Capítulo 21
Capítulo 21
O sol se punha lentamente, fazendo a Ala Hospitalar adquirir um tom alaranjado.
Uma leve brisa de fim de primavera fazia com que as árvores da Floresta Proibida balançassem levemente; as cortinas brancas da Enfermaria esvoaçavam, trazendo consigo o leve cheiro doce das flores.
Os pássaros piavam animados, enquanto alguns alunos andavam pelo jardim; conversando, rindo.
Eles agiam como se o povoado mais próximo de Hogwarts não houvesse sido atacado naquele mesmo dia; como se muitas pessoas não houvessem se machucado.
Como se não houvesse uma aluna a beira da morte na Enfermaria do colégio. Como se o ar que havia naquele cômodo do grande castelo não fosse cheio de tensão; medo; susto. Desespero. Como se Joe não estivesse tentando salvar a vida de alguém.
Como se esse alguém não fosse a pessoa que mais amava; como se ele não estivesse frustrado por não conseguir salvá-la com nenhum dos contra feitiços que conhecia e que sabia que poderiam ajudar alguém que estivesse no lugar dela.
Não sabia mais o que fazer ou o que pensar sobre aquilo tudo; a vida de Gina escapava como areia entre os seus dedos. Não sabia se teria tempo o suficiente para fazer o que tinha em mente; não sabia nem se iria dar certo.
Suspirando, passou uma mão pelos cabelos, deixando-os bagunçados, antes de guardar a varinha no bolso e sair de trás das cortinas, somente para constatar que todos os alunos – menos sua irmã e o amigo dela - já haviam sido liberados.
Melissa e Brian estavam sentados um de frente para o outro, as pernas cruzadas em pernas de índio e cobertas por um fino cobertor branco, enquanto entre eles havia um tabuleiro de xadrez bruxo; Melissa analisava a situação do jogo com atenção, tentando tirar sua rainha do xeque.
Sabia que os dois não estavam tão tranqüilos quanto aparentavam, mas aquela era a maneira deles de se distraírem e de não ficarem remoendo o tempo todo os problemas que havia ao seu arredor.
Suspirou ruidosamente, o que chamou a atenção dos outros dois, que o olharam com as íris brilhando em expectativa.
-E aí? Como ela ta? – Melissa perguntou, recostando-se na mesa de cabeceira e encarando o irmão com intensidade, fazendo-o sentir que ela era capaz de ler sua alma.
Molhou os lábios com a pontinha da língua.
-Na mesma. – murmurou, entre um suspiro. – Vou ter que apelar. – deu de ombros, fingindo descaso.
Brian suspirou e eles ficaram em silêncio por alguns poucos minutos.
-Posso fazer uma pergunta que não tem nada a ver com o assunto? – o moreno perguntou para o cunhado, que ergueu uma sobrancelha em confusão, mas que concordou com um aceno de cabeça. – Como você chegou até aqui tão rápido?
O loiro sorriu, enquanto ia sentar-se ao lado da irmã na cama e, sorrindo matreiro, pegou a rainha da irmã e a colocou na direção do rei de Brian, que bufou, enquanto Melissa abafava as risadas.
-Xeque Mate! – o loiro exclamou, com fingida empolgação e triunfo.
-Muito engraçado. – Brian resmungou, fazendo o loiro dar de ombros. – Mas voltando a minha pergunta. – Joe puxou o ar com força, antes de sorrir de canto, enquanto passava um braço sobre os ombros de Melissa.
-Bom... Chave de portal me ajudou bastante. – fez um gesto impaciente com a mão que estava livre. – Mas quando cheguei ao Transportal, somente havia chaves pra cá para dali uma hora. – seu sorriso aumentou. – E como eu não queria e não podia ficar esperando essa hora passar, eu comprei a passagem, fui até a estação onde estava a chave que seria dali cinco minutos e troquei de lugar com um otário qualquer.
