Capítulo 24
Música: Everything, Lifehouse
Find me here
(Encontre-me aqui)
And speak to me
(E fale comigo)
I want to feel you
(Eu quero te sentir)
I need hear you
(Eu preciso te ouvir)
Parecia que tudo havia parado; o vento não soprava mais; os animais noturnos não existiam mais; a luz da lua parecia não mais iluminar.
Seu coração batia rápido contra seu peito e o ar se perdera no caminho para seus pulmões, enquanto seu cérebro trabalhava lentamente, recusando-se a acreditar no que o moreno acabara de dizer.
Não! Não era possível. Como assim Harry Potter, o senhor perfeição, o cara da população feminina, a amava? A poção devia ter difundido seu cérebro. Ela não estava ouvindo direito.
Se bem que... Seu plano era aquele, droga! Fazê-lo se apaixonar! Então – um sorriso maldoso passou por seus lábios -, queria dizer que conseguira transpassar a barreira que ele tinha ao arredor do coração? Ótimo! Era hora de desprezá-lo, como ele fizera consigo há alguns anos.
Mas será que conseguiria? Céus, acabara de admitir a si mesma que o amava mais do que nunca... Como poderia desprezá-lo? Como? Não sabia de onde tiraria coragem, mas não iria cair naquele joguinho.
Era impossível, pensou, que Harry a amasse realmente; nunca dera motivos para isso, somente brigara com ele, deixara claro para o moreno que o odiava e, no entanto, ele estava ali, corado, sem jeito, hesitante e ansioso, parecendo a pessoa mais verdadeira da face da Terra, dizendo que se apaixonara.
Oh, Merlin! Aquilo era hora para ela ficar confusa? Não, claro que não, pensou mal humorada consigo mesma.
Puxando o ar com força, tirou o leve sorriso dos lábios e forçou um ar de descrença.
-Como? – perguntou, a voz saindo mais rouca que o normal; talvez fosse o efeito verdadeiro daquela declaração, mas não iria deixar que ninguém soubesse disso pelos seus lábios.
As maças do rosto dele ficaram mais rosadas e isso – Gina era obrigada a admitir – era uma caricia para o ego da ruiva.
-Você ouviu muito bem. – ele respondeu em um murmúrio, deixando claro que não teria coragem de repetir aquelas palavras tão cedo e isso feriu Gina tão profundamente, que ela teve vontade de dar um belo tapa no rosto daquele pervertido e xingá-lo até não achar mais nada de ruim para que, no fim, dissesse que o amava profundamente.
Mas isso, pensou fechando a cara, estava fora de cogitação no momento, quem sabe fizesse isso mais para frente.
Puxou o ar com força novamente e encarou-o; não podia negar que ele ficava maravilhosamente sexy quando corado.
-Pois eu te desafio a repetir. – revidou, erguendo o queixo. Sabia que o moreno era orgulhoso demais para aceitar provocações e iria provocá-lo, iria fazê-lo jogar o seu jogo. Iria virar a mesa, que o estava favorecendo desde que ela chegara em Hogwarts. Estava na hora de tomar as rédeas da situação, já deixara passar muito tempo e, por isso, quase perdera oportunidades maravilhosas, ao ficar em coma e quase morrer.
Não iria perder mais tempo; se era para morrer, morreria feliz por saber que vencera aquele joguinho.
-Não tenho porque aceitar seu desafio. – ele replicou, entre dentes, visivelmente começando a se irritar com aquela ruiva doida.
Gina sorriu de canto e caminhou lentamente até ele, parando somente quando as pontas de seus pés se tocaram. E, agora que estava ali, via o quão alto ele era. Deus do céu, batia na altura do peito daquela almôndega.
Ergueu o rosto para que pudesse encarar aqueles olhos verdes feiticeiros, que brilhavam em puro mau humor e contrariedade, enquanto a encaravam fixamente.
-Medinho de perder para uma garota, é? – murmurou, maldosa. – Não se preocupe tanto, Potter, você só precisa repetir o que disse ou será que não é homem o suficiente para isso?
Isso pareceu ferir – e muito – o ego do moreno, que tinha um brilho ofendido nos olhos.
Será que aquela ruiva não percebia que estava acabando consigo tendo aquela atitude? Dizendo aquelas coisas sem sentido?
-Pois bem... – murmurou, sua voz cheia de raiva por estar fazendo o que, obviamente, ela queria. – Eu disse que eu te amo, sua ruiva folgada. – completou, enquanto a pegava pelos ombros e a chacoalhava, como que tentando fazer aquilo entrar de uma vez por todas na cabeça dela.
Gina não pôde evitar sorrir, enquanto era balançada. Ele fizera exatamente o que queria que fizesse.
Deixando o tronco duro, obrigou-o a parar, antes de dar um tapa nas mãos dele.
-Você não ama ninguém, Potter. – murmurou lentamente. – Não ama seus amigos, não me ama e não ama nem a si mesmo. – continuou, soltando-se. – Você somente gosta de pensar que se diverte as custas dos outros, quando são as outras pessoas que fazem isso; usam você para a própria diversão! – sorriu sarcástica. – Você é o idiota da escola, querido, todos te vêem como uma forma de distração, nada mais. Ninguém te vê como uma pessoa, como um garoto de dezesseis anos com um rosto bonitinho. Todos, sem exceção, te vêem como o Menino Que Sobreviveu, a forma mais rápida e fácil de conseguir fama. – a cada palavra que era proferida, mais uma ferida era aberta dentro do peito de Harry, que não podia acreditar que ela estivesse falando aquelas coisas.
Mas acima de sua dor, estava sua raiva. Quem aquela ruiva idiota achava que era para falar aquilo? Puxou o ar com força, antes de sorrir de canto e antes que pudesse ao menos pensar, as palavras saíram de sua boca.
-Você não sabe nada sobre minha vida, Virginia. – seu tom saiu baixo, rouco e arrastado, fazendo Gina se encolher levemente. – Você não é ninguém para falar sobre meus sentimentos. Eu já deixei claro uma vez o que penso sobre suas atitudes, mas parece que você esqueceu, então vou refrescar sua memória; você é uma garota mimada e sem escrúpulos, que acha que o mundo gira ao arredor do seu nariz bonitinho. – seu tom tornou-se frio, enquanto cerrava os olhos. – Se você não sabe falar que não corresponde alguém, problema seu, mas não venha assumir o sentimento dos outros, já que essa atitude é de uma pessoa medíocre e, isso, eu tenho certeza que você não é. – e, sem dar tempo para ela responder, girou nos calcanhares, deixando para trás uma Gina pasma.
Como alguém podia ser tão contraditório quanto Potter? Em um momento aquele imbecil dizia lhe amar e, no momento seguinte, ele dizia que a achava sem escrúpulos.
Merlin, aquele cara tinha sérios problemas mentais.
