Capítulo 3




Cap. 3 Partes de uma vida.

Ginny ainda sentia-se confusa, afinal não era uma situação muito fácil não saber nada sobre si mesma. Era extremamente ruim ter que receber pessoas sorridentes a todo segundo, rostos os quais ela não tinha nem a mais pálida lembrança e esperavam algum sinal de reconhecimento que ela não conseguia dar. Era frustrante.

Ela estava cansada.

Sua família viera visitá-la, era reconfortante saber que não estava sozinha, que tinha parentes e pessoas que se importavam com ela, estavam todos tão agitados e felizes em poder vê-la em saber que estava bem, descobriu que tinha irmãos. Todos ruivos que nem ela, e que era a única filha. Dois gêmeos chamados Fred e Jorge, Gui que trabalhava no banco de Gringotes, Carlinhos que trabalhava com Dragões, e Ronald ao qual todos chamavam de Rony. Ainda não conseguira entender se era Fred ou Jorge que era casado com Angelina e havia acabado de ter um filho, seu afilhado por sinal. Rony era casado com uma antiga amiga sua de escola, pelo que todos diziam, Hermione Granger, e tinha um filho chamado Mark, que também era seu afilhado. Infelizmente ela não pôde conhecer Gui e Carlinhos que não puderam largar o trabalho, mas estavam tentando tirar folga para lha fazer uma visita.

Conhecera Harry que era um homem de cabelos pretos e olhos muito verdes que tinha uma cicatriz em forma de raio na testa, ele era bastante gentil, mas sempre parecia um pouco embaraçado quando falava com ela. Ela tinha leve impressão de que ele sabia de algo que ela não sabia, o que de qualquer forma era verdade já que todos pareciam saber mais sobre ela do que ela própria. O pouco tempo vago que ela tinha, era dedicado a tentativas infrutíferas de lembrar qualquer coisa, uma coisinha sequer do seu passado.

E era isto que ela estava fazendo quando a porta do seu quarto se abriu e Harry entrou no local.

- Bom dia Ginny, não esperava te encontrar acordada uma hora destas. - ele disse sorrindo.

- Não consegui dormir mais. - ela explicou.

- Por que?

- Alguns sonhos que me perturbam.- ela disse sem dar importância.

- Algo sobre...- ele começou hesitante mais ela foi objetiva.

- Não, nada sobre as minhas lembranças.

- Ah, sim. Como tem passado?

- Bem, e você?

- Posso dizer o mesmo. Eu vim trazer algo que você gosta.

- Estou curiosa. - ela falou sorrindo.

- Abre a boca e feche os olhos. - ele disse divertido.

Ela o fez, e então sentia um gosto doce na boca, era maravilhoso, e tinha gosto de cereja pelo que ela pode reconhecer, uma sensação gostosa invadiu os eu corpo quando ela experimentou o doce.

- É muito bom. -ela falou sorrindo. Então sentiu-se muito leve, leve até demais, e quando deu por si flutuava alguns centímetros acima da cama. – Harry o que é isso?

- São os doces, ele a fazem flutuar.

- Que legal!

- Você ficará assim por dois minutos. - ele falou, com a já conhecida sensação quente no estômago ao ver o sorriso dela.

- Como você sabia que eu gostava destes doces?

- Você mesma os comprou e me deu um dia. - ele falou lembrando-se, não fazia tanto tempo assim, mas para ele aprecia que tudo havia acontecido á séculos atrás.

- Quando?

- Quando você estava de férias do trabalho e foi nos visitar na Inglaterra.

- Todos tem mencionado muito estas férias. - ela comentou ainda flutuando, e agora se sentando no ar.

- Fazia tempo que você não ia lá, estávamos todos com saudades. - ele explicou.

- Como foi tudo? Me diverti?

- Eu creio que sim, você parecia feliz... A maior parte do tempo. - ele falou com a voz baixa.

- Me conte deste dia. - ela pediu a ele ouvindo atenta.

Ginny adorava quando Harry lhe contava das coisas que haviam feito juntos, de como era na escola quando eram adolescentes, de como ela se comportava, de como ela odiava quando a acordavam cedo sem necessidade.

- Bom neste dia nós fomos ao Beco Diagonal, é um lugar na Inglaterra que é lotado de lojas inteiramente bruxas, você pode encontrar tudo que procura lá. Você tinha chegado a Inglaterra á pouco tempo, e fazia muito tempo que não ia lá, nós fomos, primeiro você quis entrar na Madame Malkins, é uma loja de roupas, a melhor que existe no beco. Você provou vários vestidos.

- E você estava só me esperando?

- Exato.

- Eu demorei muito?

- Um pouco, você experimentava os vestidos e pedia a minha opinião, o que cá entre nós, era dificílimo dizer qual ficava melhor já que todos ficaram estonteantes em você. Você acabou levando um vermelho longo, lindíssimo, acho que você ainda tem ele, usou-o no natal. Nunca a vi tão linda.

- Falando assim você vai me deixar uma pessoa extremamente cheia de si. - ela o adverteu.

- Você sempre foi muito confiante. - ele falou sorrindo. - Depois de você ter finalmente se decidido graças a Merlin, fomos a uma joalheria, e a jóia que você mais gostou foi uma gargantilha de esmeraldas, ainda me lembro como se fosse ontem, como elas caíram perfeitamente em você. Quis lhe dar de presente, afinal eu não havia lhe dado nada. Para falar a verdade Ginny, eu havia esquecido de comprar antes de você chegar de viagem, me desculpe.- ele falou sorrindo.

-Isso mostra como eu sou querida. - ela falou sarcástica.

- Hei, isto é golpe baixo! Eu estava muito atarefado ta legal!

- Tudo bem, você está perdoado, pode-se dizer que eu já esqueci o fato. - ela disse brincando com a sua condição, ignorando a pontada de angustia que martelou dolorosa no seu peito.

Ele gargalhou.

- Tudo bem em sinto aliviado agora.

- Ta vendo eu sou um anjo de pessoa. - ela falou fingindo-se orgulhosa de si mesma. Harry sorriu e continuou a contar.

- Você orgulhosa como sempre não quis aceitar o colar de jeito nenhum, disse que era muito caro e que nunca me pediria uma coisa desta. Eu fiquei chateado por poder lhe dar um presente, mas você me arrastou para a loja de doces mais próxima e disse para eu não ficar emburrado, e me deu um desses docinhos ai.- ele falou. Ela já não flutuava mais, já estava novamente sentada na cama, deliciando-se com cada palavra que Harry contava-a ela.

- Você se assustou?

- Bastante! Em um momento eu estava comendo um doce delicioso e no outro flutuando meio metro acima do solo! E você também não colaborou, eu lhe perguntei, já achando toda a situação divertida, quando eu poderia descer, e você disse sorrindo da minha cara “Só Deus sabe.”. Eu com certeza fiquei mais assustado ainda com isso, então a mulher que estava no balcão se apiedou de mim e falou que eu só ficaria flutuando por dois minutos. Depois disso, fomos na loja dos seus irmãos.