O casal de namorados não teve como não rir, mas as risadas morreram logo em seguida quando a porta da Enfermaria foi aberta bruscamente – causando um estrondo que Joe achava que foi ouvido por todo o castelo - por uma mulher gordinha e baixinha, cujos cachos ruivos caiam em desalinho pelo rosto redondo e lavado em lágrimas. Um homem alto, ruivo, onde tinha uma parte dos cabelos faltando entrou logo atrás; os olhos inchados e vermelhos mostravam que ele havia chorado a pouco tempo.
-Onde está o meu bebê? – a mulher perguntou, no instante em que Melissa erguia-se em um pulo e caminhava até ela.
-Senhora Weasley? – chamou com a voz fraca e hesitante, fazendo a matriarca olhá-la.
-Oh, querida, como você está? – ela perguntou, caminhando até Melissa e a abraçando apertado; nesse momento a loira deu razão a Gina ao dizer que Molly possuía um abraço de quebrar as costelas e tirar o fôlego. Aquele barulho era da sua costela se partindo?
-Eu estou bem. – sorriu de leve. – Senhor Weasley. – murmurou para o homem, que acenou com a cabeça.
-Como está minha Gina? – Molly perguntou. Joe olhou para Brian, confuso.
-Quem é a louca? – perguntou num murmúrio, fazendo o moreno rir de leve.
-Tua sogra. – respondeu e Joe concordou com um aceno de cabeça, sentindo a nuca aquecer, no que sabia que ficaria sem jeito de ir falar com a mulher naquele instante, lembrando-se que a chamara de louca.
-A Gina... – Melissa pigarreou, enquanto Joe levantava-se e caminhava lentamente até a sala da Madame Pomfrey; iria precisar de algumas coisas em especial para poder ajudar Gina e tinha certeza que a enfermeira as possuía. – Bom, a ruiva... Ta na mesma. – completou, mas parecia que essas não eram as palavras certas para se dizer, uma vez que a matriarca dos Weasley’s começava a chorar compulsivamente.
Melissa abriu e fechou a boca várias vezes seguidas, sem saber o que fazer ou falar, mas foi poupada de tentar acalmar a mãe de sua melhor amiga, pelo Sr. Weasley, que abraçou a velha ruiva.
Puxando o ar com força e evitando olhar para os senhores Weasley’s – como se isso fosse fazê-los achar que ela era a culpada por tudo aquilo -, Melissa caminhou lentamente até onde o namorado estava, sentando-se ao lado dele.
-Será que o Joe consegue? – perguntou num murmurou, as lágrimas querendo voltar, fazendo seus olhos arderem. O moreno balançou a cabeça de um lado para o outro.
-Não sei. – murmurou, abraçando a namorada, enquanto eles olhavam Molly parar de chorar aos poucos, mesmo que as lágrimas não parassem de encher os olhos dela.
Seria duro vê-la sofrer, mas sabiam que Joe tinha alguma coisa em mente, a qual era quase certeza que daria certo.
Ou assim esperavam.
[hr]
Passando uma mão pelos longos cachos castanhos, continuou admirando o efeito que o pôr do sol fazia sobre as águas límpidas do lago.
Por mais que tentasse se distrair, havia duas coisas que não saiam de sua cabeça: o estado de saúde de Gina e o que seu pai fizera a si naquele dia de manhã.
Apesar de querer, realmente, fazer o pensamento ficar somente na amiga, não conseguia; não conseguia nem ao menos pensar nela por mais de meio minuto.
Não conseguia parar de perguntar-se o porque de seu pai ser um monstro; não conseguia parar de tentar imaginar como seria se Brian tivesse o matado, caso o filho duma mãe não houvesse fugido. Como sempre fazia. Senhor; seu pai era um covarde e não conseguia entender como ele pertencera a Grifinória.
Não conseguia parar de sentir-se suja; humilhada; odiada; um verme.
Céus. Porque sua vida tinha que ser um inferno quando seu pai estava no mesmo cômodo que si? Porque ele tinha que ser uma pessoa tão fria a ponto de abusar da própria filha. Sangue do seu sangue.
Passou as mãos pelo rosto abatido.
