Capítulo 22
Capítulo 22
Bocejando, virou sobre o colchão, enquanto ajeitava o travesseiro sob a cabeça e tentava, pela milésima vez naquela noite, dormir.
Mas não conseguia fazer isso por nada nesse mundo e, mesmo morrendo de sono, sua mente não parecia capaz de nivelar seus sentidos para que pudesse descansar um pouco, nem que fosse por míseros cinco minutos.
Jogando as cobertas para o lado, levantou-se, sentido todo o peso do cansaço do dia anterior e o peso da noite passada em claro sobre seus ombros.
Caminhou lentamente até o banheiro e fechou a porta atrás de si, antes de cambalear até a pia, apoiando as mãos sobre a borda de mármore e olhando-se no espelho, somente para ver que seu rosto estava levemente pálido e que havia grossas manchas roxas sob seus olhos.
Praguejando contra todos os santos que conhecia, abriu a torneira da pia na água fria e, fazendo o formato de concha com as duas mãos sob o jato d’água, jogou o liquido frio no rosto, numa tentativa frustrada de espantar o sono.
Bufando, secou o rosto, antes de escovar os dentes, sair do banheiro e se trocar.
Bocejando novamente e penteando os cabelos com os dedos, saiu silenciosamente do dormitório, indo sentar-se no sofá que havia na frente da lareira, na sala comunal.
Gina era a culpada de não ter conseguido dormir, pensou amargurado. Toda vez que fechava os olhos, uma imagem do rosto dela no dia que entrara no Salão Principal no baile aparecia diante seus olhos, como se ela realmente estivesse ali, olhando-o com superioridade e, ao mesmo tempo, com sarcasmo.
Passou as mãos pelo rosto abatido, antes de jogar os braços para cima do corpo, esticando-se, sentindo os ossos estralarem.
Talvez devesse passar na Enfermaria e pedir uma poção do sono para Madame Pomfrey, mas rapidamente livrou-se dessa idéia – se fosse até lá, seria obrigado a encarar, mesmo que brevemente, o rosto pálido de Gina e teria que esbarrar em Joe.
Sabia que o loiro estaria pouco de importando com sua presença, mas somente o fato de saber que perderia Gina para ele, lhe incomodava profundamente, fazendo-o saber que a mínima provocação – o mínimo sarcasmo -, faria-o partir para cima de Joe e tentar socar aquele rosto bonitinho.
Merlin! Talvez devesse usar a mesma tática que Gina usara; sair da Inglaterra e ir estudar em outro lugar, até que pudesse aprender a esquecê-la; até que pudesse aprender a criar uma barreira de gelo ao arredor do seu coração, de modo que nunca mais voltasse a se apaixonar por nenhuma outra garota ousada, sarcástica, desdenhosa, e, ao mesmo tempo, doce, engraçada, carinhosa, meiga.
Você está louco; foi o que sua mente gritara após esses pensamentos. Estava drogado, dopado, bêbado, louco, alucinado. Não sabia porque estava entregando Gina de bandeja para Joe.
Nunca desistia das coisas que queria e queria Gina para si naquele exato momento, mesmo sabendo que aquilo era impossível.
Como será que ela reagiria no momento em que tivesse coragem de contar a ela que a amava? Será que riria de sua cara? Ou será que ela acreditaria? Na pior das hipóteses, pensou, ela lhe daria um belo tapa na cara, antes de lhe falar algumas verdades e deixá-lo para trás, pouco se importando para o fato de que o ferira profundamente.
Suspirou e chegou a conclusão de que a última alternativa era a mais provável de que aconteceria, enquanto a segunda ele tinha certeza que jamais viria acontecer naquela vida.
Recostou-se melhor no sofá e esticou os braços sobre o espaldar deste, enquanto encarava o leve fogo que se apagava lentamente na lareira.
As paredes do Salão Comunal adquiriam um tom alaranjado, conforme o dia nascia. Era possível ouvir o som dos pássaros começando a cantar e a voar, enquanto os bichos noturnos iam para suas tocas, descansar.
Puxou o ar com força, antes de levantar-se lentamente e caminhar até uma das grandes janelas, de modo que pudesse observar a paisagem. As árvores da Floresta Proibida balançavam levemente devido a fresca brisa da manhã; havia fumaça saindo da chaminé da cabana de Hagrid, enquanto era possível ver a porta aberta e Canino deitado ao pé da pequena escada da casa do meio gigante.
Um ou dois alunos já estavam andando pelos jardins. Mesmo sendo domingo, eles não queriam perder a oportunidade de aproveitar a paz que havia naquele dia; ao contrario do dia anterior, onde Comensais haviam atacado o vilarejo próximo, deixando vários adolescentes machucados e uma a beira da morte; fato o qual tinha certeza que Hogwarts já sabia, com obvias alterações.
Era como já diziam os sábios; quem conta um conto aumenta um ponto.
Não se surpreenderia se alguém lhe falasse que a ruiva era a segunda pessoa a sobreviver a um Avada Kedavra.
Passou uma mão pelos cabelos, antes de começar a caminhar para fora do Salão Comunal, tomando o cuidado de abrir o quadro lentamente, caso a mulher gorda estivesse dormindo e não se enganou; a velha senhora estava encostada na borda da pintura, adormecida.
Caminhou lentamente pelos corredores, sendo banhado pela luz cada vez mais forte do sol, que entrava pelas janelas já abertas, trazendo consigo a brisa da manhã, que brincou com seus cabelos e acariciou seu rosto.
Ao chega no Saguão de Entrada, encostou-se na parede mais próxima a escadaria de mármore, para cogitar se iria para o Salão Principal, ou se sairia para os jardins; quem sabe fosse visitar Hagrid. Não visitava o amigo desde o Natal e tinha certeza que Hagrid estava um pouco chateado por isso.
Puxando o ar com força, desencostou-se da parede e estava preste a começar a caminhar, quando uma voz fina o chamando o fez parar. Olhando por cima dos ombros, fechou a cara ao ver Cho subindo as escadarias, ao lado da de mármore, correndo; os brincos de argolas pendurados em seus lóbulos balançavam a cada passo que ela dava.
-O que foi? – perguntou, sua voz soando ríspida, mas não se importou com isso, somente queria se livrar da chinesa, para que pudesse ir visitar o amigo meio gigante.
Mas pareceu que a oriental não se importou com o seu tom de voz. Ela sorriu-lhe docemente e, parando a menos de um passo longe de Harry, ficou nas pontas dos pés e depositou um beijo na bochecha do moreno, que fechou mais ainda a cara – se é que isso era possível.
-Bom dia, Harry! – ela exclamou alegremente, enquanto dava um pequeno passo para trás.
O moreno cerrou os olhos e analisou Cho atentamente de cima a baixo, como que tentando descobrir o que ela queria antes mesmo dela falar.
-O que tem de bom? – murmurou, sua voz saindo mais rouca que o normal, mas Cho parecia não perceber o seu mau humor e a falta de vontade de falar com ela.
