar por causa do sue trabalho, havia perdido quase todos os fios de cabelo que lhe restavam. Fred e Jorge que precisavam cuidar da loja de logros, mas não queria deixar o lado da irmã sempre arranjando um jeito de fazê-la sorrir, quando ela estava triste por não lembrar de nada. Rony que ficava cada vez mais neurótico com toda aquela situação e Hermione que por mais racional que fosse não tinha como cuidar de si mesma do marido e do filho... Sem falar nos outros! Todos que já estavam se sacrificando só em estar ali para cuidar de Ginny e garantir que ela ficasse bem, como iriam ficar se soubessem que ela havia sumido no meio da noite e que estava perdida?! Seria uma bagunça total, ele nem sequer queria imaginar... Ah mas com certeza ele teria uma palavrinha com esse tal de Jack, no outro dia de manhã.
Ele ficou a noite no hospital, e deu aos outros descanso, todos pareciam estar precisando, também ele precisava garantir que a ruiva não escaparia mais uma vez. Era muito arriscado. Não fechou os olhos a noite toda, concentrou-se a na vista da janela do quarto, o tempo havia abrandado, e já não fazia mais tanto frio como antes. Quem sabe o tempo se abrandasse para todos eles também...
Os primeiros raios de sol inundaram o quarto e foi o suficiente para acordar Ginny que jazia deitada na mesma posição de sempre, Harry sempre achara um tanto quanto esquisito que ela dormisse daquele jeito, mas ela fora treinada assim, dormir com a postura reta, de frente para cima, os braços descansando ao lado do corpo, as feições inertes como se ela simplesmente não estivesse ali, séria.
Então seus olhos se estremeceram e lentamente revelaram as orbes castanhas, ela olhou para ele encarando os seus olhos verdes e sorriu. Ele sorriu de volta. Ela falou lentamente.
- Eu estava sonhando...
- Era um sonho bom?- ele perguntou ainda sem tirar o sorriso do rosto.
- Não era um pesadelo, era sobre qualquer lugar que parecia uma gruta ou uma caverna... E eu estava lá, e tinha mais alguém... E bom eu não me lembro de mais nada. – ela falou soando um tanto quanto confusa, mas depois um sorriso abriu-se no seu rosto. – Grande novidade!
Harry sentiu algo despencar pesadamente em seu estômago, e se ela estivesse falando a gruta no fim da propriedade dos Weasley? E se ela estivesse começando a lembrar das coisas! Uma sensação saltitante invadiu seu peito, mas logo foi esmagada pela possibilidade dela lembrar de tudo, realmente tudo. Ele adorava o jeito como ela o olhava carinhosa, o jeito como ela sorria para ele... Ele iria perder tudo isso, inclusive as chances dela lhe perdoar.
Por alguns breves segundos ele cogitou a hipótese de contar a ela sobre tudo, a sobre a história deles, e quem sabe ele pudesse ver um sorriso brilhando no rosto da ruiva mais uma vez. Mas foram apenas breves momentos, ela não estava pronta para saber ainda. Não ainda.
- O que foi Harry?-ela perguntou com cautela.
- Nada...
- Você ficou calado quando eu falei sobre o sonho.
- Não foi nada. - ele insistiu.
- Foi sim, por acaso esse lugar, essa gruta que eu falei, ela existe de verdade, não existe...?- ela continuou hesitante.
- Talvez sim.- ele admitiu.
- Onde?
- Na propriedade dos seus pais. - ele falou com os olhos baixos.
- Você quer dizer na Toca?
- É para ser mais exato, atrás da Toca, logo depois de um riacho.
- É acho que havia um riacho no sonho, mas não é certeza...
- Você pode estar começando a se lembrar das coisas! – ele falou soando feliz.
- É, quem sabe... -ela falou. – Você tem alguma foto do lugar que eu possa ver?
- Na verdade não, mas mesmo assim eu acho que você deveria falar com Seleena, isso pode ser realmente um começou.
- Tudo bem. - ela falou soando um pouco desapontada mas sem tirar um leve sorriso do rosto. – Mas deixe-me ir tomar banho para acordar direito.
- Vá.