Não conseguia acreditar que aquele verme - que tinha a infelicidade de ter como pai - havia voltado para a Inglaterra; o Ministério inglês havia o dado como assassinado por Comensais há quatro anos, quando o velho fora acusado de traição em ambos os lados – Comensais e Ministério.
Mas era dessa maneira que ele ia ficar para si, pelo resto de sua vida; morto. Morto e enterrado a sete palmos a baixo da terra.
Às vezes, perguntava-se como sua mãe havia conseguido se apaixonar por um homem tão... Asqueroso; possessivo; nojento; cretino.
Não sabia nem como conseguira chamá-lo de pai por todos esses anos, quando tudo o que ele fizera fora lhe bater; violentar; humilhar; ferir; menosprezar; fazer sentir-se um vermezinho, o qual qualquer um poderia pisar e humilhar quando bem entendesse.
Uma lágrima escorreu por seu rosto, no mesmo instante em que o sol terminava de se pôr.
O silêncio que havia ao seu arredor era algo aconchegante, que lhe fazia ter certeza de que os alunos já haviam entrado no castelo para jantar.
Mas não sentia fome. Somente queria ficar ali, observando a lua e as estrelas aparecerem aos poucos, no silêncio; na paz que conseguira encontrar em si mesma naquele momento.
Sabia que o barulho de vários alunos conversando e rindo, enquanto comiam, não era o que precisava naquele momento. Não precisava de companhia naquele instante e agradecia por poder ficar sozinha nos jardins, enquanto era banhada pela luz prata da lua; acariciada pela brisa fresca, que trazia consigo o cheiro doce das flores, que desabrochavam.
Quem sabe conseguisse esquecer um pouco tudo o que acontecera consigo; quem sabe.
[hr]
Suspirando pesadamente, levantou-se de sua cama e caminhou lentamente até o parapeito da janela do seu dormitório e sentou-se nele, de modo que pudesse observar a lua cheia, sendo cercada por milhões de estrelas.
Abraçou os próprios joelhos, apoiando o queixo nesses e fechou os olhos, de modo que pudesse sentir a brisa fresca do inicio da noite brincar com seus cabelos.
Admitia que estava desesperado, triste e sentindo-se o pior ser do mundo, mas não queria se livrar daquela vontade de chorar. Não queria chorar por Gina; pela única garota que conseguira lhe fazer sentir o verdadeiro sentimento de amor.
A única que conseguira fazê-lo perder a vontade de se divertir; de curtir sua vida.
Mas não teve como controlar; uma lágrima escorreu solitária por seu rosto.
Céus. Como gostaria de poder trocar de lugar com Gina, como gostaria de poder dar sua vida para que ela pudesse continuar viva.
Mas sabia que não iria conseguir fazer isso; riu sem humor. Era um inútil.
Somente o senhor perfeição Watson conseguiria fazer isso e sabia que naquele instante o loiro estava ao lado da cama de Gina, fazendo alguma coisa que a fizesse acordar.
E sabia melhor ainda, que logo que Gina acordasse, essa iria para os braços do loiro, lhe deixando ali; sofrendo.
Senhor. Nunca desejara tanto uma garota quanto a desejava. Nunca ansiara por poder tocar os lábios de alguma garota quanto ansiava fazer com ela. Nunca desejara tanto a companhia de alguém como queria a dela.
Mais uma lágrima.
Queria-a para si; queria poder protegê-la. Queria amá-la.
Mas sabia que não podia e nem iria tê-la, porque ela era de outro. Sabia que logo que aprendera amá-la, teria que aprender a esquecê-la. A tirá-la de seu coração de modo que ela nunca mais pudesse voltar; nunca mais pudesse lhe assombrar como estava fazendo naquele momento.
Outra lágrima.
Se pudesse voltar no tempo, impediria que a ruiva fosse para Los Angeles. Sabia que tudo o que estava acontecendo agora começara na cidade dos anjos.
Se aquela ruiva doida não houvesse saído da Inglaterra, ele não teria as opções que tinha: primeira; perdê-la para Joe; o que não era muito difícil de acontecer assim que ela acordasse. Segundo; poderia perdê-la para a morte, o que poderia acontecer a qualquer segundo.