Mas, com ou sem problemas mentais, ele a havia ferido profundamente com aquelas palavras. E, finalmente, ele conseguira fazer uma coisa que há anos não conseguia; a fizera chorar.
Lágrimas escorreram pelo rosto incrédulo dela, que continuava parada no meio do corredor vazio, olhando fixamente para o ponto por onde ele sumira.
Sentia como se uma faca houvesse perfurado seu coração, fazendo-o bater rápida e dolorosamente contra seu peito. As lágrimas vinham cada vez mais intensas, enquanto as palavras dele ecoavam por sua mente; “você é uma garota mimada e sem escrúpulos, que acha que o mundo gira ao arredor do seu nariz bonitinho.”
Merlin, se ele soubesse como isso lhe feria; se ele soubesse como ela se arrependia profundamente do que acabara de lhe dizer... Oh, infernos! Como odiava o fato de não conseguir odiá-lo!
You are the light
(Você é a luz)
That’s leading me to the place
(Isto está conduzindo-me ao lugar)
Where I find peace... Again
(Onde eu encontro a paz... Novamente)
You are the sterngth
(Você é a força)
Tinha que admitir: nunca conseguira esquecer verdadeiramente o amor que sentia por ele, e que agora estava mais forte que nunca, a ponto de doer somente o fato de pensar nele.
Sentia seu mundo parar de rodar e o ar de existir. Sentia-se idiotamente tonta; tolamente apaixonada.
Maldito fosse aquela almôndega queimada e ralada!, pensou com ódio; ódio de si mesma; ódio por ver que mesmo depois de tanto tempo o amor que tinha por ele voltara mais forte do que ela achava que fosse possível amar alguém.
Mas tinha que ser sincera: o amava mais que tudo, até mesmo sua vida, porém toda a dor que ele lhe fizera sentir há dois anos superava qualquer sentimento de afeto que tinha por ele.
Queria vê-lo sofrendo por si, queria que ele soubesse ao menos um pouco do quanto ela própria sofrera.
Aquela já não era mais uma vingança por ele a ter trocado pela Chang, era uma vingança por ele tê-la pisado e se divertido com a humilhação que ela passara.
Mas por mais que sentisse que era isso que tinha que fazer, não conseguia pensar em uma maneira de agüentar vê-lo sofrer. Por Deus, quase não conseguira vê-lo ali, na sua frente, há alguns minutos, cheio de raiva e dor devido às palavras que falara.
Inferno, ele a amava realmente, porém ela não conseguia, por mais que soubesse que era verdade, acreditar; sua mente parecia incapaz de absorver a informação, enquanto seu coração parecia pular de felicidade dentro de si.
Cambaleou até a parede, apoiando-se nesta, enquanto as lágrimas continuavam a lavar seu rosto. Permitiu que seu corpo escorregasse pela parede de pedra fria, até que se visse sentada, de modo que pôde abraçar seus joelhos e enterrar a cabeça ali, soluçando.
Por que as palavras dele tinham que ferir tanto? Por que ele tinha que ter dito coisas tão frias e que machucavam? Será que ele não percebia que o amava? Será que ele somente conseguia ver magoa em seus olhos? Seria seu amor tão bem escondido assim?
Mas que ele explodisse!, pensou furiosa, enquanto continuava a chorar.
Odiava-se naquele momento por amá-lo e por permitir que ele a ferisse; por permitir-se chorar por ele.
Ergueu a cabeça e encostou-a na parede, de modo que pudesse olhar pela janela aberta do corredor; a lua cheia jazia solitária no céu azul escuro, que mais parecia um mar cheio de solidão e dor, exatamente como ela. Sentia-se sozinha e tão cheia de dor, que se surpreendia por ainda conseguir rir com seus amigos.
Puxou o ar com força e fechou os olhos, antes de secar o rosto com as costas das mãos.
Não podia ficar chorando pelos cantos e permitindo-se sofrer por aquele moreno sexy. Tinha que superar tudo isso, sabia, e era isso que iria fazer, mesmo que soubesse que no fim, quando voltasse para Los Angeles, ia sofrer terrivelmente. Mas deixaria para se preocupar depois.
No momento, tudo o que precisava era espairecer e, por isso, levantou-se e, lentamente, começou a caminhar para fora do castelo, na direção dos jardins.
Eu te amo!, as palavras dele não paravam de ecoar em sua mente a cada passo que dava. Ele a amava e ela o amava, então porque mesmo assim insistia tanto em...
-Espera! – exclamou, parando abruptamente no meio do corredor vazio; os olhos estavam arregalados e as íris brilhavam em puro entendimento. – É isso! Merda! – como pudera esquecer-se disso tão facilmente?
Se Harry a amava e ela o amava, sua doença poderia ser facilmente curada, afinal a poção de Joe somente servira para tirá-la do coma, sabia... A única cura possível era aquilo que tinha em mente, porém não tinha tanta certeza se valeria tanto a pena.
Tinha que ter outro jeito... Tinha que haver alguma outra maneira, não poderia entregar-se tão facilmente... Mas sabia do pior – para si -; não havia outra maneira.
A única cura certa que conseguira era aquela e, por ser o que era, ela não contara para ninguém.
Mas... Por Merlin! Porque tinha que ser justo Potter? Porque não Malfoy? Okay, não que fosse fazer isso com Malfoy, mas era somente para ter certeza de que não queria nem um pouco que fosse com Harry.
Deu um tapa na própria testa; como pudera ser tão idiota? Tão estúpida de esquecer-se disso e no momento em que a oportunidade perfeita surgia, ela simplesmente esfregava coisas imbecis na cara dele, que saía furioso.
Santo Merlin... Como iria arrumar as coisas agora? Como iria fazer para que Harry voltasse a falar consigo, a ponto de concordar com aquela loucura? Como? Aliás, sabia muito bem como, a questão ali, naquele momento, era: conseguiria fazer?
-Você vai ter que dar um jeito, Gi... – murmurou, desolada, para si mesma, enquanto voltava a caminhar para os jardins e, quando alcançou estes, foi recebida pela brisa fresca da noite, a qual fez seus cabelos esvoaçarem.
Adoraria se aquela brisa levasse consigo seus problemas, mas sabia que até no mundo da magia isso era impossível.
Puxou o ar com força mais uma vez, enquanto parava na frente do lago, o qual refletia a imagem da lua.
Abaixando a cabeça, pôde ver seu próprio rosto refletido nas águas escuras.
Será que deveria realmente fazer aquilo? Deveria ir em frente com aquele plano maluco que acabara de arquitetar? Coragem para tanto?
Mas seus pensamentos foram desviados por uma outra imagem que foi refletida as águas e por uma mão que pousou em seu ombro.
-Pensativa demais para uma Weasley. – Hillary murmurou simplesmente, enquanto um sorriso divertido brincava no canto de seus lábios. Gina sorriu.
