Capítulo 23



-Seja bem vinda.

Como assim; bem vinda? Em nome do bom Merlin, o que havia acontecido?
Lembrava-se de que havia ido á Hogsmeade com os amigos e que, na ocasião, estava muito brava com Melissa. E fora por um motivo besta, diga-se de passagem.
Brian tentava fazer as duas se falarem durante o caminho até o vilarejo, enquanto Hillary somente demonstrava estar incomodada com aquela situação toda.
Estavam a caminho do Três Vassouras, quando os alunos e os moradores do povoado começaram a gritar, apavorados. Uma tonalidade verde tomara conta do ambiente, fazendo quarteto olhar por cima dos ombros e deparar-se com a marca negra flutuando metros acima do chão.
Comensais! Sim! Fora isso... Houvera um ataque de Comensais, onde fizera os quatro amigos se separarem. Fora desarmada, mas depois de alguns minutos conseguira recuperar sua varinha, executando, assim, um complicadíssimo feitiço holandês, o qual matara seus perseguidores, e acabara com suas energias mágicas por um breve momento, no qual poderia ter morrido, se não fosse por Harry ter aparecido e salvado sua vida.
Haviam lutado juntos contra os bruxos das trevas e haviam fugido pelo esgoto, no qual trocaram um beijo. E que beijo! Deus do céu; aquele fora o melhor beijo que havia permitido que o moreno lhe desse. E, não sabia se fora impressão ou não, mas parecia haver tantos sentimentos conflitantes ali, como se o Menino Que Sobreviveu estivesse confuso, mas sabia que Harry não se permitia sentir-se confuso.
Após esse beijo, eles começaram a fugir pelos enormes canos que existiam no subterrâneo de Hogsmead, até o momento onde ela ouvira um grito vindo de Melissa e deixara Harry sozinho, para que ele enfrentasse os comensais.
Pelas barbas de Merlin! Harry! Sozinho com mais de cinqüenta comensais! Correu os olhos ao arredor, pelos leitos e não sabia se sentia-se aliviada ou mais preocupada por ele não estar ali.
Em todo caso... Quando saíra dos esgotos, fora somente para encontrar uma Melissa desarmada e ferida, no centro de um circulo de comensais, que riam e lançavam cada vez mais feitiços estranhos contra a amiga. Ao longe, Brian caminhava furiosamente até os bruxos mais velhos, com um corte nos lábios e com a roupa amarrotada, suja e molhada.
Enquanto o amigo moreno distraia os Comensais, ela levava Melissa para o Três Vassouras, onde acomodara a loira em uma das cadeiras, antes de levantar-se e ir para a ponta e fora quando seu irmão, Rony, parara em sua frente, impedindo-a de sair, dizendo que era perigoso demais para ela. E fora nesse instante que Melissa começara a discutir com o ruivo, antes de Hermione puxá-lo novamente para o canto, de modo que ela pudera sair.
Quando estava preste a chegar onde deixara o amigo, sentira-se mal, no que sabia que sua doença estava cada vez mais atacada, mas um grito de dor vindo de Brian havia atraído sua atenção, fazendo-a ignorar a dor.
Quando chegara onde Brian estava, encontrou-o parado em pé no centro de um circulo de Comensais, com a cabeça baixa, agüentando o efeito de cinco cruciatos, mordendo o lábio inferior para não gritar de dor; definitivamente, o orgulho dele era enorme.
E, então, em determinado momento, descobrira que uma das comensais era Emily Talbot, a filha duma mãe responsável por ela estar doente.
Elas havia discutido e Emily teria matado-a, se Brian não houvesse conjurado uma espécie de feitiço espelho ao seu arredor, fazendo o Avada Kedavra voltar para a professora e seus comparsas.
Quando chegaram ao Saguão de Entrada do castelo, sentira-se pior do que no dia todo e, por fim, desmaiara.
Certo... Então, fora isso que acontecera, mas... Isso não explicava o que Joe estava fazendo ali e nem o porque seus pais e irmão estavam com caras de enterro.
-Joe? – murmurou, olhando confusa para ele. – O que está fazendo aqui? – perguntou e ele sorriu, enquanto sentava-se em uma ponta vazia no colchão e colocava uma mecha do seu cabelo rubro atrás da orelha.
-Eu vim fazer o trabalho que a enfermeira velha dessa escola não conseguia. – ele respondeu, fazendo Madame Pomfrey fuzilá-lo com os olhos, antes de ir para sua sala particular. Gina sorriu.
-Eu deveria entender o seu comentário? – perguntou, fazendo-o rir.
-Você somente tem que entender que minha poção funcionou. – ela arregalou os olhos, antes de dar um tapa no ombro dele, que se encolheu. – Ei, qual o seu problema?
-Você me usou como cobaia para suas brincadeiras de Alquimia! – ela exclamou com os olhos cerrados, embora um leve quê de diversão pudesse ser notado em sua voz.
-Pense pelo lado positivo, meu bem... – ele resmungou, enquanto esfregava o local onde ela lhe batera. – Você ta viva, saudável e acordada. – ela resmungou. – Ei, você ta bem, ta legal? Até me bateu e isso é uma prova de que o efeito da Poção é instantâneo.
-Oh, Merlin... – ela resmungou, massageando a têmpora.
-Chame-me somente de Joe. – ele resmungou, levantando-se, de modo que ficava fora do alcance das mãos dela, mas não teve como escapar do olhar mortal que ela lhe lançou.
-Você é um idiota. – resmungou, balançando a cabeça num gesto inconformado.
Ele bufou.
-Eu salvo a sua vida e o que ganho? – perguntou, em fingida exasperação. – Um tapa e um xingamento! Nada de “obrigada, Joe, se não fosse por você eu estaria embaixo de sete palmos de terra a essa altura.” – ele mesmo respondeu, afinando a voz numa perfeita imitação de Gina. – Só falta você cuspir em mim e me chamar de largatixa. – ela sorriu marota.
-Você é uma largatixa. – ele fuzilou-a com os olhos e ela deu de ombros. – Agora só falta você ser cuspido. – ele girou os olhos, antes de voltar-se para Molly, enquanto um dedo estava apontado para Gina.
-Ela está ótima, e esse comportamento é uma prova disso. – Molly olhou do loiro para a filha.
-Minha filha não é assim! – ela exclamou e Joe ergueu uma sobrancelha.
-E você esperava que ela fosse como? Aquela pirralha idiota de treze anos? – Gina bufou.
-Eu concordo que eu era idiota, mas não precisa me chamar de pirralha. – ele deu de ombros, enquanto Molly bufava.
-Minha Gina era carinhosa e com certeza teria lhe agradecido! – Gina sorriu de canto.
-Sim, mamãe, eu teria feito isso há dois anos, mas como eu mudei e como estamos falando do Joe aqui, eu não preciso agradecer.
-Claro que não. – o mencionado reclamou, jogando as mãos para o alto. – Eu sou o bobo da corte que faz tudo de graça. – Gina riu e o chamou, fazendo um gesto com o indicador. Fazendo bico, Joe cruzou os braços e virou o rosto. Gina gargalhou, antes de jogar as cobertas para o lado e levantar-se, caminhando até o loiro.
-Joe? – chamou baixinho, mas tudo o que Joe fez foi ignorar-lhe. – Chuchu? – um leve sorriso cruzou os lábios firmes. – Não precisa ficar bravo, meu lindo. – sorrindo, ela ficou na ponta dos pés; uma mão apoiada em um dos ombros largos, enquanto a outra o fazia girar o rosto, para encará-la.
-O quê? – ele resmungou e ela sorriu docemente.
-Obrigada. – ele sorriu, antes de enlaçá-la pela cintura e beijar-lhe.
-De nada. – o loiro respondeu, quando os lábios se separaram.
-Mas o que significa isso? – Molly perguntou escandalizada, antes de caminhar até Gina e, segurando-a pelos ombros, afastando-a dele. – Como você permite que esse... Esse... Esse mal educado lhe agarre, minha querida? – Joe balançou a cabeça.
-Até mais, Gi. – ele falou simplesmente, começando a caminhar para fora da enfermaria, no mesmo instante em que Molly começava a passar um sermão em Gina.
-Joe! Volta aqui agora! – Gina exclamou, mal humorada, mas tudo o que o loiro fez foi continuar seu caminho e, quando chegou na porta, ele olhou-a e mandou um beijinho no ar, como ela sempre fazia consigo, antes de sair, deixando-a para trás.
Gina bufou; ele ia lhe pagar. Ah se ia.