Céus. Como era azarado. Azarado e burro. Talvez inútil também fosse uma boa palavra para se descrever.
Mas naquele momento não conseguia evitar que as lembranças de tudo o que aconteceu entre si e aquela ruiva, passassem por sua mente, diante de seus olhos como um filme em câmera lenta.
A ruiva entrando no Salão Principal e respondendo a altura para Cho, no último dia das férias de inverno.
A ruiva entrando no time de Quadribol de Grifinória. Ela lhe desafiando. Ela rindo de alguma bobagem que lhe contaram. Os lábios dela contra os seus. Ela entrando no Salão Principal para o baile de Dia dos Namorados. O rosto dela contorcido em fúria e as íris brilhando em raiva para si nas milhares de discussões que havia tido em menos de um ano letivo.
O corpo dela contra o seu.
Senhor. Aquela ruiva era tudo o que poderia querer para a sua vida. Tudo. Era tudo o que poderia desejar ver todos os dias, ao seu lado, quando acordasse.
Suspirou e voltou a olhar para a lua.
Daria todo o ouro que possuía em seu cofre em Gringotes para que tivesse coragem de dizer a ela o que sentia.
Mas como iria fazê-lo se ainda não tinha coragem de dizer isso com todas as letras para seus melhores amigos?
Como?
[hr]
-Tem certeza que isso vai dar certo? – a voz tremula e cheia de medo da senhora Weasley, chegou a seu ouvido, repetindo a mesma pergunta pela quinta vez em menos de meia hora.
Senhor; tudo que a velha senhora estivesse preocupada com a saúde de sua filha, mas aí a ficar lhe fazendo perder a paciência eram outros quinhentos.
-Eu já disse que sim. – respondeu entre dentes, enquanto continuava a contar quantas gotas de Sangue de Dragão estava colocando dentro do caldeirão a sua frente.
Não sabia ao certo se aquilo iria dar certo, como dissera para a mãe de Gina, mas tinha que tentar. Sabia que era arriscado, uma vez que fora si mesmo que fizera a fórmula e a primeira vez que testara isso em uma Fada Mordente a pobrezinha tivera um ataque convulsivo, antes de morrer dolorosamente.
Suspirou.
É claro que a fórmula que estava usando agora era a melhorada, mas ainda assim tinha lá suas duvidas se aquilo daria certo ou se mataria a sua garota de vez; mas teria que arriscar.
Não por si, mas por Gina. Se não tivesse acertado, ao menos saberia que tentara e que tudo o que conseguira fora adiar o que já iria acontecer sem aquela poção; ela morreria.
Iria, sim, se culpar pelo resto de sua vida por ter matado a garota que mais amava, mas teria o conforto de saber que, ao menos, servira para algo e evitara que ela sofresse numa morte lenta e obviamente dolorosa.
Mas... Mesmo que a Poção não a matasse, talvez somente fizesse com que ela ficasse em estado vegetativo pelo resto da vida, o que não seria muito desesperador, pensou sarcástico.
Quase riu perante esse pensamento; daria todo o ouro de sua família para que uma cura – sem a grande probabilidade de estar errada, como a sua – fosse descoberta em menos de três dias.
Suspirando, olhou para os ingredientes a sua frente, tentando lembrar-se de qual poderia ou não ser misturado a uma poção logo após Sangue de Dragão. Mas não conseguia.
Céus! Porque fora esquecer o pergaminho onde estava anotada a fórmula justo naquele momento?
E porque não conseguia lembrar-se dele? Céus! Tinha trabalhado naquilo o semestre todo, era impossível que não houvesse conseguido decorar, ao menos, a ordem dos ingredientes.
Mas naquele bendito momento não conseguia lembrar-se.
Grande médico seria; um grande lixo era o que seria.
Mas talvez conseguisse manter o sangue frio com seus futuros pacientes. Talvez o fato de estar atrapalhado naquele momento, se devesse ao desespero que sentia ao saber que era tudo ou nada; ou Gina continuava viva ou morria de vez.
