Capítulo 25
Capítulo 25
N/A: Somente para avisar, nesse capítulo há alguns termos bem mais fortes do que eu uso freqüentemente e a única explicação que tenho pra isso é o fato de que foram as únicas palavras que eu achei para conseguir passar a frustração da personagem, assim como sua revolta. Então, meus queridos, façam o que eu digo e não o que eu faço e não usem esses termos com seus pais, porque senão vai sobrar pra mim! XD~~
Falarei mais com vocês no final do capítulo. ^^
Boa leitura.
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Música: I Need You, Leann Rimes
O dia amanhecia lentamente. O canto dos pássaros já enchia o ar calmo. A lula gigante nadava tranqüilamente no lago, enquanto algumas alunas molhavam os pés nas águas cristalinas, aproveitando algumas horas antes do café da manhã e das aulas, onde podiam conversar e rir.
Os fracos raios de sol entravam pela janela, cujas cortinas estavam mal corridas e batiam diretamente no rosto da ruiva, que tinha a cabeça apoiada no peito nu do moreno ao seu lado.
Resmungando baixinho, ela se desvencilhou dos braços fortes que circulavam seu corpo e ficou deitada de costas para ele, na outra ponta do grande e fofo colchão.
Bocejou e abriu os olhos, sentindo o peso de poucas horas de sono pesar imediatamente. Piscou várias vezes até que sua vista se acostumasse com a claridade.
Com um suspiro, sentou-se na cama, segurando o lençol ao arredor do próprio corpo, enquanto olhava a sala.
Roupas estavam espalhadas por todos os lados; as velas que acendera na noite anterior estavam, agora, apagadas e quase no fim, enquanto ainda era possível sentir o cheiro doce que haviam emanado.
Passando uma mão pelos cabelos, levantou-se e, lentamente, pegou sua varinha e transfigurou o vestido que usara na noite anterior em uma copia exata do seu uniforme de Hogwarts e vestiu-o mais lentamente ainda.
Sua mente trabalhava lentamente, mas lhe permitia ver breves flashes da noite anterior. Os corpos suados se encaixando com perfeição, enquanto os lábios se buscavam com ansiedade. Os corações e as almas estavam unidos, enquanto os seres emanavam paixão.
Paixão... Era uma palavra simples, porém que representava algo que poderia ou não ser duradouro.
Mordiscando o lábio inferior, caminhou até a janela e olhou para os jardins, onde havia alguns alunos conversando, rindo e se divertindo, enquanto ela sentia o desanimo invadi-la.
Sempre se orgulhara de não ter que usar as pessoas para conseguir o que queria, porém fora exatamente o que fizera na noite anterior e, pior, brincara com os sentimentos de outra pessoa. Tudo bem que era de Potter que ela estava pensando, mas isso não mudava o fato de que ele era uma pessoa e como tal possuía sentimentos. E, quando ele olhara em seus olhos, e dissera que a amava, antes de finalmente ambos pegarem no sono, ela pôde perceber que ele falava a verdade e, pior, aquele sentimento era tão intenso que ele mesmo não conseguia definir qual era a exata dimensão daquilo tudo.
E ela brincara com isso. Usara isso em beneficio próprio e sabia que, agora, teria que terminar seu plano, teria que por um ponto final naquilo, antes que ficasse pior - se é que isso era possível - e ele sofresse mais.
Mas será que conseguiria sair dali sem ao menos dar uma indireta ao moreno de que tudo o que estava fazendo desde que pisara em Hogwarts novamente, era um plano baixo e sujo? Era um maldito plano que se virara contra si, que a pegara desprevenida e a fizera apaixonar-se novamente por ele a ponto de não conseguir achar nenhuma palavra para simplesmente virar as costas para ele e ir embora. Sumir da vida dele e de quem quer mais houvesse saído ferido daquele seu plano ridículo.
Mas agora teria que conseguir reunir frieza o suficiente para encará-lo como se tudo aquilo não houvesse significado nada para si; como se não houvesse sido mais que uma diversão seduzi-lo e fazê-lo acreditar que o amava.
Virando-se, olhou para onde ele estava e não teve como impedir seus olhos de se encherem de água. Ele estava deitado, coberto até a cintura, enquanto os lábios firmes estavam curvados em um leve sorriso, como se ele estivesse tendo um bom sonho. Como se, enquanto ela sofria, ele era feliz.
Mordiscou novamente o lábio inferior e caminhou hesitante até onde ele estava, sentando-se na beirada da cama, ao lado dele, enquanto o observava minuciosamente, como que querendo guardar aquela imagem na sua mente para sempre, pois seria a primeira e última vez que teria a chance de vê-lo tão calmo e tranqüilo como naquele momento.
Suspirou e permitiu que um leve sorriso triste ficasse em seus lábios, enquanto continuava a observá-lo; e pensar que a primeira coisa que ele ouviria ao acordar seria um belo fora.
Maldita hora em que voltara a amá-lo! Maldito orgulho, que a impedira de permanecer em Wizard. Por Merlin, sua vida havia mudado bastante desde que contara suas intenções de voltar à Hogwarts à Melissa e Brian; mas, por todos os santos, por que tinha que amá-lo tanto? Por que não podia obrigar seu coração a odiá-lo? Aliás, por que estava tendo tanta dificuldade para achar uma maneia de falar à ele que tudo fora somente uma diversão? E por que estava tão preocupada em falar alguma coisa quando podia simplesmente ir embora e ignorá-lo pelo resto de sua vida?
Porque você o ama mais que tudo, sua anta! , sua mente gritou, fazendo-a sorrir levemente. Sim, amava-o mais que tudo, mas isso não queria dizer que ela, obrigatoriamente, teria que ficar com ele, certo? Principalmente se ela levasse em conta todo o sofrimento que passara há dois anos por causa dele. Sim, ninguém em perfeito gozo de sanidade iria querer passar o resto da vida ao lado da pessoa que a
mais magoou.
Claro que, se ela ainda fosse aquela garotinha idiota e romântica, ela teria agarrado essa oportunidade sem pestanejar e pensar duas vezes para que, no final das contas, voltasse a sofrer profundamente por ele, a ponto de querer voltar novamente para Los Angeles e não voltaria nunca mais para a Inglaterra.
Okay, seu plano era parecido com esse, porém a diferença era que, depois daquele ano, ela voltaria para a Inglaterra para visitar sua família nas férias e nos feriados. Nunca mais ficaria tanto tempo sem vê-los e sem trocar cartas com eles. Ainda não sabia como conseguira, mas depois que se despedira dos pais na estação de Hogsmead, há dois anos, nunca mais se dera ao trabalho de responder suas cartas, como se estas viessem de pessoas estranhas e não de seus pais.
E, é claro, quando mandara a carta avisando-os que estava voltando, aproveitara para pedir desculpas não ter mandado noticias antes e, pelo jeito que eles a trataram na estação, deixara claro que eles haviam perdoado-a, mesmo que não houvessem dito isso em voz alta.
Lentamente, esticou a mão, de modo que pôde tocar as mexas negras do cabelo rebelde, memorizando a textura de seda que eles tinham. Por Merlin, o que estava acontecendo consigo? Nunca fora do tipo que se permitia envolver-se nesse tipo de comportamento; mesmo quando ela era uma perfeita idiota.
Mas, senhor, naquela época ela não o amava tanto quanto amava naquele momento. Antes, não sentia necessidade em tocá-lo, agora, porém, sentia-se completamente tentada a jogar todas suas magoas por ele para o alto, juntamente com o seu plano e, assim, poderia ficar com ele e ser feliz, mesmo que soubesse que aquela felicidade não duraria para sempre, pois Harry não era exatamente o tipo de garoto que ela poderia classificar como; calmo. O moreno tinha alguma espécie de obsessão por ter várias garotas ao mesmo tempo e, era óbvio, que não iria ser fiel a uma única somente pelo fato de ela ser a irmã de seu melhor amigo. Era óbvio que, mais cedo ou mais tarde, ele iria perceber que alguma outra garota - possivelmente muito mais bonita que ela - havia o conquistado.
Estava mais claro que água; ele não iria deixar de ser galinha somente porque estava apaixonado. Sim, começara a acreditar que ele realmente lhe amava, porém não tinha muita certeza se deveria acreditar em todas as promessas que ele lhe fizera ao pé do ouvido, enquanto se amavam pela primeira e última vez.
Nem ao menos sabia se ainda deveria estar ali, esperando pacientemente que ele acordasse, enquanto acariciava os cabelos negros e ficava memorizando a face de linhas firmes. E, como que adivinhando os pensamentos dela de se devia ou não ir embora, Harry remexeu-se levemente, enquanto resmungava algo inteligível, antes de bocejar longamente e abrir os olhos, revelando íris verdes incrivelmente claras e que possuíam um brilho de felicidade.
-Bom dia. - ele murmurou, com a voz embargada e lhe oferecendo o mais belo sorriso que ela poderia lembrar-se de ter visto nos lábios dele. E isso foi uma facada certa em seu coração; Merlin do céu, o filho da mãe estava mais feliz que nunca; mais satisfeito do que, jamais, deveria ter ficado. Como que se tudo o que acontecia no mundo fosse perfeito. E ela, para variar, teria que ser o monstrinho que acabaria com essa felicidade plena e essas coisinhas bonitinhas e meigas. Merda!
-Bom dia. - respondeu, sem sorrir, fazendo força para impedir que seus olhos se enchessem de água novamente. Não iria chorar na frente dele, não deixaria que ele soubesse que o que viria agora seria uma tortura maior para si mesma do que seria para ele.
Se esse grande idiota não houvesse errado tanto... , pensou, suspirando, tentando convencer a si mesma que, ainda, havia um bom motivo para fazer aquilo; tentando achar um argumento para apresentar ao mundo quando aquilo tudo fosse a tona, pois tinha certeza que Harry Potter, o senhor "irei ficar com o ego ferido", não perderia a oportunidade de esfregar na cara dos outros garotos que domara Virginia Weasley, a garota que achava estar acima de tudo e todos; acima das regras da escola. Acima da honra e moral de sua família.