O sorriso dela aumentou.
-Faz tempo que não nos falamos não é? – ela perguntou animada e, antes mesmo que Harry pudesse dizer que estava gostando de não falar com ela, a chinesa continuou. – Sabe, acho que a próxima temporada de Quadribol será bem acirrada. – ela deu de ombros e Harry entendeu o que ela estava fazendo; estava tentando se aproximar de Harry novamente usando um de seus assuntos favoritos; Quadribol. Ela continuou: - Ouvir dizer que a primeira partida da próxima temporada vai ser Corvinal versus Grifinória. – o sorriso dela tornou-se um simpático. – Mas não pense que é só porque somos amigos, que eu vou te dar folga, hein? – Harry sorriu de canto; um sorriso frio, sarcástico e desdenhoso.
-Duas coisas para você, Chang... – disse num murmúrio lento e arrastado, o que lhe dava um ar perigoso. – Primeira; não somos amigos. Segunda; não preciso que você me dê folga no Quadribol; posso ganhar de você de qualquer jeito. – completou, mas ela parecia disposta a ignorá-lo, pois continuou a tagarelar, falando todas as qualidades dos jogadores do time. O Menino Que Sobreviveu girou as íris verdes, antes de ficar costas para ela e começar a caminhar para os jardins, deixando uma frase no ar: - Esquece! Você é mais burra do que eu poderia supor. – e saiu, deixando a oriental para trás.
Suspirou aliviado quando foi recebido pela brisa fresca e pela luz morna do sol.
Algumas risadinhas chegaram aos seus ouvidos, fazendo-o olhar para o lado, de modo que pôde ver um grupinho de alunas do quarto ano, olhando diretamente para ele – sem se darem ao trabalho de serem discretas -, cochichavam entre si e, por fim, explodiam em risadinhas, que irritavam-no.
Forçando um sorriso gentil para elas, colocou as mãos nos bolsos da calça, antes de continuar a caminhar, pouco se importando com o fato de que, agora que era total certeza de que ele e Cho não voltariam a ficar mais, as garotas fariam de tudo para serem suas amantes por tempo indefinido.
Não que ele achasse isso ruim, mas somente não conseguia sentir-se animado o suficiente para flertar naquele momento e, mesmo que estivesse muito bem, ele não conseguiria beijar outras garotas, quando seus pensamentos não saiam de Gina; enquanto seu corpo clamava pelo calor do corpo da irmã mais nova do seu melhor amigo.
Ai, ai, ai! , lamentou em pensamentos. E voltamos para o quesito Virginia Weasley.
Mas não tinha como evitar, conclui depois de alguns minutos, no quais caminhara até uma árvore particularmente grande e se encostar ao seu tronco, de modo que pudesse admirar as águas azuis do lago, onde era possível ver os tentáculos da Lula Gigante nadando tranqüilamente.
Os braços fortes estavam cruzados na frente do peito malhado, enquanto as íris verdes estavam focado somente as águas do lago. Os lábios firmes estavam entre abertos, enquanto a leve brisa que sobrava fazia as mechas negras balançarem levemente; os raios de sol pareciam ter aparecido somente para iluminá-lo, uma vez que lhe davam um ar mais sensual.
Puxou o ar com força, fazendo o doce aroma das últimas flores da primavera entrarem por suas narinas, fazendo-o ficar embriagado com o cheiro delicado, mas arrogantemente familiar ao perfume de Gina.
Céus! Será que não poderia parar de se lembrar dessa ruiva nem por um maldito minuto? Será que não poderia continuar ser como era antes dessa ruiva folgada voltar? Aliás, porque ela não havia ficado em Los Angeles pelo resto da vida? Porque ela teve que voltar? Porquê?
Para você saber o que é amar, seu idiota!, sua mente gritou, fazendo-o passar as mãos pelos cabelos, deixando-os mais bagunçados que o normal.
Okay! Talvez devesse, desesperadamente falando, procurar um psiquiatra. Quem sabe Madame Pomfrey não conhecesse um realmente bom? Porque, sinceramente, era isso que Gina estava fazendo consigo; deixando-o louco.
Louco por ela; louco para tocá-la; louco para sentir o corpo dela contra o seu, enquanto os lábios estavam colados numa combinação perfeita. Louco para tê-la completa e unicamente para si. Estava sendo egoísta ao pensar somente em suas vontades, sabia, mas estaria sendo muito arrogante se continuasse a entregar Gina de bandeja para Joe.
Sim, era exatamente isso que estava fazendo desde o momento em que percebera que a amava, concluiu, estava-a entregando de mãos beijadas para Joseph e não gostava disso. Não gostava nada disso. Não gostava de desistir de alguma coisa, sem antes ter lutado por ela.
E ele não havia, ainda, lutado para ter Gina para si. Tudo o que fizera fora roubar alguns beijos, mas isso não faria a ruiva clamar por seu nome assim que acordasse; não mesmo.
Não sabia como e quando, mas teria que reunir toda sua coragem para dizer a ela o que sentia; antes, é claro, de começar a realmente lutar para conquistá-la.
Conquistá-la, sim! Ela havia deixado mais do que claro que já não o amava mais e que somente correspondera aos seus beijos por diversão, nada mais.
Mas, pensou amargurado, naquele momento não poderia fazer absolutamente nada em relação a Gina.
Tudo o que tinha que fazer naquele momento, decidiu, era ir visitar Hagrid.
[hr]
Bocejando, coçou um dos olhos, enquanto saia de seu dormitório, lentamente.
Depois que passara na cozinha para comer alguma coisa, decidira que iria dormir um pouco antes de ir até a enfermaria, visitar Gina.
Mas o fato era que tudo o que conseguira fazer, fora tomar um banho quente e relaxante, colocar seu pijama e ficar deitada em sua cama, olhando para o teto branco, enquanto sua mente vagava por tudo o que acontecera a si desde que entrara em Hogwarts; desde que se tornara amiga da ruiva.
E pensar que no começo, pensara que sua amizade com ela seria como todas as outras que conseguira naquela escola; uma mera perda de tempo.
Mas a ruiva provara que não era isso que a sua amizade representava para ela. Não quando ela lhe ajudara a sair do fundo do poço onde ela própria havia se colocado.
Sim, senhor! Ela mesma havia se colocado naquele inferno que chamara de vida durante quase cinco anos de sua vida dentro daquele castelo.
Havia se fechado em seu próprio casulo; enfiado a cara nos livros e pouco se importado – no inicio – para aqueles que queriam se aproximar de si.
Mas, sabia, que parcela da culpa era de seu pai, que lhe fizera acreditar que todas as pessoas do mundo – menos ela própria e sua mãe – eram capazes de fazer maldades com quem estava ao seu arredor.
Seu pai lhe fizera crer que todas as pessoas só pensavam em matar, torturar e sentir prazer ao causar dor ao próximo.
Mas aí Gina, Melissa e Brian entraram na sua vida e lhes mostraram que ainda havia como ver o lado bom das piores situações que a vida colocava para cada um.
