Capítulo 4




Cap. 4 Home. Sweet Home?



- /Francamente não sei se você está brincando Bea./- disse o Tigre levantando uma sobrancelha.

- /Por favor nem sonhe com isto, ta legal, mas como eu posso visitá-lo se o próprio paciente está visitando outro paciente?/- ela perguntou irônica.

- /Chupa essa manga Tigre.../- falou Antony, já mais desperto.

- /É acho que você tem razão Bea./- admitiu ele no fim. – /Mas é que eu estou cansado deste hospital, cansado desta cama, deste quarto.../

- /Destas enfermeiras...!/- completou Antony alfinetando.

- /Para o seu governo Pirralho eu raramente tenho que fica sob a presença delas ta legal!/

- /Seleena não iria aprovar nada, nada, essa sua convalescença tão veloz./- comentou Bea.

- /Concordo./- ele falou e o sorriso falhou ligeiramente em seu rosto enquanto continuava.- /Atualmente não me interesso mais por elas. Acho que enjoei sabe...?/

-/Droga!/- falou Antony exaltado.

- /O que foi Pirralho?/- perguntou o Tigre se virando na direção do irmão.

- / São duas e meia na manhã!/

- /Nossa eu cheguei tarde mesmo por aqui não foi?/- falou Bea um pouco surpresa.

- /Estou atrasadíssimo para o meu turno./- falou Antony.

- /Boa sorte./- ela desejou a ele sabendo o que o esperava.

- /Vou precisar./- ele falou enquanto saia correndo porta afora, sem nenhum tipo de despedida mais adequada o sem sequer lembrar de tirar a blusa do pijama que vestia por debaixo do grosso sobretudo.

- /Não seria meu irmão se não estivesse atrasado./- falou o Tigre balançando a cabeça como se desaprovasse e se divertisse ao mesmo tempo.

- /Certas coisas não mudam nunca não é mesmo?/- ela respondeu sorrindo gentilmente.- /Mas ele sempre esteve aqui todas as noites que você esteve desacordado, verdade seja dita./

- /Ele é realmente o meu irmão./- falou o Tigre.

- /Ninguém pode negar isto afinal vocês são idênticos./

- /Eu sou loiro? Alguém pintou meu cabelo enquanto eu dormia? Olha isso é sacanagem, só porque eu não enxergo mais não quer dizer que não possa arrancar os dentes de alguém.../

- /Não, não, pode ficar tranqüilo, seus cabelos ainda continuam incrivelmente pretos como sempre foram, no mesmo corte que os deixa caindo nos olhos, sua pele tem a mesma cor pálida de sempre, o sorriso encantador e charmoso, e os olhos no mesmo tom de azul que eram antes.../- ela falou.

Por alguns segundos ele ficou sério depois completou.

- /Só que constantemente fora de foco./

Ela permaneceu calada, não sabia o que dizer, era verdade.

- /Meu olhos, diga Bea como estão eles? Ainda tem.../ perguntou com um sorriso hesitante e um tom de curiosidade quase evidente em sua face, mas foi interrompido, ela não precisava que ele terminasse a pergunta.

- /A aparência de serem feitos de gelo? Sim, eles tem. Ainda conservam o tom de prateado que acinzenta o azul claro neles, ainda são tão penetrantes como antes./- ela confirmou sorrindo. Ele ficou calado.- /É essa a semelhança mais forte entre você e o Pirralho, os olhos./

- /Nossos olhos não são iguais./- ele protestou.

- /Não?/

- /Não, os do Antony são... São.../

- /São...?/

- /Ah, sei lá são diferentes./- ele disse convencido, e ela riu.

- /Bom como não resta ninguém acho que sou obrigada a passar a noite aqui com você./- ela falou fingindo-se de incomodada.

- /Você não é obrigada a nada, meu amor, sinta-se a vontade para me deixar ao relento quando quiser./ - ele falou dramático.

- /Nossa quanto drama./

- /Nunca passei uma noite sozinho dentro deste hospital./

- /Acho que nem no seu apartamento não é, você sempre tinha boa companhia, não era?/- ela falou insinuando.

- /Por incrível que pareça eu estava acostumado a dormir sozinho, e bom se você considera o Artemis uma boa companhia você está certa./

- /Eu não estava falando do Artemis./

- /Bom então você estava enganada, por mais surpreendente que pareça eu já dormi mais noites sozinho do vocês pensam, ta legal!/- ele protestou.

- /Tudo bem se você quiser eu posso ir embora.../

-/Você não vai me deixar sozinho não é?/

- /Desculpe Sr. Malfoy acho que não estou incluída na lista de boas companhias no senhor./

- /Acredite você está, uma companhia infinitamente melhor do que Antony, Andrei ou Leo./

- /Só pelo fato de eu ser do sexo oposto ao seu?/

- /Devo admitir que isto conta muito./- ele falou sorrindo charmoso. - /Que o Andrei não me ouça./

- /Não meta o Andrei nesta história./- ela falou perdendo um pouco a alegria da voz, fato que não passou despercebido por ele.

- /É impressão minha ou o casal mais calmo que já conheci andou brigando?/- ele perguntou.

- /Não sei do que você esta falando Tigre./- ela desconversou olhando parar qualquer outro lugar que não fosse ele.

- /A por favor Bea! Não banque a tola que você não é.../- ele falou - /Todos estão cansados de saber do pequeno romance por detrás dos panos de vocês dois./

- /Nunca houve romance algum Jack./

- /Você não pode negar que os dois tem algo em comum./- ele falou insistente.