Ela se levantou e colocou o sobretudo de pele por cima da roupa de dormir, já que não achou seu robe em lugar nenhum, então se espreguiçou lentamente e seguiu seu caminho até o banheiro.Quando Harry falou novamente atraindo sua atenção de volta para onde ele estava.
- Você se importa se eu for ali só um minuto?
- Nem um pouco, sinta-se livre para transitar no que já se tornou minha casa...!- ela falou sorrindo.
Ele saiu porta a fora, ele esperava que o tal Jack estivesse acordado, bom se ele não estivesse ele iria acordar agora! Ele pensava enquanto seguia seu caminho pelo corredor.
Antony, havia voltado do seu turno noturno havia pouco tempo, simplesmente havia se atirado no sofá. Vega estava no seu apartamento, ele havia estalado ela muito bem na noite anterior antes de ir para o trabalho. Mais tarde ela deveria estar aparecendo pelo hospital, ela estava realmente preocupada com Jack.
Ele sabia perfeitamente que havia acordado o irmão ao abrir a porta, devido ao treinamento o Tigre que ele conhecia jamais deixaria passar despercebido qualquer ruído audível enquanto estava dormindo. E o fato de Jack bufar irritado e lhe dar as costas na cama, indicava que ele sabia que era Antony quem havia entrado.
Um meio sorriso malandro abriu-se no rosto do Malfoy mais novo, vingança, se ele estava trabalhando como um burro de carga enquanto deveria estar de licença a culpa era de Jack. Tirou o sobretudo e colou-o no cabide, fazendo mais barulho do que seria normalmente necessário para tal tarefa. Ele estava morto e simplesmente queria dormir, mas sabia que Jack jamais deixaria que ele dormisse o quanto queria, provavelmente o acordaria para aquele treinamento estúpido.
Por falar no treinamento, Antony realmente ficara surpreso com o desempenho do irmão, sua audição estava realmente muito boa, Antony sabia é claro que se ele pudesse vê-lo teria sido um tanto quanto mais difícil. Mas mesmo assim, ele havia reagido muito bem! No começo ele estava receoso em machucar o irmão, mas depois ele viu o que realmente que o Tigre não era um inimigo a ser subestimado, ele ainda duelara um bom tempo com Antony. Fora um desempenho realmente muito bom para alguém que não poderia enxergar um palmo a frente do nariz.
Foi enquanto pensava nisso que ouviu batidas na porta.
Talvez fosse sua mãe, ela deveria ter acordado mais cedo. Abriu.
- Este é o quarto de um homem chamado Jack?- perguntou o homem em inglês. Ele reconheceu imediatamente o homem, o nome dele era Potter, ele era auror, e havia participado da missão junto com eles. Imediatamente sua expressão se fechou, eles não se davam bem. A Raposa não gostava dele... Isso é, antes de ela perder a memória.
O Potter não esperou uma resposta e entrou de uma vez no quarto.
Jack imediatamente acordou e sentou-se na cama, ele reconheceu a voz, e ela não lhe trazia sentimentos amigáveis.
- Você é Jack. - Harry falou segurou e fuzilando o Tigre com os olhos.
- Jack Malfoy. – respondeu ele seco.
- Malfoy?- devolveu Harry hesitante.
- Sim, por que? E a não ser que o Senhor tenha algo importante para tratar aqui, o senhor já deve ter percebido que não é bem vindo. - disse o Tigre direto.
- Deveria ter imaginado. – falou Harry não contendo o tom de desprezo. – Eu vim para ter uma conversa seria com você Sr. Malfoy.
- Sou todo ouvidos. – ele falou.
- A sós. - ele falou encarando Antony.
- Este senhor a quem se refere é meu irmão, ele pode ficar. – ele falou inflexível.
- Eu preferia que fosse a sós. - insistiu Harry.
- A questão não é o que você prefere ou não Sr. Potter.
- Sr. Malfoy devo entender que o senhor está receoso em ficar a sós comigo?- provocou Harry.
- Com certeza sim, não sou exatamente o tipo de homem que costuma ficar sozinho no quarto com outros homens desconhecidos, não faz muito o meu estilo, eu prefiro outro tipo de companhia, se é que o Sr. Potter tem a capacidade de me entender. - ele falou com um sorriso filho da puta no rosto.