E – mesmo que odiasse admitir – Joe havia feito sua parte na tarefa de lhe mostrar que mesmo quando as pessoas que amamos nos decepcionam, temos que encarar de frente e de cabeça erguida, ver o lado lógico da coisa toda.
Suspirou e amaldiçoou mentalmente todos os santos que conhecia, enquanto descia as escadas que a levariam até o Salão Comunal. Aquele loiro folgado e aristocrata estava acabando com sua sanidade, afinal, era a segunda vez que pensava nele em forma positiva.
Talvez devesse tentar bloquear a imagem dele sorrindo que aparecia em frente aos seus olhos, sempre que os fechava; como se ele tivesse ali, na sua frente, sorrindo para si de forma desdenhosa ou irônica.
Bufando, olhou ao arredor assim que terminou de descer as escadas e viu, em um canto afastado do Salão, Hermione lendo algum livro particularmente grosso e empoeirado. Sorrindo, deixou a monitora ali e saiu do Salão Comunal, apressando o passo, de modo que logo se viu parada na frente da porta da enfermaria.
Puxando o ar com força, alisou a roupa, livrando-a das dobras invisíveis.
-Merlin... – resmungou num murmurou, enquanto jogava os cachos castanhos para trás dos ombros. – Porque eu to me ajeitando tanto? – completou para si mesma, antes de dar três batidas secas na porta e, sem esperar resposta, abriu a porta e entrou, fechando-a atrás de si.
O estado da enfermaria, concluiu, era lamentável.
Havia uma mesa postada em dos cantos da enfermaria, onde tinha uma cadeira posta em sua frente. Sobre a superfície lisa da mesa, havia um caldeirão de estanho sobre um pequeno sustento para que pudessem acender o fogo. Ao arredor do caldeirão havia vários frascos, alguns vazies e outros pela metade.
Ao lado do pé da mesa, havia uma pequena poça de sangue, onde era marcada por pequenos brilhos brancos, o que mostrava que havia vidro quebrado ali.
Correu os olhos para um dos lados, para onde estava a cama de Gina e o que viu, a fez segurar uma risadinha. A cena era patética, mas adorável.
Havia uma segunda cadeira na enfermaria, só que esta estava postada ao lado da cama da garota ruiva. Sentado nessa cadeira, estava Joe, que tinha um dos cotovelos apoiado na pequena mesa de cabeceira que havia ao lado da cama. O queixo estava apoiado na mão e o loiro estava adormecido. Os lábios firmes estavam entre abertos e o peito malhado subia e descia lentamente.
As vestes vermelhas de Wizard estavam amarrotadas; a blusa social tinha os cinco primeiros botões abertos, o que dava uma leve visão do peito dele. O sobretudo do uniforme estava jogado sobre o espaldar da cadeira e os cachos loiros estavam mais desgrenhados do que da última visão que Hillary tinha dele.
Sorrindo maldosa, a morena caminhou lentamente até onde o loiro estava; sabia que aquele não era o melhor momento para se ter uma vingança, mas seria interessante ver o feitiço virar contra o feiticeiro.
Parando ao lado da cadeira dele, tirou sua varinha do bolso e, murmurando um feitiço, fez com que uma pequena nuvem cinzenta pairasse sobre o irmão de Melissa e, logo após de um baixíssimo ronco, a nuvem começou a liberar tanta água digno de um temporal.
-Mas quem foi o filho da... – ele começou, entre uma engasgada e outra, enquanto se sobressaltava. Ergueu os olhos deparando-se com o sorriso maroto da morena. Cerrou os olhos. – Ah, Rivendell. – ele murmurou como se não sentisse a mínima empolgação ao vê-la. Fato que fez o sorriso dela aumentar.
-Watson. – ela murmurou numa resposta fria, enquanto ele lhe fuzilava com os olhos. Sacando a varinha, ele fez um gesto elegante com o pulso, que fez a nuvem sumir e, com outro gesto, se secou.
-Então, porque fez isso? – perguntou, mal humorado, ajeitando-se sobre a cadeira. Hillary fez uma expressão pensativa.
-Hum... Talvez porque você fez isso comigo no seu último dia aqui. – fez um gesto vago com a mão. – Não sei ao certo... – murmurou irônica e tudo o que recebeu em resposta foi um sorriso desdenhoso.
Joe levantou-se, mostrando que era uma cabeça mais alto que a morena e, inclinando levemente a cabeça para baixo, de modo que pudesse encará-la nos olhos, aumentou seu sorriso.
-Então, você é do tipo vingativa? – perguntou com a voz mais rouca que o normal, o que fez um arrepio subir pela espinha de Hillary. – Sabia que o estilo “menina má” não combina com você? – ela permitiu que uma risada escapasse por seus lábios.
-Sabia que o estilo “eu sou sedutor” não cai bem em um cara que quer ser médico? – ele riu de leve.
-Pode ser. – ele encolheu um único ombro, gesto que fez o ar se perder no caminho para os pulmões de Hillary.
Oh, Merlin! Será que ele não sabia que esse gesto o deixava arrogantemente irresistível? Será que ele não poderia perceber, naquele exato minuto que, por mais que ela negasse, ele mexia consigo de uma maneira que não entendia? Oh, Deus, daria tudo – por mais que nunca fosse admitir isso em voz alta – para sentir a textura daqueles lábios firmes, nem que fosse uma vez na sua vida. Daria tudo para poder estar no lugar de Gina.
O único problema, sua mula, é que ele daria tudo para Gina o amar e não você!
Puxando o ar com força, sorriu de modo superior, enquanto passava uma mão pelos cachos castanhos.
-Porque veio pra cá, Watson? – perguntou, um sorriso sarcástico aparecendo. – Para ver se aquela tática do beijinho funciona? – ele gargalhou com vontade ao ouvir isso.
Em um momento de ousadia, Joe ergueu uma mão e a pousou no lado esquerdo do rosto de Hillary, numa caricia. Um sorriso sedutor nos lábios.
Inclinando-se, aproximou seus lábios dos dela.
-Não. – ele murmurou, fazendo-a sentir o hálito febril chocar-se em seus lábios e o cheiro de menta invadir suas narinas. – Mas posso testá-la em você, já que você parece sem ar. – e antes mesmo que a morena pudesse registrar o que estava acontecendo, os lábios dele cobriram os seus.
Um arrepio passou por seu corpo, enquanto uma das mãos quentes dele pousavam em sua cintura, puxando-a de encontro ao corpo másculo, enquanto a outra mão segurava sua nuca, impedindo-a de fugir.
Seu coração batia apressado contra o seu peito, fazendo-a pensar que ele saltaria para fora do seu corpo.
Desajeitadamente – e hesitante – passou os braços ao arredor do pescoço dele, no mesmo instante em que a língua exigente pedia passagem, a qual ela cedeu sem nenhuma resistência.
As línguas se encontraram e iniciaram uma dança sensual.