Mas o grande tonto! Era isso que ele era! Um tonto. E de marca maior, diga-se de passagem. Tonto! Tonto! Tonto!
Tinha certeza que, quando ela terminasse o que começara na noite anterior, ele iria inventar um desfecho onde ele sairia vencedor e ela humilhada, afinal, não fora isso que ele fizera com aquela garota da Lufa-Lufa há dois anos? Qual era mesmo o nome dela? Emelinda, talvez. Bom, não importava. O que realmente importava era que Harry tomara um fora da senhorita Eu Usei Harry Potter, e ele, no auge de seu egozinho ridículo ferido, mudara o desfecho da história e dera a entender, a muitos, que fora ele que tomara a iniciativa de dispensar a garota, aproveitando para dar a entender que ela era uma qualquer.
Mas Gina sabia que a garota somente dormira com Harry por causa de uma aposta. Sim, senhor... Aquela ruiva falsa a Lufa-Lufa havia apostado com as amiguinhas idiotas que conseguia levar Harry para cama antes que Cho Chang o fizesse. Grande idiota! Mal sabia que, naquela época, Harry já dormia com a oriental á um bom tempo.
Mas, também, sabia que Harry somente fizera o que fizera por querer manter sua maldita pose de Deus que tinha perante todos os alunos - menos os de Sonserina, claro -, mas será que ele precisava ter ido tão longe? Okay, na época o moreno tinha treze anos e não dezesseis. Estava claro que desde o terceiro ano ele havia amadurecido, não muito, é verdade, mas ainda assim tinha amadurecido.
É claro que Gina havia ouvido alguns rumores sobre, no quarto ano do moreno, Harry ter pedido desculpas á Lufa-Lufa por causa de sua atitude, mas era claro que ele não havia feito nenhum estardalhaço, pois ainda prezava sua imagem. Mas será que ainda era assim? Será que, para ele, sua reputação era mais importante do que seus próprios sentimentos? Será que ele falaria calunias a seu respeito para a escola toda, somente porque levara um pé na bunda? Bom, fosse como fosse, ela sabia se defender, e iria ficar de queixo erguido perante qualquer que fosse a reação dele a respeito disso tudo.
Seu único problema seria Rony, afinal. O outro grande tonto que achava que ainda tinha algum direito de irmão mais velho sobre ela.
Grande piada. Mas, mesmo que o ruivo viesse tirar satisfação, ela continuaria com a posição que estava e não voltaria atrás na sua decisão de dar um fora em Harry, somente por que Rony viria pedir que ela ficasse com o melhor amigo dele que, provavelmente, estaria intragável de tanta raiva que ficaria.
-Dormiu bem? - ele perguntou, depois de ajeitar os travesseiros atrás da cabeça e bocejar, sem desviar as íris do rosto dela.
Por que ele tinha que ser tão retardado a ponto de ficar falando aquele monte de abobrinha logo cedo? Por que ele não podia ser igual a todos os homens do mundo e pedir para a mulher ir fazer alguma coisa pra ele? Por que ele tinha que ser tão perfeito e querer saber se dormira bem?
Maldito fosse! Merda! Será que ele não via que assim ela não conseguiria fazer o que queria? Será que ele era tão chato que até indiretamente acabava com tudo o que ela queria fazer ou dizer? Droga!
-Sim e você? - respondeu automaticamente, como se houvesse sido programada para sentir uma coisa e falar outra. Maldição! Por que ele tinha que ter um poder tão grande sobre si? Por que ele não podia ser como qualquer outra pessoa, onde ela podia ignorar completamente seus sentimentos e isolar sua culpa de tal maneira que, mais tarde, nem se lembraria do que fizera?
Por que tinha que amá-lo? Por que não podia odiá-lo como odiava Malfoy? Okay, dessa vez pegara pesado. Mas por que não conseguia sentir nem um simples não gostar por ele?
Harry remexeu-se, atraindo sua atenção, fazendo-a olhar para o peitoral definido, antes de subir suas íris até as dele, não sem antes passar por um sorrisinho malicioso preso nos lábios firmes.
-Bem. - ele respondeu simplesmente; o sorriso malicioso ainda preso nos lábios.
-Que foi? - ela perguntou, confusa, esquecendo-se momentaneamente do que tinha que fazer.
-Nada. - ele deu de ombros, enquanto se inclinava na direção dela e prendia os lábios macios em um beijo calmo e longo, que fez Gina sentir-se tonta.
Por Deus, por que justamente na hora que ela estava finalmente conseguindo criar coragem suficiente para dar o pé na bunda, ele a beijava? Filho da...
Os lábios se separaram e o moreno encostou sua testa na dela, enquanto as íris verdes estavam pressas nas amêndoas dela.
-Eu já disse que te amo? - ele murmurou após um tempo em silêncio, no qual a mão dele ficara fazendo um leve carinho na bochecha dela.
Gina suspirou. Era agora ou nunca.
-Harry... - chamou num murmúrio, enquanto afastava-se dele. - A gente tem que conversar. - avisou, num tom mais baixo que antes.
-Sobre? - ele perguntou, se espreguiçando, antes de se levantar e vestir a cueca samba canção preta.
-Sobre o que aconteceu. - ela respondeu, enquanto o seguia com os olhos. Harry parou no meio do movimento de colocar as calças e olhou para ela, confuso.
-Você disse que tinha certeza... - ele começou, a culpa dominando sua voz.
-Eu sei o que eu disse, merda. - resmungou, interrompendo-o. - Mas o fato é que eu menti sobre uma coisa. - parou de falar e olhou para baixo, como se o lençol de cetim fosse a coisa mais interessante.
O quarto caiu em silêncio, que era somente quebrado pelo barulho que Harry fizera ao terminar de colocar a calça e ir sentar-se ao lado dela.
Gentilmente, ele a fez levantar a cabeça e encará-lo nos olhos.
-Nunca abaixe a cabeça pra mim. - ele murmurou; a culpa ainda estava estampada em seu rosto. - Por mais que eu fale merda pra você, nunca abaixe sua cabeça, Gina. - ela sorriu de leve.
-Você não vai falar isso quando ouvir o que tenho a dizer. - Harry sorriu carinhoso e Gina puxou o ar com força. - Eu menti pra você, Harry. Menti sobre a parte de te amar. - completou, desviando o olhar, esperando pela explosão que tinha certeza que viria. Mas não veio.
Atreveu-se a olhar para ele e viu que ele tinha a cabeça baixa e, fosse o que fosse que ele estivesse pensando, ficaria somente para ele.
Harry ergueu os olhos para olhá-la, as íris verdes molhadas, mas ele segurava as lágrimas firmemente. Recusava-se a chorar na frente dela.
Merda! O que estava acontecendo consigo? Nunca fora do tipo que se permitia levar-se pelo sentimento na frente dos outros.
-E por que você mentiu? - perguntou, sua voz saindo mais fria do que pretendera e isso feria Gina, mas ela recusou-se a mostrar isso.
Gina forçou uma expressão de descaso e deu de ombros.
-Porque eu queria saber se tudo o que as garotas dizem sobre você era verdade. Eu queria saber se era tão simples te levar pra cama quanto parecia, Harry. - forçou um sorriso desdenhoso. Merlinzinho, aquilo estava doendo tanto, que ela surpreendeu-se ao conseguir continuar. - Eu queria saber se era simples te fazer de idiota. E, olha só, foi mais fácil do que tirar doce de criança. - o moreno riu sem humor.
-Você só pode estar brincando. - resmungou, encostando-se na cabeceira da cama e cruzando os braços sobre o peito. - Que motivos você teria para fazer uma merda dessas?
-Diversão, talvez. - respondeu, encolhendo um único ombro, antes de se levantar. - Ou talvez, eu somente tenha decidido ser a garota sem escrúpulos que você acha que sou. - completou, sorrindo indiferente. Harry adquiriu um olhar zombeteiro.
-Não acredito em você. - Gina deu de ombros novamente.
-Problema seu. - resmungou, girando nos calcanhares e saindo da sala, fechando a porta atrás de si, antes de encostar-se nesta e permitir, finalmente, que as lágrimas escorressem livremente por seu rosto, marcando-o.
Merda! Fora mais difícil do que pensara e o filho duma mãe a conhecia melhor que ninguém e conseguira ver que ela mentia. Dane-se, pensou, enquanto abraçava sua cintura e começava a caminhar para a torre de Grifinória, com a cabeça baixa. As lágrimas escorriam livremente por seu rosto, onde ela mordia levemente o lábio inferior, tentado conter os soluços que estavam presos em sua garganta.
Tudo o que acontecera na noite anterior ecoava em sua mente. As juras de amor sussurradas ao pé do seu ouvido; os lábios firmes pressionados contra os seus; as mãos quentes e carinhosas percorrendo seu corpo; o corpo dele se encaixando com perfeição no seu.
As lágrimas vieram com mais força e, finalmente, o primeiro soluço escapou por seus lábios, no mesmo instante em que entrava no corredor que a levaria para a torre e, finalmente, para a paz do seu dormitório.
Mas sua vontade de ir para o dormitório teria que esperar pois, no momento em que estava quase chegando no quadro da mulher gorda, seu corpo chocou-se com o de outra pessoa, fazendo-a cair. Olhou para frente, a tempo de ver Rony cair sentado e o rosto sardento contorcer-se em uma expressão de dor. A gargalhada de Hermione encheu o ar.
-Foi mal, Gi. - o ruivo resmungou, enquanto levantava-se, limpando a roupa, antes de ajudar a irmã fazer o mesmo.
-Certo. - falou de uma maneira que Rony quase não pôde entender. Sua cabeça continuava abaixada e as lágrimas ainda rolavam solta por seu rosto. Por que Rony não a soltava logo para que pudesse ir chorar em sua cama?
-Que foi, Gin? - ele perguntou, parecendo notar que a irmã não estava bem.
-Nada. - respondeu, soltando sua mão da dele, antes de desviar do corpo do irmão e correr para a torre, dizer a senha para a mulher gorda e subir em disparada para seu quarto.