Harry corou violentamente, e sentiu a raiva borbulhar no seu interior.
- Muito bem, se o senhor prefere assim... - ele continuou mas foi interrompido pelo mesmo.
- Sinto desapontá-lo, Sr. Potter.
Ignorou a provocação e continuou falando suspirando fundo lutando contra a vontade de puxar a varinha e duelar com o homem a sua frente.
- Soube que o Senhor, andou dando passeios noturnos com a Srta. Weasley pela cidade, fugindo do hospital.
Antony fuzilou o irmão, por não ter lhe contado, e Harry sentiu-se satisfeito em perceber que o mais novo não sabia de nada.
- Não creio que seja da sua conta, Sr. Potter.
- E eu não creio que o senhor seja dono de tamanha irresponsabilidade. - devolveu Harry prontamente. – O dois poderiam ter se perdido, em vista que ela não lembra de nada e o senhor está cego, poderia ter sido presos pelos trouxas... Enfim posso enumerar nos dedos as coisas que poderiam ter acontecido com ela, eu esperava que a sua amizade com ela lhe fizesse pensar apenas no que é melhor para ela e não em lhe colocar em perigo.
O Tigre realmente não acreditava que estava tendo aquela conversa com o Potter, realmente não era da sua conta, não poderia entender como Ginny teria sido tão ingênua a contar para ele sobre o passeio noturno. E afinal se aquele idiota quadrado achava que era o único que se importava com a ruiva ele deveria cuidar para que não cometesse esse erro novamente.
- Como o senhor mesmo disse eu estou cego, mas não surdo ou com problemas de memória, Sr. Potter devo lhe lembrar que conheço melhor que o senhor poderia imaginar as ruas de minha cidade, mesmo cego ainda consigo metalizar a localização dos lugares, e me orientar. Ao contrário do que o senhor pensa eu ainda consigo distinguir esquerda da direita. E alem de tudo, eu não arrastei a Srta. Weasley, ela foi por livre e espontânea vontade.
- Claro que ela foi por que quis, mas ela está doente!
- Só porque ela perdeu a memória perdeu com ela a capacidade de discernir o que lhe é cabível e o que não é? Acho que Ginny Weasley tem plena noção do que pode ou não pode fazer,e dos limites que deseja quebrar, ela não é mais uma criança, como o senhor deve ter percebido.
- Mesmo assim se há um motivo para ela estar no hospital, não há?
- Ao qual não interfere em nada nas decisões dela. Ou Agora o Senhor quer me dizer que ela não sabe mais o que faz?
- Não, claro que não mas...
- Mas o senhor acha que é capaz de decidir por ela?- Falou Jack sentindo ódio dentro de si.
- Não ponha palavras na minha boca Malfoy!- Harry gritou.
- E o Senhor, Sr. Potter, não alteei a voz para falar com o meu irmão, nos aposentos do mesmo. – falou Antony, seco.
Então neste instante a porta do quarto se abriu:
- /Bom dia Jack, talvez seja cedo, mas eu.../- a ruiva começou a dizer com um sorriso no rosto, então reparou na presença de Harry no local. – Harry ? O que você está fazendo aqui?
- Bom dia Raposa. – disse Antony.
- Bom dia Ginny, - falou Jack com um meio sorriso nos lábios. – Eu e o seu amigo Potter estávamos tendo uma amigável conversa sobre como eu sou um irresponsável em ter lhe levado para fora do hospital à noite.
- O que?! Quem disse isso?- ela perguntou estupefata- já em inglês.
- O Sr. Potter fez a gentileza de me dizer isso logo que acordei. Não foi mesmo Sr. Potter?- falou Jack satisfeito. O outro parecia um peixe abrindo e fechando a boca sendo que desta não saia absolutamente nenhum som.
- Harry, você cometeu um terrível erro!- ela falou sentindo-se ofendida pelo amigo. - Eu quis ir, eu chamei o Jack! Ele nem sequer queria ir. Eu o convenci.