- Fred e Jorge?

- Isso.

- Eles têm uma loja?- ela perguntou impressionada.

- Têm, uma loja de logros, e estão se dando muito bem nas vendas, eles são impressionantes seus irmãos tem uma criatividade invejável, enquanto você estava entretida olhando as coisas eu disse que ia logo ali e não demorava. Quando saímos da loja dos gêmeos e fomos almoçar, e eu lhe dei um presente, você perguntou na mesma hora o que era aquilo me olhando toda desconfiada. Então você abriu o embrulho, e viu a gargantilha, seu olhar para mim era de incredulidade, disse que iria me pagar que não poderia aceitar de jeito nenhum, mas eu acabei convencendo você a ficar com a gargantilha como se fosse presente de natal.

- Eu ainda tenho a gargantilha?

- Creio que sim, deve estar no seu apartamento, você a usou no natal junto com o vestido vermelho você estava linda.

- Muito obrigado Sr. Potter, o senhor está muito galanteador hoje, sabia?- ela disse imitando uma formalidade desnecessária.

- Eu sou um cavalheiro por natureza Srta. Weasley, a Senhorita deveria saber. - ele falou sorrindo do jeito que ela dissera.

Mas de repente o sorriso se apagou do rosto dela e seus olhos se desviaram dos dele, ostentando agora um sombra de tristeza, ela abaixou a cabeça e falou com a voz levemente angustiada em um tom baixo.

- Há muitas coisas que eu deveria saber Harry, coisas demais...

- Não fique assim Ginny, não importa se você lembra ou não estamos todos aqui do seu lado pra tudo.

Então a porta se abriu novamente, ela se virou para ver quem era um sorriso se abriu no sue rosto.

- Jack!

- /Eu disse a você que viria aqui de manhã não disse?/

- /Disse./- ela confirmou com um sorriso- /Eu estava aqui com o Harry, ele estava me contando de um dia no Beco Diagonal quando eu estava de férias lá./- ela falou simplesmente.

- É mesmo?- ele falou em inglês fingido interesse enquanto sua expressão se tornava tensa em saber que Potter estava lá.

- É. Foi lá que eu comprei um vestido vermelho que de acordo com o Harry ficava muito bonito. Você estava lá também?

- Não, eu fui visitá-la no seu aniversário.

- Eu usei o vestido no meu aniversário também?- ela perguntou sem perceber a atmosfera tensa.

- Não. - respondeu Harry seco.

- Você já me viu usando o vestido?- ela perguntou curiosa.

- Era um vermelho longo?- ele perguntou tentando se lembrar.

- Era. - ela falou feliz.

Então Jack se lembrou dos dois no quarto dela algum tempo depois que ela voltara da Inglaterra, ela tinha acabado de sair do banho e o mandara desfazer as malas, então lembrou de qual vestido vermelho e tratava, então a imagem do vestido vermelho queimando a sua frente invadiu a sua mente e ele não pode conter um leve sorriso satisfeito. Então ela tinha comprado com o Potter? Deveria por isso que ela estava com tanta raivo ao ver aquele vestido chegando a queimá-lo, agora ele entendia.

- Não, você nunca o usou depois que chegou. - ele afirmou.

- Por que? – ela disse soando intrigada.

- Você o queimou. - ele disse sentindo-se satisfeito e divertido em imaginar a cara que o Potter deveria estar fazendo naquele momento.

- O vestido? Eu queimei o vestido?- ela olhava incrédula para o Tigre, e depois para Harry que mordia o lábio inferior nervoso e levemente espantado.

- Foi, queimou-o assim que tirou da mala. - ele acrescentou venenoso.

O russo parecia estar dizendo a verdade, e uma pontada dolorosa se abateu sobre o peito de Harry, então ela estava com tanta raiva que queimou o vestido que usara naquela noite de natal... Não poderia ser verdade, ele não queria aceitar, mas no fundo ele sabia que a Ginny que deixara a Inglaterra magoada e angustiada seria capaz sim...

- Mas porque eu fiz isso?- ela perguntou incrédula e confusa.

Harry congelou, será que o Russo diria? Falaria toda a verdade para ela? Ela certamente lhe odiaria quando ficasse sabendo de tudo, ele não poderia contar, não agora, ela não estava pronta para saber de tudo agora. Harry queria contar, a história toda, fazê-la entender porque ele tinha agido daquela forma, coisa que ele não tinha tido oportunidade de fazer da última vez. Suas mãos tremeram enquanto ele fitava o homem a sua frente sem ação. Ele não poderia contar, não tinha o direito.

O tigre, sentiu sua língua coçar de vontade contar toda a verdade, que aquele idiota havia machucado ela, magoado, e a feito chorar, que ela sentia um ódio profundo dele e todas as vezes que o via. A Raposa odiava o Potter, e ficava seca e irritada todas as vezes que se tocava no nome dele. Ela deveria saber da verdade, só assim aquele desgraçado pararia de se aproveitar da situação dela, só porque ela não lembrava de nada ele aproveitava-se disso para lhe visitar, e lhe fazer galanteios fingindo-se de bom moço. Era muita cara de pau, ela odiava ele, ele deveria ter vergonha de sequer olhar para a ruiva. O Tigre realmente queria contar, contar tudo que ele fizera para ela e como ela chorara por causa daquele imprestável, ele merecia a reação dela...

- Não sei, talvez o Sr. Potter tenha alguma idéia do porque você fez isto.- ele disse engolindo a raiva, e não dizendo nada. Ele sabia que Harry merecia que ela soubesse, mas não falou nada, não queria trazer de volta toda a mágoa que a Raposa sentia. Ele não seria o responsável por isto. Potter é quem deveria contar a ela a usa própria história, esta era uma carga que ele mesmo teria que suportar, ao ver como ela reagiria ao saber da verdade. Potter deveria contar a verdade, não ele.

Ela olhou para Harry curiosa, mas ele apressou-se em fazer-se de intrigado, não era a hora ainda para ela saber de tudo, na hora certa ele contaria. Então ela disse:

- Que esquisito.

Neste instante a porta se abriu pela terceira vez atraindo a atenção de todos para aquela direção, e uma enfermeira entrava com uma bandeja cheia de remédios. Era Nay. Ginny fechou a cara para ela e a enfermeira parecia impassível.

- /Bom dia Srta. Weasley. Vim lhe trazer os seus remédios./ - ela falou e então percebeu que Jack estava no recinto. - /Bom dia Tigre imaginei que você já estivesse aqui./- ela disse com um sorriso.

- Bom Ginny, vejo que agora vai tomar seus remédios, é melhor eu ir, depois eu lhe faço outra visita. - apressou-se Harry.

- Até mais Harry. - ela falou confusa.

- Até. - e dizendo isso ele saiu da sala.

- /Bom dia Nay, um prazer vê-la tão cedo./- disse o Tigre sorrindo para a enfermeira.

A loira corou e pareceu melhorar o seu humor instantaneamente.

- /Bom saber que ainda se lembra das amigas, Tigre. /- ela disse dosando um líquido vermelho e dando para a Ginny.