- /Só se for a amizade./- ela soou decepcionada. - /Eu estou cansada de esperar algo que não vem Jack./

- /Como assim...?/

- /Por bastante tempo eu e Andrei fomos amigos, e bom, eu não posso negar que acabei gostando dele, sabe?/

- /O de praste todos nós sabemos./- ele disse induzindo-a a pular esta parte que já era de conhecimento publico.

- /A gente conversava e de vez em quando saímos sós... E vocês começaram a perceber que tinha alguma coisa de diferente, eu até cheguei a acreditar, mas bom creio que devo estar enganada./- ela encerrou.

Silêncio estabeleceu-se no quarto, nenhum dos dois fazia qualquer ruído a não ser o da própria respiração.

- /A Senhorita está querendo me dizer que acha que o Andrei não está completamente apaixonado por você? É isso?/

Ela demorou um pouco a levantar a cabeça

- /Se é que algum dia ele esteve assim./

- /Bea eu sempre considerei você uma mulher esperta, mas não posso estar ouvindo isto de você. É claro que o nosso amigo Andrei gosta de você, está mais do que na cara, seria menos obvio se estivesse escrito na testa dele./

- /Não estou tão certa, Jack./

- /Porque então, ele não gosta que você durma aqui no hospital sozinha?/

- /Eu não estava sozinha eu estava com você./

- /Pior ainda./

- /Não tem nada a ver.../

- /Vai me dizer que não viu a cara que ele fez quando olhou para a gente?/

-/Mas.../

- /Ou como quando nós chegamos no alojamento e o Damien não parava de olhar puxar conversa com você... Vai dizer que não viu?/

Ela ficou em silêncio, não poderia negar, mas então porque... Por que nunca dava certo, e por que afinal eles acabaram brigando? Ela não entendia.

- /Ah, Tigre eu não sei.../

- /Não sabe...?/

- /Queria que as coisas fossem fáceis assim./

- /Quem está dizendo que alguma coisa é fácil por aqui? Eu não disse nada disso./

- /É que você fez parecer.../

- /Eu só apontei o que estava na sua cara, nunca disse que era fácil, não está vendo a Raposa, nada é fácil como parece./

- /A gente brigou Tigre./- ela confessou.

- /Brigaram?/

- /É./

- /Foi uma briga grande, uma discussão ou só um desentendimento?/

- /Eu diria uma discussão./

- /Que pelo visto surtiu efeito de uma briga grande, pelo que posso ouvir da sua voz./

- /Foi por um motivo tão besta./

- /Vai Bea, senta ai e conta tudo./- ele falou enquanto podia sentir os pés da cama onde estava deitado afundava um sinal de que ela havia obedecido.

- /Eu tinha acabado de terminar o meu turno, e planejava vir para cá para visitá-los, até que Ivanovitch me convocou de ultima hora para que eu fosse a sua sala, ele fez parecer meio urgente, então eu me apressei, já imaginando que teria que cobrir o turno de alguém, ou qualquer coisa do tipo. Eu cheguei na sala dele e ele estava com a mesma aparência de sempre nervoso e atolado em trabalho, mandou que eu sentasse e então começou a falar que precisava de mim para uma coisa importante. Não demorou muito e a porta da sala dele se abriu novamente, era Andrei. Ele provavelmente também tinha assuntos a tratar com ele, cumprimentamos Andrei e Ivanovitch pediu que ele aguardasse um segundo enquanto ela falava comigo, assim Andrei sentou-se ao meu lado. Ivanovitch prosseguiu dizendo que precisava de algum auror que pudesse passar algum tempo com Damien no alojamento pois ele achava que aquele estava se tornando um local vulnerável, ainda não conseguimos descobrir quem andava passando informações às Sombras. Andrei parecia fora de si, disse que eu não ia na cara do seu superior, e gritou comigo quando eu perguntei qual era o problema. Eu falei que ele não era nada alem de meu amigo, e que ele não tinha nenhum direito sobre mim, ele disse que não era assim, que era diferente. Então tudo que eu disse foi “Então você vai me dizer que não somos amigos? Quer saber, eu estou farta de ter que esperar! Ivanovitch diga a Damien que eu devo estar por lá logo.” E deixei os dois sozinhos na sala./

Ambos permaneceram em silêncio até que Jack falou em tom conclusivo.

- /Acho que os dois estão desgastados de todo este chove e não molha./- ele completou cético.

- /O que...?/

- /Você entendeu Bea./

- /Eu não sei, só sei que dentro de algum tempo devo estar indo para o Alojamento. /

- /Você já sabe quando?/

- /Não, acho que no meu próximo turno Ivanovitch deve me informar tudo direitinho, eu simplesmente sai porta a fora e larguei os dois lá dentro, provavelmente Antony de ter encontrado o chefe no meio de um sermão em Andrei. Francamente eu espero que sim./

Era estranho ouvir aquilo dela, Beatrice sempre for a mais calma conciliadora de todos eles sempre estivera por perto, sempre estivera calma e profetizava palavras macias, era muito esquisito vê-la irritada. O Tigre quase achou graça na situação. Mas ela tinha alguma razão de certa forma se o amigo continuasse lerdo naquele ritmo Beatrice acabaria encontrando outro cara. Sempre ouve uma coisa não assumida entre os dois, mas ele supunha que a falta de atitude de ambos os levara a aquela situação.

- /Não podemos fazer mais nada Bea, deite-se e durma, amanhã será outro dia, se é que isso serve de consolo./

- /Não, não serve, mas talvez eu não precise de consolo./

Com um aceno da varinha ela preparou o sofá-cama para que pudesse dormir, e não demorou muito não se ouvia nenhum ruído no quarto.