-E você parece confusa demais para uma... Grifinória. - resmungou em resposta, enquanto erguia a cabeça para encarar a amiga, que deu de ombros, depois de tirar a mão de cima de seu ombro.
-E estou mesmo. Você também, não é? – Gina concordou com um aceno de cabeça.
-Por causa de um garoto, não? – Hillary bufou.
-É e você também, suponho. – fora a vez de Gina bufar.
-Pois é... Homens, o mal necessário. – resmungou e Hillary gargalhou com vontade.
-Sim, o mal necessário e que cura nossas dores, nos gostemos ou não. – Gina concordou com um aceno de cabeça. – Mas que eles são uns idiotas, eles são. – a ruiva riu.
-Muito. – resmungou. – Mas me diga, por que está confusa por causa de um garoto? – a outra suspirou e o olhar ficou perdido.
-O idiota me beijou e, agora, eu não paro de pensar naquele rostinho bonitinho. – parou por alguns segundos, como que analisando o que acabara de dizer. Suspirou novamente. – Fui sincera até a parte do pensar. – completou, encolhendo os ombros. Gina sorriu. – Mas e você? O que o macho fez? – fora a vez de a ruiva suspirar.
-Disse que me ama, antes de eu me irritar, esfregar algumas coisas na cara dele, ele ficar fulo, esfregar coisas na minha cara e ir embora. – respondeu em um fôlego só, fazendo Hillary olhá-la espantada.
-Então... – a morena começou, lentamente. Um sorriso maroto passando por seus lábios. – Podemos dizer que vocês levam a sério aquele papo de sinceridade no relacionamento. – Gina gargalhou e encolheu os ombros.
-Pode ser... O problema é que não temos uma relação. – respondeu, voltando a admirar o lago, num gesto que foi imitado por Hillary.
-Não que eu tenha uma relação com aquela banana. – ela resmungou e Gina riu, antes de puxar o ar com força e cruza os braços em frente ao peito.
O quesito Harry voltou a sua mente e, com ele, sua decisão veio. Tinha – e ia – fazer aquilo. Não porque o amava, mas sim porque se quisesse se curar, teria que concordar com aquilo.
Suspirou.
-Vamos entrar. – Gina e Hillary murmuraram juntas e, ao notarem isso, riram, enquanto começavam a caminhar na direção do castelo, lentamente; lado a lado.
Quando estavam quase chegando á pequena escada que levaria até o saguão de entrada, pararam e encararam-se.
-Mas de quem você estava falando? – perguntaram, outra vez, juntas, mas dessa vez somente sorriram.
-Ta, é melhor não falarmos isso. – Hillary resmungou, balançando a cabeça; não era uma boa idéia falar a Gina que beijara Joe. Definitivamente, não era.
Tudo bem que o beijo dele era o mais perfeito que tivera a felicidade de experimentar, mas isso não queria dizer nada. Mas talvez somente o fato de não parar de pensar naquele avestruz depenado quisesse dizer algo muito grande.
Gina sorriu e, corada levemente, balançou a cabeça de cima para baixo.
-Concordo plenamente. – respondeu e as duas continuaram a caminha e, quando chegaram ao pé da escadaria de mármore, pararam mais uma vez. – Vai pra onde você tem que ir, Lary, eu tenho alguma coisas para fazer antes de ir dormir.
A morena olhou-a curiosa. Gina parecia levemente ansiosa e evitava lhe olhar nos olhos; talvez o que quer que fosse que ela ia fazer levasse a noite toda, e a ruiva não quisesse dizer, mas aí a não lhe olhar nos olhos e não lhe dizer o que ia fazer eram outros quinhentos.
Deu de ombros; talvez a ruiva preferisse contar quando estivem juntas á Brian e Melissa. É, era isso.
-Tudo bem. – respondeu simplesmente. – Boa noite. – Gina resmungou qualquer coisa em resposta, antes de subir as escadas correndo e, antes mesmo que a morena pudesse começar a subir, a ruiva já havia sumido de vista.
[hr]
A raiva ainda corria por seu corpo, enquanto ele caminhava apressado na direção do seu dormitório. Os lábios estavam crispados; as íris mais escuras que o normal; os cabelos mais bagunçados por ele não parar de passar os dedos por entre as mechas negras.
Quem aquela ruiva achava que era? Que direito achava possuir para falar assim com ele? Okay, admitia que algumas pessoas somente se aproximavam por causa de sua fama, mas aí a falar que todos eram falsos eram outros quinhentos.
Suspirou, passando as mãos pelos cabelos mais uma vez, frustrado.
Se bem que, àquela altura do campeonato, não tinha mais o direito de sentir-se tão injustiçado, já que respondera duramente para a irmã mais nova do seu melhor amigo; relembrando-a do que achava dela logo no inicio daquele ano maluco; suas aulas estavam muito boas até Dezembro e, em Janeiro, quando ela entrara naquele salão levemente ansiosa, ela provara que era capaz de defender-se muito bem sozinha.
Ansiosa... Sim, ela estava ansiosa naquela noite e ele também se sentia ansioso, porém sem ter motivos. Aquilo era estranho, mas deixaria para pensar naquilo mais tarde.
Dizendo a senha à mulher gorda, voltou a caminhar lentamente para dentro do Salão Comunal, quase vazio àquela hora; alguns alunos do sétimo ano estudavam em uma mesa próxima à janela; um grupinho do segundo ano jogava Snap Explosivo do outro lado.
Molhou os lábios com a pontinha da língua, enquanto continuava seu caminho.
Sua mente ainda estava a mil quando saiu do banho e deitou-se, ajeitando-se sob as cobertas; sua cama era levemente iluminada pela lua e, ao mexer-se, pôde ver que Rony sentava, enquanto lhe encarava fixamente, em silêncio.
-Que foi, Rony? – Harry perguntou, cansado, apoiando-se nos cotovelos.
-Você parecia bravo na hora que entrou. – o ruivo deu de ombros. – Que houve? – Harry suspirou.
-Não houve nada. – respondeu, voltando a se deitar. – Boa noite, Rony. – mas o ruivo não parecia satisfeito.
-Ninguém entra batendo a porta quando está calmo. – Harry bufou.
-Não foi nada, Rony! – exclamou, mal humorado.
-Ta. Não quer contar, não conta. – resmungou, deitando-se, ficando de costas para Harry, que também deitou.
Mas por mais que tentasse, não conseguia dormir; o sono não vinha. Tudo o que conseguia trazer á tona era a raiva que sentia de Gina.
-Ruiva folgada. – resmungou baixinho, antes de bufar. Definitivamente, Gina o estava enlouquecendo tendo aquelas atitudes estranhas.
Em um momento – ele juraria aquilo de pé junto – ela parecera satisfeita ao ouvir sua declaração, no outro, no entanto, ela parecia sinceramente pasma.