Se pudesse trocaria de lugar com ela; pegaria aquela doença para si e a deixaria livre de todo o sofrimento que aquela maldita maldição estava causando.
Oh, céus! Porque estava pensando nessas coisas? Tinha que estar totalmente concentrado na poção se quisesse que aquilo desse certo; se quisesse que sua ruivinha acordasse para lhe dar um mero sorriso.
Não pediria que ela ficasse consigo em forma de pagamento; tudo o que cobraria seria um sorriso doce. Nada mais. Não precisava de nada mais vindo dela. Nada mesmo.
Ou assim esperava.
[hr]
Suspirou pesadamente e resmungou baixinho para si mesma ao ouvir seu estômago roncando mais uma vez, enquanto caminhava lentamente na direção das cozinhas.
Tinha certeza que àquela hora o jantar já havia acabado; aliás, tinha certeza que já passava do horário do toque de recolher.
Não havia notado que o tempo passara tão rápido, mas havia ficado tão perdida em pensamentos que simplesmente não notara. Somente voltara ao mundo real porque a repentina escassez de luz vinda do castelo chamara sua atenção.
Poucas eram as luzes acessas e ao chegar ao Hall de Entrada entendera o motivo; o toque de recolher já havia soado a meia hora e depois desse tempo as luzes do castelo eram apagadas – menos as das Salas Comunais e dos Dormitórios. E, naquele dia, da Enfermaria, ela havia notado.
Talvez fosse até a Ala Hospitalar para ver se Joe – que ela vira correndo pelo jardim do castelo na direção do interior deste havia horas – havia tido algum progresso.
Sorriu de canto; não que achasse realmente que aquele loiro aguado fosse capaz de alguma coisa, além de passar as mãos nos cabelos e jogar seu charme Veela nas garotas do castelo, que idiotamente sentiam-se atraídas por aquele idiota prepotente.
Mas um ronco particularmente forte de seu estômago a impediu de continuar pensando em suas opiniões “amigáveis” sobre o irmão mais velho de uma das suas melhores amigas.
Voltou a suspirar, antes de caminhar mais rápido, mas uma voz fina, irritante e que lhe lembrou vagamente a uma gralha desafinada, soou pelo corredor deserto.
-Rivendell! – Hillary puxou o ar com força, antes de parar de caminhar e girar sobre os calcanhares, de modo que pudesse ver quem era a mala que lhe parava no meio do caminho para o que poderia considerar como o seu maior momento de prazer naquele longo dia.
Tudo o que pôde ver da pessoa que lhe chamara eram os pés, já que o resto do corpo estava encoberto pelas sombras que havia na curva do corredor, por onde passara a alguns minutos.
-O quê? – perguntou, franzindo o cenho. Somente esperava que valesse a pena ter parado.
-O que você pensa que está fazendo fora da sua Sala Comunal? – a aluna perguntou, caminhando em sua direção, revelando ser Cho Chang a criatura infeliz que lhe parara.
Hillary suspirou pesadamente, antes de permitir que um sorriso sarcástico escapasse para o canto de seus lábios.
-Eu? – ergueu uma única sobrancelha em forma de sarcasmo. – Nada que seja da sua conta, Chang. – completou, voltando a girar sobre os calcanhares e continuando seu caminho na direção das cozinhas.
-Se não fosse da minha conta, eu não teria lhe perguntado. – a outra insistiu, começando a caminhar novamente, de modo que pudessem caminhar lado a lado.
A Grifinória girou os olhos.
-Resposta pra burro é de graça, Chang. – murmurou, fingindo não se importar com a companhia que arranjara para seu lanchinho noturno.
A oriental parecera não se importar para sua resposta e continuou a caminhar a seu lado, num autoconvite silencioso para acompanhar uma de suas maiores rivais.
Hillary balançou a cabeça de um lado para o outro, não acreditando na sorte que estava tendo naquele dia, mas fingiu não perceber a atitude infantil da chinesa, somente colocando as mãos nos bolsos de seu sobretudo e continuando seu caminho, como se não houvesse sido interrompida.