- Ginny, o que eu quis dizer, foi que você não deveria ter feito isso, não deveria ter saído do hospital, você ainda não está completamente bem... - ele começou sem jeito.
O Potter tinha entrado na chuva agora ele iria se molhar.
- Eu falei ao Sr.Potter que ao meu ver você tinha total capacidade de tomar suas decisões...- disse o Tigre como quem não quer nada, mas sorrindo por dentro.
- Claro que eu sou!- ela falou.
- Ginny você perdeu a memória! E por Merlin ainda está se recuperando!
- Eu sei que eu perdi a memória Harry!- ela falou- Não precisa me lembrar deste fato, eu tomo consciência disso toda vez que eu olho no seu rosto!- ela falou agressiva. - Mas isso não quer dizer que tenha perdido o juízo junto ou o que quer que seja, ainda sou capaz de cuidar de mim mesma...
- Eu não quis dizer isso Ginny!- exclamou Harry.
Ela o olhou magoada e com raiva, e simplesmente disse.
- Desculpe, Tigre eu vinha lhe fazer uma visita, mas eu não esperava... Se você não se importa eu volto aqui outra hora. - ela falou saindo do quarto sem encarar Harry.
Harry se virou zangado para Jack.
- Olha o que você fez!
- Perdão Sr. Potter, mas não fui eu quem invadiu o recinto do senhor lhe chamando de irresponsável, e dizendo que a Srta. Weasley não poderia mais responder por seus atos. - devolveu ele.
Harry limitou-se a andar até a porta sair e batê-la com estrondo às suas costas.
- /Sujeitinho confuso esse, não?/- falou Antony arqueando as sobrancelhas.
- /Cada dia me arranjam um despertador mais esquisito que o outro.../- falou o Tigre desistindo de tentar dormir, e indo ao banheiro terminar de acordar e lavar o rosto.
N/A: oie gente, esse até que foi rápido não é?? Bom agora eu tenho que ir pq eu vou trabalhar em Who are you. Presente de natal atrasado! Meu natal foi um pouco maluco e tudo o mais... mas até que foi bom! A safra de presentes foi boa esse ano...! rsrsrrsrsrsrs E o natal de vocês como foi? Espero que tenha sido bom! Ah gente (assim meio do nada mesmo) alguém já leu a coleção As Brumas de Avalon? Se alguém já tiver lido, poderia dar um alô pq eu to realmente muito fim de ler, parece um história fascinante, mas e não entendo direito porque parece ter outros livros relacionados como a Sacerdotisa de Avalon, e a Dama do Lago, ou A Casa da Floresta... Ai eu não entendo direito. Se alguém se prontificar a me explicar como é o esquema ai eu vou agradecer muito! Pq eu to realmente confusa... foi tudo escrito pela mesma autora, são continuações da história? O filme é só um livro ou todos?
De qualquer forma! Feliz natal atrasado, feliz ano novo adiantado! Muita saúde, mto dinheiro, e felicidade o resto a gente corre atrás! Que os seus desejos se tornem realidade muita criatividade, amor, amizade, e boas fics ai pela frente!
Espero que gostem do capítulo ai de cima!
Mil beijos!
Reviews Fan Fiction:
Capitam: bom a reposta desse aki eu jah te mandei por e-mail... então o que tenho a dizer pra ti? bom so q te amoo !!!!
minha faz tudo! Como eu viveria sem essa pessoa? nem eu sei... u.u
Miaka-ELA: realmente de vez em quando o TIgre também me dá nos nervos com essa história... mas poxa ai eu penso ele conseguiu tudo que ele queria num momento e no seguinte perdeu tudo... eu fico até mal com isso bixo.. as vezes eu sinto q sou má, mas nao é minha culpa não sou eu que possuo a história ela é que me possui, eu a a capitam descobrimos isso outro dia... quando eu simplesmente não conseguia fazer o que queria com uma fic porque o personagem simplesmente não é assim entende... a história ja tem vida..! ela me controla.mas foi lindo mesmo eles passeando na neve, como nos velhos tempos sabe.. adorei escrever isso! bjaum.. já tava até com saudade de você.. ! naum nos abandone! e ah! quando ao mangá.. não consigo encontrar o anime! é uma pena q tenha acabado.. eu sou loca por eles!!