Mas no minuto seguinte a dizer novamente que a amava, Gina parecera genuinamente vitoriosa; genuinamente satisfeita. E, então, ela dissera aquelas coisas simples, mas que mesmo assim lhe feriram muito, a ponto de ele começar a falar as coisas sem nem ao menos pensar antes. Sem ao menos refletir se o que queria, realmente, era humilhá-la; feri-la como ela o ferira.
That keeps me walking
(Que me faz andar)
You are the hope
(Você é a esperança)
That keeps me trusting
(Que me faz confiar)
You are the life
(Você é a vida)
Deus, nunca admitiria em voz alta, porém sentia-se mal somente por lembrar-se de tudo o que falara a ela – mesmo sabendo que ela merecera aquilo -, mas seu orgulho era grande demais e o impedia de sequer cogitar em ir se desculpar com ela.
Mas se ele parasse para pensar direito naquela história toda, veria que quem iniciara aquele joguinho de palavras fora ela e que, o único que não se permitira abater verdadeiramente, fora ele. Agora, se parasse para perguntar a si mesmo porque nunca terminara uma discussão tendo ele como o vencedor, ele mesmo não saberia responder.
Um dia, talvez, ele soubesse o motivo de tudo aquilo que estava acontecendo naquele ano, porém, naquele momento, não queria descobrir, somente queria ficar onde estava – em sua cama – sob seus macios e aconchegantes cobertores, dormindo e não acordado, pensado naquela ruiva doida.
De fato, era isso que queria, mas não era isso que conseguia fazer; o que conseguia fazer era somente pensar em Gina e nada mais. Nem mesmo conseguia mais se preocupar com seus deveres de casa.
Suspirou pesadamente e virou, de modo que ficou de lado e de uma maneira que podia admirar o pedaço de céu que era possível ver pela grande janela ao lado da sua cama de dossel.
A lua cheia ainda estava a vista, iluminando tudo ao seu arredor e solitária na imensidão azul marinho do céu noturno. Tão solitária quanto ele se sentia; quando ele não queria se sentir.
Porém sua avalanche de sentimentos não pôde continuar, uma vez que uma coruja da torres pousou no parapeito da janela e começou a dar bicadas no vidro, fazendo um barulho estridente quebrar o silêncio sepulcral do dormitório. Mas Harry sentia-se demasiado desanimado para levantar-se e ir abrir a janela para que aquele barulho irritante cessasse, mas Rony parecera suficientemente animado – e com boa vontade, diga-se de passagem – para levantar-se e ir até lá, abrindo a janela, de modo que a coruja entrou, deu uma volta graciosa e largou um pergaminho aos pés do ruivo, antes de ir embora.
Rony olhou emburrado do pergaminho jogado no chão, para o pontinho distante que representava a coruja. Suspirando cansado, o ruivo agachou-se e pegou o pergaminho, antes de girá-lo a procura de um nome; quando encontrou este, levantou-se e caminhou lentamente até a cama de Harry, parando ao lado desta. O moreno ergueu os olhos para o amigo lentamente, como que pedindo para que ele falasse.
-Sim? – Rony sorriu de canto, malicioso.
-Harry, meu caro, parece que alguma garota está querendo te pegar pra ela. – ele respondeu, como se houvessem voltado há dois anos, quando as garotas mandavam cartas para Harry, pedindo para ficar com ele ainda à noite. O Menino Que Sobreviveu suspirou e sentou-se na cama, pegando o pergaminho que o amigo estendia. – Torça para ser bonita. – o ruivo comentou, rindo e Harry gargalhou. Não tinha boas lembranças sobre essas cartas sedutoras; a última que atendera pertencia á Pansy Parkison e, talvez, o fato de tê-la desprezado naquele momento, fosse um dos principais motivos para ela desprezá-lo até o presente momento; não que se importasse realmente com isso.
-Somente o fato de ela não ser da Sonserina já é meio caminho andado. – resmungou, enquanto rasgava o selo que fechava a carta e, no momento em que a carta se abriu, um cheiro doce de flores espalhou-se pelo dormitório e ele imediatamente reconheceu aquele perfume. Gina.
Um arrepio correu por sua espinha, enquanto uma onda de curiosidade começava a atingi-lo. Raiva também o invadia mais e mais.
Atrevida! Era isso que Virginia Weasley era! Uma atrevida de marca maior! Como ela tinha a cara de pau de lhe mandar uma carta perfumada no meio da noite? Na mesma noite em que eles haviam brigado? Como?
-Uau... – Rony murmurou, sentindo o cheiro também. – Essa aí quer você mesmo, cara. – o ruivo completou e Harry teve que sufocar uma risadinha sem humor.
Era obvio que o amigo não diria aquilo se soubesse de quem era a carta.
-Talvez. – resmungou e puxou o ar com força, antes de forçar um sorriso para o amigo. – Vai dormir, Rony, senão amanhã você se atrasa e vai acabar brigando com a Mione. Depois eu te conto quem mandou.
Rony ainda o olhou curioso, antes de concordar com um aceno de cabeça e voltar para sua cama e cobrir-se até a cabeça. Não demorou muito e Harry pôde ouvir um leve ronco vindo da cama do amigo.
Suspirando e com o coração acelerado, abaixou as íris para o pergaminho amarelado a sua frente, preso firmemente entre seus dedos. O suor frio escorria por sua testa. Maldita ruiva que fazia tantas sensações ridículas tomarem conta de seu corpo.
Fosse o que fosse que ela queria com aquela carta, ele se recusaria terminantemente a atender. Nunca mais jogaria o joguinho de Virginia. Nunca. Recusava-se a isso e não pretendia a quebrar essa promessa que acabara de fazer a si mesmo.
A esqueceria o mais rápido possível e faria de tudo para que isso acontecesse o mais rápido possível.
Puxando o ar com força mais uma vez, terminou de desdobrar a carta, de modo que pôde ver a caligrafia bem feita da ruiva, que se estendia por algumas linhas, num breve bilhete.
To my soul
(Para minha alma)
You are my purpose
(Você é o meu propósito)
You’re everything
(Você é tudo)
And how can I stand here with you
(E como eu poderia ficar aqui com você)
Caro Harry,
Sei que você provavelmente está mais do que bravo comigo e eu até entendo o seu lado, mas não vamos tornar nossa relação – se é que temos alguma – em uma relação de crianças, okay?
Em todo o caso, precisamos nos encontrar, ainda essa noite, para conversarmos. Não estou pedindo uma declaração de amor eterno sua, Harry, veja bem; não é exatamente esse tipo de coisa que quero com o melhor amigo do meu irmão. Somente quero conversar com você. Nada mais.
Sei que foi inconveniente da minha parte mandar uma “carta” tão perfumada quanto essa, mas achei que se Rony soubesse que era eu, ele te espancaria até a morte.
Encontre-me na Sala Precisa á meia noite.
Até mais,
G.W.