As semanas pareciam se arrastar dentro daquele hospital, já haviam duas semanas que ela estava sendo submetida a aquelas ridículas cessões de tratamento e tomava doses de remédios cavalares para que conseguisse ao menos lembrar de verdade qual o nome da sua mãe, e não apenas decorá-lo. Como ela fazia agora.

Nada parecia adiantar, ela continuava com aquele escuro que ocupava sua alma desde que acordara, nenhum nome, nenhum rosto nenhuma voz, ou qualquer coisa que desse sinais ou indícios de que ela tivera um passado de que aquela ruiva não nascera daquele jeito em que se encontrava atualmente.

Hermione lhe dizia que era para o seu próprio bem, e ela até conseguiu aceitar, mas já estava entediada o suficiente por uma vida. Conhecia perfeitamente os caminhos que o sol fazia todos os dias ao se por ou os desenhos surreais que o seus raios traçavam nos vitrais da janela sempre que estava amanhecendo, conhecia cada dobra da sua roupa de cama absolutamente branca e já sentia-se enjoada do cheiro forte dos corredores.

Resumindo; não agüentava mais aquele hospital.

Hoje não seria um dia tão diferente assim, ela podia sentir.

- Bom dia.- soou uma voz conhecida.

- Bom dia, Arthur.- ela respondeu ao seu pai.

- Querida eu e o seu pai já dissemos que não precisa assim, pode no chamar de mãe e pai como sempre.

- Desculpe pai. - ela repetiu mecânica.

- Então Ginny como passou a noite?

- Bem.

- Espero que o seu irmão não tenha se atrapalhado em ajudá-la.

- Não, mãe Rony foi brilhante. – ela falou sincera olhando o irmão que cochilava na poltrona, ele ficara acordado a noite inteira ao que parecia as olheiras, ela pôde perceber que estivera preocupado com ela.

Desde que Seleena permitiu que ela dormisse acompanhada de algum parente ou amigo eles estavam se revezando para cada noite uma pessoa dormir com ela, embora ela insistisse em dizer que não era necessário alguém sempre estava lá de prontidão para quando ela precisasse. Ela agradecia imensamente toda aquela dedicação, mas algumas vezes ficava sem graça por não poder lembrar de nenhum deles.

- Rony acorde.- disse o pai para o filo que estava deitado.

- Não, pai, não acorde ele, deixe-o dormir ele deve estar cansado.

- Por isso mesmo agora ele já pode ir dormir no hotel, Hermione e Mark deve estar esperando por ele.

A Sra. Weasley passou a mão nos cabelos vermelhos do filho e Rony piscou preguiçosamente, acordando de forma relutante.

- Filho, acorde.

- O que foi mamãe...?- ele disse com a voz apenas um fiapo.

- Você já pode voltar ao Hotel,Hermione e Mark estão lhe esperando.

- Diga a eles que vou ficar mais um pouco com a minha irmã.- ele falou ainda tonto de sono.

- Não querido, pode ir, nós já estamos aqui no hospital.

Então ele pareceu se dar conta de onde estava.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- Por favor eu não quero atrapalhar nenhum de vocês, podem ir eu vou ficar bem por aqui, tem um monte de curandeiros por todos os lados, o que poderia acontecer. Vão todos e descansem. - falou Ginny.

- De jeito nenhum você não está atrapalhando nenhum de nós!- disse Sr. Weasley, parecendo um pouco ofendido.

- Tem certeza?

- Absoluta, pode ficar certa disso, hoje tivemos que enfrentar uma briga parar decidir quem iria lhe dar bom dia primeiro, todos queriam vir de uma vez.- comentou seu pai.

Ela sorriu, mesmo que não estivesse tão certa daquilo, afinal quem é que em sã consciência iria querer estar em um hospital logo de manhã cedo?

- Então tudo bem.

Rony se arrumava, ajeitava a roupa e pegava a capa de viagem que lhe cobria até os pés e agora ate parecia mais acordado, embora as olheiras ainda continuassem bastante visíveis. Parecia cansado, ele realmente merecia um descanso com a esposa e o filho ela pensou, sentindo-se um tanto culpada.

- Então Ginny, eu vou indo – ele disse com a voz mais firme. – mas mais tarde eu passo por aqui.

- Obrigado.

- Acredite foi um prazer. - ele disse educado e saiu tropeçando nas vestes.

Ela deixou um leve sorriso escapar dos lábios, a ruiva gostava deles, eram sempre prestativos e muitíssimo solícitos, carinhosos, engraçados, tudo de bom, mas às vezes ela simplesmente queria ficar só. Era nestes momentos em que ela tentava com toda a sua concentração lembrar de alguma coisa.

- Querida, você já tomou café?

- Não. - ela disse simplesmente.

- Como não?- indagou a mãe incrédula.

- Eles sempre trazem mais tarde quando eu não peço.

- Então vamos providenciar para que venha logo, já são quase oito e meia. - insistiu Molly olhando em um relógio na parede.

- Não, Molly...- ela começou, mas observou o semblante ativo e alegre de sua mãe se desfez e o sorriso se fechou de leve no seu rosto. – Desculpe, mãe. Não é necessário não estou com fome.

- Impossível. Eu vou tentar falar com algum curandeiro.

- Realmente não é necessário.

- Claro que é, com certeza alguém neste hospital deve falar a nossa língua. - e sem mais argumentações ela saiu chispando pela porta.