Abriu a porta com cuidado e surpreendeu-se ao ver Brian e Melissa dormiam na cama da loira, abraçados.
Merda! Por que eles não podiam ser pessoas normais, que levanta em horários normais e iam tomar café da manhã no horário normal? Por que eles não podiam ser amigos normais, e deixá-la chorar em paz? Inferno!
Mas tinha que admitir que aquela não era a hora de ficar parada, perguntando-se essas coisas; por Merlin, estava chorando feito uma vaca velha e não revendo suas amizades.
Okay, certo, péssima hora para constatar que estava chorando, uma vez que isso somente fez com que os motivos de sua dor voltassem a tona, passando por sua mente como um filme em câmera lenta, fazendo seu coração bater descompassado e o ar se perdesse no caminho a seus pulmões. Sua garganta encheu-se de soluços que se recusava a deixar escapar por seus lábios, mas sentia que não conseguiria mais ficar tão silenciosa quanto estava agora.
O fato de Harry não ter acreditado em si voltou a sua mente; a dor que sabia tê-lo feito sentir passou por sua alma. A vontade de ir correndo pedir perdão passou por seu coração, mas tudo o que ela fez foi correr para o banheiro que dividia com Melissa e, ao entrar neste, bateu a porta atrás de si, fazendo os amigos acordarem sobressaltados. Agora, sabia, teria que dar longas explicações, as quais não estava nem um pouco a fim de dar.
Merda! Odiava o fato de ter-se apaixonado novamente; odiava o fato de ser correspondida, mas, acima de tudo, odiava o fato de saber que, nesse momento, o moreno provavelmente estava deprimido na Sala Precisa. Ótimo! Realmente ótimo!
Ao menos alcançara seu objetivo e tornara-se o monstrinho destruidor da felicidade plena.
I don’t need a lot of things
I can get by with nothin
With all the blessings life can bring
I’ve always needed something
Ainda olhava fixamente para a porta fechada da Sala Precisa. Não sabia quanto tempo fazia que ela havia saído dali; não sabia quanto havia ficado somente olhando para a peça de madeira, pasmo.
Seu cérebro absorvia a informação lentamente, como que se ainda estivesse dormindo quando ela falara tudo aquilo. Mas, por mais que ela houvesse tentado soar verdadeira, havia algo nos olhos dela que lhe dizia que a ruiva estava mentindo.
Não sabia o motivo, não sabia qual era a finalidade, mas iria descobrir. Iria até o inferno se preciso pra descobrir tudo o que estava acontecendo. Pra conseguir entender o porque daquela atitude relativamente atípica da parte de Gina.
Mas, Merlin, mesmo sabendo que era mentira, não conseguia evitar o fato de que ela realmente lhe ferira. Merda! Por que tinha que doer tanto amar aquela ruiva doida?
Suspirando, levantou-se da cama e, lentamente, terminou de se arrumar, enquanto seu cérebro terminava de absorver a informação.
E quando a verdade, nua e crua, finalmente caiu sobre si, foi como se o mundo houvesse desabado perante seus olhos; como se não houvesse o menor sentido continuar vivendo.
Não teve como segurar; a primeira lágrima escorreu por seu rosto. A merda da dor que ela lhe causara era maior que sua vontade de não chorar. Incrível como Gina tinha o poder de fazê-lo o cara mais feliz do mundo e, ao mesmo tempo, o cara mais infeliz.
Que droga de poder era aquele que ela tinha sobre si? Que porcaria de feitiço ela havia jogado sobre si?
Maldição. Não tinha mais controle sobre suas emoções e ali estava ele, um garoto de malditos dezesseis anos, chorando feito um bebê.
-Dane-se. - murmurou, mal humorado, caminhando até a mesa que havia ali, apoiando as mãos sobre a superfície, abaixando a cabeça e fechando os olhos, enquanto as lágrimas insistiam em rolar por seu rosto.
Idiota... Era isso que era por permitir que aquela ruiva tonta fizesse isso consigo quando tinha mais certeza do que nunca de que ela mentira. O amor era uma droga! Definitivamente, depois que ela fizera isso não iria mais correr atrás dela e ponto. Não era o que ele próprio podia chamar de idiota a ponto de rastejar aos pés da Weasley, implorando por perdão. De fato iria atrás da verdade, para saber o que estava acontecendo com aquela garota, mas nunca mais iria sequer pensar nela como uma mulher. Não, se recusava dar esse gostinho a ela. Nunca mais iria sequer pensar que a amava e jamais voltaria a dizer isso em voz alta.
Era orgulhoso demais para sequer cogitar a possibilidade de voltar a falar isso novamente a ela. Não, nunca mais falaria. Não mesmo. Falara a primeira vez e ela lhe humilhara. Falara a segunda e ela lhe usara. Não, ela tivera a oportunidade e tivera sua segunda chance. Não era culpa dele, Harry, que ela houvesse sido burra a ponto de jogar isso para o alto.
Mas por que, diabos, ela havia dito que não passara de uma maldita diversão? Por Deus, ela não era tão baixa a ponto de ter as mesmas atitudes que Chang teria. Não, ela tinha alguma outra razão para ter feito aquilo. Mas qual? Qual era a maldita razão? Não havia a mínima lógica naquilo, assim como não tinha lógica ela esperar que ele acordasse para lhe dar o fora. Por Merlin, se ela houvesse isso embora antes, ele, provavelmente, teria entendido a indireta. Era lesado, admitia, mas não era pra tanto.
Droga, não conseguia ver a maldita luz no fim do túnel e, finalmente, entender o que estava acontecendo. Recusava-se a acreditar no que ela falara, terminantemente.
Talvez pudesse colocá-la contra a parede e fazê-la falar, mas... Será que ela se deixaria intimidar com as ameaças que ele poderia vir a fazer? Não, provavelmente não, levando em conta que ela não se importava nem um pouco com o que os outros pensavam a seu respeito.
Okay. Use sua massa cinzenta, pare de chorar e pense, sua mula!, sua mente gritou, fazendo-o puxar o ar com força, antes de levar uma das mãos ao rosto e secar as lágrimas.
Deixando a coluna ereta, jogou a cabeça para trás e abriu os olhos, de modo que pôde admirar o céu alaranjado devido ao final do nascer do sol.
Okay; já parara de chorar, agora era só tentar raciocinar com clareza e achar as respostas para todas as suas duvidas.
Certo, se ele estivesse no lugar de Gina, por que faria aquilo? Ta, ele não faria, mas ele tinha que tentar entender a mente da criatura, não é?
Suspirou e, passando uma mão pelos cabelos, abaixou a cabeça novamente, derrotado. Foi quando viu, ali, ao lado da sua mãe esquerda, um livro de capa grossa, onde possuía uma pena marcando uma das páginas. Franziu o cenho; para quê a criatura ruiva, pirada e complexa iria querer um livro na Sala Precisa na noite em que decidira fazer tudo aquilo?
Pegando o livro, caminhou até a cama e sentou-se nesta, apoiando os ombros na cabeceira e esticando as pernas sobre o colchão, cruzando os tornozelos.
Molhando os lábios com a pontinha da língua, abriu o livro na página marcada e, jogando a pena pra um canto qualquer, começou a ler.
Vloek van de Godin é a maldição holandesa mais poderosa que se tem conhecimento no mundo atual. Criada há muitos anos, tem como finalidade, conjurar a imagem da Deusa Riane Eisler, a qual foi a mais poderosa, de acordo com a religião de origem do feitiço; possuidora de uma beleza inacreditável, Riane possuía longos cabelos violetas. Como o costume do local onde essa Deusa foi vista, ela usava uma longa manta branca e, baseando-se nessa aparência, o feitiço foi criado.
Ao ser conjurada, a imagem começa a cantar a Música das Pragas, a qual conjura todo o tipo de causa de morte; desde a natural, até a mais sangrenta.
A única maneira de se livrar da morte certa, é tendo um conhecimento relativamente farto sobre a maldição, onde, ao atingir uma pessoa que possui tal conhecimento, somente fará que a pessoa adquira alguma doença, a qual terá sua parte mágica e sua parte “trouxa”.
A parte “trouxa” da doença pode ser retirada á base de poções, feitiços ou, no pior dos casos, a partir de uma cirurgia que, atualmente, somente alguns hospitais bruxos fazem.
Já a parte mágica dessa doença terá que ser retirada, cada uma, com sua respectiva solução. A baixo, segue a lista das doenças mais conhecidas.
A essa altura, Harry já sentia seu coração bater descompassado dentro de seu peito, chicoteando sua caixa torácica. Será que tudo o que Gina fizera fora tentar livrar-se de sua doença? Mas ela não podia ter sido amaldiçoada por algo tão cruel.
-Acorde, Potter, você não sabe nada sobre dois anos da vida dela. - murmurou, para si mesmo, enquanto corria o olho pela lista de doenças, até que achou uma das explicações destacadas com tinta vermelha.
Em alguns casos, o efeito da maldição sobre a pessoa é algo relativamente simples, até mesmo no mundo da magia; doenças estomacais, que geram um tumor no mesmo. Após ser tirada a parte “trouxa” da doença, com uma poção simples, o atingido ainda possuirá os mesmos sintomas, as mesmas fraquezas.
É importante evitar que a pessoa tenha mudanças emocionais muito rápidas; tais com nervosismo. Ao haver tais mudanças, a maldição começa a agir no organismo e em algum tempo, variável de caso para caso, a pessoa começara a sentir-se mal. Se o amaldiçoado desmaiar, é provável que, ao acordar, vomite sangue.
Porém, se for detectado um coma mágico, não haverá mais nada que os médicos e curandeiros possam fazer; é a morte certa em setenta e duas horas.
Porém se, antes de entrar no coma, a pessoa fizer um ato de amor, onde o parceiro terá que ter um amor incondicional, a maldição sumirá e levara, consigo, qualquer chance que houvesse passar essa maldição para prováveis herdeiros ou, no pior caso, de levar a pessoa á morte.