[hr]

Livros. Poeira. Silêncio. Palavras complicadas descrevendo detalhadamente um feitiço de desilusão. Isso era tudo o que o cercava. Tudo no que ele se permitia pensar desde que o dia anterior - segunda-feira – começara.
Era como se ele houvesse criado uma muralha ao arredor de sua mente; toda a informação que seu cérebro conseguia absorver era relacionada às aulas. Nada mais; nem mesmo Quadribol conseguia reter sua atenção.
Sabia que todos os alunos que estavam na biblioteca tinham a mesma duvida: o que um dos melhores alunos estava fazendo cercado por pilhas de livros, mas ele não se importava, de fato.
Aquele fora o único jeito que encontrara para não pensar nela ; naquela ruiva doida e não se importava de admitir isso.
Mas também admitia que ficar se afundando cada vez mais naquela tristeza era algo que não lhe ajudaria em nada; tinha certeza que Gina não lhe olharia e ficaria com pena, antes de se atacar em seus braços.
E era exatamente por isso que ele estava tentando voltar a ser o que era antes de tudo aquilo acontecer; e iria conseguir. Certo, aceitava o fato de que não conseguia mais ficar com alguma garota por diversão. Não enquanto amasse Gina; não somente uma paixonite, mas sim um amor, o qual ele não conseguia entender a que proporções esse sentimento chegava.
Puxando o ar com força, pegou sua pena e começou a copiar um parágrafo do livro, mas não pôde avançar muito, uma vez que uma mochila foi colocada sobre a mesa, do outro lado.
Erguendo os olhos, pôde ver Rony parado ao lado da mesa, com um sorriso de orelha a orelha.
-Que foi? – perguntou num murmúrio, estranhando o sorriso do ruivo; sorriso que não aparecia no rosto sardento há dias.
-Gina acordou! – ele exclamou. Estava tão animado que não se deu ao trabalho de falar baixo, fazendo a bibliotecária lançar-lhe um olhar de repreensão.
Inesperadamente, Harry sentiu como se toda suas preocupações, aflições e tristezas houvessem simplesmente sumido de sua mente. Como se seu mundo somente dependesse do bem estar da irmã mais nova do seu melhor amigo. Não! Tinha que parar de pensar nela dessa maneira: a amava e não queria vê-la dessa forma.
Era como se sua felicidade houvesse decidido voltar e que nada, nem ninguém, podia abalá-la.
-Sua mãe deve estar radiante. – murmurou, na falta de coisa melhor para dizer; e aquela frase também servia para esconder sua própria felicidade.
Rony sentou-se, cruzando os braços sobre a mesa: o sorriso ainda em seus lábios.
-Está. Nunca vi mamãe tão feliz. – respondeu enquanto puxava as anotações de Harry. – Ela só não gostou muito do namorado da Gina.
Harry sorriu de canto; adorara saber disso.
-E com ela descobriu que a Gina estava namorando o irmão da Melissa? - perguntou, somente por perguntar, enquanto pegava o pergaminho que o amigo lhe estendia.
-O idiota deu um senhor beijo na Gina, antes de sair da Enfermaria para ir dormir.
Okay! Talvez houvesse se precipitado em relação a sua felicidade; essa pequena informação a havia abalado um pouco, mas só um pouquinho.
-Certo. – murmurou, voltando sua atenção para o que fazia antes do amigo chegar.
Escrevia lentamente no pergaminho sob o seu pulso direito, enquanto os olhos estavam fixos nas palavras do livro. Sentia que Rony o observava em silêncio e sabia que uma conclusão obvia estava se formando na cabeça do amigo; sabia que agora era somente uma questão de minutos para o ruivo finalmente compreender.
Talvez assim fosse melhor, pensou, enquanto virava a página do livro. Seria realmente mais fácil admitir para Rony o que sentia por sua irmã mais nova, se o ruivo o colocasse contra a parede. Somente esperava que o amigo não ficasse bravo.
-O que você tem, Harry? – ele perguntou simplesmente, após alguns minutos, fazendo o moreno parar de escrever e erguer os olhos para encará-lo.
-Como? – murmurou; admitia que era mais fácil de falar sobre seus sentimentos quando perguntado sobre eles, mas não iria ceder assim tão fácil.
-Você sabe muito bem do que estou falando. – o outro respondeu simplesmente, fazendo o medo que Harry sentia da reação do ruivo começar a crescer. – Gina. – ele murmurou e um sorrisinho malicioso surgiu no canto dos lábios dele. – Ou você achar que eu e Hermione não percebemos?