Ginny ficou apenas observando, ela realmente estivera falando a verdade não estava com fome ainda. Ficaram apenas ela e seu pai no quarto.

- Não adianta discutir com ela. - ele disse com um sorriso bondoso no rosto, Arthur Weasley conseguia lhe acalmar e fazer as manhãs de tédio parecerem menos árduas. Seu pai.

- Eu pude ver.

- Molly tem essa mania de manter os filhos bem alimentados desde que tivemos nosso primeiro filho.

- Deixa pra lá, não tem problema.

- Então filha, algum progresso?

- Você está falando de eu me lembrar de algo?

- É, se você não se sentir incomodada em falar sobre isto é claro.

- Não, sem problema. Mas sinto em decepcioná-lo. - ela segurou-se para não chamá-lo de Arthur. – Pai, até agora nada.

- Ás vezes é assim mesmo, demora um pouco, mas eu tenho certeza de que você vai acabar lembrando.

Ela permaneceu calada, não poderia sequer concordar pois a esta altura já tinha receio de que não se lembraria de nada tão cedo, mas não queria decepcioná-lo, todos pareciam ter tanta esperança de que ela se lembrasse de qualquer coisa que fosse. Jack também parecia realmente acreditar que ela se lembraria de algo, mesmo que sempre que o assunto viesse a tona seu sorriso desaparecia um pouco do rosto, ou talvez ele simplesmente dissesse aquilo para animá-la.

O fato é, ela sentia saudades dele, fazia algum tempo que ela não via ele, tinha certeza de que algo havia acontecido pois ontem ele não fora visitá-la sequer uma vez, nem uma curta olhadela pela janelinha de vidro da porta como ele sempre fazia quando passeava pelos corredores do hospital. Coisa da qual ele sempre reclamava, afinal ela tinha que concordar qual era a graça de se passear em um hospital?

Nenhuma...

Talvez ele tivesse tido alta, e finalmente já poderia voltar parar casa, ir embora, mas ele teria voltado a enxergar? Assim tão rápido... Não que ela não quisesse que ele recuperasse sua visão, mas...

Sua corrente de pensamentos foi interrompida por duas figuras que adentraram o recinto sorridentes.

- Bom dia Ginny!

- Bom dia.

- Bom dia, Hermione e Harry. - ela devolveu no mesmo tom animado dos dois.

- Então como passou a noite?

- Bem, o seu marido, meu irmão, é que não dormiu um instante pelo que parece. - ela disse à cunhada.

- Hermione e Harry, vocês deviam estar descansando. - disse Arthur.

- Sem problemas Sr.Weasley, estávamos entediados naquele hotel, e Mark queria passear e ver a tia. - argumentou Hermione.

- Mark deve estar eufórico, já levou ele para patinar Hermione?- perguntou Ginny lembrando do sobrinho prodigioso que possuía.

- Não tivemos tempo ainda.

- Qualquer coisa ele espera até você ter alta e vamos todos juntos. - disse Harry.

- Isso seria uma maldade com ele Harry, ninguém sequer sabe quando eu vou ter alta.

- Com certeza não irá demorar muito, você vem tendo bastante progresso. - ele comentou.

- Uau Harry, alguém já lhe disse como você é um ótimo amigo hoje?!- ela disse agradecida.

Hermione sorriu um pouco.

- Por enquanto a primeira é você.

- Quem bom. Agora falando serio, eu não fiz progresso nenhum! Não consigo lembrar de absolutamente nada nem da última sexta feira treze, nem o que eu fiz no verão passado.

- Considerando que a última sexta feira treze faz bastante tempo, nem eu me lembro disso. - comentou Hermione.

- Olha que a memória da Mione é a melhor, nunca vi igual. - disse Harry encorajador.

- Ta, mas quem não se lembra o que fez no verão passado?

- A gente já disse você passou o verão na Toca, ou ao menos o início dele. - insistiu Harry.

- Exato vocêsme disseram.

- Ginny tenha paciência, nem tudo é assim como piscar os olhos. - disse Hermione.

- Eu sei, acho que o problema mesmo é que eu estou entediada aqui neste hospital. - ela comentou bufando.

- Espera só o Mark voltar e tudo do que você não vai poder reclamar é tédio. - comentou Hermione.

- Em falar nisso onde está ele?

- Parou parar conversar com algum curandeiro sobre um lobisomem que a gente ouviu uivar no último andar ontem de noite.

- Agora você entende quando a gente diz que ele puxou parar a Hermione?- alfinetou Harry.

Os três conversaram e fizeram piadas, foi divertido a chegada deles no lugar, deu para espantar o tédio costumeiro que se apossava da ruiva a cada segundo, depois de algumas boas gargalhadas, a Sra. Weasley chegou avisando que alguém já estava trazendo o café de Ginny. Não demorou muito e chegou a enfermeira loira que ela nunca conseguia lembrar o nome, e que não gostava dela e da qual Ginny também não gostava, elas trocaram o costumeiro olhar de hostilidade de todos os dias na hora dos remédios, em fim ela foi embora.

Dez minutos depois um curandeiro entrou trazendo o café da manhã de Ginny, a comida em si estava gostosa, mas ela já estava enjoando do tempero assim como estava enjoando de tudo naquele lugar. Na hora do almoço seus pais tiveram que ir embora, voltar ao hotel, e os gêmeos vieram enchendo o recinto de alegria, ele havia conseguido contrabandear para dentro do hospital em baixo do nariz da mãe alguns de seus produtos e o resto do dia foi uma confusão. Ela alimentou o seu mini pufe lilás a quem ela dera o nome de Pirralho, por causa de Antony Malfoy, ela achava que o mini pufe era engraçado como o amigo.