-/Eu não iria esquecer de você Nay, pode ficar certa disso./- ele falou educado.

-/Obrigado./- ela falou abrindo outro vidro desta vez do líquido amarelo com algumas bolhas cor de rosa que infestou a sala com um cheiro horrível, de podridão.

- /Eca, que coisa horrível!/- disse Ginny após tomar o tal remédio.

- /Eu imagino./- disse Jack.

- /É necessário para a sua devida recuperação, Srta.Weasley. /- disse a enfermeira seca.

- /E todos nós almejamos muito esta meta, não é?/

- /Claro./- falou Nay sem esboçar nenhum sorriso no rosto. - /Mas de qualquer forma eu tenho que ir, existem outros pacientes que precisam de mim, e mais tarde será a sua vez, Tigre./- ela falou abrindo um sorrisinho.

- /Mal posso esperar./- ele falou irônico pensando no gosto.

- /Então tchau./- ela disse e saiu lançando olhares para o Tigre, os quais ele não pôde corresponder.

- /Aleluia!/- disse a ruiva.

- /O que foi?/

- /Graças a Merlin ela já foi./

- /Vocês já se detestam assim?/- ele perguntou sorrindo.

- /É ela que não vai com a minha cara e eu não sei nem o porque./

- /Ela não vai com a sua cara porque você não vai com a dela./- ele falou.

- /Não é só por isso, você disse que a gente não se dava bem antes./

- /Tudo bem eu admito, esperava que você não lembrasse disto./

- /Não, disto eu ainda lembro./- ela falou travessa. -/Lembro também que você disse que depois me contaria a história./

- /Você não vai desistir não é?/

- /Não, conta logo./- ela pediu.

- /Você tinha ciúmes da Nay./- ele falou rindo bastante.

- /Eu tinha ciúmes dela?/-ela disse incrédula.

- /Tinha, mas jamais admitiu./

- /Por que eu tinha ciúmes dela?/

- /Por causa de mim, nós até brigamos por isso, e você ficou chateada e tudo o mais.../- ele disse sentindo uma pontinha de nervosismo receando que ela perguntasse mais, sobre esta história. Se ela o fizesse ele seria obrigado a desencadear outras histórias.

- /Isso explica porque ela estava toda sorridente hoje./

Ele riu bastante diante desta observação feita por ela. Então ele ouviu passos na sua direção e parou por alguns instantes, pensando se havia mais alguém no quarto.

- /Ginny?/

- /Oi./- ela respondeu indo até ele.

- /Você se levantou?/

- /Sim./- ela disse parando a sua frente e tocando-lhe o ombro.

- /Seleena disse que já poderia fazer esforço?/- ele falou preocupado.

- /Não seja bobo, Jack, eu estou posso perfeitamente andar./

- /É que.../

- /Abre a boca./- ela falou sorrindo para ele.

- /O que você vai fazer ele perguntou desconfiado./

- /Abre a boca./- ela simplesmente repetiu insistindo.

- /Tudo bem, você quem manda./ - ele disse abrindo a boca.

Ela colocou um docinho dos que Harry trouxera para ela na boca dele e um na sua, imediatamente o gosto doce com um toque de cereja tomou conta da sua boca, e ele sentiu-se muito leve, levíssimo como se estivesse flutuando. O mesmo aconteceu com ela, ela sorriu segurando nas mãos dele enquanto os dois se elevavam meio metro do chão.

- /Ginny, o que é isso?/

- /Um doce./- ela respondeu simplesmente.

- /Porque eu estou em sentindo assim?/

- /Assim como?/

- /Leve./- ele explicou sabendo que ela estava apenas lhe enrolando, ele balançou os pés e não encontrou o chão, imediatamente um sorriso incerto invadiu o seu rosto. - /Ginny estamos flutuando?/

Teve sua confirmação com um riso.

- /Interessante não é? Harry trouxe para mim hoje de manhã./

-/Trouxe, foi?/- ele disse sentindo uma leve irritação tomar conta de si.

- /Eu levei um susto quando provei./

- /Não duvido./- ele falou enquanto flutuavam pela sala.

- /Me responde uma pergunta?/

- /Pergunte./

- /Você e o Harry se dão bem?/

- /Por que está perguntando isso?/- ele perguntou com a expressão tensa no rosto.

- /Por causa do jeito como vocês se tratam./- ela falou.

- /É, você tem razão nós não somos lá muito amigos, pode-se assim dizer./- ele falou sincero.

- /Ah, sim entendo.../- ela falou percebendo como ele ficava desconfortável quando o assunto chegava em Harry, não quis ser intrometida, não sabia se o fato de os dois não se darem bem tinha alguma coisa a ver com ela então não perguntou nada.

- /Você anda muito perceptiva para quem esqueceu de tudo./- ele falou.

- /Você acha é? Eu não era assim?/

- /Você sempre foi assim./

- /Tigre,/- ela começou a falar e um arrepio percorreu o corpo dele, era assim todas as vezes que ela o chamava de Tigre, era como ele tentava encara como se ela estivesse chamando outra pessoa, pois todas as vezes que ela o chamava assim ele tinha a impressão de que era a Raposa lhe chamando, e não era, a Raposa estava esquecida em algum lugar na memória de Ginny Weasley. - /você e os outros ficaram chateados por eu não lembrar de ninguém?/

Ele demorou um pouco para responder, sabia que ela o encarava séria, era um pergunta difícil, difícil de fazê-la entender que o que eles sentiram não era mágoa por ela não lembrar deles, e sim outra coisa...

- /Não Ginny, o outros não ficaram chateados por não serem reconhecidos./- ele se limitou a dizer.

- /E você?/- ela perguntou cuidadosamente, soando um tanto quanto hesitante.

- /Eu não fiquei chateado, entende? É que não era exatamente assim que espera te encontrar.../

- /Se por acaso eu não tivesse esquecido de tudo,/- ela disse com a voz triste. - /como seria?/

O sangue congelou nas suas veias, ele tinha medo da resposta que insistia em palpitar na sua garganta implorando para ser dita. Não podia dizer nada agora, não ainda. Ela não lembrava de nada, e como ela reagiria diante de toda a verdade? Seus pensamentos voavam na velocidade da luz dentro de sua cabeça. Não adiantaria ela saber do que acontecera, não faria com que voltasse a ser como era.

- /Você seria meus olhos./- foi tudo que ele disse.

Ela ficou em silêncio pensando no que ele respondera, e os dois já estava no chão quando ela falou:

- /Então vamos fazer um trato, eu serei seus olhos e você será a minha memória./

Ele sorriu.

- /Não é assim, eu não posso.../

- /Por que não é assim? Você pode sim, você deve! Pelo que todos falam éramos unha e carne, você deve saber tudo sobre mim./- ela falou insistente.

- /É verdade que éramos muito amigos, mas.../

- /Então qual é o problema?/

- /É só que.../- ele parecia incapaz de completar um frase sequer, não poderia ser a memória dela, simplesmente não podia.