-Perceberam o quê? – perguntou, pousando a pena e cruzando os dedos sobre a mesa.
Será que ele era tão obvio assim? Será que estava escrito na sua testa que estava apaixonado? Ou será que Rony somente o estava provocando?
-Que seu comportamento mudou desde que ela entrou naquele coma. – Rony murmurou, como quem diz a coisa mais obvia do mundo.
-E como ele mudou? – Harry provocou e Rony suspirou pesadamente.
-Você não dorme, você não come e não presta atenção nas aulas. – o outro respondeu prontamente, não se deixando abalar pela expressão cansada e mal humorada do moreno.
Quer dizer então, pensou, que os dois haviam observado seu comportamento atentamente naqueles três dias? Será que também haviam percebido que ele não estava de fato se preocupando com a aproximação do próximo jogo de Quadribol?
Não, provavelmente não, já que Rony não mencionara isso.
-Não tenho sono, não tenho fome e não tenho vontade de prestar atenção nas aulas. – respondeu, dando de ombros. – Até aí, nada relacionado a Gina, como você insinuou. – o ruivo sorriu abertamente.
-Mesmo? – perguntou cinicamente. – E aquele papo de o que fazer quando se percebe que se ama alguém, quando esse alguém esta preste a morrer? – Harry engasgou-se com a própria saliva. Aquele ruivo filho duma mãe sabia realmente colocar alguém contra a parede.
Puxou o ar com força e sorriu.
-Até aí... A Gina não foi a única que foi para a Ala Hospitalar naquele dia, Rony. – ele concordou com um aceno de cabeça.
-Não, não foi. – murmurou, contorcendo o semblante em uma expressão pensativa. – Mas foi a única que permaneceu lá até agora. Se fosse outra pessoa que lhe preocupava, você teria falado. Mesmo que odiasse admitir, Harry, você sempre nos conta com quem está ficando. E naquele dia, você estava com a Amanda Willians e, pelo que fiquei sabendo, ela não sofreu nem um arranhão. – Harry desviou os olhos e suspirou.
-Tem razão. – murmurou tão baixo que Rony teve a impressão de não ter ouvido.
-O quê? – perguntou; como assim Harry Potter, o cara mais orgulhoso que conhecia, estava admitindo que ele, Rony, tinha razão?
Harry puxou o ar com força.
-Eu disse que você tem razão. – repetiu um pouco mais alto. – Gina é o motivo de meu comportamento ter mudado. – remexeu-se inquieto sobre a cadeira, enquanto sentia sua nuca esquentar. – Odeio admitir, mas... – parou abruptamente. Não... Talvez não devesse admitir que temera que a ruiva morresse, porém sentia que o melhor amigo tinha direito de saber, mas era algo tão... Pessoal, algo que jamais sentira e que não estava de fato preparado para compartilhar.
-Mas...? – Rony pressionou. Harry nunca fora de parar de falar tão abruptamente.
-Mas sua irmã mexe comigo de uma maneira que eu mesmo não consigo entender direito. – completou, coçando a nuca num gesto sem jeito. Rony sorriu levemente.
-Amor seria uma palavra muito forte? – ele perguntou e Harry encarou as páginas amareladas do livro a sua frente, pensando.
Mordiscou levemente o lábio inferior, antes de voltar a encarar o amigo.
-Não, amor não seria uma palavra muito forte. Seria fraca demais. – respondeu e Rony ficou olhando para o rosto do amigo em silêncio, sério.
Por um momento, Harry chegou a pensar que aquele silêncio era um bom sinal, mas começou a mudar de idéia no momento em que percebeu que não conseguia entender a expressão do amigo; não sabia se ele estava irritado, se ele estava animado com aquilo. Pela primeira vez em seis anos, não sabia dizer o que se passava pela cabeça de Rony em uma conversa.
Sabia que se Rony não reagisse bem àquele fato, a amizade acabaria abalada por tempo indeterminado, ou seja, até que Hermione decidisse por um fim naquilo. Mas, sinceramente, esperava que o amigo aceitasse numa boa e, quem sabe, lhe ajudasse.
Okay! Estava querendo demais ao esperar que o amigo lhe ajudasse.
-Tudo bem. – Rony murmurou, depois de suspirar. – Só espero que fique claro que se você fizer a Gina derramar uma lágrima sequer, eu vou te esmurrar. – Harry permitiu que uma gargalhada escapasse por seus lábios.
-Entendido. – resmungou, dando seu primeiro sorriso verdadeiro em dias.