Erguendo os olhos da carta, Harry olhou para o relógio levemente iluminado em seu pulso. Faltavam quinze minutos para meia noite. Bufou.
Para que estava se preocupando com as horas? Não iria a esse encontro ridículo mesmo. Iria é dormir; ganharia muito mais com isso do que indo para a Sala Precisa.
Jogando o pergaminho dentro de uma gaveta qualquer, voltou a deitar-se e se cobriu até o pescoço. Fechou os olhos. Não demoraria muito e logo o sono chegaria. Iria dormir, nem que levasse a noite toda para conseguir, mas nunca que iria fazer o que Gina pedia. Nunca mais.
Ajeitou-se e esperou. Nada. Maldito sono! Maldita carta! Maldita Gina! Maldito ele mesmo! Aos infernos com sua promessa. Ergueu-se em um salto e, correndo, trocou-se, antes de, silenciosamente, sair do dormitório e começar a caminhar rapidamente e silenciosamente na direção da Sala Precisa.
Estava na hora de colocar tudo em pratos limpos com Virginia Molly Weasley e seria naquela noite que tudo seria esclarecido. Nem que demorasse a noite toda. Não se importaria em passar a noite em claro, se isso significasse finalmente entender a confusão que era Gina.
Somente esperava não fazer nenhuma bobagem.
[hr]
-Fico realmente feliz que o senhor tenha optado por se formar em Hogwarts, senhor Watson. – Dumbledore comentou, cruzando os dedos finos e longos na frente do rosto envelhecido. Joe sorriu.
Havia sido convocado à sala de Dumbledore para acertar os últimos detalhes de sua transferência para o castelo; já havia sido selecionado e seu uniforme do colégio havia chegado há alguns dias – juntamente com seus livros – por correio coruja.
Ficara particularmente animado quando o chapéu seletor anunciara que ficaria na Grifinória – mesmo que aquele chapéu velho e esfarrapado houvesse considerado seriamente mandá-lo para a Corvinal.
-Pude ver que o ensino daqui é muito bom, professor. – respondeu ainda sorrindo. – Devo admitir que o clima de Hogwarts me parece bem diferenciado e isso, em particular, me atrai. – completou e Dumbledore sorriu.
-Certamente. – o velho mago abaixou as mãos e suspirou. – Mas receio que o senhor queira ir para os seus aposentos na torre de Grifinória. – o loiro concordou com um aceno de cabeça. – Creio que a professora Minerva ficará feliz em acompanhá-lo até lá. – nesse momento, a porta da sala do diretor se abriu e por ela entrou a professora de Transfiguração.
-Boa noite, senhor Watson. Dumbledore. – ambos responderam com um aceno de cabeça. – Suas coisas já foram levadas para o seu dormitório na torre, Watson. – uma sombra de um sorriso cruzou os lábios finos dela. – Venha comigo. – Joe suspirou e levantou-se, sorrindo.
-Boa noite, professor. – murmurou, antes de começar a seguir a professora que já descia as escadas, apressada.
O trajeto foi feito em silêncio, o qual somente foi quebrado quando McGonagall dava instruções sobre o caminho.
Sabia que soava estranho querer mudar de escola quando faltava somente um trimestre e meio para se formar, mas sinceramente não se importava com isso, uma vez que ela sabia o exato motivo dessa mudança; Gina.
Tudo bem que, no momento, a ruiva estava livre das chances de um novo coma, porém não estava livre de passar mal, de ter mais uma crise séria.
Amava-a demais para sequer cogitar a possibilidade de voltar para Wizard, somente porque a ruivinha estava um pouco melhor. Não, não ficaria totalmente tranqüilo em relação a ela, enquanto não achasse uma solução para o problema da caçula dos Weasley’s.
Mas... Não sabia ao certo o por que, porém... Nos últimos dias algo lhe dizia que aquele sentimento que nutria pela melhor amiga de sua irmã não era exatamente amor... Não; esse algo deveria estar errado. Muito errado. Como que alguém poderia gostar tanto de uma pessoa – quando ele gostava de Gina – e isso não ser amor? Por Merlin, isso lhe parecia impossível. Mas será mesmo que ele estava certo quando pensou que aquilo era amor?
Será que não estava redondamente enganado? Será que não estava enganando a si mesmo e, de brinde, levando Gina nessa enganação toda?
Não, não gostava de pensar nesse tipo de coisas... Porém, ultimamente a última pessoa em quem conseguia ficar pensando por mais de um minuto, era exatamente na ruiva. Ultimamente não conseguia tirar Hillary de seus pensamentos. Não conseguia parar de ver aquele belo par olhos azulados brilhando em pura confusão quando ela lhe parara no meio de um corredor e começara a lhe xingar. Não conseguia para de pensar naqueles lábios macios contra os seus naquele dia na enfermaria.
Deus, aquela morena sabia beijar! Sabia deixar alguém totalmente fora de si somente com um beijo. Mas aí vinha a sua principal duvida: o que o levara a aprofundar o beijo, quando tudo o queria fazer era um mero roçar de lábios? Jesuzinho, que estranho poder era aquele que ela exercia sobre seu corpo e sua mente? Que poderes de sedução teria Hillary Rivendell sobre sua humilde pessoa?
Não, porque aquela garota era o diabo em pessoa... Okay, ela não era tão feia assim, mas também não era o que ele poderia chamar de perfeição. Ou era?
Oh, céus... Admitia que ela tinha um belo par de pernas longas; um maravilhoso par de seios fartos e convidativos, mas até aí... Muitas garotas tinham isso, então, o que é que chamava tanto sua atenção para cima daquela criatura irritantemente perfeita?
Esperai... Ele pensara “irritantemente perfeita”? Sim, a achava irritante, mas aí a achá-la perfeita eram outros quinhentos.
And not be moved by you
(E não ser comovido por você)
Would you tell me how could it be any better than this
(Você me diria como poderia ser melhor que isto?)
You calm the storms
(Você acalma as tempestades)
And you give me rest
(E você me dá descanso)
Não, não e não! Estava bêbado, dopado, louco, alucinado, cheio de sono... Poderia pensar qualquer coisa sobre aquela morena idiota – até admitir que era BONITINHA -, mas perfeita? Nunca, jamais, definitivamente, NÃO admitiria – mesmo porque não achava – que ela era perfeita.
Tudo bem que o sorriso dela era a coisa mais linda que já tivera o prazer de ver; que quando ela ficava irritada, ela ficava particularmente sensual e... Irresistível.
Não! Estava tudo errado! Merda! Ele tinha que estar pensando em Gina e não em Hillary... Mesmo porque esta última era uma perfeita tonta, que somente servia para ocupar espaço em Hogwarts.
Gina era o importante. Sim! Gina! Não Rivendell!