- /Por favor, Tigre.../- ela falou em tom suplicante e ele sentiu novamente o arrepio, era como se fosse realmente a Raposa lhe chamando. - /Eu preciso lembrar, me ajude a recuperar o que eu perdi./

- /Ginny, o que você precisa entender é que, eu mais do que todos os outros gostaria que você se recuperasse o mais rápido possível. Mas agora tudo é diferente... Eu não posso ser o que você me pede, existem coisas.../- ele tentou explicar, mas sem ter muito sucesso.

- / Existem coisas que você não quer me contar, é isto?/- ela falou indignada.

- /Não, não é isto, mas talvez eu não seja a pessoa certa./

- /Acredite, você é!/- ela falou convicta.

Ele não poderia mais negar.

- /Tudo bem, você venceu./

- /Isso é um ‘sim’?/- ela disse parecendo alegre.

- /É./- ele suspirou resignado.

- /Ótimo, agora pode me dizer tudo sobre mim./- ela falou enérgica.

- /Calma, o que você quer saber primeiro?/- ele riu da afobação dela.

- /O que eu mais gostava de fazer?/

- /Ah, essa é fácil./ - ele disse brincando. - /O que você mais gostava de fazer era me perturbar./

- /O que?/- ela disse incrédula erguendo uma sobrancelha desdenhosa.

- /Você acha que eu estou brincando? É a mais pura verdade, sempre que estava sozinha no seu apartamento você aparatava no meu, só pelo belo prazer de ficar de pernas para o ar no sofá enquanto eu preparava alguma coisa para comer. Quando estava com insônia você simplesmente ia no meu quarto e me acordava. Ruiva má, fazia eu levantar e prepara um chá para você, então ficávamos conversando./

- /Ficávamos conversando sobre o que?/

- /Muitas coisas, na verdade você ficava a maior parte do tempo em provocando./

- /Te provocando?/

- /Exato, tá eu admito que também provocava, mas você não era flor que se cheire./-ele falou rindo imaginando a cara que ela havia feito.

- /Muito obrigado Sr. Malfoy, eu me sinto lisonjeada./

- /Estou apenas falando a verdade./

- /Continue./

- /Algumas vezes, você se transformava na raposa e eu no tigre e saíamos para passear, correndo até não ter mais fôlego pro toda a cidade./

- /Você quer dizer assumir a minha forma animaga?/

- /É./

- /O que mais?/

- /Você gostava bastante de patinar no gelo, modéstia a parte a gente dava um show.../

- /Gostaria de tentar novamente./

- /Quando sairmos deste hospital sem dúvidas você irá tentar./

Ela sorriu.

- /Sabe essa correntinha no seu pescoço escrito Tigre?/- ele falou, tocando o pescoço dela com delicadeza, e encontrando o toque frio do pingente.

- /Sei, eu tenho me perguntado sobre ela./

- /Eu lhe dei de natal./

- /Nossa obrigado! Hei, espera um segundo, você tem.../

- /Uma igual, eu sei, só que com o seu nome. Apelido, quero dizer./

- /São um par?/

- /Sim, são engastadas com um feitiço convocatório, se você chamar “Tigre” no intuito de que eu venha até você, eu instantaneamente aparato ao seu lado. Mas só funciona se você me chamar, entende? Não apenas dizer o meu nome, caso o contrário toda hora eu aparataria ao seu lado./- ele explicou.

- /Fantástico! Eu posso te interromper a qualquer hora?/

- /Qualquer hora, até quando eu estiver tomando banho ou dormindo.../

- /O seu também funciona do mesmo jeito?/

- /Exatamente./- ele confirmou.

- /Interessante./

- /Mas isto é segredo, ta legal?/

- /Pode deixar./

Neste momento a porta se abriu sorrateiramente desta vez, e Leo colocou a cabeça para dentro do recinto espiando para dentro. Sorriu em ver que os dois estavam lá.

- /O que é segredo?/- ele perguntou entrando de uma vez na sala e abandonando sua postura sorrateira.

- /Bom, só é segredo por você não saber o que é./- disse o Tigre esperto, reconhecendo a voz do amigo.

- /Muito engraçado Tigre./- ele falou irônico.- /E a situação de vocês já está neste estágio?/

- /Que estágio?/- perguntou Jack.

- /Do que você está falando?/- perguntou Ginny não entendendo.

- /Deste estágio da relação, os dois na cama./- ele explicou se referindo aos dois sentados na cama.

Ginny corou imensamente.

- /Cala a boca Leo./- disse o Tigre, rindo, enquanto Ginny corava violentamente.

- /Já calei grande felino da selva./- ele disse fazendo piadinhas do Tigre.

- /Afinal Leo de quem você está fugindo?/- perguntou a ruiva.

- /Ninguém./

- /Tem certeza?/

- /Ta tudo bem, eu não pedi para Seleena para poder vir visitá-la então tenho sérias dúvidas quanto a ela aprovar minha visita por aqui./- ele explicou.

-/Eu acho que concordo com Seleena em lhe expulsar daqui, você não é uma boa influência para ela./- falou o Tigre sorrindo divertido.

- /Não, o Leo fica./- ela disse decidida.

- /Ta vendo?/- defendeu-se Leo.

- /Pronto, logo teremos dois monstrinhos criados./- falou o Tigre brincando.

Ela lhe deu um tapa de leve no ombro, e ele não conseguiu deixar de lembrar quando a Raposa fazia isso com ele, sempre que ele a provocava.

- /Apenas quebrando o assunto no qual o Tigre queima meu filme, Beatrice mandou avisar que estará passando para visitá-la de tarde./

- /Ta legal./- ela disse.

- /Bom Srta. Weasley parece que você terá um dia bastante agitado não?/- concluiu Jack.

- /Não somos os primeiros Tigre?/- disse Leo admirado.

- /Não, o Sr. Potter já esteve por aqui.../- falou ele com um toque generosos de desdém na voz.

- /Ele? Ele está aqui?/

- /Está./- confirmou Jack, e pode prever a cara de desgosto que Leo fez.

- /Qual é o problema de vocês?/- perguntou Ginny curiosa e indignada - /Porque vocês não gostam do Harry?/- ela falou percebendo o fato de Leo também não gostar de Harry.

Jack permaneceu calado.

- /Sujeitinho intransigente./- falou Leo.

- / ‘Intransigente’?/

- /Primeira vez que vi ele, o tal Potter estava no mesmo bar que nós, e não foi muito agradável com você./- disse Leo sem perceber que Jack estava tenso com o assunto, que ao seu ver era perigosos poderia levar a perguntas que não caberiam a ele responder, uma história que não era sua para ser contada.

- /Comigo?/- ela duvidou.

-/Exato, ele queria conversar com você a qualquer custo, começou calmo, mas você falou que não iria, ai ele insistiu, e você foi irredutível, então ele continuou insistindo. O Tigre ai, se irritou rapidamente e se levantou também, quando a gente percebeu que o cara tava te importunando, eu e o Andrei levantamos também. Bom acho que ele percebeu que estava em desvantagem no momento, e passou fora./- disse Leo.