[hr]

Aquele era o fim de primavera mais quente que já tivera a infelicidade de passar em Hogwarts. Sentia que iria derreter a qualquer instante e parecia que as janelas abertas daquela sauna não era o suficiente para deixar o lugar mais fresco.
E ainda tinha aquele fantasma velho, metido a professor, que mais parecia uma viola, falando sozinho na frente da turma, que a cada segundo estava mais dispersa.
Mas Hillary podia jurar que era a aluna mais distraída da sala toda. E uma coisa que ela acabara de prometer a si mesma: que mataria Joe se continuasse a pensar nele o tempo todo.
E, inferno, não conseguia parar de reviver as sensações que passara nos braços dele; que sentira a partir do momento que os lábios dele cobriram os seus.
E, Deusinho, que beijo! Beijara poucos garotos na sua vida toda e, de todos, Joe fora o melhor. O único que conseguira fazê-la desejar beijá-lo novamente; o único que conseguira fazê-la esquecer seu passado por poucos minutos.
Mas sempre que pensava no loiro, o nome de Gina passava por sua cabeça, de modo que ela se arrependia de ter gostado tanto do beijo.
Gemendo baixinho, cruzou os braços sobre a mesa e enterrou o rosto ali.
Deus, dera uma mancada muito grande com a amiga ruiva e sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria descobrir. Sabia que ela, Hillary, acabaria falando; e se não fosse ela, seria Joe a falar.
Somente esperava que ela não ficasse brava.
Suspirando pesadamente, ergueu a cabeça e apoiou o queixo na palma da mão, enquanto os olhos se perdiam na paisagem que era possível ver pela janela.
Mas também, pensou mal humorada, aquela ruiva queria monopolizar os garotos bonitos. Mesmo porque, concluiu, até onde sabia Gina e Joe só tinham uma amizade colorida e pelo que sabia, não havia fidelidade nesse tipo de relação.
Se bem que Joe, provavelmente, se via no direito de beijar outras garotas, já que Gina beijava Harry na frente do loiro. Mas ele não parecia do tipo que beijava as garotas com quem vivia brigando.
Convenhamos , pensou, eu não o odiava? Mas então se eu o odeio, eu não posso pensar nele o tempo todo. Certo, vou parar!
Ajeitou-se na cadeira, fazendo o maior esforço para prestar, um pouco que fosse, de atenção na monótona aula de história a sua frente. Tentou e tentou, mas na terceira palavras do professor, já desistira. Não conseguia, era impossível! Podia até ouvir a voz de Joe, no fundo de sua mente, a irritando.
-Você nem consegue se concentrar em uma aulinha de história? – o loiro riria debochado. Um lindo sorriso debochado.
Espera! Não, não é lindo! É um sorriso horrível, como todo o conjunto do seu... Rosto perfeito, em todos os detalhes. O desenho da boca, o formato dos olhos azuis em contraste com os cabelos loiros... Ah! Que droga! Eu não consigo odiá-lo mais! , pensou revoltada consigo mesma.
Sentia-se confusa, não podia negar, mas não era todo dia que um sentimento tão forte como o ódio transformava-se drasticamente em... Em o quê? Era difícil saber.
Eu não posso gostar dele. , pensou, suspirando pesadamente. Não, não seria certo. Ele praticamente está com a Gina e isso não seria muito legal. Ela é minha amiga, não posso fazer isso com ela! Mas vai ser muito... Muito difícil...
Esfregou os olhos, sonolenta, sem conseguir deixar de pensar no grande problema que teria pela frente. Ela sabia que isso não era um problema de estado, como Comensais atacando o Ministério, ou Voldemort voltando novamente, mas ainda assim era grave.
Bom, eles não estão juntos exatamente... , tentou convencer-se, enquanto alisava a pena em sua mão. Gina não está namorando ele. Não firme. É apenas um caso... Um rolo. Isso! Ela está apenas enrolada com ele. Não é nada sério... Ou é?
Bufou, sentindo-se cansada e mais confusa ainda. Por que ela tinha que gostar dele? Por que ela simplesmente não conseguia parar de pensar nele, pelo menos por um minuto? Um minuto que fosse, ela já ficaria grata. Não podia deixar que a imagem daquele loiro metido impregnasse para sempre em seus pensamentos. Ela tinha que fazer alguma coisa, que no momento era prestar atenção na maldita aula de história. Não que realmente achasse que fosse conseguir, mas ela tinha que tentar.
Mas no momento em que finalmente conseguiu desviar sua atenção dele e prestar atenção no que Binns falava, o sinal tocou, sobressaltando-a, fazendo-a pensar que Joe devia estar na enfermaria, agarrando-se com Gina e...
Inferno! Estava começando tudo de novo! Não, não e não! Levantou-se apressada, recolhendo seu material com agressividade, chamando a atenção de algumas pessoas do seu lado. Mas ela não estava ligando, porque mais uma vez a imagem do loiro nublou seus pensamentos.
Que ele fosse para o inferno também, pensou mal humorada, apesar de saber que não estava desejando aquilo de verdade.
Saiu da sala quase correndo, passando pelo aglomerado de alunos do quinto ano que estava na porta da sala, tentando sair.
Estava quase chegando no Salão Principal quando o viu; caminhando calmamente pelo corredor, as mãos nos bolsos das calças negras; os cabelos loiros despenteados, apontando para todos os lados. Os lábios firmes estavam formando um bico, já que ele assoviava animado, enquanto as íris azuis olhavam para a paisagem que a janela fornecia.
De repente, uma raiva incontrolável invadiu seu ser, fazendo-a cerrar os olhos e, caminhando pesadamente até Joe, parou na frente dele que, quando a viu, sorriu.
-Você! – exclamou, apontando o dedo no peito dele. – Você é um idiota! – ele ergueu uma sobrancelha, em confusão.
-Como?
-Você é um imbecil, idiota, ignorante, estúpido... – mas antes que ela pudesse continuar com sua lista de “elogios” que tinha para ele, o loiro colocou dois dedos sobre seus lábios; o semblante contorcido em uma expressão de confusão.
-Do que você ta falando? – ele perguntou, fazendo-a simplesmente entender que sua atitude era ridícula. Simplesmente patética.
Arregalando os olhos, afastou a cabeça, de modo que seus lábios estavam livres para que ela pudesse falar livremente. Ele abaixou a mão.
-Eu... – piscou algumas vezes. – Eu não sei. – murmurou, antes de girar nos calcanhares e sair de lá, deixando para trás um Joe divertido.
Quando a morena virou o corredor, Joe permitiu que uma gostosa gargalhada escapasse por seus lábios. Hillary era adorável.