-Puta que pariu. - murmurou, após ler o texto pela terceira vez. Agora, tudo fazia sentido em sua mente; tudo menos o fato de Gina ter mentido sobre lhe amar. Por tudo o que era mais sagrado, será que ela não percebera que ele faria de tudo por ela? Se ela lhe pedisse para salvá-la da porra da doença, ele salvaria, diacho!
Okay, Potter, acalme-se!, ordenou a si mesmo.
Já sabia o motivo de ela ter feito tudo aquilo, porém isso não amenizava o fato de que ela lhe ferira com as palavras que dissera. Da maneira que dissera.
Inferno... Por que aquela ruiva tinha que mexer tanto consigo a ponto de fazê-lo sofrer, fazê-lo chorar.
Não era do tipo que se deixava abater facilmente pelo fato de ter sido usado e, no entanto, ali estava ele, com algumas poucas lágrimas marejando os olhos, sentindo o coração chicotear a sua caixa torácica.
Puxando o ar com força, para acalmar sua frustração, jogou o livro de qualquer modo do outro do colchão e levantou-se, começando a caminhar para fora da Sala Precisa, com as mãos nos bolsos, enquanto sua mente trabalhava rapidamente, tentando formar uma opinião a respeito daquilo tudo.
Caminhava lentamente, sentindo a brida fresca da manhã, que entrava pelas janelas abertas, brincando com seu cabelo e acariciando seu rosto, enquanto as íris verdes estavam fixas em ponto inexistente a sua frente. Os pés pareciam ter vida própria e o levava para qualquer lugar do castelo.
Alguns alunos caminhavam pelos corredores e não paravam para olhar para ele, como se o moreno fosse inexistente; como que se o que estava ali fosse somente ar e nada mais.
Suspirou, enquanto seus pés subiam um lance de escada. Não se dava ao trabalho de desviar das pessoas e, por varias vezes, quase foi para o chão devido ao fato de ter trombado com a maioria delas.
Quando estava quase chegando no último lance de escada que teria de subir, algo realmente pesado e quente pendurou-se em seu pescoço, fazendo-o piscar várias vezes, voltando ao mundo real, enquanto colocava um pé para trás, para sustentar o peso de dois corpos. Abaixando a íris, pôde ver um cocuruto negro e brilhante a sua frente.
-Maldição. - resmungou baixinho ao reconhecer a pessoa. Suspirando, pousou a mão na cintura fina e afastou-a de si. - O que você quer, Chang? Me matar? - ela sorriu, enquanto várias risadinhas se faziam presentes. Olhando para o lado, Harry viu o grupinho de amigas da oriental.
-Bom Dia, meu querido. - franzindo o cenho, voltou a olhar para a moça a sua frente.
-Seu, coisa nenhuma. -respondeu, tirando os braços dela do arredor do seu pescoço. - Diz logo o que você quer, não tenho o dia todo. - um sorriso malicioso surgiu nos lábios dela.
-Será que você não sabe mesmo o que eu quero? - ela perguntou, num tom que imaginou ser sensual.
Harry não teve como segurar o sorriso desdenhoso que fugiu para o canto dos lábios firmes.
-Ah, sim. - respondeu, terminando de se soltar dela. - Considerando sua fama, acho que já sei o que você quer. - um sorriso vitorioso passou pelos lábios carnudos, antes dela voltar a se pendurar no pescoço dele, capturando os lábios firmes em um beijo selvagem. Quando este acabou, eles se encararam, o sorriso desdenhoso ainda estava lá. Harry aproximou seus lábios dos dela novamente, fazendo-os se roçarem. - Mas não vai conseguir comigo, Chang. Cansei de ver essa sua cara amassada toda vez que acordo, cansei de ter minha paciência roubada por esse seu jeitinho de se achar melhor que todos. Você não passou de uma diversão, Chang, uma diversão que perdeu a graça; uma diversão que eu faço questão de jogar na lata do lixo e esquecer que passou pela minha vida. - soltou-a e colocou as mãos nos bolsos; o sorriso não estava mais em seus lábios; uma expressão ameaçadora tomava conta de seu semblante. - Suma da minha vida antes que eu me veja no direito de acabar com você de vez. - completou num resmungou, voltando a caminhar, deixando para trás uma chinesa perplexa e suas amigas risonhas.
But I’ve got all I want when it comes to lovin’ you
You’re my only reason, you’re my only truth
I need you like water, like breath, like rain
I need youlike mercy from Heaven’s gate
-Cadê o Harry, hein? - Hermione perguntou, mal humorada, quando ela e Rony terminavam de tomar café. Rony engoliu o pedaço de bomba de chocolate que tinha na boca, antes de responder.
-Quando eu sai, ele ainda não tinha voltado. - Hermione tomou um gole de seu suco de abóbora e franziu o cenho.
-Ele não voltou? Passou a noite toda fora? - o ruivo negou com um aceno de cabeça.
-Não... Ele voltou para o dormitório devia ser umas onze e meia, ele parecia sinceramente de mal com a vida, mas uns dez minutos depois que ele deitou, chegou uma carta pra ele. - deu de ombros e começou a escolher outra bomba. - Era de uma garota que, provavelmente, estava doidinha pra ir com ele pra cama. - Hermione bufou.
-Harry me prometeu que não faria mais isso. - resmungou e Rony sorriu, confuso.
-Isso o quê? Não ir mais pra cama com as garotas? - Hermione riu de leve e voltou a encher sua taça de suco.
-Não. - pegou uma rosquinha e, antes de mordê-la, completou: - Me prometeu nunca mais atender as garotas que mandassem cartas no meio da noite.
Rony mastigou lentamente o pedaço de doce que tinha na boca, pensativo. Harry tinha prometido isso é? Engraçado, pois o amigo havia atendido quase que prontamente o pedido de quem quer fosse que tinha aquele perfume doce.
Mas o ruivo entendia porque Hermione estava tão preocupada em relação a isso - mesmo que não mostrasse. Harry nunca passava a noite toda com a garota; sempre que recebia essas cartas, ele ia, satisfazia a garota e a si mesmo, e voltava para o dormitório.
Dessa vez, no entanto, o moreno não dera nenhum sinal de vida. Nada. Nem uma rápida aparição para dizer que ainda estava vivo. Engoliu e suspirou.
-Vai ver era alguma coisa importante, então. - resmungou e Hermione levantou os olhos do livro que tirara da mochila.
-Será? Como era a carta? - perguntou, pousando o livro sobre a superfície lustrosa da mesa de Grifinória. Rony deu de ombros.
-Pergaminho normal, letra de mulher. Quando Harry abriu a carta, o cheiro de um perfume muito bom se espalhou pelo dormitório. - Hermione ergueu uma sobrancelha.
-E isso seria importante? - riu. - Pelo amor de Merlin, Rony. Você sabe muito bem que a única pessoa que manda cartas urgentes pro Harry, é Dumbledore, mesmo por que o professor não é do tipo romântico, que manda cartas perfumadas. - Rony gargalhou, antes de dar de ombros.
-Vai saber se o barbudo não virou gay. - a morena gargalhou.
-Não seja tonto. - respondeu e a única resposta do ruivo foi mostrar-lhe a língua. - Bom, temos que pensar que Harry sabe se cuida muito bem sozinho. - ela continuou, e Rony concordou com a cabeça, enquanto dava uma grande mordida na bomba de chocolate que pegara. - Então, enquanto ele cuida de si mesmo, nós vamos cuidar das nossas notas. - completou e Rony deu de ombros, como que dizendo que por ele não tinha diferença entre ir procurar Harry e ir para as aulas. Era tudo entediante, afinal.
Quando ele finalmente colocou o último pedaço de doce na boca, o sinal tocou, indicando o termino do café e o inicio das aulas.
-Vamos nessa. - murmurou, enquanto levantava-se e pegava sua mochila, jogando-a por sobre um único ombro. - Qual a primeira aula? - perguntou, enquanto ele e a namorada caminhavam apressados no espaço entre a mesa de Grifinória e Lufa-Lufa.
-História da Magia. - ela respondeu distraidamente, enquanto tentava andar e colocar o livro dentro da mochila.
Rony bufou.
-Você ta brincando né? - resmungou e Hermione sorriu, enquanto balançava a cabeça, negando. - Droga. - ele pestanejou, antes de parar e, pegando a mochila da morena ao seu lado, colocar o livro dentro desta. - Pronto, não é tão difícil quanto parece, Mione. - ela riu e, tirando sua mochila das mãos dele, pendurou-a nos ombros, antes de ficar na ponta de pés e depositar um breve beijo nos lábios dele.
-Sua boca ta suja de chocolate. - avisou e, rindo, continuou seu caminho para a sala de aula, enquanto Rony bufava e corria para o banheiro masculino mais próximo.
There’s a freedom in your arms, that carries me through
I need you
You’re the hope that moves me
To courage again
-Gina! - Melissa chamou, dando três batidas na porta. - Droga, Gina! Abre a porcaria dessa porta! - gritou, mal humorada e preocupada, mas tudo o que obteve como resposta foi o silêncio. - Maldição. - praguejou baixinho.
-Qual o problema dela, afinal? - Brian perguntou, fazendo Melissa olhá-lo. O moreno estava com o ombro encostado na parede, os tornozelos cruzados, assim como os braços. Os olhos azuis miravam a porta, enquanto o semblante estava contorcido numa expressão curiosa e preocupada.
-Se eu soubesse não estaria espancando a porta. - a loira resmungou, voltando a bater. - Gi! - chamou novamente, mas não obteve resposta. - Puta Merda, Virginia! Abre essa maldita porta! - gritou e Brian sorriu.
Por Merlin, aquela loira era extremamente estressada. Okay, a situação pedia isso, mas nunca, em anos de amizade, vira Melissa dizer um único palavrão.
-Você é bruxa ou não, Mel? - perguntou simplesmente, sua voz saindo mais rouca que o normal. Melissa parou no meio do caminho de voltar a esmurrar a porta e piscou algumas vezes.
-Por que não me lembrou disso antes? - ela perguntou, num resmungou, enquanto revistava as vestes em procura da varinha, embora as íris azuis dela estivessem fixas no namorado, que deu de ombros.