- /Ainda não consigo entender.../- ela falou confusa. - /Harry é sempre tão gentil e atencioso, por que eu não queria conversar com ele...?/

- /Não sei Raposa, mas você não queria de jeito nenhum./- falou Leo sincero.

- /Estranho./- ela comentou.

- /Foi assim que aconteceu, mas se você está achando esquisito sugiro que pergunte para ele./- falou Leo imparcial.

Jack continuava calado, não querendo se meter, mas ainda assim não conseguiu conter a satisfação quando Leo mandou que ela perguntasse ao Potter. Pediu com todas as forças para que ela não perguntasse nada a ele, agora não poderia mentir para ela, ou melhor não queria mentir para ela, queria contar a verdade sobre aquele... Sentiu a raiva borbulhar novamente em seu estômago, e respirou fundo contendo-se.

-/Hei, alguém aqui já percebeu que mal a Ginny acordou e todas as minhas visitas se transferiram miraculosamente para ela?/- disse o Tigre, mudando de assunto.

- /É o meu carisma natural./- ela falou.

Ele não se conteve e começou a rir.

- /Tenho que admitir Tigre, a idéia de visitar a ruiva aqui, por si só já é bem mais carismática do que visitar você meu caro./- falou Leo.

- /Ok, agora eu sei com quem estou lidando./- falou Tigre.

- /É a minha natureza./- desculpou-se o outro.

- /É da sua natureza vir me visitar?/- perguntou Ginny não vendo muito sentido na frase.

- /Não, é da natureza dele ficar olhando para as suas pernas./- esclareceu Jack.

Ela corou, mas ainda assim soltou um sonoro riso dos dois.

- /Quem bom que você me compreendeu, Tigre./

- /Levar socos também é da sua natureza?/- perguntou o Tigre irônico.

- /Receio que não./

- /Então eu acho bom, você erradicar outras coisas da sua natureza ou acrescentar mais esta./- ele falou calmo.

- /Acho que acrescento mais está, vale a pena./- ele provocou.

Jack não responde, apenas sorri lentamente.

- / Alem do mais você não pode reclamar de nada, como podemos visitar você se até você vem visitar e ruiva./- disse Leo.

- /Tá, isso é algo realmente paradoxal./- disse Ginny rindo bastante da discussão dos dois.

Ginny estava dormindo, sentira-se muito sonolenta depois da sua segunda bateria de remédios, que tivera que tomar logo antes do almoço quando Seleena viera lhe ver e fazer suas observações sobre seu estado e havia encontrado Jack e Leo conversando animadamente com ela. Ela não ficou muito feliz em vê-los ali, e pelo visto Jack também não tinha pedido permissão para poder visitá-la, mas ela não se importava, gostava quando eles iam lá.

Lá no fundo algo lhe dizia que eles eram muito importantes, sentia-se extremamente ligada a eles e fora tão rápida a sua aproximação, sentia-se tão à vontade... Chegava a ser assustador, mas no fim das contas era reconfortante saber de alguma forma que podia confiar neles mesmo não se lembrando de nada.

Era impressão dela ou o quarto estava cheio de sons, para ser mais precisa de vozes? Ela não queria... Mas as vozes a puxavam de volta à realidade e a traziam de volta a tona. Ela não queria acordar agora, não no meio daquele sonho, era um sonho tão bom... Sentiu ondas poderosas de preguiça percorrerem seu corpo mandando-o ficar imóvel na cama e enrolado nos lençóis, mas o que era mesmo que estivera sonhando?

Droga! Agora ela não se lembrava mais sobre o que era o sonho, com algum esforço conseguiu lembrar-se de algo a ver com neve, muito frio e muito vento.

- Jorge, tome cuidado para não acordá-la!- dizia uma mulher gorda ao lado da cama enquanto um homem ruivo carregava uma pilha de pacotes enrolados em papeis coloridos como embalagens de presentes e esbarrava nos móveis.

- Isso está pesado mamãe!- reclamou ele.

- Shiiiiiiiiu...!- fizeram todos em resposta.

- Oi gente. - falou Ginny sonolenta.

- Querida não queríamos acordá-la. - disse a Sra. Weasley carinhosamente para a filha que agora se espreguiçava lentamente.

- Sem problemas, acho que dormi demais de qualquer forma. - ela disse.

- De jeito nenhum, você precisa dormir, descansar, descansar a mente.

Ela não disse nada, sabia que a mulher ali ao seu lado que estava sendo terrivelmente carinhosa estava cheia de esperanças de que ela lembrasse de algo, mas não achava que dormir iria ajudar em alguma coisa. Sentiu uma pontada de culpa, e não conseguiu retribuir o sorriso que lhe era dirigido, apenas sentou na cama se apoiando nos travesseiros que agora já não pareciam tão macios.

- Querida, tem mais alguém que você ainda não viu.

- Quem?- perguntou Ginny olhando ao redor a sua era afinal uma grande família.

- Hermione, a esposa do seu irmão Rony, e Mark seu sobrinho e afilhado. Falamos sobre eles, mas só puderam chegar aqui hoje pela manhã. - explicou ela.

- Oi, que bom revê-la Ginny. – disse Hermione lhe dando um abraço.

Hermione era, como Ginny pôde observar uma mulher não tão alta, um pouco maior do que ela, de cabelos castanho médio encaracolados de olhos cor de mel e sorriso entusiasmado. Era bonita, a ruiva observou, gostou imediatamente dela.

- Prazer. - disse ela.

- É, realmente para você é como se estivesse me conhecendo agora não? Desculpe. - disse ela.

- Deixa pra lá, estou me acostumando ainda. - disse Ginny sorrindo amigável. – Este deve ser meu sobrinho, Mark. - ela acrescentou olhando para o garoto que parecia-se bastante com a mãe.

- Isso mesmo. – confirmou Hermione.

- Oi tia, você disse que eu poderia visitá-la qualquer dia, pena que você está doente. - disse o garotinho.

- Não se preocupe, eu não estou exatamente debilitada. - ela disse sorrindo para a criança.

- Não o encoraje Ginny ou ele não irá lhe deixar em paz. - disse a mãe.

- E pelo visto eu vou adorar, essa enfermaria é tão tediosa. - ela reclamou, todos sorriram.

- Estes são pra você. - disse um dos gêmeos.

Então ela notou a pilha de presentes a um canto perto da sua cama.

- Uau, nossa são muitos, obrigado. - ela falou surpresa.

- Mamãe achou que ajudaria na sua recuperação que lhe trouxéssemos coisas as quase você era pegada ou gostava.- explicou Rony.

- É uma boa idéia. - ela disse gentil, mesmo sem ter a mínima noção do que poderia haver dentro daquelas caixas.

- Abra. - encorajou seu pai.