[hr]

A brisa fresca entrava na sala, junto com as luzes do sol, entrando pela janela aberta. O canto dos pássaros soava animado, mas eles pareciam não perceber nada daquilo; perdidos demais naquele beijo.
Foi Brian quem quebrou o contato dos lábios após alguns segundos.
-Por que eu estou permitindo que você cabule aula, quando suas notas em Adivinhação estão caindo? – Melissa perguntou, olhando-o nos olhos e perdendo-se naquele mar azul. Brian sorriu maroto.
-Porque você me ama, porque você também está cabulando e porque Adivinhação não é uma matéria relativa para meu currículo. – ela sorriu de canto.
-E por que eu estou cabulando? – ele sorriu convencido.
-Porque você não resiste ao meu charme. – ela riu.
-Que eu me lembre a Veela sou eu, querido. – fora a vez de ele rir, antes de dar de ombros.
-Não preciso desses artifícios para ser perfeito. – Melissa permitiu que uma gostosa gargalhada escapasse por sua garganta. Deus, ele era arrogantemente charmoso.
-Convencido. – resmungou, antes de beijá-lo com paixão. – Mas e a Gina, hein? – ela perguntou, quando se separaram. Brian suspirou.
-Espero que viva. – ela respondeu simplesmente e a loira concordou com um aceno de cabeça.
-E eu espero que Joe tenha acertado na poção. – o moreno concordou.
-Seu irmão é um nerd, Mel. – resmungou. – Há mais de cinqüenta por cento de chances de que ele tenha acertado. – ela sorriu.
-Se ele tiver matado a Gina, a próxima sepultura será a dele. – Brian sorriu, divertido.
-Vamos passar na enfermaria quando o sinal tocar. – ela olhou-o.
-Vai cabular aula de História também? – ele sorriu e a abraçou.
-Não vamos chamar de cabular. – murmurou. – Vamos pensar que temos coisas mais importantes para resolver. – ela sorriu e deu de ombros.
-Você que sabe. – respondeu. – Mas e a Hillary, hein? – perguntou, evitando que ele lhe desse um beijo.
Brian resmungou, mal-humorado.
-O que tem ela? – perguntou com má vontade, deixando claro que não queria conversar naquele momento.
-Está estranha. – ele girou os olhos.
-Ela é estranha, Mel. – ela riu, divertida.
-Mas está mais estranha do que o de costume. – ele olhou-a nos olhos.
-Só porque ela não come, não fala, não estuda, não dorme, não presta atenção e anda mal-humorada? – resmungou. – Ela está ótima, meu bem. – completou sarcástico.
-Cala a boca, seu desnaturado! – mandou esganiçada, dando um leve tapa no ombro dele. – O que você acha que ela tem? – Brian suspirou pesadamente.
-Um problema chamado Joe e que não é da nossa conta. – respondeu, olhando-a intensamente.
-É claro que é da nossa conta. Ela é nossa amiga, Brian. – a loira repreendeu, tentando entender de onde o namorado tirava tanto sangue frio.
-É! É nossa amiga, mas até agora não nos contou nada. – Melissa girou os olhos.
-E é isso que nos preocupa, querido. – ele encarou-a, irônico.
- Nos preocupa? – repetiu e ela concordou com um aceno de cabeça, fazendo os cachos loiros balançarem levemente. – Mel! Deixe a garota ter seus problemas pessoais . – completou, frizando a última palavra, na esperança de tirar aquela idéia da cabeça da namorada.
-Mas como seus amigos, nós temos a obrigação... – ele a interrompeu com um gesto displicente da mão.
-De deixá-la falar quando bem entender. – ele completou. – Não iremos pressioná-la, não é? – completou e ela bufou.
-Não! Se ela continuar assim vai acabar ficando doente. – ele afastou-se, chateado; por que Melissa tinha que ficar falando daquelas coisas, quando ele somente queria namorar?
-Você é doida. – murmurou, com fingido espanto, mascarando sua decepção.
-O quê? – Melissa perguntou lenta e perigosamente, cerrando os olhos.
-É verdade, amor. – ele sorriu e acariciou o rosto dela, fazendo-a sentir um arrepio percorrer seu corpo e uma louca vontade de beijá-lo lhe atingir. – Em um dia você briga com a Lary porque eu a ajudei e no outro está toda preocupada com ela. – a loira o fuzilou com os olhos.
-Cala a boca! Aquele dia foi diferente. – ele ergueu uma sobrancelha em confusão.
-Posso saber por quê? – ele resmungou, olhando-a nos olhos.
-Porque... Foi diferente, oras! – ele riu e balançou a cabeça de um lado para o outro, divertido.
-Você é confusa. – comentou, ainda olhando-a.
-E mesmo assim você me ama. – ela respondeu de forma cantarolada.
-Amo mesmo. – ele estirou a língua, antes de cruzar os braços sobre o peito e virando o rosto. Melissa riu.
-Isso é bom. – ela comentou e ele olhou-a, somente para ver o sorriso mais lindo dela, brincando nos lábios naturalmente vermelhos, enquanto as íris azuis brilhavam em pura felicidade, apesar de tudo o que a preocupava.
Tinha que admitir que tivera sorte de conhecê-la e por ela ter entrado na sua vida da maneira que entrara; sabia que se não houvesse conhecido-a, hoje seria uma pessoa digna de ser sonserina.
-E por que isso é bom? – perguntou, lembrando-se que ela aguardava uma reação sua.
-Porque assim eu não vou sofrer por amar meu melhor amigo. – ele sorriu, antes de enlaçá-la pela cintura e capturar seus lábios, deixando claro que não pretendia falar sobre mais nada; somente sentir o corpo dela contra o seu, a boca dela contra a sua.
Somente queria sentir as mãos dela passeando por suas costas.
Merlin, como a amava.