A mão de Joe, que estava na nuca de Hillary, deslizaram pela coluna dela, fazendo-a sentir as pernas bambas e, para não cair, abraçou-o com mais força, fazendo seus corpos ficarem grudados.
Joe não sabia porque, mas o que era para ser somente um leve roçar de lábios, acabara virando uma necessidade de explorar a boca dela; de saber se os lábios eram tão macios quanto pareciam ser. Adoraria saber qual seria o gosto da boca dela e agora sabia; cereja.
Seu coração falhou um batimento, antes de voltar a bater descompassado.
E, oh, Deus, porque se sentia tão bem em tê-la em seus braços? Em tê-la, ali, devolvendo seu beijo?
Ah, mas quem se importava para seus malditos sentimentos? Ele com certeza não! Pelo menos, não enquanto tivesse os lábios da amiga de sua irmã sobre os seus. Não enquanto pudesse sentir a língua dela se enroscando na sua.
Os lábios se separaram brevemente, para que pudessem buscar ar, para logo em seguida voltarem a se unir.
E daí que estavam numa enfermaria? E daí se aquela minhoca incolor estava “ficando” com uma de suas melhores amigas?
Oh, Deus! Gina! Havia se esquecido completamente da amiga, mas... E daí? Tinha plena certeza de que a ruiva não se importaria para esse maldito beijo! E, Merlin, que beijo! Podia odiar – ou será que já não o odiava? – aquele loiro, mas tinha que admitir que estando ali, nos braços dele, não se importava com mais nada que acontecia ao seu arredor.
Podia até ser que, quando se separassem, desse um tapa nele, somente para ele não ficar convencido e achar que havia gostado!
Mas o seu momento “perfeito” não pôde durar muito; num gesto muito ousado, Joe achou uma brecha na sua blusa e esgueirou sua mão para dentro da blusa, tocando sua pele; deixando um rastro de fogo. Mas nem mesmo essas sensações podiam bloquear as imagens de seu pai lhe tocando na manhã anterior e isso a fez ficar rígida.
Fazendo um barulho com a garganta, espalmou suas mãos no peito dele e o empurrou, antes de olhá-lo, assustada.
Ofegante, ele lhe encarou, parecendo encabulado.
-Eu... – Hillary começou, também ofegante. – A gente... – olhou ao arredor, tentando achar alguma desculpa para seu repentino medo do toque dele.
-Qual o problema? – ele perguntou, entre uma puxada de ar e outra. – O que eu fiz de errado? – ele perguntou levemente receoso.
-Além de me beijar? – ela perguntou. – Nada. – puxou o ar com força, antes de ajeitar a blusa. – O problema sou eu... – abaixou a cabeça, odiando-se por não conseguir formular uma desculpa plausível.
-Você tem medo? – ele perguntou, após alguns breves minutos de silêncio constrangedor. Hillary ergueu a cabeça para encará-lo.
-Como? – ele deu um passo para frente, fazendo-a recuar. Ele olhou-a confuso.
-Eu perguntei se você tem medo. – ele repetiu, num sussurro.
-Medo do quê? – perguntou; sabia do que ele estava falando, mas não conseguia achar nenhuma desculpa para fazê-lo achar que ela somente não queria beijá-lo.
-De mim. – ele murmurou, como esse fato o machucasse profundamente, embora ele próprio não entendesse esse sentimento.
A morena engoliu em seco, antes de voltar a abaixar a cabeça; lágrimas invadiram seus olhos.
-Não é de você, mas ao mesmo tempo é. – murmurou. Apertou os olhos, fazendo as lágrimas escorrerem. – Eu tou tão confusa, merda. – murmurou, levando uma mão a testa, como se isso fosse fazer seus pensamentos se organizarem.
Joe olhou para seu cocuruto, esperando que ela continuasse, mas ela não o fez. Suspirando, ele se aproximou lentamente e, quando seus corpos estavam separados por alguns poucos centímetros, parou e, delicadamente, a fez erguer a cabeça, segurando-a pelo queixo.
Sentiu o coração se apertar ao ver o rosto dela lavado em lágrimas, as quais continuavam escorrer, mas mascarou isso com um leve sorriso de confiança.
Lentamente, limpou-as, antes de depositar um beijo carinhoso no espaço entre a bochecha e a boca.
-Eu não entendi nada do que você quis dizer. – ele murmurou, olhando-a nos olhos. – Mas adoraria poder te ajudar. – ele suspirou e desviou os olhos. – Eu sou um completou idiota. – a morena sorriu de canto.
-Eu sei. – ela murmurou, fazendo-o rir de leve.
-Então... – ele sussurrou, fazendo-a encará-lo. – Posso me considerar desculpado?
-Se você tivesse alguma culpa no cartório... – murmurou, deixando o resto da frase no ar. E, mesmo que não quisesse, as lágrimas voltaram a escorrer. – Merda. – praguejou, mas ele não permitiu que continuasse a falar. Abraçou-a, fazendo-a deitar a cabeça no seu ombro, enquanto acariciava os cachos castanhos.
Joe suspirou.
-Espero que um dia você me conte as coisas. – murmurou.
[hr]
-O Harry, definitivamente, está doente. – Rony resmungou, jogando-se no sofá, ao lado da namorada, que lia atentamente um livro de Poções.
-Porquê? O que ele fez dessa vez? – perguntou, sem desviar as íris das páginas amareladas. Rony bufou e, erguendo-se, parou na frente de Hermione. Colocou a mão na parte de cima do livro, puxando-o.
-Pare de ler essa coisa empoeirada por cinco minutos, sim? – resmungou, fechando o livro e colocando-o sobre a mesa mais próxima, antes de voltar a se sentar ao lado da monitora. – E o Harry ta doente por três motivos. – continuou. – Primeiro; não parou de se mexer a noite toda. – começou, enumerando nos dedos. – Segundo; quando ele levantou o sol estava nascendo. – olhou para a namorada e, colocando a mão na frente dos olhos dela, ergueu o terceiro dedo. – Terceiro; não ficou com ninguém nas últimas semanas.
Hermione sorriu pelo canto dos lábios, antes de dar um tapa leve na mão do ruivo, fazendo-o abaixá-la.
-Primeiro... – começou, imitando Rony, enumerando nos dedos. – O que tem demais o homem se mexer um pouquinho demais? – olhou para o namorado. – Segundo; se ele levantou antes do nascer do sol e você sabe disso, quer dizer que você estava acordado. Porquê? – e, colocando a mão na frente do rosto dele, ergueu o terceiro dedo. – E terceiro; porque para vocês homens é estranho quando um de vocês decide dar um tempo na vida amorosa? – Rony permitiu que uma gostosa gargalhada escapasse por sua garganta quando a namorada terminou.
-Respondendo suas perguntas... – ele murmurou, pegando a mão da morena e levando-a á altura dos seus lábios, depositou um beijo em sua palma. – O Harry dificilmente se mexe quando ta dormindo; eu não estava acordado, eu fui acordado por aquela almôndega queimada do seu melhor amigo; e nós não estranhamos quando um amigo dá um tempo na sua vida amorosa. Somente o estou fazendo porque é do Harry que estamos falando aqui, Mione. – ela ergueu uma sobrancelha em sarcasmo.