Ela pegou a primeira delas, rasgou o papel de presente e o que viu ali lhe deixou bastante confusa, primeiro achou que fosse um gato, depois percebeu que provavelmente seria algo para vestir, ela só não conseguia identificar o que. Estendeu a coisa a sua frente e observou atentamente fazendo todo o esforço possível para não deixar transparecer que realmente não fazia idéia de como usar aquilo. Então finalmente ela pareceu entender, era um suéter. Um suéter meio cinzento e bastante peludo, mas por incrível que pareça parecia caber três dela ali dentro, é, pelo menos seria bom para dormir.

- Obrigada, é lindo... - ela falou sorrindo agradecida.

- Todos os anos cada Weasley ganha um, você costumava ganhar um laranja ou cor de rosa, mas Harry achou melhor que eu tricotasse este cinza. - disse a Sra. Weasley. Ginny olhou para Harry pela primeira vez, não havia notado que ele estava no recinto, agradeceu mentalmente a ele por ele ter sugerido aquela cor, não conseguia se imaginar usando aquele suéter ainda por cima se ele fosse rosa ou laranja.

Harry pareceu prestes a rir por um instante, mas ela concluiu que havia sido impressão já que ele estava perfeitamente sereno no momento seguinte.

- Abra o próximo Ginny. - disse seu pai ansioso.

Ela pegou o próximo embrulho que estava enrolado em um papel com desenhos de renas do nariz vermelho, ela achou graça, mas não sorriu. Lá dentro haviam várias placas de diferentes matérias, madeira plástico e etc, com alguns buraquinhos no meio e outras com relevos que pareciam botões. Áquila ela realmente não fazia a mínima idéia do que se tratava, não teve como esconder o olhar confuso sobre o estranho presentes.

- Disse para você Arthur, se ela não se lembra de nós, vai se lembrar da sua coleção de tomadas!- disse sua mãe fazendo a idéia parecer absurda.

- O papai ama trouxas, uma vez ele até desmontou um carro e o enfeitiçou para que pudesse voar, Harry e o Rony roubaram o carro para ir para a escola no seu primeiro ano, eles estavam no segundo ano. Os dois quase foram expulsos. - disse Fred, parecendo divertido e fazendo-a rir.

- Depois eu quero ouvir esta história.- ela disse ainda sorrindo.- Obrigada papai.- ela disse ainda sem saber o que fazer com o excêntrico presente.

Ela seguiu para a pilha novamente, então pegou um caixa que parecia se agitar e quicar levemente, ela se perguntou o que teria ali dentro. Abriu a caixa tirando o laço de fita colorido arrumado em um belo arranjo na tampa e algo muito rosa e saiu lá de dentro, girava rápido e soltava leves guinchos. Ela instantaneamente adorou, o que quer que fosse aquele bichinho lindo, ela havia adorado, era simplesmente tão fofo!

Ela observou enquanto a bolinha cor de rosa subia nos travesseiros.

- O que é isto?- ela perguntou sorrindo.

- Mini-Pufes, você já teve um acho que se chamava Arnold ou coisa parecida. - falou Jorge, satisfeito por ela ter gostado.

- Ele é lindo!- ela disse admirada. - Onde os encontraram? Nunca ouvi falar de nenhum animal parecido.

- Nos conseguimos reproduzi-los há algum tempo atrás, e eles estão na loja.

- É muito fofo, obrigado!- ela falou pegando o bichinho rosa e colocando-o no colo enquanto abriu outra caixa.

Esta por sua vez havia uma camisa preta e branca com o nome Montrose Magpies e um pega estampado na frente e outro nas costas, era bonita. Sentiu uma euforia ao tocar na camisa então viu o nome bordado nela ‘MacFarlan’, se não estava enganada era um time de quadribol.

- Gostou?- perguntou Rony.

- Sim. - disse sem consegui desgrudar os olhos da camisa, ela parecia exercer um poder de atração sobre ela. - É um time de quadribol não é?

Imediatamente todos soltaram exclamações felizes, admirados.

- É o seu time de quadribol preferido, a camisa do capitão do time. - ele falou com os olhos brilhando surpreso. - você se lembra?

- Não exatamente. - ela disse tentando não passar falsas esperanças. - Eu só pensei que poderia ser de algum time de quadribol.

Ainda assim todos acharam um grande feito, e continuaram a murmurar satisfeitos.

- É um bom começo querida!- disse a sua mãe com lágrimas nos olhos.

Sentiu-se levemente sem graça por estar passando uma falsa impressão, não era como se ela tivesse lembrado de algo, era... Ela simplesmente soube que era de um time de quadribol, isso não era nada de importante, afinal não era difícil reconhecer uma veste de quadribol, qualquer um era capaz! Claramente aquela camisa era de um time de quadribol. Rapidamente passou para outro presente, depois de agradecer pelo anterior.

O próximo presente era um vestido, um vestido longo, lindíssimo, ela o colocou sobre a cama para poder apreciar, o vestido era lilás clarinho bordado com pequenos paetês furta cor, tomara que caia e justo até chegar nos joelhos onde folgava abrindo-se na diagonal, ondulando imitando uma calda de sereia. Lindíssimo.

- Uau, que vestido maravilhoso!- ela disse, extasiada.

- Foi o vestido que usou no baile de inverno no seu terceiro ano. - explicou Hermione feliz.

- Caramba Hermione! Você se superou, como pôde lembrar?!- falou Harry admirado com a amiga, agora ele reconhecia o vestido era exatamente este que ela havia usado no baile de inverno durante o torneio tribruxo quando ele estava no quarto ano. Deveria ter ficado magnífico no dia.

- Bom, não é exatamente o mesmo, até porque não caberia, naquela época Ginny tinha 13 anos, ela cresceu bastante de lá pra cá é obvio. - explicou Hermione orgulhosa de si mesma.

- Como você conseguiu descrever tudo absolutamente igual para costureira?- perguntou Jorge.

- Com a ajuda de uma penseira e algumas memórias antigas. Espero que você tenha gostado, eu mandei fazer nas medidas de um antigo que você esqueceu na Toca, acho que vai servir, de qualquer forma eu coloquei um feitiço que o fará se ajustar no corpo.

- Obrigado Hermione eu adorei!- ela falou guardando cuidadosamente o vestido.

Pegou mais uma caixa, esta era pesada, e a deixou curiosa. Abriu, e encontrou um par de patins para patinar no gelo feitos de gelo, imediatamente foi invadida por um sensação de divertimento enorme. Ela poderia patinar com Jack quem sabe, ele havia dito que ela gostava de patinar, então este tópico entrou para sua lista do que fazer quando saísse do hospital.

Harry olhou desgostoso para o patins, patins de gelo lembravam o aniversário dela, não gostava de se lembrar desta ocasião. E como se pudessem ler seus pensamentos:

- Tia, esse presente foi eu quem dei.- falou Mark. – Eu lembrei do dia do seu aniversário nós patinamos bastante, e você patina muito bem. Então eu achei que iria gosta de um feito de gelo.

- Você fez?- ela perguntou incrédula.

- Foi, um feitiço simples, se quiser depois eu te ensino. - todos gargalharam muito de Mark, mas já conheciam sua natureza prodigiosa.