Com o entardecer, ela foi se sentindo sonolenta, no começo ela imaginou que fosse por causa do almoço, mas acabou deduzindo que a estavam dopando ou era um efeito colateral do remédio que tomava. Desconfiava seriamente da primeira opção já que todos ali tinham a impressão de que deviam colocá-la em uma redoma de cristal polido assim ela poderia descansar sem que nada ou ninguém a tocasse. Lutou contra o sono, brincando com Pirralho, mas dentro de quarenta minutos foi vencida, e já não havia mais hospital, já não havia mais quarto, ou Harry ou Hermione ou gêmeos ou sequer Pirralho...

Ela estava em uma imensidão branca e o vento era cortante em sua pele desprotegida do frio, não conseguia distinguir o que era céu ou o que era neve, ambos pareciam igualmente nublados e nevoentos, e o sol era uma tunê luzinha. Ela tem a impressão de estar ouvindo uma voz fraquinha lá longe...

Ela não sabia onde estava, quem sabe estivesse perdida. Era isso, ela estava perdida...

Jack sentia uma saudade terrível da Raposa, fazia um dia inteiro que não a visitava, e isso o deixava inquieto, tão inquieto quanto a vontade de sair dali, mas ontem a noite Bea precisara dele, e bom ela ainda estava lá com ele não deixando que ele morresse de tédio naquele inferno branco. Agora ele estava fazendo a amiga esquecer da discussão de alguns dias atrás com Andrei. Andrei não aparecera por lá, o Tigre tinha sérias suspeitas de que ele perguntara a Antony se ela estava lá, evitando encontrar-se com ela.

Ele tinha que conversar com o amigo e abrir os olhos dele parar o tesouro que ele estava perdendo de bandeja, mas não agora. Era verdade que este não fora o único motivo, e sim um dos. Jack sentira que talvez ela precisasse de mais tempo com a família, quem sabe isto não a ajudaria a lembrar de alguma coisa.

A verdade é que ele tinha receio de sufocá-la, afinal ela não era mais a Raposa que ele conhecia a qual o acordava todas as vezes que tinha insônia ou que queria fazer algum comentário idiota. Não era a mesma e talvez a nova Ginny não gostasse de andar eternamente grudada com ele, ela precisava de espaço.

- /Deixa eu adivinhar...?/- disse Bea fazendo cara de pensativa - /Raposa?/- disse ela desvendando seus pensamentos.

- /Você devia ensinar adivinhação./- ele falou rindo.

- /Dedução, meu caro./

- /Dedução?/

- /Tigre Malfoy, parado com o olhar perdido e expressão seria igual a Raposa./- ela falou arrancando algumas risadas deles.

- /Ainda não fui vê-la hoje./

- /Se você quiser podemos ir lá./

- /Não./

- /Você está fugindo./

- /Não./

- /Então qual o problema?/

- /Nenhum./

- /Mentira./

- /Serio, estou falando a verdade./

- /Então vamos lá. Aposto que ela vai ficar feliz./

-/Não./

- /Não o que? Ela não vai ficar feliz?/

- /Não nós não vamos lá./

- /O que deu em você?/

- /Nada./

- /Tigre você está esquisito./

- /Pode ir lá se você quiser./

- /Vocês brigaram?/

- /Não./

- /Ah, já sei, você quer ir ver ela sozinho, não é?/

- /Não, não é nada disso./

- /Claro que é./

- /Beatrice apenas esqueça o assunto, ta legal./

- /Você mesmo disse eu sou vidente./

- /Da um tempo, eu sei que eu falo demais. Qualquer dia desses eu me arrependo./

- /Você não vai me contar?/

- /Mas não é nada!/

- /OK, ta bom não está mais aqui quem falou./

Neste mesmo instante a porta do quarto se abriu e Seleena entrou um tanto quanto afobada, e com o rosto sombrio, o que nunca era um bom presságio. Ela olhou parar Beatrice sentada na cama ao lado de um Tigre preguiçoso,e lhes lançou um olhar de censura.

- /Bom dia Tigre./- ela cumprimentou. - /Bom dia Beatrice./

- /Bom dia Seleena, a que devo a honra de uma visita sua?/- ele falou sorrindo.

- /Uma curandeira visita seus pacientes, Jack./- ela falou com simplicidade.

- /E isso nunca é uma boa notícia./- ele completou sarcástico. - /Nada pessoal Seleena, mas geralmente os membros do corpo docente deste hospital nunca fazem visitas em notícias incomodas. Em especial no meu caso./

- /O senhor é um paciente muito rebelde e delicado se deseja saber Jack, portanto não reclame./

- /Sim, senhora./- ele disse batendo continência.

- /E antes de dizer o que eu vim para dizer.../

- /Você não veio aqui parar saber como estou bem, se estou gostando das acomodações ou simplesmente para ouvir o som da minha voz e se deliciar com a minha aparência que eu espero continuar estonteante como sempre?!/- ele disse implementando um tom de surpresa e decepção na voz.

- /Sinto em decepcioná-lo, mas não foi para isso, afinal eu tenho mais o que fazer./- ela disse.

Ele gargalhou, adorava irritar Seleena havia entrado parar a lista dos seus passatempos preferidos nos últimos dias.

- /Como eu ia dizendo, apreciaria se o senhor se comportasse dentro do hospital, respeitasse os outros doentes e não ficasse por ai com mulheres./

- /Dessa vez eu juro, sou inocente./

- /Se você está se referindo a mim, não é nada disso./- disse Beatrice entendendo ao que ela se referia.