CarineCG: acredite você não foi a unica que achou que o Tigre iria ver quando se transformasse em tigre novamente... por alguns momentos fugazes eu tb achei q isso poderia acontecer, mas afinal Jack é o Tigre, e se o Jack esta cego, o Tigre tb está..., realmente a Ginny tá tendo uma coisa meio que flasbacks.. eu relamente me empolgo quando isso acontece...vamos torcer pra q ela recupere logo a sua memoria! obrigada mesmo pela sua review! e ai o que você achou do capítulo ai em cima!?
Munyra Fassina: não fique grata queria o Tigre é quem deveria agradecer.. mas como malfoy .. bem você sabe como ele é... De qualquer forma ele adorou o beijo! e bom só pra não perder o espirito da coisa mandou pergutnar se ele pode escolher o lugar.. rsrsrsrrsrsrs Na verdade ele tem q se manter quieto e se conter na história! Acho q o fato dele ser malfoy ajudou a você gostar dele pra falar a verdade ajudou a todos nós... rsrs mas ele realmente é uma gracinha! e charmoso como o que... não tem como escolher ele ou o draco.. pelo menos não pra mim... por isso eu voto direto na familia malfoy!!! \ o/ de qualquer forma muitíssimo obrigada pela review... e quanto a abaixar a bola do nosso amiguinho felino... eu acho meio dificil so a ruiva mesmo... ou quem sabe o tom cruise se abilita a mais uma missão impossível, mas eu acho que ele prefere mil vezes a ginny que o tom cruise. na verdade eu tenho certeza.. não é claro q essa seja minha opinião afinal, um tom cruise de vez enquanto faria bem a todas nós... uffa! mas chega de lenga lenga minha beta ja dizia q eu falo demais mesmo. então me desculpe pelo aluguel.. e ate a próxima bjaum Nyla Lestrange Malfoy
Reviews Floreios e Borrões:
Luciana Martins: não precisa ficar com saudade não ... eles ja estão aqui de novo! obrigada! feliz ano novo! E o que você achou do capítulo ai de cima? espero que tenha gostado eu demorei um pouco ne? mas devo dize que foi pro justa causa, eu estive trabalhando nessa fic todos os dias , quando minha mão não pega no pc... nunca pensou em ver a ginny com alguém que não o Harry...? acontece... você não foi a unica eu garanto! vamos torcer para que ela faça uma boa escolha não é? de qualquer forma, que bom que você está gostando.. eu fico muito feliz! e continuar por aqui!
carolz Malfoy: nunca ri tanto com uma review! rsrsrs que bom que você acompanha desde cbm.. essas fics sao minha vida cara... quando cbm acabou eu me senti tão sem chão... mas ai veio bad e eu melhorei ; ) eu amo essa fic...! mas você vai me denunciar pro ibama eh?! rsrsrrsrsrs... como eu ja disse, a história ja tem vida... eu não a controlo ela me controla! acredite não é brincadeira não. Minha beta é testemunha,.. Mas quem sabe um dia tudo se acerte? eu torço para que os dois melhorem... já ta me dando agonia mesmo o Tigre cego.. é tão triste... de vez em quando eu me acabo de chorar por causa dele...mas é a vida. muito obrigada pela review.. adorei !bjão!
(Nota da beta: é verdade, eu sou testemunha. Fui uma das poucas, se não fui a única, que tive a chance de ver a anny num ataque dizendo “meu deus capitam!!! Me ajuda, eu não sei o que eu faço! A fic ta tomando conta de mim!!!!!!” é de deixar qualquer um maluco.. rsrsrs.)
Glααu: tudo bom comigo e com você? Espero que sim! adorei sua review... e o jeito que você escreve e eu e minha beta achamos o maior barato, acho que foi a mais original que ja vimos... obrigada.. e quanto a demora acredite eu tento não demorar mas so merlin sabe o sufoco que é... agora minha beta ta me ajudando muito.. e ta dano pra ir mais rápido... que bom que você gostou do capítulo, eu suei pra caramba pra escrever esse ai... passei por uma fase não muito criativa, mas espero que goste... bjaum...!
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