- Eu adoraria. - ela falou sorrindo impressionada com o garoto, ele realmente deveria era muitíssimo inteligente para realizar uma transfiguração daquele porte.

Eram realmente lindos os patins, mas tinha sérias dúvidas a quanto conseguir calçá-los e expor seus pés ao gelo do qual ele era feito. Colocou-os de um lado e passou para o próximo presente. Rasgou cuidadosamente o papel que embrulhava, este por sua vez era de gatinhos achou mais graça ainda, então deparou-se com uma edificação de mais ou menos três andares, torta e com várias janelas desemparelhadas. A grama na entrada era lotada de pequenos gnomos minúsculos e algumas galinhas. Aquele lugar lhe trazia paz, ela sabia onde era, mas não sabia. Tentou com todas as forças ir buscar a reposta no fundo de sua mente, mas não conseguiu encontrá-la, era algum lugar importante.

- Que lugar é este?- ela perguntou alegre.

- Nossa casa querida. - respondeu sua mãe.

- O lugar onde você cresceu, a Toca. - explicou seu pai.

“A Toca.” Aquilo ficou na sua cabeça, martelando, ela conhecia, mas não conhecia, era está a sensação que assomava-a. Ela passou algum tempo apenas olhando a miniatura de casa que tinha nas mãos, quando por fim desgrudou os olhos daquilo e voltou à pilha.

O próximo era de formato retangular e ela não tinha sequer um palpite do que poderia ser, um porta retrato talvez...

Abriu e então percebeu que havia passado perto, era um álbum de fotos, ela abriu e observou as páginas, a primeira foto, era ela bebê, depois ela dormindo, depois ela em um balanço sorrindo... Seus olhos ficaram ligeiramente marejados, por que ela não conseguia lembrar de nada daquilo? Porque sua mente estava vazia? Por que diabos não se lembrava sequer de um rosto...?

Passou as páginas, ela estava agora com as vestes de Hogwarts, tinha o emblema da escola, e parecia feliz, depois ela de costas dando dedo pra quem tirava a foto, não segurou o riso quando observou esta, ela continuava vestindo a farda da escola, mas sem a capa. Era adolescente. Ela fazendo careta, ela fazendo pose de estrela, ela na beira de um lago e um castelo as costas rodeada de amigos... Ela no baile, ela no que supôs que fosse sua formatura, ela preparando as malas...

Fechou o álbum. Era simplesmente magnífico.

- É perfeito, obrigado!- ela falou emocionada, com um sorriso.

- Achei que talvez você fosse gostar. - falou Harry sorrindo gentil.

- É maravilhoso Harry, nem sei como agradecer... - ela falou contemplando a ruiva que andava charmosa e elegante, como se estivesse pouco se importando com o mundo dando dedo para quem tirava a foto de forma displicente... Os cabelos longos ruivo desciam pelas costas cascateando enquanto ela andava.

Aquela era ela com 15 anos, inacreditável. Desejou mais do que nunca que pudesse se lembrar de tudo, que pudesse se lembrar da sua vida.

- Ginny tem razão Harry, é maravilhoso. - disse o Sr. Weasley

- Veja querido, nossa filha sempre foi linda. - disse a Sra. Weasley.

- Ginny, você deu trabalho na escola. - disse Fred, sorrindo para ela.

- Fred, tem razão, nunca gostei muito daquele Michael Corner. - falou Jorge.

- Michael Corner? - ela perguntou franzindo as sobrancelhas, mas com um leve sorriso.

- Um antigo namorado seu. - disse Hermione.- Você saiu com ele por algum tempo.

- Ele era legal?- ela perguntou inocente.

- Não.- falou Fred.

- Não.- falou Jorge.

- Não.- falou Rony.

- Nossa, ele era tão chato assim? Como eu consegui namorar ele?- ela perguntou incrédula que fosse verdade toda a ênfase dada em resposta.

- Essa é uma coisa que nós nos perguntamos até hoje. - concluiu Jorge.

Ela sorriu descrente.

- Não é verdade Ginny, não vá por eles, Michael era um cara legal, só era um mal perdedor como você mesma disse quando lhe perguntaram porque terminaram. Isso tudo ai é só ciúme. - desmascarou Hermione.

Todos riram bastante depois disso e então ela terminou de abrir o resto dos presentes que lhe haviam sido dedicados. Ela gostara da visita deles, pela primeira vez ela sentiu como se houvessem resquícios dela que ainda permaneciam os mesmo, que não haviam esquecidos. Adorara sentir, a euforia ao tocar nos patins e ao ver a camisa, o conforto ao olhar aquela que foi a casa na qual morou, era como se ela não estivesse totalmente morta, como se ainda fosse possível voltar a ser o que era antes.

Harry estava olhando a paisagem na janela do corredor da sala de espera do hospital, a neve era constante naquele lugar que já parecia todo branco, não gostava muito de frio o frio que fazia na Inglaterra não era nem de perto tão intenso quanto o de lá. Ainda tinha sérias dúvidas em como alguém poderia viver em um cubo de gelo como aquele lugar, e ainda gostar. Preferia temperaturas amenas.

Mas de qualquer forma ele não estava reclamando, estava lá com ela e o resto era só o resto, o aquecedor poderia cuidar do frio.

Era assim que ele passava a maioria do tempo o qual não estava com ela lhe fazendo uma visita, sentado no corredor da sala de espera olhando pela janela os raios pálidos do sol, que já estava se pondo, lutarem bravamente contra as nuvens que nublavam o céu.

Esperando até a próxima vez que poderia vê-la, estava hospedado em um pequeno hotel, um lugar até confortável, mas ele aparecia lá apenas para dormir. Queria estar por perto quando ela lembrasse de qualquer coisa, por menos importante que fora.

Sua mente vivia atordoada com a idéia de ela lembrar de tudo, lembrar do que havia acontecido entre eles, enquanto ela não tomasse conhecimento ele poderia continuar encontrando com ela e recebendo sorrisos amigáveis e felizes ao invés de olhares de desprezo, poderia falar com ela sem receber palavras indiferentes.

Enquanto ela não soubesse ele teria uma nova chance.

Enquanto parte dele implorava para que ele mantivesse sua boca fechada e não comentasse nada sobre eles, para que deixasse tudo continuar como estava, afinal para que contar e trazer sofrimento e angústia para os dois, ele se arrependia amargamente de tudo. Outra parte lhe condenava por usufruir dos momentos agradáveis que passava com a ruiva afirmando que nada daquilo era verdade, era apenas uma ilusão, afinal ela não lhe veria com os mesmo olhos se soubesse da verdade.

Sentia-se a pior pessoa do mundo por estar adiando o momento no qual ela teria que saber, mas no fim das contas ainda era tudo muito recente, o acidente, a perda da memória, ela deveria estar sentindo-se muito confusa, era melhor não piorar as coisas.

Ele estava certo, era melhor deixar isso pra quando ela estivesse melhor para quando saísse do hospital e estivesse mais acostumada com tudo.