-Estava engraçado até a parte do “puta merda”. - sorriu divertido, acompanhando o caminho de Melissa até a cama com os olhos. - Depois disso fiquei com medo de que você virasse um daqueles bichinhos simpáticos, que cospem fogo. - a loira resmungou qualquer coisa em resposta, enquanto levantava-se e voltava a parar na frente do banheiro, desta vez com a varinha em punho. - E onde, diabos, foi que a Hillary se meteu? - ele perguntou, uma vez que Melissa tentara achar a amiga morena, antes de tentar falar com Gina.
-Saiu correndo. - colocou uma mecha loira atrás da orelha e sorriu desdenhosa. - Não ficou pra ver os “bichinhos simpáticos que cospem fogo”. - Brian riu, enquanto a namorada apontava a varinha para a fechadura da porta. - Alorromora! - um leve “click” fez-se presente e a porta abriu levemente.
O casal se entreolhou e Brian fez um movimento com a mão, indicando que Melissa devia entrar primeiro. A loira bufou e, hesitante, abriu mais a porta, enfiando a cabeça para dentro e o que viu a fez soltar uma exclamação de surpresa.
Gina estava sentada no chão, no espaço que havia entre a pia e a banheira; as pernas cruzadas na frente do peito; os braços circulavam os joelhos, onde o rosto estava escondido, enquanto o corpo balançava devido aos soluços.
-Meu Merlin! - exclamou, abrindo a porta completamente, antes de correr até a amiga e ajoelhar-se na frente dela; Brian limitou-se a caminhar até a porta, encostar-se no batente e cruzar os braços em frente ao peito, observando de longe, enquanto o semblante estava contorcido numa expressão de preocupação; em dois anos nunca vira Gina derramar uma única lágrima e, no entanto, ali estava ela, chorando compulsivamente. - Vai, Gininha, desembucha! - Melissa exclamou, ajoelhada na frente da ruiva, segurando-a pelos ombros, fazendo-a erguer o rosto lavado em lágrimas. - Qual o nome, idade, tipo sangüíneo, nível mágico, nível de beleza, posição social do filho duma égua que fez isso com você?
Mas a ruiva não respondeu; somente se atacou nos braços da amiga, abraçando-a e chorando mais ainda; as lágrimas molhando a camiseta que a loira usava. Melissa arregalou os olhos e olhou para Brian, pedindo ajuda, enquanto suas mãos acariciavam as costas da amiga.
Brian estava tão ou mais surpreso que a namorada e não tinha a menor idéia do que fazer, somente caminhou até as duas garotas e, gentilmente, afastou Melissa de Gina.
-Gi... - chamou carinhoso, fazendo a ruiva olhar para si. Sorriu para confortá-la. - Vamos sair do chão, vai. - acariciou os cabelos dela e, levantando, ofereceu a mão para ajudá-la a levantar-se.
Contra sua vontade, a ruiva pegou a mão do amigo, as lágrimas ainda rolando por sua face. Quando a puxou, Brian a fez chocar-se contra seu corpo e a abraçou; Gina molhava sua camiseta, mas ele não se importava, somente acariciava os cabelos vermelhos, enquanto seus olhos estavam fixos nos da namorada, que parara ao lado deles, e tinha uma mão pousada nas costas da amiga.
-Fala pra gente, Gi... - Brian murmurou, pousando seu queixo no alto da cabeça da amiga. - Que aconteceu?
Tudo o que recebeu em resposta foi um soluço sufocado.
You’re the love that rescues me
When the cold winds rage
And it’s so amazin’ ‘cause that’s just how you are
And I can’t turn back
Caminhava lentamente pelos corredores, pouco se importando com os alunos atrasados que corriam ao seu arredor; as íris azuis estavam presas nas linhas do livro de Feitiços, enquanto sua mente tentava desesperadamente memorizar um feitiço de desilusão.
No seu ombro direito pendia sua mochila azul marinho, enquanto sua outra mão segurava os grossos livros de Runas e Estudo dos Trouxas, que não couberam na mochila.
Mal percebeu quando um corpo vinha em alta velocidade na direção do seu e, assim como o seu cérebro, o da pessoa tentava absorver alguma informação de ultima hora para a primeira aula do dia. O choque foi inevitável.
Por ter sido pego de surpresa, Joe perdeu o contra peso e foi parar diretamente no chão; sua mochila rasgou e seu material se espalhou pelo corredor, assim como os livros que carregava. A sua expressão de surpresa poderia ter sido cômica, se seus olhos não estivessem pousados na pessoa que trombara em si; as íris brilhavam marota e furiosamente.
-Olhe por onde anda, Rivendell. - resmungou, o coração disparado e um arrepio subindo por sua espinha por vê-la ainda tão próxima a si. Inferno! O que estava acontecendo com seu corpo?
A morena balançou a cabeça de um lado para o outro, para afastar a tontura que lhe atingira, antes de erguer a cabeça com um sorrisinho amarelo.
-Foi mal. - ela sussurrou, enquanto pegava as folhas que estavam espalhadas e estendia as dele para que ele pegasse.
O loiro deu um sorrisinho de canto e aceitou as folhas, fazendo as mãos se tocarem. Os rostos coraram, enquanto eles se encaravam, sem jeito.
-Certo. - ele resmungou, puxando sua mão de volta e colocando os papeis dentro de um livro.
Os próximos minutos se passaram em silêncio, onde eles somente separavam suas coisas. Evitavam se olhar e, acima de tudo, evitavam que suas mãos se tocassem novamente.
Por Deus! Estava agindo feito uma idiota e ainda assim não conseguia parar de agir dessa maneira. O que estava acontecendo consigo? Por que seu coração batia tão apressado contra seu peito? Por que o gosto da boca dele tinha voltar a sua toda vez que pensava nele ou o via?
Diabos! Por que ele tinha que ser tão lindo? Aliás, por que estava pensando nisso quando tinha que, sinceramente - querendo ou não -, conversar com ele sobre o que acontecera na enfermaria? Afinal, Gina era sua amiga e como tal tinha o direito de saber o que estava acontecendo, ou o que tinha acontecido... Ou seja lá como fosse.
-Obrigada. - murmurou, quando eles finalmente terminaram de recolher suas coisas e se levantaram. Abraçou seus livros com mais força contra o próprio corpo, enquanto olhava para o rosto dele, esperando uma reação.
-Disponha. - ele murmurou, enquanto admirava o rosto da morena. - Ahn... Eu... Tenho que ir. - completou, incerto e ela concordou com um aceno de cabeça.
-É, eu... Eu também. - respondeu, desviando o olhar. - Ahn... Será que poderíamos conversar depois das aulas do dia? - perguntou, antes que perdesse a coragem que reunira dentro de si rapidamente. Joe ergueu uma sobrancelha, obviamente curioso.
-Sobre? - perguntou, fazendo-a corar furiosamente. Sorriu de canto; Deus, essa garota era formidável.
-Ahn... Sobre... Você sabe. - ela respondeu, olhando para todos os lugares, menos pra ele. Joe riu e aproximou-se dela. Gentilmente, ele a fez erguer o rosto, de modo que o encarasse nos olhos.
-Se você não me falar, eu não vou saber sobre o que você quer conversar. - respondeu e ela sentiu suas pernas bambas; por Merlin, por que o toque dele tinha que ser tão reconfortante?
-Sobre... - corou mais e engasgou-se levemente com a própria saliva. - Aquele dia. - completou e ele fez uma força pra lembrar-se do que poderia tê-la deixado tão constrangida. Não o beijo que trocaram, com certeza.
-Sobre o beijo? - idiota! Era isso que era! Por que pensava uma coisa e falava outra? Maldito fosse seu cérebro.
A resposta dela foi corar mais ainda.
-É... Bem... - abaixou o rosto. Ótimo! Realmente ótimo! Ele devia estar lhe achando uma perfeita idiota! Maldição!
-Ah, certo. - ele respondeu, tentando entender o que havia para ser conversando sobre aquilo. A não ser, é claro, que ela quisesse falar sobre sua repentina repulsa e explicar o fato de ter saído correndo.
-Assim que tocar o último sinal está bom pra você? - Hillary perguntou, com a cabeça ainda baixa. E por isso ela não viu que ele se aproximou mais e, pegando-a pelo braço, começou a arrastá-la para a primeira sala de aula vazia. - Que você ta fazendo? - ele sorriu.
-Te levando para conversar, ou você tem alguma prova logo na primeira aula? - ela negou com um aceno de cabeça; ele fez um barulhinho com a garganta, como que dizendo que, sendo assim, eles iriam conversar naquele momento.
Merlin! Mesmo por sobre a roupa, ele podia sentir a maciez da pele da moça ao seu lado e, caramba, era bom! Realmente bom! Não queria nem imaginar como seria tocar a pele dela sem ter as vestes entre sua mão e ela.
Pare de pensar nessas coisas, Antony!, sua mente gritou e ele bufou discretamente. Realmente, era tudo o que precisava: ter uma mente temperamental e que, loucura a parte, o chama pelo nome do meio.
Talvez devesse procurar aquele amigo de seu pai que era psicanalista.
Um suspiro ao seu lado trouxe-o de volta ao mundo presente e, virando a cabeça, olhou para a morena.
-Que foi? - ela deu de ombros.
-Só estava reparando que essa é a primeira vez que a gente se encontra e não começa a brigar. - ele riu de leve.
-Prova de que milagres acontecem. - ela riu com gosto.
-Talvez.
O resto do trajeto foi feito em silêncio, quebrado somente pelo barulho dos passos deles e pelo som distante dos alunos em sala de aula, esperando o professor.
Quando finalmente entraram em uma sala de aula, ele a soltou e foi sentar-se sobre a superfície, já não tão lustrosa, da mesa do professor. A morena caminhou até a janela, jogando sua mochila sobre uma carteira próxima, e apoiou-se no parapeito.
-Então... - ele murmurou, após alguns minutos em silêncio, no qual ambos ficaram perdidos em seus próprios pensamentos. - Qual o grilo?
“Qual o grilo”? Desde quando bruxos falavam “Qual o grilo?”? Por Merlin, aquele loiro era uma caixinha de surpresa; uma bela caixinha de surpresa.