-Pode ser difícil para você aceitar, Rony, mas o fato é que o Harry, querendo ou não, está com todos os sintomas de alguém que está apaixonado. – Rony riu alto.
-O Harry? Apaixonado? – riu. – Por Merlin, Hermione, que drogas trouxas você andou usando? – fora a vez de ela rir.
-Ora, Rony... – ela sorriu e, sentando-se no colo do namorado, começou a explicar: - Os homens quando são galinhas e começam a ficar do jeito que o Harry está, tem um motivo. – inclinou-se, de modo que seus lábios roçaram no lóbulo da orelha dele. – E o nome desse motivo é; amor.
-Que sintomas? – perguntou, ignorando a onde de arrepios que estava passando por seu corpo. Hermione sorriu e ajeitou-se, de modo que pudesse deitar sua cabeça no ombro largo do namorado.
-Falta de sono; confusão; timidez em relação aos próprios sentimentos. – Rony a interrompeu com um leve engasgar. – O quê?
-O Harry sempre foi tímido em relação aos seus sentimentos, Mi. – ele murmurou. – Sempre tivemos que forçá-lo a falar deles, mesmo depois que ele decidiu curtir a vida amorosa. – completou, fazendo-a suspirar e endireitar a coluna.
-Sim, concordo. – murmurou, pensativa. – Porém, antes, quando o Harry percebia que não estávamos entendendo nada dos sentimentos dele quando ele decidia se abrir, ele explicava... Dessa última vez, no entanto... – fez uma breve pausa, para colocar os pensamentos em ordem e Rony esperou pacientemente, enquanto brincava com um dos cachos castanhos. – Ele estava muito confuso, Ron, e nós gostemos ou não, ele está perdidamente apaixonado por... – ela se calou. Quase dissera que Harry estava apaixonado por Gina, mas não tivera coragem de dizer isso a Rony. Não sabia como ele reagiria. – Por alguma garota... – continuou. – Mas parece que ele mesmo não compreende o que sente.
-E você acha que ele deveria falar com a gente?
-Acho. – deu de ombros. – Sei que não somos o exemplo perfeito de casal feliz... – o ruivo sorriu, concordando. – Mas... Eu não sei, Rony, o Harry é complexo demais para mim. – completou, balançando a cabeça, fazendo o namorado rir.
-Pois é... Harry é o enigma que faltava nas nossas vidas. – a morena permitiu que uma gostosa gargalhada escapasse por suas garganta.
-Isso foi muito maldoso, Ronald. – murmurou, fazendo-o sorrir malicioso.
-Sabia que o “Ronald” fica incrivelmente sexy quando você o pronuncia? – ela riu e concordou com um aceno de cabeça e Rony aproveitou a deixa para erguer as sobrancelhas em fingida surpresa. – E você é tão modesta! – completou, fazendo-a gargalhar mais uma vez.
-Merlin! Não estávamos falando do Harry? – perguntou risonha, mas deixando claro que pretendia chegar até o fim desse assunto. O ruivo sorriu e concordou com um aceno de cabeça.
-Quem você acha que é? –Hermione olhou para ele. Sabia do que Rony estava falando, mas não estava conseguindo pensar em nada para dizer. Sabia que se mentisse, o ruivo perceberia.
-Quem eu acho que é o quê?
-A pessoa por quem Harry ta apaixonado.
-Promete que não vai ficar bravo? – ele ergueu uma sobrancelha.
-Do jeito que você ta falando, dá a entender que não vai me agradar. – ela sorriu.
-E eu realmente acho que não vai. – deu de ombros, desviando o olhar para a janela do outro lado do Salão Comunal, de modo que podia observar um pequeno passaro que havia pousado no parapeito.
-Okay, fale quem é, antes que eu perca meu bom humor matinal. – Hermione riu de leve.
-Gina. – respondeu e observou o rosto do ruivo, para ver sua reação. Os olhos arregalaram-se, a boca abriu-se e o olhar tornou-se um de choque.
-Gina? – ele repetiu, incrédulo. Hermione concordou com um aceno de cabeça. – Você só pode estar tirando uma da minha cara. – ele completou, com um fio de voz. A morena deu de ombros.
-Eu sabia que você não ia gostar. – comentou, com fingido descaso. Levantando-se, caminhou até a mesa, pegou seu livro e voltou a sentar-se ao lado de Rony no sofá, enquanto voltava a ler.
-Eu odiei, Mione. – ele resmungou, olhando a namorada pelo canto dos olhos. – O Harry deveria saber que é mancada pegar a irmã mais nova do melhor amigo. – Hermione ergueu lentamente os olhos para olhar para o namorado; uma expressão de descrença.
-Mancada? – ela repetiu, abaixando o livro sobre suas pernas, ainda descrente. – Ele deve saber disso. – concluiu, dando de ombros. – Já que ele não nos disse diretamente o que pensa sobre a Gina. Vai ver ele está esperando você jogá-lo em cima da Gina, assim como o jogou em cima da Amanda. – concluiu, voltando a ler.
-Eu não o joguei em cima da Amanda. – contrapôs, ficando ereto. – Eu sugeri que ele ficasse com ela no passeio. E eu nunca iria jogar um galinha safado para cima da minha irmã! – completou.
-Sua delicadeza para termos para seu melhor amigo é algo tocante. – ela resmungou, fechando o livro em um estrondo. – Rony... Você vai ter que colocar uma coisa nessa sua cabeça de fogo. – ele fechou a cara.
-O quê?
-Que se o Harry conseguir conquistar a Gina, eles vão ficar juntos e você não vai fazer nada para impedir isso! – Rony gargalhou.
-Você ta de brincadeira, não é? – perguntou, parando de rir e ficando sério. – Nunca que eu vou permitir que um galinha fique com a minha irmã. – fora a vez de Hermione fechar a cara.
Ela ajoelhou-se sobre o assento fofo do sofá e apontou um dedo em riste para o rosto mal humorado do namorado.
-Ele é seu melhor amigo; ela é sua irmã. – murmurou perigosamente. – O mínimo que poderíamos esperar de você é que você queira que eles sejam felizes. E depois, se eles quiserem ficar juntos, você não vai fazer absolutamente nada para impedir, porque se eu ficar sabendo que você tentou impedir, eu juro que acabo com a sua raça.
-E o que você vai fazer? Me dar uma livrada na cabeça? – ele ironizou e ela cerrou os olhos.
-Não. – murmurou perigosamente, aproximando seu rosto do dele. – Termino nosso namoro.
-VOCÊ O QUÊ? – ele gritou, erguendo-se em um pulo. Hermione levantou-se e inclinou levemente a cabeça para poder olhá-lo nos olhos.
-É isso aí que você ouviu. – ele olhou-a, incrédulo.