- /E por favor não perturbe o meu corpo docente, principalmente as enfermeiras./

- /Meu Merlin! Será que toda a Rússia sabe disso?!/- ele disse soando irritado.

- /É bem provável, já que você não é nada discreto./- retrucou Seleena.- /Mas isso não vem ao caso./

- /Ainda bem que você reconhece./- ele alfinetou, na verdade não agüentava mais o fato de todos implicarem com ele e as enfermeiras, não era como se ele tivesse saído com todas as enfermeiras da Rússia. Que ele tivesse conhecimento só havia sido uma...! Silêncio... Quem sabe duas... três... Ah que se danasse, o fato é, ele nem era muito fã delas.

- /O real motivo da minha visita foi, nós finalmente descobrimos o porque da sua cegueira acidental./

De repente Jack se sentiu tão vazio quanto seu olhar, ele não tinha certeza se desejaria saber, afinal que diferença isso faria, ele não voltaria a enxergar mesmo, se voltasse não seria por conta disso. Sentia-se meio oco por dentro como se alguém tivesse escavado um buraco dentro dele, e subitamente se sentiu desconfortável no local, não sabia se era bom ou ruim.

Seu coração não pulsava rapidamente como sempre fazia quando ficava nervoso ou receoso de algo, sua boca não estava seca, seu estômago não tinha aquela mesma sensação gelada que já era sua companheira fiel. Não conseguia sorrir ou falar, não sentia vontade de dizer qualquer coisa, não sentia vontade de ver qualquer coisa. Ele estava sem ação.

Vendo que nenhum dos dois iria se manifestar Seleena prosseguiu:

- /A maldição era forte sim, mas o seu corpo estava mais vulnerável que o normal devido a altas doses de uma substância mágica poderosíssima utilizada em poções para despertar, para animar, na maioria das que tem finalidade de aguçar a percepção os sentidos ou deixar a pessoa alerta./

Ele se lembrava, várias vezes ele levou aos lábios o líquido vermelho que lhe trazia disposição renovada, mas nunca ânimo, a sensação de arrepio quando as ondas poderosas de energia percorria o seu corpo, fazendo com que não precisasse sequer descansar ou dormir.

A sensação de alívio por não sentir o cansaço corroer seus músculos ou a respiração ofegante ou qualquer tipo de falta de ar, ele era uma máquina e não sabia. Parecia poder reviver as cenas dentro dos seus aposentos as paredes escuras e úmidas do local, o cheiro de mofo dos papéis velhos amontoados em um canto, o cansaço desaparecendo gradualmente a medida que a poção fazia seu efeito. Devastador. Magia forte, muito forte.

Então como que por um tapa foi trazido à realidade a sua atual escuridão que já se tornara um fato habitual. O cheiro de mofo desaparecera do ar e ele podia ouvir o ruído de duas pessoas respirando pesadamente próximas a ele.

- /Você se lembra de ter tomado qualquer coisa parecida?/- continuou a médica.

- /Sim./- ele respondeu simplesmente, ainda dominado pela sensação vazia.

- /Você ingeriu em altas doses...?/- ela perguntou não conseguindo conter o tom de incredulidade na voz.

- /Sim./

Silêncio no local.

Bea sentia uma agonia interna em olhar o amigo tão inerte e não fazer nada. Sua vontade no momento era sacudí-lo e fazer com que ele voltasse a agir normalmente, e parasse de parecer que não era o Tigre, que não havia saído do coma. Mas acima de tudo ela entendia como deveria ser difícil receber uma notícia como essa, ela realmente lembrava da Raposa comentando ou qualquer outra pessoa que o Tigre andara preparando poções... Mas eram simplesmente vagas lembranças.

Queria intervir, mas tinha plena consciência de não podia, era uma batalha dele, não se sentia no direito de interferir, aliás nem ela sabia o que dizer, o que ela diria a ele afinal. Não havia nada a ser dito, nada a ser feito, nada a ser concertado, por ela. Era a história dele não a sua, ele teria que escrever.

- /E agora Seleena, você me diz que eu nunca mais vou enxergar...?/- ele não se conteve em esconder o tom de desafio, já prevendo uma censura que não veio.

- /Não./- ela disse.

- /Então o que?/

- /Agora será relativamente mais fácil achar o tratamento ideal parar você e saber se você poderá continuá-lo em casa, como tenho absoluta certeza de que prefere, ou se terá que passar mais algum tempo no hospital. Isso facilita um pouco as coisas./- ela falou suave.

Ele conseguiu sorrir.

- /Posso interpretar isso como um alta, uma permissão para ir embora?/

- /Malfoy, não ponha palavras na minha boca. Sabe que eu não disse isso./- ela falou rígida. -/E se o Senhor anda tão entediado assim, porque não aproveita a companhia de Beatrice e vai visitar a sua paciente favorita./

- /Você está se referindo à.../

- /Raposa?É, estou. Estive lá hoje mais cedo e ela me perguntou por você, porque não tinha mais recebido notícias ou visitas suas, perguntou se estava tudo bem. Ela me parecia preocupada. Seria ideal se ela pudesse ser tranqüilizada não acha?/- alfinetou a loira com um sorriso bonito no rosto jovem e inteligente.

Ele sorriu parar Seleena mesmo não podendo vê-la ele sabia como ela o encarava conhecia a curandeira desde que quebrara perna pela primeira vez no trabalho e ela tivera que dar um jeito.

- /Ela deve estar com a família./- ele disse.