Então, por que não parava de pensar que seria realmente muito bom se pudesse voltar a experimentar aqueles lábios naturalmente vermelhos e com gosto de cereja. Oh, Merlin, como adorava cereja... Sim, adorava cereja, mas odiava Hillary. É! Era por isso que queria beijá-la novamente; somente por causa do gosto. Não porque a achasse linda e maravilhosa, mas somente porque ansiava em sentir novamente o gosto da CEREJA e não da morena.
Balançou a cabeça discretamente de um lado para o outro. Se não parasse com esses pensamentos confusos, logo, logo, ficaria mais louco do que já era.
Se é que isso era possível.
[hr]
-Então, é por isso que você acha que a Gina vai aprontar alguma? – Brian perguntou, passando os braços sobre os ombros de Melissa, que olhava curiosa para a morena.
Hillary suspirou e concordou com um aceno de cabeça; fazia uns bons dez minutos que havia se separado de Gina e, ao chegar na Torre de Grifinória, a primeira coisa que fizera foi correr para o dormitório de Melissa, arrastando consigo Brian.
Contara sobre como encontrara a ruiva na beira do lago, pensativa; falara sobre a conversa que tiveram e de como, ao chegarem na escadaria de mármore, a ruiva ficara ansiosa e saíra correndo.
Mas parecia que Melissa somente ficara curiosa sobre onde a ruiva poderia estar, enquanto Brian se divertia a suas custas.
-Já pensou que, talvez, a Gina somente queira... Aproveitar a noite? – Melissa perguntou, maliciosa. Brian sorriu.
-Ou que talvez ela só queira aprontar com o seboso? – o moreno insinuou. Hillary bufou e mordiscou o lábio inferior, antes de responder.
-Eu não sei... – resmungou. – Eu tenho a sensação de que, seja lá o que Gina vai fazer, vai deixá-la muito deprimida. – o casal de amigos de entreolhou.
-Ou vai deixá-la muito feliz. – Brian resmungou, começando a se cansar daquela conversa.
O moreno não entendia a si mesmo; andava cansando-se facilmente das conversas com as amigas. Talvez, fosse porque ele não era o que eles poderiam chamar de mulher. Ou talvez porque ele simplesmente já soubesse mais ou menos os papos delas.
Aliás... Somente cansava-se das conversas com Hillary e Gina, porque com Melissa ele entendia muito bem o que estava acontecendo consigo ao cansar-se das conversas; simplesmente não queria conversar, somente queria sentir os lábios da namorada contra os seus; queria sentir o corpo dela pressionado contra o seu. Queria poder ir para o seu dormitório ainda tendo os lábios formigando devido aos beijos; queria poder deitar-se em sua cama tendo suas roupas totalmente impregnadas pelo perfume doce dela.
Sabia que, naquele momento, seu amor por ela alcançara um nível que ele próprio jamais pensara que poderia chegar; que ele próprio não sabia ser capaz de sentir.
Sabia que seu corpo necessitava mais do que simples beijos e carinhos da parte da namorada, porém não queria forçá-la a nada; somente iria respeitá-la, seguindo o ritmo dela e, quando o momento chegasse, seria o melhor de suas vidas. Não importasse quando tempo levasse.
Suspirando, olhou o perfil da loira, que sorria levemente para Hillary, enquanto a morena falava alguma coisa, ainda apreensiva. Deus, Melissa era o seu exato conceito de perfeição. Ao menos aos seus olhos, pensou, ela era perfeita.
E não era pelo fato de ser Veela não. Era pelo fato de ser a pessoa que ele mais amava; a única pessoa por quem morreria.
Admitia que mataria por seus amigos, porém somente se sacrificaria por Melissa. Não que achasse que isso fosse de fato acontecer algum dia, porém sentia que se chegasse perto de acontecer, ficaria no lugar dela fosse qual fosse o sofrimento.
E, se não pudesse estar no lugar dela, seria o primeiro a estar ao lado da loira, apoiando-a e o último a sair. Em se tratando de Melissa, ele não se importava para o que poderia acontecer a si mesmo, mas somente em o que poderia acontecer a namorada.
E fora exatamente por isso que, quando Hogsmead fora atacada, ele fora facilmente desarmado pelos comensais que antes atacavam Melissa. A raiva lhe invadira havia sido tamanha que ele sentira que se não fizesse algo – mesmo que soubesse que iria fracassar – aquele ódio consumiria-o completamente, fazendo-o ficar de mau humor por longas semanas, antes, é claro, de descontá-la em algum tonto que passasse por sua frente.
Suspirando, balançou levemente a cabeça de um lado para o outro, afastando esses pensamentos, antes de voltar sua atenção para a conversa.
[hr]
Suspirando nervosamente, passou as mãos ao longo de sua roupa, tirando as dobras invisíveis, enquanto os olhos corriam ao arredor, vendo se tudo estava em seu devido lugar; se tudo estava como queria que estivesse.
As cortinas brancas e de seda da única janela, balançavam levemente devido a leve brisa da noite. O ambiente possuía uma leve tonalidade prata, que era um pouco ofuscada pela meia luz que as velas faziam.
Seu coração batia apressado em seu peito, enquanto o ar quase não chegava a seus pulmões. Sentia o nervosismo invadi-la a cada segundo que se aproximava da hora marcada. Somente mais cinco minutos e tudo começaria.
You hold me in your hands
(Você prende-me em suas mãos)
You won't let me fall
(Você não me deixará cair)
You’re still in my heart
(Você ainda está no meu coração)
And you take my breath away
(E você tira meu folêgo)
Suspirando novamente, caminhou lentamente até uma das duas poltronas, sentando-se e pegou o livro que estava apoiado no braço do móvel. Pousou os olhos na frase que destacara e a leu, somente para confirmar que aquilo era realmente necessário.
Fechando o livro, voltou a levantar-se e caminhou lentamente até a mesa onde sua varinha repousava. Apoiou as mãos sobre a superfície lisa e lustrosa da mesa e abaixou a cabeça. Ele estava demorando demais; ela estava nervosa demais.
Deus, será que conseguiria dizer tudo o que queria? Será que conseguiria fazer o que queria? Conseguiria olhar para o rosto dele sem sair correndo, arrependendo-se profundamente por tê-lo chamado? Por ter planejado aquilo tudo?
Passou uma mão pelos cabelos, antes de enrolá-los e prendê-los em um coque frouxo, deixando alguns fios caindo pelo seu rosto.
Ele estava demorando muito. Olhou para o relógio que havia perto da porta; a meia noite já havia vindo e ido e nada dele aparecer.
Mordiscando levemente o lábio inferior, voltou a sentar-se na poltrona, cruzando as pernas num gesto delicado. Apoiou o cotovelo no braço da poltrona e o queixo na palma da mão, enquanto tamborilava os dedos da outra mão, no outro braço do móvel.
Inferno! Será que aquela lingüiça queimada não viria? Será que ele resolvera não mais correr atrás de si? Se ele houvesse decidido fazer isso justamente naquele momento, ela jurava que o castraria.