Rony ficou olhando-a em silêncio, incrédulo demais para conseguir pensar em algo inteligente para se responder. A face séria da namorada e as mãos nos quadris deixavam claro que ela estava falando sério.
-Você não teria coragem. – murmurou, na falta de outra coisa para falar. Ela sorriu de canto.
-Experimente impedir, então. – ela finalizou.
Rony piscou algumas vezes, tentando absolver a informação. E isso estava sendo mais devagar do que ele próprio poderia esperar.
-E você vai fazer isso somente porque o Harry deu, literalmente, um empurrão em mim para que a gente ficasse junto? – e era nisso que ele queria acreditar; sabia que a única saída que Harry achara para obrigá-lo a ficar com Hermione foi patética, mas havia funcionado. Mas será que Hermione ia fazer o mesmo? Colocar suas lindas mãos nas costas de Gina e empurrá-la, fazendo a boca da sua irmã ir cobrir diretamente a de Harry em um beijo... Caliente?
Oh, Merlin! Não! Sua doce Hermione era inocente demais para fazer isso!
Inocente? Ela costumava ser antes de ficar com você, seu imbecil! , sua mente gritou.
-Pode ser que eu faça isso. – ela resmungou, tirando-o de seu devaneio. – Como pode ser que não faça! – sorriu. – Isso vai depender de a que passo aqueles dois vão andar daqui pra frente.
-Isso, você quer dizer, considerando que minha irmã saia saltitando da enfermaria. – ele resmungou, lembrando-se do fato que mais temera desde que acordara; o estado de saúde da irmã.
-Eu não estou considerando nada, porque tenho certeza de que vão dar um jeito de trazer a Gina de volta. – ela resmungou, percebendo que o animo do namorado caíra consideravelmente. Ele lhe sorriu agradecido.
-Que tal deixarmos a discussão sobre o Harry e a Gina pra mais tarde e irmos até a enfermaria, antes do café? – ele perguntou, fazendo-a sorrir e concordar com um aceno de cabeça.
-Vamos. – e, de mãos dadas, eles caminharam lentamente até a enfermaria.
[hr]
Bocejando pela enésima vez naquela três horas que havia levantado, apoiou um cotovelo sobre a superfície lisa e lustrosa da longa mesa da Grifinória . Descansou o queixo na palma, enquanto, com a outra mão, mexia a colher dentro do mingau, numa brincadeira com a comida; brincadeira a qual não acabaria tão cedo.
Havia ficado na casa de Hagrid durante boa parte do inicio da manhã, de modo que somente chegara para o café da manhã quando faltava somente meia hora para este acabar.
Depois que saíra da cabana do meio gigante, havia perdido alguns minutos caminhando pelos jardins, mal notando os risinhos das garotas quando passava.
Suspirou pesadamente, tirou os olhos de seu mingau, erguendo-os de uma maneira que pudesse olhar a outra ponta da mesa da casa dos leões; Brian e Melissa estavam sentados um de frente para o outro, comendo lentamente.
Suspirando novamente, voltou a admirar seu mingau no mesmo instante em que Rony e Hermione sentavam-se do outro lado da mesa; de frente à Harry.
-Bom-Dia, Harry. – Hermione desejou, enquanto servia-se de ovos e salsichas.
-É...’Dia. – murmurou desanimado, sem olhar para a amiga, que trocou um breve olhar de preocupação com Rony, que começou a se servir de suco de abóbora, enquanto falava:
-Então, Harry... – tomou um breve gole de seu suco, antes de pegar uma torrada. – Onde você foi, que se levantou tão cedo?
O moreno suspirou pesadamente, dando de ombros.
-Fiquei por aí. – ajeitou-se sobre a cadeira, mas ainda assim não comeu. – Fiz uma visita à Hagrid e depois vim pra cá. – voltou a dar de ombros como que dizendo que, naquele momento, isso era tudo o que conseguia fazer de interessante.
Suspirando pesadamente novamente, empurrou a tigela com o mingau pra longe da borda da mesa e cruzou os braços sobre a superfície, apoiando o queixo nele, enquanto observava atentamente Hermione esticar levemente o pescoço e olhar para dentro de sua tigela, antes de franzir o cenho.
-Você não comeu. – ela murmurou simplesmente, antes de colocar um pedaço de salsicha na boca, lançando-lhe um olhar de preocupação.
Harry encolheu os ombros da maneira que pôde, como que dizendo que não estava preocupado com isso.
-Estou sem fome, Hermione. – murmurou, mal humorado, quando viu a amiga fazer menção de lhe repreender. A morena somente lhe lançou um olhar de repreensão, antes de começar uma conversa sobre as aulas que teriam no dia seguinte.
Harry revirou os olhos e enterrou o rosto nos braços cruzados. Não sabia por quanto tempo havia ficado assim, e nem estava a fim de descobrir, somente sabia que estava quase pegando no sono, mas não havia como ele ignorar o fato de que Hermione encerrara seu monologo abruptamente, no mesmo instante em que o barulho de alguém se sentado com empolgação na cadeira ao lado da de Harry soava.
Bocejando, ergueu a cabeça, somente para deparar-se com o sorriso enjoativo de Cho Chang. Bufou.
-Você está bem, Harry, querido? – ela perguntou, no que ele a fuzilou com os olhos.
-Eu estava ótimo até você chegar. – resmungou, mas ela ainda parecia incapaz de perceber que tudo o que ele queria era fazê-la perceber que não a queria por perto, já que ela gargalhou como se o moreno houvesse contado alguma piada.
-Não sei porque você diz essas coisas, querido. – ela respondeu, pousando uma de suas mãos em um dos ombros de Harry, fazendo uma leve massagem. – Eu sei que tudo o que você quer é dizer que me ama loucamente. – após essas palavras, Rony se engasgou com as torradas e Hermione transformou um acesso de gargalhadas em uma crise de tosse.
Era como se o peso da noite passada em claro e de todo o esgotamento físico de Harry decidissem pesar o dobro após aquela piada. Sim, era isso que considerava tudo o que a oriental lhe falava; meras piadas sem graças e infames. Cerrando os olhos, ajeitou o corpo, deixando a coluna ereta. As íris verdes brilhavam com tanto ódio que fez a crise de riso do casal de amigos a sua frente simplesmente morrer, enquanto ambos encolhiam-se levemente contra o espaldar da cadeira.
Aproximou seu rosto perigosamente do da oriental, que continuava sorrindo. Provavelmente achando que ele a beijaria, conclui malicioso. Grande idiota ela era.
-Olha, Chang... – murmurou, sua voz saindo rouca e desdenhosa. – Preste muita atenção, porque só vou te falar isso uma única vez. – aproximou mais ainda seus rostos, fazendo os narizes se roçarem. – Eu te odeio. – murmurou, sua voz saindo mais desdenhosa ainda. – Você não vale nem o pão que o Diabo amassou, então, sua japonesa folgada, suma da minha frente antes que eu me veja no direito de dar um soco no meio dessa sua cara amassada. – Chang bufou.