- /Não ela não está, por acaso eu achei que ela precisava descansar um pouco e pedi que não a sufocassem demais com perguntas as quais ela ainda não tem condições de responder. Mas na verdade acho que ela já descansou demais./

- /Seleena.../

- /Bom agora eu tenho que ir, Tigre muitos pacientes para cuidar, boa tarde./- ela falou saindo pela porta com um sorriso no rosto antes que Jack pudesse dizer qualquer coisa.

O sol lá fora começava a se por, e despejava seus raios fracos e esquizofrênicos sobre a neve acumulada nas calçadas nos prédios nos telhados das casas, fazendo-os refletir por toda parte. Sempre adorou o por do sol, achava bonito, pena que ao conseguia ver este que estava especialmente bonito, mas ele podia sentir o bafo cálido dos raios solares ser dissipado lentamente enquanto um frio aconchegante tomava conta do recinto.

O brilho da neve na janela que refletia a ultima réstia dos raios formavam leves ilusões de ótica enquanto dançavam na frente de quem o observava, e parecia ter um poder hipnótico. As flores do sol.

Ele finalmente saíra do seu torpor.

- /O sol está se pondo./- comentou Bea suavemente como se aquilo o induzisse, ela sabia que ele gostava de por do sol.

- /Eu sei./ - ele confirmou meio aéreo.

- /E então?/

Ele riu de leve.

- /Talvez Seleena esteja certa./

Ela sorriu de volta.

O brilho da neve já não parecia mais tão intenso, e os flocos que caiam violentamente as sua volta como se tivessem a intenção de soterrá-la, o vento já não fustigava a pele do seu rosto com a mesma intensidade, e o frio já não era o mesmo. Fazia horas que ela estava lá sozinha, mas a sensação de estar lá estava ficando cada vez mais distante, mais soturna, menos real. Então por que diabos ela continuava lá. A neve brilhava branca como uma noiva no altar, e deserta, ela estava deitada nela observando o sol da meia noite.

Um sol morto que não exalava calor, ou se exalava era algo tão insignificante perto dos ventos e da neve que ela não poderia sentir, o sol agonizava em seus últimos instante, fazendo o chão branco sob o seu corpo resplandecer. Era lindo. Ainda assim ela sentia falta de alguma coisa. Vozes... Vozes, gritos, um barulho insuportável encheu sua cabeça como se ela estivesse no meio de uma explosão...

Tudo se tornou cada vez menos real, e finalmente o brilho da neve se desvaneceu em sua mente, ela abriu os olhos lentamente como se estes sustentassem um peso monstruoso. A primeira coisa que pode ver foi os olhos azul-prateados ali na sua frente cinzentos como neve, e por um ou dois segundos ela se perguntou se continuava na neve, mas mediatamente se deu conta de que havia sonhado mais uma vez.

- /Jack...!/- ela falou alegre, mas ainda atordoada pelo sono.

- /Você acordou./- ele constatou.

- /Boa noite Ginny./- cumprimentou-a Bea sorridente.

- /Boa noite. Vocês estavam aqui a muito tempo?/

- / Há alguns minutos.../- respondeu a outra.

- /Deveriam ter me acordado!/

- /Você dormia tão calma, que achamos melhor ficar só observando./- ela explicou.

- /Eu estava sonhando./

- /Pode-se saber com o que?/- ele perguntou.

- /Nem eu sei ao certo, eu sei que tinha muita neve, muito frio, e um sol pálido... Depois começou um barulho enorme, e eu não lembro de mais nada./

- /Uma festa na neve...? Um tanto incomum não acha?/- ele disse brincando com um sorriso leve dançando no rosto.

- /Não era uma festa, Tigre, eu estava sozinha, na verdade acho que estava perdida, e era muita neve, muita mesmo, até onde meus olhos conseguiam alcançar, como um deserto, sabe?/- ela explicou.

- /Um deserto de neve...?/- ele perguntou sério.

- /Mais ou menos isso./

- /Tinha alguém com você? Você se lembra de algo mais?/- perguntou Bea lançando olhares significativos ao Tigre.

Jack entrou em alerta, aquele sonho dela poderia não ser só um sonho, ela poderia simplesmente estar revivendo os dias em que ele e ela estavam perdidos no gelo, ela poderia estar lembrando. Algo como um soco no estômago lhe atingiu, e se ela tivesse lembrado dele...? Uma pequenina chama se acendeu dentro do seu peito.

- /Não eu estava sozinha acho, mas eu não lembro de mais nada./- ela disse fazendo um leve esforço para lembrar do sonho em detalhes.

O Tigre olhou para Bea, ela entendia ao que, Beatrice também havia cogitado a mesma hipótese.

- /Tem certeza?/- ele insistiu.

- /Acho que sim. Porque, era algo importante para vocês?/- ela perguntou curiosa com o cenho franzido. Jack sentiu a ansiedade que se estabelecera dentro de sua mente como fogo em palha diminuir, ele precisava se controlar, poderia muito bem não ser nada, era melhor não criar falsas esperanças. Mas ao mesmo tempo não conseguia deixar de pensar que...

- /Não, não era nada...Era só.../- ele começou, mas antes que pudesse terminar ela foi mais rápida.

- /Vocês não acham que... Vocês acham que eu poderia estar lembrando... lembrando de algo...?/- ela falou incerta, mas com certo entusiasmo na voz.

- /Bom pode ser, quem sabe, não é./- falou Bea gentilmente parar a ruiva.

- /Mas o que isso teria a ver.../- ela parecia falar consigo mesma refletindo sobre algo.