Mas foi poupada de achar mais algumas torturaras para aquela almôndega, uma vez que a porta for aberta e por ela Harry entrou, fechando-a atrás de si e encostando-se na peça de madeira, cruzando os braços sobre o peito malhado.
As íris verdes estavam um pouco mais escuras que o normal e a olhavam fixamente.
-Espero que o motivo que a tenha feito me tirar da cama, Weasley, seja bom. – ele murmurou, após alguns segundos em silêncio, nos quais eles ficaram somente se encarando.
Gina suspirou e levantou-se, caminhando até ele. Harry não pôde evitar o arrepio de excitação que subiu por sua espinha ao vê-la levantar-se.
A ruiva usava um vestido branco, que fazia um belo contraste com seus cabelos vermelhos. O vestido de pura seda, possuía duas tiras que subiam, tampando os seios fartos e eram amarrados atrás do pescoço dela. Os cabelos vermelhos estavam presos em um coque mal feito, deixando alguns fios moldando o rosto.
Os lábios levemente vermelhos possuíam um brilho a mais, deixando-os tentadores. As íris amêndoas eram destacadas por uma generosa camada de lápis.
-Eu também espero. – murmurou simplesmente, parando quando a ponta do seu pé descalço tocou a ponta do tênis preto dele, que franziu o cenho, confuso, ao ver a proximidade.
Ficaram somente se encarando, em silêncio. O calor dos corpos se misturavam, assim como as respirações, tamanha era a proximidade.
Afinal, qual era o jogo daquela ruiva? Por que ela estava fazendo tudo aquilo, quando fazia menos de duas horas que eles haviam brigado?
-Por que tudo isso, Weasley? – perguntou e ela ergueu as sobrancelhas.
-Do que está falando, Harry? – Harry? HARRY? Deus do céu, aquela ruiva devia ter bebido umas. O moreno puxou o ar com força, tentando controlar a vontade de tomá-la em seus braços e beijá-la.
-De tudo isso. – murmurou, olhando para o quarto. – Pra que tudo isso? Para que me chamou aqui para conversar, quando faz menos de duas horas que brigamos? Pra que colocar um vestido sexy, se faz menos de duas horas que você deixou claro que não corresponde meus sentimentos?
A ruiva puxou o ar com força e afastou-se alguns passos, enquanto olhava para o chão, como se este fosse muito interessante.
-Esfregamos muitas coisas na cara um dos outro, Harry, mas... – ela hesitou, enquanto caminhava até a janela e olhava para a paisagem a fora. – Mas você parou para pensar que, talvez, tudo o que tenhamos dito possa ter somente saído de nossas bocas por causa do momento? – Harry ficou olhando fixamente para as costas nuas dela. – Quero dizer... Foi uma surpresa e tanto pra mim, ter o cara mais popular, o cara que nunca teve uma relação séria com nenhuma garota, me parando no meio do corredor e me dizendo que está apaixonado por mim.
O que se seguiu após essas palavras foi o silêncio. Harry continuava a olhá-la, sentindo que o que ela tinha a dizer não havia acabado. Gina continuava a olhar a paisagem, dando um tempo, para ver se ele chegava aonde ela queria.
Would you take me in
(você me levaria para dentro)
Take me deeper, now
(Leve-me mais profundo agora)
And how can I stand here with you
(E como eu posso estar aqui com você)
And not be moved by you
(E não ser comovido por você)
-Você está querendo dizer que não acreditou em mim? – ele perguntou, a voz soando mais rouca que o normal. Gina virou-se, apoiando-se no parapeito e cruzando os braços sobre o peito.
-Não foi que eu não acreditei, Harry... – suspirou e olhou-o nos olhos. – Mas eu me assustei. Quero dizer, o cara que eu amei no começo da minha adolescência inteira estava falando as palavras que eu mais queria ouvir. – suspirou. – Eu meio que fiquei sem saber o que fazer ou falar e acabei falando a primeira coisa que me deu na telha. – Harry sorriu de canto, chateado.
-Se você soubesse como aquilo me machucou naquela hora. – ele fechou os olhos e balançou a cabeça levemente.
-Acho que eu te devo desculpas. – ela murmurou e ele abriu os olhos para encará-la, surpreso. – Eu não devia ter agido da maneira que agi. – Harry voltou a sorrir de canto, antes de caminhar lentamente até ela. Olhando-a nos olhos, pegou uma das mãos dela e beijou-a, antes de pousá-la sobre seu peito, fazendo-a sentir o quanto seu coração estava batendo apressado.
-Eu posso entender que eu tenha te assustado... – ele murmurou, se perdendo cada vez mais nas íris amêndoas dela. – Mas, Gina... Eu realmente te amo e eu somente preciso de um sinal seu para saber que, finalmente, eu posso tocá-la, beijá-la, sem correr o risco de perder o meu...
-Reprodutor de criaturas horripilantes? – ela completou e, rindo, ele concordou com um aceno de cabeça.
-É... – deu de ombros. – Mas... – afastou-se dela, de modo que a mão delicada pendeu ao lado do corpo de sua dona. – Eu não tive nenhum sinal, senão a recusa, Gi... – o sorriso sumiu de seu rosto. – E acho que você já me falou o que precisava, então... Eu... Eu vou indo. – começou a caminhar na direção da porta, mas a voz de Gina chamando seu nome o fez parar e olhá-la por cima dos próprios ombros.
-Eu... Eu ainda tenho uma coisa para te falar, Harry. – murmurou e ele virou-se, ficando de frente para ela.
-Então, diga. – ele sorriu, tentando passar confiança a ela. Ela puxou o ar com força.
-Eu só queria dizer... – ela murmurou, hesitante, enquanto corava. – Que eu também te amo, meu querido.
Harry continuou a olhá-la, absorvendo lentamente a informação. Seu coração começou a bater mais rápido que antes e o ar se perdeu no caminho de seus pulmões. Então, queria dizer que Gina não o esquecera realmente? Aliás... Queria dizer que ele podia agarrá-la agora mesmo que ela não poderia fazer nada contra seu corpinho... Ta, era óbvio que ela faria alguma coisa se não quisesse ser agarrada, mas até aí... Quem disse que ele estava se importando?
Em duas passadas largas, parou com o corpo separado do dela por milímetros. Inclinou um pouco a cabeça, de modo que pôde olhá-la nos olhos. Sorriu e ela retribuiu.
-Você não sabe como isso me faz feliz, Gina. – ele murmurou, antes de abaixar sua cabeça, fazendo os lábios se roçarem; as mãos quentes dele pousaram em sua cintura, puxando-a de encontro ao corpo másculo. Abraçou-o pelo pescoço.
Ficaram ali – não sabiam dizer por quanto tempo – somente se provocando, roçando os lábios, friccionando os corpos um no outro. Os dedos pequenos e finos de Gina faziam pequenos círculos em sua nuca, fazendo-o se arrepiar, enquanto ele passeava as mãos pelas costas dela, sentindo a pele lisa e macia tocando seus dedos.