[hr]

-Vamos! Hermione, só uma vez! – ele andava apressado, tentando manter-se ao lado dela.
-Rony, não! Isso é errado! – a morena continuou caminhando sem parar por mais e mais corredores, seguindo para a aula de Poções nas antigas masmorras.
-Hermione, por favor! – o ruivo parou a frente dela, seu sorriso afastou todos os motivos contra ao que ele estava pedindo e ela logo se viu acenando a cabeça afirmativamente, sorrindo também.
-Mas... Somente essa aula, está bem? – Rony consentiu sorrindo, ganhando um curto beijo, enquanto ele a levava para fora do castelo.
Apesar de estarem no fim da primavera, os jardins ainda mantinham aquela áurea, repleta de flores, pássaros e algumas borboletas coloridas, que seguiam de flor em flor.
Seguiram para a beira do lago, sentando-se na sombra de um enorme ipê roxo, cheio de flores. Vieram, por todo o caminho, conversando apenas sobre bobagens e nada de muita importância, mas Rony precisava lhe contar o que descobrira.
-Finalmente ele confessou. – o ruivo mexia nas mexas castanhas dela, que deitara a cabeça em seu ombro, já que ele sentou-se encostado a árvore.
-Quem? – ela perguntou, curiosa, segurando as mãos dele.
-Harry. Ele confessou que gosta da Gina.
-Ah... Eu imaginei. Já não era sem tempo! – ela não pareceu dar importância ao assunto, mas ele continuou.
-É, mas... Ela está com o Joe. Acho que ele não tem muita chance; Gina o odeia.
-Hum... Aí é que você se engana. – Hermione disse erguendo a cabeça e o fitando. – Eu acho que ela ainda gosta dele.
-O quê? – Rony riu divertido. – Você está errada, Mione.
-Não. – ela disse calmamente; um sorriso formando-se em seus lábios. – Tenho quase certeza de que ela ainda é apaixonada por ele. Gina somente não quer dizer.
O ruivo a olhou, intrigado.
-Como pode saber disso?
-Intuição feminina. – ela sorriu amplamente, divertindo-se com a reação emburrada dele.
-Vocês são muito misteriosas! Todas vocês! – Hermione ria e ele acabou sorrindo também. – Mas ninguém é mais misteriosa que Gina.
-Com certeza. – ela concordou sorrindo, deitando-se no colo dele.
A suave brisa da manhã formava leves vibrações na água, criando pequenas ondas em toda a sua extensão. O jardim estava praticamente vazio, havia apenas três pessoas, sem contas os dois passeando por lá; dois meninos do primeiro ano da Lufa-Lufa e uma Sonserina carregada de livros, à sombra de outra enorme árvore, mais próxima do castelo.
Rony riu, ao imaginar Harry sozinho na aula do querido professor de Poções, enquanto ele estava ali, abraçado com Hermione, à beira do lago, mais azul do que de costume, naquela perfeita manhã de primavera. Nada poderia ser melhor que aquilo!
Saindo da torrente de pensamentos bons, que o cercava, o ruivo notou que a namorada estava muito calada e parecia concentrada em alguma idéia maluca.
-O que foi? – ele perguntou com um misto de curiosidade e apreensão.
-Nada. – Hermione respondeu, ainda pensativa. Ele sabia que ela nem ouvira a pergunta direito.
-Hermione! – Rony a virou, fazendo com que seus olhos se encontrassem. Ela fez uma careta, desgostosa e ele, sem conter um sorriso, continuou. – Então, pode começar a me dizer o que se passa nessa sua cabecinha! – ele bateu o dedo indicador de leve, na altura da têmpora dela.
-Eu não estou pensando em nada! – a morena riu com a expressão pouco convencida dele. – É que...
-É que...? – incentivou.
-Eu estou tendo uma idéia, só isso.
-Ah, sério, Hermione? – ele disse sarcástico, fazendo-a revirar os olhos, aborrecida. – Eu nunca pensaria nisso sozinho! Na realidade, eu até cheguei a pensar que você estava meditando, em uma fase avançada de ioga.
-Deixe de ser engraçadinho. – ela cruzou os braços, chateada.
-Então me diga logo o que é!
-Hum... – ela sorriu com o canto dos lábios. Soltou os braços e sem tirar os olhos dos dele, aproximou-se, sua boca ficando a milímetros da dele. – Você está muito curioso, Rony! O que vou ganhar em troca, caso eu lhe conte?
-Ah, deixa eu ver... – o ruivo fingiu estar pensativo.
-Um feliz muito obrigado. – ele sorriu amplamente.
-Ah! – ela afastou-se, dizendo em um tom emburrado. – Então não vou lhe dizer!
-Tudo bem, tudo bem. – ele riu abafado e ela aproximou-se de novo. Ele passou seus braços ao arredor da fina cintura dela, enquanto a morena depositava os dela no ombro ele, cruzando as mãos em sua nuca.
-Vou lhe dar algo que eu tenho certeza de que você irá gostar.
-Então vai! – ela disse, animada.
-Vai, o quê? – Rony perguntou confuso. Ela bufou, ainda sorrindo.
-Dá a minha surpresa. – disse ansiosa.
-Não, não. – disse fingindo estar sério. – Primeiro você me conta e depois eu lhe dou.
-Ah, não. Assim não tem graça... Você primeiro.
-Hermione, - seu sorriso sumiu. – as coisas não funcionam assim.
-Ah, como você é chato! – separam-se e ela colocou as mãos na cintura. – Primeiro vem as damas.
-Então, minha querida dama, comece você! – ele sorriu irônico e ela debochada
-Certo, mas... Você tem que dar a minha surpresa logo em seguida, okay?
-Sim, senhora! – ele soou como um soldado, batendo continência.
-Bom... Eu vou dar um jeito de ajudar o Harry. Quero que ele fique com a Gina!
Ela sorriu animada, mas durou apenas alguns segundos; a risada dele confundiu seus pensamentos.
-O que foi? – ela perguntou, sem graça.
-É que você nunca vai mudar. Não importa o que aconteça. Mas... Eu não ligo! Qual era o plano mesmo?
Ela mostrou-lhe um pequeno sorriso, que ele retribuiu e beijou-lhe o lábio longamente.
-Bom... O plano é o seguinte.