-/Pode ser os resquícios de alguma lembrança, acho bom você falar parar Seleena deste sonho./

- /Mas com que lembrança exatamente isso teria ligação? No meu sonho eu estava simplesmente perdida./

- /Talvez tenha alguma conexão com o tempo que passamos perdidos no gelo, sabe, quando fomos atacados de surpresa./- comentou o Tigre sério.

- /Como foi que tudo isso aconteceu...?/- ela perguntou curiosa.

O Tigre ficou em silencio, sem saber o que deveria dizer, sem saber se ela deveria saber...

- /É uma longa história.../

- /Ah, por favor Tigre!/- ela insistiu. E mais uma vez ele sentiu o usual arrepio percorrer suas costas ao ouvi-la chamá-lo de Tigre.

- /Outra hora./

- /Por que não agora? Poderia me ajudar a lembrar!/

- /Não, Seleena me falou para não enchê-la de informações e deixá-la alterada, você já está exaltada, ansiosa demais.../

- /Você não vai me encher de informações./- ela afirmou.

- /Outro dia./

- /Amanhã então!/- ela disse autoritária. Ele sorriu ao ouvi-la, novamente ela parecia coma Raposa que ele conhecia. Não respondeu e procurou mudar de assunto.

- /Como você tem passado, ruiva?/

- /Bem./- ela falou soando levemente emburrada. - /Odeio quando você não me conta as coisas./

Ele gargalhou gostosamente dela assim.

- /Do que você está rindo, não tem graça!/- ela falou e então ele sentiu, as mãos dela em suas costelas e mais que depressa se contorceu em cócegas.

Beatrice riu dos dois sorrindo na cama, pareciam realmente o Tigre e a Raposa que ela conhecia, inseparáveis, e mesmo sem ela lembrar de nada Bea sabia que algo lá no íntimo da ruiva dizia para ela que ela era a Raposa. Jack parecia tão mais leve, tão mais normal quando estava com ela, ou quando os dois simplesmente brigavam como já era de praste. Ela quase havia esquecido como era tê-los juntos por perto.

- /Ok! Parem ou Seleena, vai expulsar a gente daqui ouviu Tigre!/- falou Bea para Jack que devolvia as cócegas da ruiva. - /Nada de comportamentos inapropriados para um hospital./

- /Sim senhora!/- ele disse se ajeitando. - /Você tem razão não é um horário adequado./

- /Quanto a pergunta que você me fez, Tigre, eu tenho andado esquecida! Largada em um canto!/- ela falou sendo dramática.

- /Nossa quanto drama./- ele comentou.

- /Certas pessoas nunca mais vieram me visitar!/

- /Não é isso que eu ouvi dizer./- ele contradisse ela em sua defesa. - /Ouvi dizer que você é a paciente mais visitada de todo o hospital, que seu quarto não para vazio. Uma multidão de ruivos.../

Ela sorriu ao ouvi-lo se referir a sua família daquele jeito.

- /Mas os meus amigos, me abandonaram./

- /Nossa coitadinha dela./- falou Beatrice.

- /Seu traidor de olhos azuis!/- ela falou apontando para Jack.

- /Senhorita, faça o favor de não esquecer de um fato assim como você eu também sou um paciente. E você pode me ter ao seu lado a hora que quiser, não reclame./

Por incrível que pareça ela não sabia porque diabos havia esquecido que ele também estava internado naquele maldito hospital, talvez fosse porque ele lhe deixava tão alegre e confortável que não parecia estar doente ou qualquer coisa do gênero. E a última parte do que ele disse a fez ficar na dúvida, mas depois de algum tempo ela entendeu, que ele estava se referindo a corrente no pescoço dela. Ginny havia esquecido da corrente! Sorriu. Agora ele já não ficaria tanto tempo ausente, não se dependesse dela.

- /É que eu simplesmente não agüento mais este hospital, eu quero ir para casa! Se é que eu tenho uma. Quero sair daqui, não agüento mais estes remédios horríveis cronometrados todos os dias. Todo dia a mesma coisa, todo dia, todo dia.../

- /Você tem casa./- ele afirmou achando engraçado.

- /Acredite Raposa, você não é a única a se reclamar de manhãs de tédio./- falou Beatrice-/O Tigre também vive reclamando que quer ir embora./

A porta do lugar de abriu e Seleena adentrou o local.

- /Infelizmente Raposa e Tigre, não é hora ainda em falar em ir parar casa./- ela comentou com um sorriso delicado. - /Mas alguém veio visitar os dois e talvez isto ajude a aplacar um pouco o tédio costumeiro./

Ela falou enquanto outra pessoa entrava pela porta.

N/A: Oie gente, eu nem vou tentar me desculpar, porque sei que não tem desculpa, estou muitíssimo triste de ter demorado tanto assim espero que acreditem, eu continuo sem net, e finalmente troquei de pc. Mas nem vou poder aproveitar tanto assim, já que tenho que estudar feito uma louca já que vou prestar o vestibular seriado no fim do ano. Minhas revisões já começaram então tudo só tende a piorar. Eu peço perdão por tudo.

Espero que vocês gostem do capítulo, ficou pequeno mas foi por causa do tempo.

Beijos para todos! Amo vocês...

Ps : esse capítulo vai com todo o meu coração e a saudade que faz a alma latejar parar a minha amiga de todos os tempos Ana Valéria, porque grande parte disso aqui é seu por direito Ana. Obrigado por cuidar de mim quando eu precisei! Te amo!

(nota da beta: Capitam com ciúmes.)

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.