Puxou o ar com força, como se isso fosse fazer sua coragem aparecer do nada.
-O grilo... - começou, sarcástica. - É que... Bem... A gente não podia e não devia ter se beijado. - sentiu seu rosto esquentar, sinal que estava voltando a corar.
-Por quê? - ele perguntou, sua expressão era igual a de uma criança que acaba de descobrir que papai Noel não existe.
Hillary revirou os olhos.
-Pelo mero motivo de que a Gina é minha amiga. - se antes Joe já não estava entendendo, agora então muito menos.
-E...? - ele perguntou, tentando forçá-la a chegar logo onde ela queria.
-E que você ta com ela. - será que ele perdera alguma parte da explicação? Ou será que ela achava que ele tinha uma relação séria com a ruivinha?
-E o que os hipogrifos têm a ver com os Explosivins? - ele perguntou, fazendo-a bufar.
-Alou! - ela estralou os dedos. - Ela é minha melhor amiga e você é o namorado dela, logo a gente não podia ter se beijado. Captou a mensagem agora? - ele desviou o olhar e o semblante contorceu-se em uma expressão pensativa.
-Ah, bem... - ele sorriu e, levantando-se, foi até ela, parando somente quando as pontas do seus tênis tocaram a ponta dos sapatos dela. - Eu e a Gina não temos o que eu poderia chamar de namoro. - deu de ombros e começou a acariciar o rosto dela, que se arrepiou. - A gente só fica de vez em quando, nada realmente sério.
Hillary piscou algumas vezes, absorvendo lentamente a informação.
-Quer dizer que eu estou fazendo o papel de idiota? - ele riu e concordou com um aceno de cabeça. - E por que, demônios, você não me disse antes? - ele gargalhou para valer, enquanto ela corava mais.
-Porque você fica uma gracinha quando está sem jeito. - ele respondeu, inclinando levemente o corpo, fazendo os lábios se roçarem.
-O que você ta fazendo? - ela balbuciou, sentindo o coração disparado e o ar se perder no caminho para seus pulmões.
-Não é óbvio? - ele perguntou em um sussurro, enquanto aproximava mais ainda os corpos.
-E por que você ta fazendo isso? - ela perguntou, num choramingo, enquanto ele, num gesto ousado, começava a depositar pequenos beijos na curva do seu pescoço.
-Diabos, mulher, eu não consigo parar de pensar em você desde aquele beijo.
O mundo parou; como assim ele não parava de pensar em si desde aquele dia? Deus, então ela não fora a única que tivera seu cérebro afetado.
O coração batia apressado contra seu peito, enquanto arrepios subiam pela sua coluna. A boca do loiro fazia uma trilha de beijos pelo seu pescoço, subindo na direção de seus lábios, fazendo-a sufocar um gemido.
Quando os lábios finalmente se encontraram, foi como se tudo o que tinha ao arredor houvesse parado de existir; como se fossem somente eles. Joe e Hillary.
As línguas se encontraram e iniciaram uma dança sensual, fazendo-os se arrepiarem mais.
Uma das mãos dele brincava com as pontas dos cabelos da morena, enquanto a outra estava segurando o pescoço delicado, impedindo-a de recuar - não que ela quisesse.
Hillary abraçava Joe pela cintura, puxando-o cada vez mais contra o seu corpo, como que temendo que ele fugisse, mesmo sabendo que isso não ia acontecer.
Os lábios se separaram para que pudessem recuperar o ar e se encararem nos olhos, enquanto continuavam a se tocar.
Fosse o que fosse que sentiam um pelo o outro, sabiam que era tão intenso que seriam capazes de tudo para ver o outro feliz.
-Merlin... - ele sussurrou, colocando uma mecha castanha atrás da orelha dela. - O que ta acontecendo com a gente? - ela deu de ombros e, de repente, sentiu-se desinibida, como se Joe fosse à pessoa em quem mais confiava no mundo.
Enlaçando o loiro pelo pescoço, ela ficou na ponta dos pés e cobriu a boca dele com a sua. O desejo emanava de seus corpos, assim como o calor, que se misturava.
Em um momento de ousadia, Hillary correu uma de suas mãos pelo corpo dele, parando somente quando encontrou a coxa forte. Um gemido sufocado, vindo dele, fez-se presente.
A mão dele corria pela blusa dela, procurando uma brecha para entrar e quando, finalmente, encontrou, a morena ficou tensa e, involuntariamente se encolheu e parou de beijá-lo.
-Que foi? - ele perguntou, encostando sua testa na dela.
-Nada. - ela respondeu baixinho. - É só que...
-Você não gosta? - Hillary abaixou os olhos.
-Não é isso... Eu não consigo... Eu... - Deus! Ele tinha lhe dado a desculpa perfeita e tudo o que ela fazia era jogar isso para o alto. Que idiota!
-Lary... - nunca seu apelido havia soado tão bem quanto naquele momento. Olhou-o. - Você confia em mim? - ela concordou com um aceno de cabeça. - Então, me conta o que ta acontecendo com você. - pediu; as íris brilhando em preocupação.
-Foi há muito tempo. - resmungou, perdendo-se nos olhos dele. - Eu sou uma idiota, que não consegue superar. Nada mais.
Inferno! Fosse o que fosse que tivesse acontecido, havia marcado a garota profundamente.
-Ou talvez você só não teve a chance. - replicou. - Você já falou disso com alguém? - Hillary suspirou.
-Não. - respondeu e ambos ficaram em silêncio, se encarando.
-Então...? - ele murmurou mais rouco que o normal, após alguns minutos.
-O quê?
-Vai me contar? - ela puxou o ar com força e soltou-o pela boca logo em seguida, como se isso fosse fazer sua coragem aparecer.
-Você vai me repudiar. - murmurou, fazendo-o bufar mal humorado.
-Nunca saberemos se você não falar. - respondeu.
-Certo, mas você tem que prometer que não sai daqui. - ele concordou com a cabeça.
-Prometido. - e selou a promessa dando um breve beijo nela.
Hillary ainda demorou alguns poucos minutos para organizar os pensamentos.
-O que acontece é que... - puxou o ar com força novamente. - Meu pai... Ele... Fez coisas comigo...
Joe sentiu o sangue gelar entre suas veias e seu coração pareceu falhar um batimento. Sua voz não saiu mais do que um murmúrio, quando perguntou hesitante:
-Que coisas? - não tinha certeza se queria mesmo saber aquelas coisas , mas com certeza ele não iria gostar. Sua mente começou a trabalhar freneticamente e logo idéias do que poderia ter acontecido a Hillary começaram atormentá-lo, deixando-o apreensivo.
Hillary fixou suas íris em algum ponto da sala; os olhos tornaram-se vazios e sem vida. Era como se ela estivesse entrando num profundo transe, as imagens de seu passado renascendo do fundo de seu ser, voltando a atormentá-la com as lembranças tenebrosas.
Ela estremeceu, antes de dizer num tom de voz fraco:
-Ele... Começou a me estuprar quando eu tinha sete anos... - como se tivesse acabado de imergir de águas profundas, trazendo-lhe para o momento presente, Hillary fitou Joe a sua frente, como se estivesse vendo-o pela primeira vez, os olhos mergulhados em dor e vergonha fixos nas íris azuis do loiro. - Ele me batia... Xingava-me e tudo o mais e...- deu os ombros de modo desdenhoso, oprimindo os lábios um no outro, de modo que mostrava a força que estava fazendo para não cair num pranto. - E eu não consigo superar isso. - a voz havia mudado para uma carregada e chorosa. Não agüentando mais segurar as lágrimas, estas começaram a escorrer pelo seu rosto, num choro compulsivo. Droga!
Joe ainda olhava fixamente para ela, enquanto absorvia lentamente a informação.
-Filho... da... puta. - murmurou simplesmente. A raiva que sentia era tanta que seria capaz de matar aquele bastardo.
Como aquele verme tivera coragem de fazer tal crueldade com a própria filha, quando esta tinha apenas sete anos? Filho da puta maldito!
Puxou o ar com força para acalmar-se e trouxe a garota para mais perto de si, fazendo-a apoiar a testa em seu ombro, numa forma de consolo.
-Shhh... - murmurou começando a fazer cafuné no cocuruto dela. - Já era, já aconteceu. Isso não te torna uma pessoa diferente, nem pior que ninguém, meu bem. - ela soluçou.
-Ele é um tonto. - ela resmungou entre os soluços.
-Sim, ele é. - respondeu, inclinando o corpo, de modo que pudesse apoiar seu queixo no ombro da garota.
Não sabiam dizer quanto tempo haviam ficado daquela maneira. Somente ficaram abraçados até que a morena se acalmasse.
-Você deve estar me achando uma idiota. - ela resmungou, se afastando dele, enquanto secava o rosto. Joe sorriu maroto.
-Não. - ela olhou-o como se ele fosse de outro planeta. - Pra mim, você continua sendo a mesma pirralha folgada que não pára de roubar minha atenção. - Hillary sorriu.
-Bobo. - ele sorriu carinhoso e, aproximando-se novamente, beijou-a com paixão.
-Eu não sei como você conseguiu... - ele começou, horas depois, antes que se separassem para ir pro Salão Principal, almoçar. - Mas você me fez te adorar desde aquele baile.
‘Cause you’ve brought me too far
I need you like water, like breath, like rain
I need you like mercy from Haven’s gate
Algumas semanas depois...
O sol brilhava fortemente naquele começo de verão, fazendo os alunos saírem mais para os jardins para se divertirem no lago.
O time de Quadribol da Grifinória caminhava lentamente pelos gramados, na direção do campo, enquanto conversavam animadamente. Somente um membro não estava aproveitando aquela manhã ensolarada de sábado; Gina Weasley. A ruiva caminhava lentamente, acompanhando o grupo de longe de cabeça baixa e desanimada; os cabelos caiam ao lado de seu rosto, escondendo sua expressão triste e cansada.