E, antes mesmo que pudesse se controlar, o moreno colou os lábios nos dela e apertou-a ainda mais contra si, enquanto que, com a língua, pedia permissão para explorar mais uma vez a boca dela.
Would you tell me how could it be any better than this
(Você me diria como poderia ser melhor que isto?)
And how can I stand here with you
(E como eu posso estar aqui com você)
And not be moved by you
(E não ser comovido por você?)
Would you tell me how could it be any better than this
(Você me diria como poderia ser melhor que isto?)
Foi como se, de repente, tudo parecesse certo; como se as coisas que estavam acontecendo no mundo fossem as mais perfeitas. Como se a brisa noturna houvesse parado de entrar pela janela; como se a lua houvesse apagado seu brilho; como se as velas ao arredor de ambos houvessem se apagado. Eram somente eles e mais nada.
O quarto parecia repentinamente quente demais. As mãos de Gina percorriam por seu corpo timidamente, explorando cada pedaço, tentando descobrir quais eram seus pontos fracos, procurando uma brecha em sua camisa e, quando o achou, subiu a mão lentamente pelo seu abdômen, arranhando-o levemente, fazendo-o soltar um gemido sufocado.
Era como ir para o paraíso e voltar, somente ao sentir o toque dela. Por Merlin, aquela ruiva tinha um poder sobre si assustador, mas ao mesmo tempo excitante. Correu a mão pelo vestido dela, levantando a saia deste, de modo que sua mão pudesse acariciar cada centímetro das pernas bem torneadas. Ouviu o pequeno gemido que ela soltou. Os lábios se desgrudaram para que eles pudessem pegar mais ar.
Curvando-se levemente, ele começou a beijar o pescoço da ruiva, que jogou a cabeça para trás, dando maior acesso a ele, enquanto afundava os dedos entre as mexas negras e gemia baixinho.
-Continua. – ela pediu num lamento, quando ele parou de beijar-lhe o pescoço e, atendendo a ordem dela, começou a fazer uma trilha de pequenos beijos, a caminho da boca dela, deixando um rastro de fogo sobre a pele levemente bronzeada pelo sol.
-Deus, como eu te amo. – ele murmurou, antes de capturar os lábios vermelhos em um beijo ardente e sensual, onde as línguas se procuravam com urgência.
As mãos continuavam a explorar aquele corpo másculo a sua frente e sentia os músculos definidos se contraírem a cada toque. Lentamente, levou as mãos até o primeiro botão da blusa branca dele e começou a abrir botão por botão, enquanto os lábios continuavam juntos.
A cada segundo que se passava a sala ficava mais e mais quente, como se de repente o verão houvesse chegado mais cedo.
Parabéns, Virginia, você é uma ótima atriz, mas não era para você estar gostando! , sua mente gritou de repente, mas ela a ignorou, enquanto seu coração batia apressado contra o seu peito, fazendo-a perguntar-se se ele saltaria para fora tamanha a velocidade.
Um arrepio de excitação subiu por sua espinha quando ele começou a desamarrar o laço das fitas que escondiam seus seios. Oh, Merlin, ele estava indo exatamente para o caminho que ela queria.
Somente esperava que aquilo tudo valesse a pena... Mas qualquer assunto relacionado ao seu plano do momento foram varridos de sua mente, quando sentiu o tecido delicado do seu vestido escorregar até sua cintura e uma das mãos dele pousarem em um dos seios, enquanto continuavam a se beijar e ela fazia a blusa dele escorregar pelos braços fortes e parar aos pés deles.
Cause you're all I want
(Porque você é tudo o que eu quero)
You're all I need
(Você é tudo o que eu preciso)
You're everything, everything
(Você é tudo, tudo)
You're all I want
(Você é tudo o que eu quero)
Os corpos voltaram a ficar colados completamente, num encaixe perfeito. Os lábios vermelhos e inchados se separaram brevemente; tempo suficiente para que eles pegassem mais ar, antes de voltarem a se beijar com ardor.
Merlin, aquela ruiva era perfeita demais e sentir o busto dela – farto e firme – se comprimir contra seu peito malhado, fazia-o sentir arrepio atrás de arrepio por sua coluna.
Gina somente foi perceber que eles haviam caminhado, quando sua perna bateu no inicio do colchão fofo da grande cama de casal, onde eles caíram deitados; ela em baixo e ele em cima.
Continuaram a se beijar, as mãos continuavam passeando pelo corpo um do outro, enquanto terminavam de se despir.
-Meio em cima da hora, mas... – Harry murmurou, enquanto depositava pequenos beijos no lóbulo da orelha dela. – Você tem certeza, Gi? – a ruiva sorriu de canto e aproximou seus lábios do ouvido dele.
-É a maior certeza da minha vida.
You're everything, everything
(Você é tudo, tudo)
You're all I want
(Você é tudo o que eu quero)
You're all I need
(Você é tudo o que eu preciso)
Everything, everything
(Tudo, tudo)
And how can I stand here with you
(E como eu posso ficar aqui com você)
And not be moved by you
(E não ser comovido por você)
Would you tell me how could it be any better than this
(Você me diria como poderia ficar melhor que isto?)
And how can I stand here with you
(E como eu posso ficar aqui com você)
And not be moved by you
(E não ser comovido por você)
Would you tell me how could it be any better any better than this
(Você me diria como poderia ficar melhor que isto?)
And how can I stand here with you
(E como eu posso ficar aqui com você)
And not be moved by you
(E não ser comovido por você)
Would you tell me how could it be any better than this
(Você me diria como poderia ficar melhor que isto?)
Would you tell me how could it be any better than this
(Você me diria como poderia ficar melhor que isto?)
Continua...
N/A: (se esconde) Eu sei que demorei um pouco (entende-se muito) para atualizar, mas eu avisei que isso ia acontecer! i.i Juro que avisei! x.x’
Mesmo porque eu falei que eu tava mal na escola e, bem, estou meio dividida entre lição de casa, trabalhos, provas, estudo... E tudo o mais! E, bem, eu tive um serio problema nesse capítulo! Um probleminha chamado bloqueio.
Mas eu já deixei claro que não vou abandonar a fic, demore quanto for! U.u
Bom, amores, sinto informar, mas não terei mais tempo para responder os comentários, mas saibam que são eles que me motivam a continuar mesmo estando com essa vida meio corrida! =P~~ Continuem comentando, meus lindos.
E dêem uma passadinha no meu blog www ponto serena anderlaine bluemoon ponto blogger ponto com ponto br.
Tudo juntinho e lá vocês terão algumas informações periódicas sobre o andamento da Vinganças, sobre novas fics, capas e tudo o mais. Não esqueçam de comentar lá também, okay lindos?
Agora vou-me indo,
Amo-lhes,
Beijos.
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