[hr]

Uma semana depois...

Liberdade! Finalmente estava livre daquela enfermaria fedorenta, na qual não podia fazer nada; onde tinha que agüentar os sermões de sua mãe em relação a Joe e onde Molly controlava histericamente as pessoas que teriam ou não permissão de entrar lá para lhe ver.
Ficara realmente chocada ao saber que Molly não permitira nem que Melissa entrasse.
Paranóica, era nisso que sua doce mãe estava se transformando. Numa velha paranóica.
Sorriu de canto; sua mãe era um amor de pessoa, mas quando ficava com a pulga atrás da orelha não havia nada que a parasse; nem mesmo a mais detalhada explicação de como ela, Gina, começara a ficar com Joe, dois anos atrás.
Mas, Merlin, a ruiva tinha certeza de que sua mãe não ficara tão histérica quando Rony começara a ficar de casinho com Hermione.
Talvez devesse questionar seu pai sobre problemas com histerias na família de sua mãe; quem sabe fosse um problema genético?
Mas quando entrou no próximo corredor, sua mãe foi varrida bruscamente de sua mente. Não somente sua mãe, mas tudo. Tudo, menos ele .
Ele estava mais belo do que poderia lembrar-se. Encostado em uma parede, os braços fortes cruzados em frente ao peito malhado; os cabelos negros estavam mais desgrenhados que o normal e possuíam uma leve tonalidade prata, devido a luz da lua que entrava pela janela aberta. Os lábios firmes estavam entreabertos, num convite silencioso. As íris verdes miravam o chão fixamente.
Oh, Deus, ele ficava arrogantemente irresistível quando estava pensativo e ela tinha que admitir isso.
Passou uma mão pelos cabelos vermelhos, enquanto suas íris continuavam a passear pelo corpo dele, guardando na memória cada mínimo detalhe. Merlin, tinha que admitir que quando ele usava somente a calça e a blusa social da escola – com os cinco primeiros botões abertos – ele ficava mais sexy.
Seu coração batia descompassado contra seu peito; havia algo que emanava dele, algo que ela não conseguia identificar, mas que tinha um poder sobre si, que a fazia desejar poder tocá-lo e beijá-lo, como se ele fosse um imã.
Puxando o ar com força, controlou seus desejos, enquanto um sorriso maroto fugia para seus lábios.
-Esperando a galinha vir te esquentar, ovo? – provocou; sua voz saindo rouca e baixa, o que o fez arrepiar-se, antes de erguer os olhos, para encará-la, parecendo surpreso com sua presença, o que provara que ele não a vira chegar.
-A galinha já virou frango assado há muito tempo. – ele murmurou simplesmente, enquanto as íris verdes corriam pelo corpo dela, onde usava somente a saia e a blusa do uniforme.
-E é por isso que você está tão chateado? – ela perguntou sarcástica, ignorando o rastro de fogo que os olhos dele deixavam sobre seu corpo.
-Não. – ele respondeu simplesmente, desviando seus olhos para o pedaço de céu que era possível ver pela janela.
-Vou fingir que acredito. – ela resmungou, voltando a andar, mas quando passou por ele, o moreno a segurou pelo braço, a impedindo de continuar, puxando-a de encontro ao próprio corpo; os rostos estavam próximos.
-Eu adoraria se você começasse a acreditar em mim. – ele murmurou simplesmente, antes de soltar seu braço, mas ela não se afastou. Ficou onde estava, olhando fixamente para as íris verdes dele, que devolvia seu olhar na mesma intensidade.
-Porque eu deveria? – ele sorriu de canto, enquanto, num gesto ousado, acariciava seu rosto.
-Porque já passamos da fase de criancices. – ele respondeu, enquanto descia sua mão para os cabelos dela, acariciando-os. Aproximou seu rosto. – Porque já somos grandes o suficiente para saber que não vale a pena perder nosso tempo em discussões sem fundamentos; e brigas sem motivos.
Ela cerrou os olhos; o que aquela almôndega queimada estava pretendendo?
-Desde quando você tem pensamentos tão maduros? – ele riu de leve, antes de abaixar sua mão, colocando-a no bolso de sua calça.
-Não sei. – ele deu de ombros. – Mas o fato é que eu ficaria realmente contente se você começasse a confiar em mim. – ela suspirou. Fosse o que fosse que ele estava planejando, ele estava soando verdadeiro demais; confiável demais.
-E para que eu confiaria em você? – perguntou, cerrando os olhos. – Para você se aproveitar? Para você usar todas as armas que te darei? Para você me humilhar? Não, obrigada, Potter. – respondeu, fazendo-o sorrir divertido.
-Não. – ele de ombros. – Para sermos amigos. – Gina abriu a boca para falar, mas não emitiu nenhum som. Fechou a boca, enquanto ficava o encarando, incrédula.
Como assim Potter e ela serem amigos? Oh, Merlin, o que aquele pato estava querendo? Por que não conseguia decifrar aquele brilho peculiar nas íris dele? Por que não conseguia ler nos olhos dele o que ele estava pensando; planejando?
Por que aquilo lhe parecia tão... Verdadeiro? Por que parecia que ele deseja mais do que tudo ser seu amigo? Por quê?
Eram tantas perguntas sem resposta... Tantos medos, que somente a presença dele lhe fazia sentir-se segura a ponto de parecer que o mundo era feito de paz. Oh, Deus, o que estava acontecendo consigo?
-E por que... Você... – balbuciou, sem saber que falar, pela primeira vez deste que chegara á Hogwarts. Harry sorriu, divertindo-se com sua falta de fala.
-Porque eu cansei de brigar com você. – ele murmurou, colocando uma mecha rubra do cabelo dela atrás da orelha. – Porque eu cansei de ver esse brilho de magoa nos seus olhos sempre que fala comigo. – ele beijou-lhe gentilmente a bochecha. – Porque eu quero poder me preocupar com você.
Oh, céus! Porque ele estava fazendo isso consigo? Será que ele não percebia que aquilo mais lhe feria do que deixava feliz? Porque estava sendo obrigada a agüentar tudo aquilo, afinal?
Naquele momento, um incontrolável desejo de contar tudo a ele tomou conta de si. Mas sabia que não podia, que ele provavelmente lhe acharia boba por planejar tudo aquilo.
Deus do céu! Não podia mais negar: estava mais apaixonada por ele do que nunca, jamais, estivera. Como se sua própria vida dependesse de cada sorriso que ele dava.
E o feitiço virou contra o feiticeiro , pensou.
Não podia continuar ali. Por mais que estivesse gostando da proximidade; por mais que estivesse desejando que ele continuasse a acariciar-lhe gentilmente. Por mais agradável que a companhia dele estivesse sendo, tinha que sair dali o mais rápido possível.
-Eu... Tenho que ir. – murmurou, começando a caminhar o mais rápido que suas pernas permitiam para fora do corredor. Tinha que sair de perto dele, antes que fizesse uma burrada.
-Gina. – a voz dele chegou a seus ouvidos, fazendo-a para e olhar lentamente por cima de seus ombros. Ele sorria de leve e parecia ansioso.
-Sim?
-Eu só achei que você devia saber... – ele murmurou, completamente sem jeito, enquanto as maças do rosto adquiriam uma leve tonalidade rosada.
-O quê? – pressionou.
-Que... – ele começou, mas era visível que não conseguia continuar; pelo menos não sem uma pressão.
-Sim? – ele puxou o ar com força, antes de olhá-la nos olhos.
-Eu te amo.