-Eu já disse que não sou japonesa. – murmurou, contrariada. – Sou chinesa, querido, chinesa. – o ódio nas íris de Harry aumentaram tanto que Rony e Hermione chegaram a cogitar a possibilidade de escorregar para baixo da mesa e somente sair de lá quando o moreno se acalmasse.
-Estou pouco me lixando se você é japonesa, chinesa, alemã, italiana ou o que quer que o valha. – respondeu. Sua voz saindo tão fria, que finalmente fez a oriental se encolher sobre a cadeira. – O fato é que eu não agüento mais ver essa sua cara feia e ouvir essa sua voz de gralha, então, SUMA DA MINHA VIDA ANTES QUE ME DÊ A LOUCA E EU TE MATE. – berrou, fazendo o silêncio cair imediatamente sobre o salão e todos os alunos olharem para eles.
Os olhos de Cho estavam arregalados.
-Mas... – começou, mas ele levantou-se abruptamente, olhando-a com desprezo.
-Meu recado está dado. – murmurou, por fim, antes de pôr as mãos nos bolsos e sair do Salão tão rápido quanto um raio.
[hr]
Aquela manhã de terça feira terminava lentamente e isso fazia com que a tensão no cômodo aumentasse gradativamente.
Nunca pensara que sua garota pudesse ter uma família tão grande, mas isso também estava fora de cogitação, pensou mal humorado consigo mesmo.
Talvez a tensão o estivesse fazendo pensar em coisas absurdas enquanto esperava o tempo passar, de modo que poderia saber se a sua poção havia ou não funcionado.
E pelo olhar que a mãe de Gina lhe lançava, conclui, ele seria o próximo a ser morto se a poção não funcionasse.
Molhando os lábios com a pontinha da língua, puxou uma cadeira e sentou-se ao contrario nela, cruzando os braços no alto do espaldar, enquanto analisava atentamente as caretas que a ruiva inconsciente fazia.
Finalmente as quarenta e cinco horas havia passando e ali estava ele, esperando para ver se a coisa iria andar ao passo que ele queria.
Viu que a um canto estava o segundo irmão mais novo da família, Rony, encostado em uma parede, com os braços cruzados sobre o peito e o olhar perdido em algum ponto da paisagem que a janela dava ao ruivo.
Suspirando, pousou o queixo nos braços e olhou para o chão, esperando pacientemente que o tempo passasse.
Mas era como se o relógio brincasse com as pessoas, pensou, quando se quer que a hora passe rápido, isto demora a acontecer e quando quer que demore, a hora passa rápido, num piscar de olhos.
E, para sua felicidade – ou não -, no minuto seguinte todos os pensamentos que não estivessem relacionados a Gina foram varridos para fora de sua mente, já que um pequeno grito de dor escapou pelos lábios arroxeados de Gina, fazendo Joe levantar-se em um salto, derrubar a cadeira, parando ao lado da cama da ruiva, olhando-a atentamente, sua varinha já estava sacada e fazendo algum feitiço, que circulava o corpo dela todo; logo, pequenas letras em latim começaram a sair das luzes, subindo de modo que Joe pudesse ler que o que Gina tinha era apenas uma pequena reação alérgica á um dos ingredientes. Nada que fosse relevante, concluiu satisfeito.
Mas para seu completo desespero, passando alguns poucos segundos após o grito, a ruiva começara a ter convulsões.
-Pelas barbas de Merlin! – exclamou, perplexo. Seja lá o que fosse, aquela maldita reação alérgica não estava tomando o rumo que ele previra.
-O que está acontecendo? – a voz temerosa e chorosa da senhora Weasley ecoou ao fundo de sua mente.
-Eu não sei. – murmurou, ainda não podendo acreditar no que estava acontecendo.
Cambaleou alguns passos pra trás, enquanto sua varinha estava apontada para o chão; seus olhos miravam fixamente Gina; os lábios estavam entreabertos e a mente trabalhava numa velocidade incrível, tentando achar alguma solução.
Mas foi poupado de tentar achar alguma solução, pois, tão rápido havia começo, as convulsões havia terminado.
Engolindo em seco e ofegando, Joe deu um passo a frente, temeroso e olhou para o rosto de Gina; continuava igual. Mordiscando o lábio inferior, levou a mão lentamente até o pescoço da ruiva e, suspirando aliviado, sentiu a pulsação do sangue passando apressando.
-Está viva. – murmurou, cerrando os olhos, analisando atentamente a face da garota. – Mas porque não acorda? – perguntou para si mesmo num murmúrio, mas suas preocupações acabaram-se quando uma pequena tosse rouca e seca escapou da garganta de Gina, que lentamente abriu os olhos, parecendo perdida.
-Joe? – perguntou, confusa, a voz fraca. E, quando ela finalmente lembrou-se do que havia acontecido, sentou-se de supetão na cama, olhando ao arredor. – Pai? Mãe? – murmurou, surpresa por ver toda a família ali.
Joe sorriu de canto.
-Bem vinda de volta. – ele murmurou.
Continua...
N/A: Aí está mais um capítulo, concluído em tempo Record! XD
Mas não pensem que vão ter essa mordomia pelo resto do ano, não senhores – e senhoras! ^-^
Bom, galerinha, o que acharam do capítulo? Gostaram? Podia ser melhor? Ou não tem como ficar melhor? XD~~
Seguinte, pequenos; a titia aqui... Ah, certo, eu já sei que vocês já sabem – só por esse começo – que aí vem noticia ruim. E vem mesmo! =P
É o seguinte, povinho... Esse, para a minha grande infelicidade, é meu ultimo fim de semana de férias! Oh, sim! A tortura vai começar again! x.x’
E olha só que SUPIMPA – sim, fui irônica -; eu estou preste a bomba, sendo que estamos na metade do ano. E sabem o que isso significa? Sabem? É claro que sim! Vocês são inteligentes! Isso significa que meu tempo para escrever está diminuído à fins de semanas e algumas horinhas que eu vou ver se consigo achar no meio dessa loucura a qual, tenho certeza, a maioria conhece.
Se eu vou desistir da fic? Mas nem que as vacas criem assas e fiquem rosas! Eu vou escrever. A coisa vai andar mais devagar, é verdade, mas ainda assim vai sair.
E só para deixá-los avisados: a partir do próximo capítulo, EU NÃO VOU RESPONDER MAIS COMENTARIOS DO TIPO: Oi! Sua fic ta legal! Faz o Harry ficar com a Gina logo! Tchau!
NEM ADIANTA FALAR QUE EU IGNOREI, PORQUE EU MAL VOU TER TEMPO PRA MIM, QUANTO MAIS PARA RESPONDER COMENTARIOS, DIGAMOS, DESNECESSARIOS! U.U
Espero ter sido clara, e desculpem se fui grossa! i.i’
E mais uma coisa, não é para todos, mas que já fiquem avisados: não quero saber de spoilers nos comentários! Nada de falar o que acontece! Eu já sei muito bem o tem de legal e de ruim no livro seis, sei quem morre, quem mata, quem o Harry beija e bla bla bla bla... Mas há quem não sabe e quer manter o mistério, então, pessoal, por favor, NADA DE SPOILER! Se houver mais algum nos comentários, juro que vou esquecer a educação que minha boa mãe me deu e vou dar uma de Gina com a pessoa que fizer isso! Okay!?