A verdade, nua e crua, era que era assim que ela andava nas últimas semanas; quieta, sempre de cabeça baixa e somente falava quando mandava os amigos para o inferno por eles ficarem perguntando a toda hora o que havia acontecido. Admitia que não se alimentava direito desde aquela noite passada com Harry, assim como também não dormia; passava a maior parte do tempo chorando por ver a depressão onde colocara Harry.
Erguendo a cabeça, procurou o moreno com os olhos, encontrando-o na frente do grupo, conversando em voz baixa com Rony. Viu quando o irmão perguntou algo e Harry girou os olhos, exasperado, antes de se fechar em si mesmo outra vez.
Suspirando profundamente, colocou a franja ruiva atrás da orelha e voltou a abaixar a cabeça achando as pontas de seus tênis muito interessantes.
O fato era que aquele era o único treino que teriam antes do jogo contra a Corvinal no próximo fim de semana, a não ser que Rony conseguisse convencer Harry a marcar treino durante a semana.
Mas Gina não estava se importando com nada disso; não estava nem um pouco preocupada com o fato de que estavam praticamente dando a vitória para o time de Cho Chang; não estava se importando nem com o fato de que suas notas haviam caído consideravelmente.
Era como se nos últimos dias ela somente houvesse respirado para manter aquela dor cada vez mais viva dentro de si.
Estava tão perdida em pensamentos que nem percebeu quando entraram no vestiário e, muito menos percebeu quando Harry parara, fazendo-a trombar nele.
-Foi mal. - resmungou sem erguer a cabeça, continuando seu caminho, até o canto mais afastado e isolado do banco. Aquela seria uma longa explicação sobre a tática que usariam no jogo. Tática a qual não estava nem um pouco a fim de ouvir.
Harry ainda sentiu um arrepio percorrer seu corpo quando ela trombara em si, mas ignorou e ficou observando ela ir sentar-se quando, finalmente, voltou ao momento presente, percebeu que os outros jogadores olhavam para ele, esperando que o moreno começasse a expor a tática.
Começou a fala automaticamente, como se houvesse sido programado para falar tudo aquilo, enquanto sentia que todos o olhavam, com exceção de Gina; a única pessoa que ele queria que lhe olhasse, estava encostada na parede, do outro lado do vestiário, com a cabeça baixa, enquanto os cachos rubros caiam-lhe na face, encobrindo-a.
Não sabia como, mas tinha a mais absoluta certeza de que a ruiva não estava bem nos últimos dias; dificilmente era vista no Salão Principal nas refeições e quando ia - ele reparara bem - comia uma ou duas garfadas de sua comida, antes de começar a brincar com ela, enquanto esperava os amigos.
Parou de falar momentaneamente e suspirou, antes de retomar seu monologo automático, enquanto sua mente continuava em Gina.
Admitia que seu comportamento não andava muito diferente do da ruiva, porém sentia-se muito pior somente pelo fato de ver o que estava acontecendo com ela; queria ter o poder de pegar para si todas as dores dela, todos os temores e o que mais que ela estivesse sentindo.
Mas, acima de sua vontade de poder pegar as dores dela, estava sua vontade de conseguir entender por que, diabos, a ruiva mentira para si. Okay, admitia que já devia ter se esquecido desse detalhe e tentado uma reaproximação com ela, porém - não sabia por que - estava sendo mais teimoso do que costumava ser, com esse assunto.
Mas apesar de tudo, tinha que admitir, mesmo que somente para si, precisava dela, tanto quanto precisava respirar. Merlin, por mais que odiasse a idéia, estava permitindo-se sofrer por causa de uma garota; estava permitindo que Gina tivesse um poder sobre si que nunca dera a nenhuma garota. Aliás, teoricamente a ruiva tinha direito a esse poder, uma vez que fora a única que conseguira fazê-lo se apaixonar.
A única que conseguira fazê-lo chorar.
Puxando o ar com força, finalizou o que estava dizendo e, monotonamente, mandou os outros jogadores irem para o campo, treinarem. Porém, antes que ele próprio e Gina pudessem sair, a porta do vestiário fechou-se, fazendo um breve “click” soar pelo ar silencioso do lugar.
Mas ele pôde perceber que Gina nem sequer notara que a parte teórica do treino havia sido concluída, uma vez que ela sequer erguera a cabeça. Dando de ombros, caminhou até a porta e tentou abri-la, porém esta estava trancada a chave ou fora lacrada por algum feitiço muito bom.
There’s a freedom in your arms, that carries me through
I need you
-Tem certeza de que isso vai dar certo, Mione? - Simas perguntou, com o cenho franzido, quando ele e o resto do time afastavam-se um pouco da porta, como que temendo que algum dos dois que estavam trancados dentro do vestiário tivesse a brilhante idéia de explodir a peça de madeira.
-Ora, é claro que vai! - ela exclamou confiante e alegremente. - Eles têm somente que conversar para que possam por tudo em pratos limpos e, finalmente, admitam que estão apaixonados.
Rony bufou e, encostando-se na parede, cruzou os braços sobre o peito.
-Ainda acho seu plano ridículo, Hermione. - resmungou e a morena mostrou-lhe a língua.
-Não me importo, pois sei que dará certo e, até o final do dia, teremos mais um casal feliz e acertado! - ela respondeu, com ar sonhador; as íris brilhando em expectativa pelo fato de, finalmente, Harry começar a andar na linha, porém sua felicidade não foi muito longe, uma vez que a voz de Gina elevará-se acima do que a morena poderia supor que aconteceria.
-Com certeza vai sair mais um casal feliz. - Rony comentou, sarcástico.
Oh, yes, I do
I need you
Oh, oh, oh
-Ah, claro! - Gina desdenhou, jogando os braços pra cima de sua cabeça, num gesto exasperado. - Na duvida culpem a Weasley mais nova! - riu sem humor. - Não tenho culpa que você é um idiota que permite que seus próprios jogadores te tranquem no vestiário! - completou, num grito.
-Não fale como se eu pudesse prever o que eles iriam fazer! - Harry gritou de volta; toda sua frustração e dor superando sua razão. - Não tenho a mínima culpa se eles acham engraçados trancarem duas pessoas nos vestiários! - principalmente se a outra for a que amo., completou em pensamento, mas tratou de manter a mascara de frieza que moldava seu semblante.
Gina puxou o ar com força e passou uma mão pelos cabelos; o fato era que não tinha a mínima intenção de ir para o treino pratico; somente iria ficar no vestiário, sentada no canto, revendo seus conceitos e pensando se valeria a pena continuar mantendo aquela farsa por mais tempo, porém quando o discurso de Harry terminara e todos saíram, ela percebeu que ele caminhara até a porta, mas não a abriu, fazendo a ruiva erguer a cabeça e, num momento de desespero por ser ver trancada com ele, o alfinetara, dando inicio àquela discussão ridícula.
-Se você usasse a coisa que chama de cérebro, teria agido como um capitão e ido na frente. - desdenhou, mesmo que seu tom de voz houvesse abaixado consideravelmente.
-E se você usasse a coisa que chama de coração, não teria se rebaixado a ponto de usar os outros. - a raiva invadiu Gina, que puxou o ar com força e soltou-o pela boca logo em seguida, enquanto contava até dez mentalmente, tentando acalmar-se.
-Merda, Potter, não fale como se eu me orgulhasse disso! - exclamou, olhando-o com raiva. - Não fale como se eu tivesse gostado de fazer isso. - cerrou os olhos. - Você não sabe meus motivos, Potter, então não me venha falar como se você fosse o puritano. Você tem mais culpa no cartório do que eu. - fora a vez de Harry rir sem humor.
-Não diga o que eu sei ou o que deixo de saber. - resmungou, em resposta. - Sei mais do que você pensa, Virginia. E eu nunca teria coragem de dizer que você gostou de se rebaixar... Somente estou confirmando um fato! - a ruiva bufou e girou a cabeça, olhando para a parede do outro lado, enquanto cruzava os abraços em frente ao peito.
-Foi um erro. - ela murmurou, após alguns minutos em silêncio mortal. - Okay? Foi a droga de um erro que eu não deveria ter permitido que acontecesse, mas que permiti, por que pensei somente em mim mesma. - Harry suspirou.
-Não vamos falar disso. - ele murmurou, por fim. - Não agora, pelo menos. - Gina deu de ombros, como que dizendo que não se importava.
I need you, oh-oh
Alguns dias depois...
O Salão Comunal estava praticamente vazio àquela noite de sexta-feira, onde era somente ocupado por quatro jovens; Brian, Melissa, Gina e Harry.
Brian e Melissa estavam parados frente a frente, encarando-se nos olhos como uma raiva que Gina jamais vira nos amigo, enquanto Harry estava sentando em um dos sofás, somente observando a cena, divertido.
-Eu não tenho culpa! A idéia foi totalmente sua, Melissa! - Brian gritou; as íris azuis brilhando em pura chateação por saber que a namorada não confiava em si.
-Ora, vamos lá... Entre tantos alunos, por que você teve que escolher justo ela? - ela berrou de volta, fazendo-o bufar.
-Eu já disse que a idéia foi sua! A culpa não é minha, droga! Você que me jogou pra cima dela! - Gina ergueu uma sobrancelha; esse moreno idiota estava traindo Melissa?
-Não fale como se eu quisesse que você escolhesse ela! - a loira revidou, jogando os cabelos pra trás e balançando-os. - Por Deus, Brian, entre todas, por que você teve que escolher justamente a que lambe o chão que você pisa? Aliás, por que você teve que escolher uma garota, mesmo sabendo que todas são caidinhas por você? - ele riu sem humor.
-Não tenho culpa se sou irresistível. - Melissa bufou. - E pode ter certeza que eu não teria feito isso se você não tivesse se jogado em cima do Thomas! - Melissa gargalhou sarcástica.
-Eu não me joguei em cima de ninguém, Brian. - ela respondeu num sussurro perigoso, cerrando os olhos, onde as íris começavam a ficar levemente alaranjadas. - Eu somente estou o ajudando com Poções! - Brian resmungou qualquer coisa inteligível, antes de colocar um sorriso desdenhoso nos lábios sensuais.