Continua...

N/A: Well... More one chapther!^^ (*cai dura e morta de cansaço*)
Demorou? Nem tanto... Eu acho! XD~ Pequenas crises durante o capítulo, mas graças a Ysi e á Mione Malfoy (a mala que senta na minha frente na escola! XD) o capítulo saiu! Depois de me matar e bla bla bla ele está aí e (Mione Malfoy me mata se eu não falar isso) ela parece que com a Lary! XD~~ Ela que me ajudou na cena, cedendo confusões da sua maravilhosa (note o sarcasmo) vida amorosa! XD
E, mais uma coisinha: esse capítulo é dedicado á Srta. Wheezy que fez niver no dia 10/08! Lovo-te sua pirralha safada e folgada! XD
Well... Sobre o cap... Eu sei que não devia ter parado aí, mas é para não perder o costume. ;)
Comentem.

Carol Malfoy Potter: Sim, Chang muito insuportável.
Gostou do fim desse capítulo?XD
Beijos.

Srta. Wheezy: Joe é seu? Desde quando? O.O
*rebola a bundinha* Feliz agora que o cap foi dedicado a vc?
Cuia? Não! Flor de maracujá é vc! XD
Beijos.

Aline Granger: Ambas queremos seguir direito, mas temos uma diferença? Qual?
Sim! Negocio de escola é péssimo. Eu sinto como se não fosse somente duas semanas de aula, mas sim meses.
Beijos.

Lan Potter: Oh... Entendi! =P
E por que você mudou de idéia nos últimos três capítulos?
Beijos.

Virgin Potter: Oi!
Sim, ela acordou.
Gostou da luta que o Harry teve? XD~~
Fico feliz que tenha gostado do beijo H/J!^^
Sabe que eu mesma não pensei na reação de ninguém ao saber do passado da Hillary?^^
Beijos.

Miaka: Joe é o Joe né?
Seu Joe? i.i’
Sim, Hermione é chantagista! XD
Sim, Gina acordou e, quando saiu da enfermaria, tachou a própria mãe como velha paranóica! XD
Short-Fic? Ai.... Pode ser que mais tarde eu escreva... Não sei! i.i

Thiti Potter: Oi!
Mesmo que eu quisesse – e não queria -, eu não podia matar a Gina, se não a próxima a morrer seria eu! XD
Lary e Joe fofinhos?XD
Mione é a Mione! XD
Beijos.

Juli-Chan: Um chocolate? Só se for branco! XD
Você nem sabe o que eu planejei pro Harry! XD
Provavelmente já disse... No momento não me lembro... Estou com a cabeça cheia de formulas de física e reflexões de Geografia, junto com milhoes de duvidas não resolvidas de mat e bla bla bla! i.i’ ngm merece.
Beijos.

Kirina-Li: Que bom que gostou do capítulo!^^
Como assim “se lê muito bem” minha fic? O.o
Hehe... Gamou na parte que era inocente antes de ficar com ele, hein?
Beijos.

Dudinha Tonks: respostas sobre sua duvida no próximo capítulo, ta? ;)
Beijos.

Estrela Hoshi: Comentário grande demais e eu to cansada demais para responder nos mínimos detalhes, então serei breve, okay? i.i
Hum... Você lê o cap e depois lê de novo ouvindo uma música? Você pode começar a falar qual a musica que você que serve para tal cap?^^
Bom... Harry foi mimado demais por Dumbledore, então não duvide muito se o Harry pedir pro velho dar a Gina pra ele! XD
Sim, Harry na árvore foi TUDO DE BOM! *-*
Ah, o Joe tem cabelos liso sim! É que eu tenho mania de usar cachos no lugar de madeixas e bla bla bla... E como eu não revisei o cap anterior, acabou ficando lá mesmo.
Ta na facu? Qual?^^ Que curso? (inconveniente a lot)
Beijos.

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