Agora chega de tanta ladainha e vamos às respostas:
Mari: Pronto, não matei a Gina!^^ Ai, que crueldade! Matar o Harry? Mas ele é meu personagem macho preferido! i.i
Seria muito legal se o colégio todo soubesse o que, exatamente?
Ahnm... Eram quatro da matina quando você leu? (espia a hora de recebimento de alerta no Outlook) porcaria de programa! x.x
Bom, espero que tenha gostado do capítulo! XD
Beijos.
Srta. Wheezy: O capítulo todinho estava ótimo? Que bom!^^
Ah, eu sabia que ia ter alguma flor de maracujá que ia ficar rindo do “Quem é a louca?; -Tua sogra!”
Sim! Trinta e nove comentários! E realmente, quem pode, pode, quem não pode se sacode! XD *besta*
Lovo-te
Beijos.
Carol Malfoy Potter: Sim! Agora sabemos exatamente quem!^^
Agora você já sabe se ela vai viver ou não! XD
Não sei quantos capítulos faltam até o fim! =[
Beijos.
Aline Granger: Ah, não esquece de me dizer se foi ou não cientificamente comprovado! Ah, veja bem... Eu quero trabalhar na área de Direitos e meu jeitinho de ser é somente acreditar no que há provas de existência! XD
Não duvidar muito se funciona? Pode deixar! XD
Beijos.
Angel: Não, a querida autora não preparou a sepultura da Gina, senão estaria preparando a própria, não? XD
Que bom que gostou do capítulo anterior!^^
E de nada por ter respondido a sua duvida! =]
Beijos.
Catarina: Bom, agora eu já deixei vocês sabendo como a Gina ficou depois da poção! ^-^
Eu tenho muita criatividade? (olha para o próprio cérebro totalmente espremido a um canto) Se você diz!^^
Beijos.
Miaka: Sim! Joe tem que ter um bom psicológico se quiser ser medico! A Molly não será a última mãe a tentar culpá-lo por tudo! XD
Harry é um tapado que merece sofrer! XD
Poção deu certo... Com um pequeno problema de convulsões, mas deu certo!XD
Beijos.
Suki: Sim, tudo bem que o Joe é lindo, mas e a... Gina? Tia, não da pra eu colocar o ponto de vista de uma pessoa inconsciente! XD
E aí? O capítulo falou somente das quarenta e cinco horas ou eu enrolei bem vocês?XD
Beijos.
Loli Black: Capítulo anterior muito bem escrito? Eu achei que o melodrama de novela mexicana – nada contra mexicanos, já que de acordo com a minha amiga eu vou casar com um u.u – estava repetitivo demais.
Bom, Gina VIVEU! ^^
Aranhas? Sorry, essa fobia é do Rony! XD
Meu drama dá agonia? Então não leia a one-short angust/drama que eu postei esses dias. Eu mesma chorei escrevendo! i.i
Beijos.
Virgin Potter: Muito bom? *.*
Verdade! O que seria das fics sem o suspense?XD
Bom, aí está a conformação de Harry e a reação do Rony e da Hermione!^-^ Espero que tenha gostado.
Não! A imbecil não desiste! E atacou novamente! Se bem que... Eu não resisto! Eu tenho que colocar ela pra estragar tudo!XD
Poção do Joe: só tira do coma, cura para a doença totalmente diferente e vai ser tratada mais pra frente.
Beijos.
Pekena: Hum... Sobre essas palavras... Eu concordo que estou usando muito. Isso que dá só ler livros da Julie Garwood! x.x’ Mas, enfim... ABAFA! XD
Qual o problema com o meu “si”? i.i Eu gosto dele! i.i
Nhá, pode ficar sussa! Amo quando apontam meus erros!^^
Beijos.
Luks Gra 7: Sim, adoro deixar vocês curiosos!
Não, não li, mas como você pôde ver na minha N/A já sei o que acontece!^^
Beijos.
Tayane: Fico feliz que tenha gostado do capítulo anterior e que goste das minhas outras fics! =]
Beijos.
Kirina-Li: Você é louca e minha fic ótima? Sou obrigada a concordar?XD
Você é o braço direito do Voldinhu? Uia só que coisa... Eu sou o esquerdo! XD
Beijos.
=): Olha... Nada pessoal, mas eu já falei sobre os spoilers do sexto livro certo? Dessa vez tudo bem, mas, por favor, não faça de novo!
Beijos.
Juli-Chan: Aposta o que no Harry?XD
Remédio mirabolante? O Harry? UHAUHAUHAU XD~~ Desculpa, não resisti! XD
Beijos.
Carol: Fico feliz que tenha gostado do capítulo anterior!^^
Sim! Completamente lindo e inútil ele falar que a ama quando ela ta inconsciente!
Com certeza! Era uma vez Joe se ele deixa escapar isso na frente da Gina! XD
Você mora em São Paulo? Ih, fud....
Beijos.
Lan Potter: Nem precisava se desculpar! Errar é normal!^^
Mas me diga: porque você não quer que o Harry fique com a Gina? ^^
Beijos.
Gina Potter Weasley: Que bom que ficou ótimo!^^
Beijos.
Nick Malfoy: Ah, certo!^^
É style o Joe brigando com a Molly? xD~~
Só faltou a cena pastelão de novela mexicana, né? Bah, tenho que começar a fazer isso... Ao que tudo indica haverá um mexicano no meu caminho! XD Vou ter que começar a gostar de um draminha! XD
Sim! Um Clássico! Viver ou Morrer? Eis a questão! XD
Beijos.
Kah: Karine Aparecida da Silva! NUNCA MAIS ME CHAME DE CABEÇUDA, OUVIU? U.U
Anã folgada tudo bem, porque eu sou mesmo! XD
Kah, tu é retardada?XD A Gina babar em pleno drama? Tu é louca?XD
Bom, Kah... Amor... Você sabe que eu te amo né? (lê o comentário e gira os olhos) Tou com preguiça de responder ao seu texto! XD~~
Lovo-te
Beijos.
Estrela Hoshi: Olá! =]
Como assim “muito lindo eles pensando separadamente”? (o sono afeta meu raciocínio, definitivamente)
Ah, eu pago um pau pra um galinha gostoso chorando por uma garota! *.*
Ah, eu tou lendo uma tradução meia boca do livro! XD
Se eu tenho parentesco com a Jk? Sabe que eu não sei? XD Vou pedir um teste de DNA e se eu for parente, tento arranca umas bolada dela! XD
Lerdo, lindo e gostoso herói clichê? UAHUAHU AMEI ESSA! XD
Beijos.
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