-E você acha que eu me joguei em cima da Tyler? - ele devolveu, cruzando os braços sobre o peito malhado num gesto de desafio.
-Levando em conta aquela cena deplorável dela te alisando em pleno corredor, eu estou começando a ter certeza. - nessa altura os olhos azuis de Melissa já estavam completamente laranjas, enquanto os cabelos começavam a ficar mais escuros. - Na próxima vez que você for escolher alguém para te dar aula de Poção, escolha um homem, já que parece que todas as garotas de Hogwarts decidiram lamber o chão por onde você passa.
-Eu não faço isso. - Gina comentou, sorrindo matreira e Harry, ao ouvir isso, permitiu que uma risada baixinha escapasse por seus lábios.
-Cala a boca, Gina! - Brian e Melissa gritaram juntos. O moreno puxou o ar com força e voltou a encarar a namorada, substituindo sua expressão por uma de descaso.
-A idéia de eu ir pedir ajuda a ela foi sua, Melissa. Seria vergonhoso eu passar em todas as matérias, mas repetir em Poções. Aquele seboso não vai com a minha cara.
-Antes repetir em Poções, O’Conner, do que passar de ano com dezesseis dentes a menos. - cerrou os olhos e Brian ficou rígido ao ouvir seu sobrenome ser pronunciado com tanta indiferença pela namorada.
-Nota mental de ter uma câmera para tirar uma foto do Brian com dentes a menos. - Gina murmurou, parecendo não dar a mínima para o fato dos amigos estarem brigando.
-Cale a boca, Virginia. - Brian murmurou lenta e espaçadamente, antes de se virar para Melissa. - Não fale como se fosse a puritana da historia toda, Watson. Você sabe muito bem que o Thomas tem uma quedinha por você, e você somente o escolheu para me provocar, então se estamos brigando a culpa é toda sua. - isso pareceu ser a gota d’água para a loira que caminhou lenta e perigosamente até o namorado, parando somente quando as pontas dos seus tênis tocaram a dele.
-Acredite no que quiser. - murmurou, enquanto tirava a aliança de compromisso e a jogava no rosto dele. - Somente não esqueça de pedir para namorar outra garota. - e, girando nos calcanhares, foi o dormitório.
Brian ainda ficou parado, absorvendo lentamente a informação, enquanto olhava fixamente para o espaço por onde a loira sumira; quando, finalmente, pareceu entender o que acontecera, abaixou-se, pegou a aliança que estava caída e, xingando baixinho, subiu para o seu dormitório.
Gina ainda ficou olhando de uma escada para outra, como se estivesse pensando qual amigo devia ir consolar primeiro e, quando finalmente decidiu-se por Melissa, começou a subir a escada, mas não pôde ir muito longe, uma vez que Harry a chamou.
-Sim? - perguntou, descendo os poucos degraus que subira, olhando curiosa para o moreno, sentando no sofá em frente a lareira, todo relaxado, onde possuía as pernas longas e fortes esticadas a frente do móvel, enquanto os braços estavam cruzados sobre o peito, onde possuía uma leve parte a mostra, devido aos primeiros botões apertos da blusa social branca.
Harry sorriu de canto, sem jeito.
-Eu só queria me desculpar por aquelas coisas que te falei no vestiário. - ele murmurou, enquanto as bochechas ficavam levemente rosadas. A ruiva sorriu de leve e deu de ombros.
-Tudo bem. - ela respondeu, indo sentar-se do lado dele, decidindo que seria bom deixar Melissa se acalmar antes de ir falar com ela. - Eu também não deveria ter falado nada daquilo... Não devia ter insinuado que você é um burro...
-Mesmo que você ache isso. - ele completou e ela riu, dando de ombros.
-É você que ta dizendo. - fora a vez de ele rir, antes de caírem em silêncio, no qual Gina ficou observando um ponto qualquer na parede a sua frente, enquanto o moreno ficava olhando fixamente o rosto dela, como que o gravando em sua memória.
Não sabiam quanto tempo ficaram assim, somente em silêncio, como que aproveitando cada minuto de paz que tinham ao lado um do outro.
Porém, a cada segundo que se passava, Gina sentia-se mais desconfortável em ter o melhor amigo de seu irmão lhe olhando fixamente, como se aquela fosse a última vez que eles se veriam.
Depois do que pareceu uma eternidade, Harry levantou-se em silêncio e, continuando sem dizer nada, começou a caminhar na direção do retrato da mulher gorda, com a intenção de ir para o Salão Principal comer alguma coisa do final do jantar.
Puxando o ar com força, Gina levantou-se e reunindo toda a coragem que sentia que possuía naquele momento chamou o moreno, que parou de andar e virou-se para encará-la.
-Sim? - a ruiva puxou o ar com força mais uma vez.
-Eu... Queria te pedir desculpas por ter te usado. - ela sorriu de leve. - Mesmo que você não saiba o motivo, o fato é que eu, de certa forma, te humilhei e... Bem, não foi uma boa idéia. - deu de ombros, antes de voltar a sentar-se.
Harry ainda ficou parando alguns segundos, olhando para ela, pensando no que fazer; se ignorava o que ela acabara de falar ou se ia até ela e conversava sinceramente. Caminhou lentamente até o sofá e sentou-se ao lado da ruiva.
-Eu sei o motivo. - murmurou, evitando olhá-la; a verdade era que ambos eram orgulhosos demais e, ele sabia, seria bem difícil falarem tudo o que tinham que falar se olhassem-se nos olhos. - Eu sei porque você fez tudo isso, Gina. - a ruiva sentiu o coração disparar contra o peito. - Sei sobre a doença que você tinha. - ela abaixou a cabeça.
-Mas... Quem foi o corno que te contou? - perguntou, mesmo sabendo que não havia como o moreno saber que aquela fora a única maneira de se curar totalmente. O Menino Que Sobreviveu puxou o ar com força e pousou o braço sobre os ombros dela, trazendo-a para mais perto de si, de modo que pôde roçar seus lábios na orelha dela, enquanto murmurava:
- O corno que me disse foi o livro que você esqueceu na Sala Precisa. - Gina bufou.
-Que burra! - Harry riu de leve e afastou o rosto.
-Foi um descuido muito... Interessante, se você quer saber minha opinião. - ela deu de ombros e ergueu a cabeça, mas não olhou para ele, enquanto falava.
-Teria sido muito mais fácil se eu tivesse te contado no começo, não é? - ela perguntou, vagamente e Harry considerou a pergunta.
-Eu não sei, Gina. - isso fez a ruiva olhá-lo. - Não sei se teria sido uma boa idéia se você tivesse me contado suas verdadeiras intenções ao me seduzir. Admito que no inicio, quando descobri, achei que teria sido melhor, mas agora já não tenho mais tanta certeza.
Após essas palavras, seguiu-se um silêncio, no qual ambos ficaram perdidos nos próprios pensamentos, revendo cada detalhe da noite onde haviam se completado com perfeição, gostassem ou não.
-Foi um erro. - Harry murmurou, por fim, abaixando a cabeça, sentindo-se culpado. - No final, não deveríamos ter feito isso, independente das intenções. - a garota suspirou.
-Acho que sim. - suspirou e olhou-o. - Deveríamos fingir que aquela noite não aconteceu? - perguntou e Harry ainda ficou mais alguns minutos em silêncio, somente estudando as íris amêndoas da garota do seu lado.
-Acho que sim. - murmurou. - Ou pelo menos, devemos esquecer, enquanto nos sentirmos culpados. - a ruiva sorriu.
-Certo... - suspirou. - De qualquer forma, me desculpe por tudo...
-Tudo bem. - ele cortou-a, sorrindo. Encolheu os ombros, antes de estender a mão pra ela. - Amigos?
A ruiva sorriu e apertou a mão dele, selando a amizade.
Continua...
N/A: (Se esconde na casa da vizinha) Eu sei que demorei muito com esse capítulo e, por isso, peço desculpas, mas eu avisei que iria demorar mais pra atualizar, não avisei? x]
Bom, deixe-me ser rápida aqui... Seguinte, uma das leitoras me sugeriu selecionar comentários para serem respondidos nos capítulos... E assim, é uma idéia? Sim, porém é injusta, afinal, ninguém vai gostar de saber que seu comentário não está entre os escolhidos para ser respondidos. Tudo bem que sempre há aquele comentário com perguntas e tudo o mais... O que eu posso fazer é deixar separado os comentários onde tenham perguntas interessantes a serem respondidas, porém não irei identificar quem foi o autor da pergunta, responderei de uma maneira geral nas N/A’s, okay? É o máximo que eu posso fazer, mas já aviso que não será todo o tipo de pergunta que irei responder. Somente aquelas que forem realmente ajudar em alguma coisa quanto ao entendimento da trama, okay?
Acho que é isso... Comentem me dizendo o que acharam desse capítulo, okay? Me digam se valeu a pena ter esperado e se o tamanho do capítulo foi, digamos, exagerado. ^^”
Sem mais! =]
Beijos a todos.
S. Bluemoon.
Tradução da Música:
Eu Preciso de Você
Eu não preciso de muitas coisas
Eu posso continuar com nada
Com todas as bênçãos que a vida pode trazer
Eu sempre precisei de algo
Mas eu tenho tudo que quero quando se trata de amar você
Você é minha única razão, você é minha única verdade
Refrão:
Eu preciso de você assim como preciso de água, de respiração, de chuva
Eu preciso de você como entrada para o Portão do Céu
Há uma liberdade nos seus braços que me carrega
Eu preciso de você
Você é a esperança que me movimenta
A coragem novamente
Você é o amor que me salva
Quando o vento frio sopra
E é tão impressionante, porque é justo como você é
E eu não posso voltar atrás agora
Porque você me trouxe de muito longe
Refrão:
Eu preciso de você assim como preciso de água, de respiração, de chuva
Eu preciso de você como entrada para o Portão do Céu
Há uma liberdade nos seus braços que me carrega
Eu preciso de você
Oh, sim, eu preciso
Oh, sim, eu preciso
Eu preciso de você
Oh, oh, oh
Eu preciso de você, oh-oh
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