O que ele não admitia para si mesmo era que tinha esperanças de que pudesse usar este tempo como sua segunda chance de mostrar a ela que devia ficar juntos, que ele realmente gostava dela, e assim talvez quando ela soubesse de tudo ela não sentisse ódio dele. Quem sabe até concordasse em voltar tudo como era antes e esquecer toda aquela confusão.

Ele estava imerso em suas divagações quando Hermione apareceu em sua frente.

- Harry?- ela o chamou delicada.

Ele não respondeu.

- Harry, tudo bem...?- ela perguntou hesitante.

- Ham...? Que?- ele perguntou saindo de seu torpor e forçando-se a prestar atenção ao que a amiga dizia.

- Harry, tudo bem com você?- ela repetiu preocupada.

- Ah, sim, claro, estou bem...

- Tem certeza?

- Absoluta, só estava distraído.- ele falou com um sorriso amarelo.

- De qualquer forma, eu vim aqui para te levar de volta para o hotel.

- Não Mione, eu vou ficar por aqui mais um tempo.

- Harry você não pode morar aqui, é um hospital.

- Não vou morar aqui, Hermione, só quero ficar mais um pouco. - ele argumentou com ela.

- Acho melhor deixarmos Ginny descansar, ela teve um dia cheio hoje. E todos aqueles presentes já devem ter lhe dado muito o que pensar, o suficiente para o resto da noite pelo menos.- ela falou segura.

Ele ficou calado, talvez ela estivesse certa. Ginny precisava descansar.

- Vamos Harry, afinal ela não vai conseguir lembrar de nada se abarrotarmos a mente dela de informações de uma vez só, temos que dar algum tempo para ela digerir todas as informações que lhe demos hoje. É melhor você vir, amanhã a gente volta, afinal todos nós queremos estar com ela. - falou Hermione convencendo-o.

Harry olhou pela última vez para a janela, o sol lá fora já havia ido embora e agora toda a cidade estava imersa em uma escuridão que apenas era quebrada pelos pontinhos luminosos que eram as janelas das casas próximas. Hermione estava certa, Ginny precisava de um tempo sozinha para tentar associar tudo, quem sabe se ela tentasse realmente se lembrar ela não conseguiria, agora que tinha tantos fragmentos de lembranças, fragmentos da sua vida com ela.

Então ele seguiu pelo corredor do Hospital se dirigindo até a saída, amanhã ela voltaria para vê-la.

-/ Boa noite./- falou Beatrice que acabava de entrar no quarto do Tigre.

- /Boa noite Bea./- falou Antony com um enorme bocejo.

- /Boa noite, um pouco atrasada não acha?/- comentou Leo que estava sentado no sofá cama.

- /Boa noite, achei que não viria mais./- falou o Tigre.

- /Você tem razão Leo, eu estou um tanto quanto atrasada, mas a culpa não é minha e sim do Antony. E é claro que eu vinha Tigre./- ela disse jogando a bolsa em cima do amigo no sofá.

- /Pirralho o que você fez desta vez?/- disse Leo com um falso olhar acusador para Antony que ainda bocejava.

- /Nem olhe pra mim eu estava aqui com vocês./- ele falou levantando as mãos para o ar.

- /Por falar em culpa, Leo, Ivanovitch quer você lá agora vivo ou morto./- ela disse.

O outro se levantou de um pulo.

- /Ah, qual será o esporro de agora?/- ele disse suspirando cansado. - /Já tive que agüentar um sermão enorme sobre pontualidade hoje pela manhã./

- /Você mereceu./- disse Bea.

- /Você fala isso porque não içou com o plantão de três da manhã!/- ele reclamou.

- /De qualquer forma acho que deveria ir logo, ele parece muito zangado, e por favor cuide para que ele não tenha um enfarte./- ela acrescentou se jogando onde ele estivera sentado alguns minutos antes.

- /Vou tentar, até depois então.../- ele falou parecendo cansado e desaparecendo pela porta do quarto.

- /Três da manhã?/- perguntou o Tigre incrédulo.

- /Isso mesmo meu caro Tigre, tudo isso porque você e a Raposa ainda não estão na ativa./- ela explicou.

- /Então a culpa é do Tigre e não minha./- falou Antony deitando-se com a cabeça no colo dela.

- /É sua sim, pois foi você quem resolveu tirar licença./

- /Pirralho você está de licença?/- disse o Tigre como se aquilo soasse um absurdo.

- /Claro que estou. Depois do que aconteceu com as Sombras eu sabia o caos que o ministério iria ficar, pessoas alegando estar sobre a maldição Imperius, e outros traidores sendo descobertos... Acabaria sobrando para mim, então assim que você, bela adormecida, acordou, eu tirei licença./- disse ele.

- /Ivanovitch deixou?/

- /Na verdade ele não fez objeções já que o meu irmão querido estava doente./- disse o Pirralho cínico.

Tigre ficou algum tempo calado imaginado o caos que estaria o ministério naquele momento, e até sentiu saudades de poder entrar no departamento de aurores e encontrar aquela usual bagunça. Sentia saudade dos interrogatórios e das perseguições, para não falar dos julgamentos aos quais sempre comparecia... Desejou mais do que nunca poder voltar a enxergar e a já tão conhecida pontada dolorosa no peito mostrou-se presente.

- /Tigre você faz falta lá./- alegou Beatrice, com a voz cansada. - /Eu o Andrei e o Leo estamos tendo que nos multiplicar para dar conta de tudo./

- /Acredite Bea, aquilo lá também me faz muita falta./- ele respondeu sincero

- /Por falar em ministério, eu acho que Ivanovitch vem lhe visitar logo que achar um tempo, ele têm perguntado de você, e comentou que assim que tivesse tempo gostaria de conversar com você./- ela falou.

- /Acho que até das broncas dele eu sinto saudade./

- /Duvido./- falou Antony, de olhos fechados enquanto Bea deslizava os dedos pelos seus cabelos platinados.

- /Não duvide./

- /Mas sim, como foi o dia? Como esta Raposa?/- ela quis saber.

- /Bem./- disse Jack. – /Eu e Leo fomos visitá-la hoje./

- /Estava nos meus planos também, mas como só pude chegar agora, Seleena me disse que ela havia tido um dia atribulado que estava conversando com a família e como já está um pouco tarde achei melhor não incomodá-la./- explicou-se Bea.

- /Quer dizer então que me visitar foi a segunda opção...?/

- /Bem,de certa forma.../

- /Estou impressionado com a sua consideração./- ele falou.

- /Brincadeira.../

Nota da Autora: mil desculpas pela demora(isso já ta se tornando cliché) mas não pude evitar, afinal quando eu fico de feiras e a minha beta volta meu PC quebra. Mas graças a Merlim e a Morgana e a rei Artur e a Lancelot e Aslan a PC da minha beta sempre fiel presta. Afinal, cm vocês não podem ver e ela esta digitando a resposta das reviews (nota da beta: é isso ai) enquanto eu dito pelo telefone.

Gente, estou em crise, preciso de apoio moral..

Beijos e espero passar o próximo capitulo o mais rápido possível. Brigado por tudo e até.

Anny Black Fowl

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