-Noite bonita a de hoje, não? – Cho comentou num tom casual, enquanto passavam por uma janela particularmente grande e que proporcionava uma bela visão do céu. Hillary concordou com um barulho feito na garganta. – Porque não pára um pouco para apreciar a vista? – a oriental perguntou, continuando a caminhar ao seu lado.
-Porque fiz isso durante um bom tempo. – respondeu simplesmente. Se a oriental estava a fim de ser amigável, não seria ela que compraria uma briga, mas também não falaria mais do que fosse estritamente necessário.
Cho a olhou de rabo de olho, mas não disse nada, somente continuou a caminhar ao seu lado, o que fez a grifinória se irritar profundamente.
Hillary parou de caminhar, no que a Corvinal a imitou e se encararam.
-Muito bem... – Hillary murmurou, cruzando os braços sobre o peito. – O que você quer? – Cho arqueou as sobrancelha em fingida magoa.
-O que a faz pensar que quero algo? – perguntou, encolhendo os ombros, num gesto que planejara ser casual, mas que soara totalmente falso aos olhos de Hillary, que sorriu desdenhosamente pelo canto dos lábios; as íris azuladas brilharam em pura ironia.
-Não sei... – seu sorriso passou para os lábios inteiros. – Talvez o fato de que você está muito... Amigável para o meu gosto. O que você sente por mim não é algo que eu possa classificar como; carinho. – a oriental sorriu de canto de lábios, enquanto colocava as mãos nos bolsos do sobretudo, atitude a qual irritou Hillary.
-O seu problema, Rivendell, é que você é paranóica demais. – Hillary cerrou os olhos. – Não é só porque eu estou me dando ao trabalho de andar com uma fracassada como você que quer dizer que eu queira algo. – se a grifinória já estava irritada com a oriental, agora não havia palavras que descrevessem seu ódio por aquela corvinal idiota.
Ergueu o queixo, olhando para o oriental com ar superior, enquanto o sorriso no canto dos seus lábios tornava-se divertido.
-E, pra variar um pouco... –comentou sarcástica, mas logo seu tom de voz voltara ao baixo e venenoso, o qual; por mais que Chang tentasse esconder; fazia um arrepio de medo subir pela espinha da oriental. – Você errou novamente. – uma risada espontânea escapou por seus lábios, ecoando pelas paredes do corredor vazio, sem ser por ela própria e pela inimiga. – Você é mais idiota do que deixa transparecer, Chang, o que vindo de você é digno de congratulações. – com um olhar irônico, aproximou-se da oriental, forçou-a a tirar uma mão do bolso e a apertou. – Meus sinceros parabéns. Você está evoluindo. – Cho permitiu que seus lábios ficassem entreabertos em choque com aquela reação inesperada. Os olhos puxados abriam-se em espanto.
Como assim nada de respostas quilométricas e humilhação atrás de humilhação? O que acontecera com aquela garota? Porque ela somente fora sarcástica, mas ao mesmo tempo espontânea e porque havia somente gozado de sua cara?
Mas parecia que Hillary não estava muito a fim de esperar para ver a conclusão obvia se formar lentamente no cérebro da oriental e, sorrindo um pouco mais, fez um aceno com cabeça, em um aceno de despedida, antes de soltar a mão da rival, como se houvesse tomado um choque elétrico e, colocando as próprias mãos nos bolsos, voltou a seu caminho, deixando pra trás uma Cho Chang mais perdida do que ela era vista normalmente.
Mas não teve como trancar a duvida que viera no canto mais obscuro de sua mente; porque Chang viera falar consigo amigavelmente? Porque tentara lhe acompanhar até a cozinha? Porquê?
Para sua infelicidade, não pôde avançar muito, pois a voz da oriental chamando seu nome a fez parar onde estava, fechar os olhos e contar até dez mentalmente.
Senhor! Como alguém conseguia ser tão insuportável? Estava começando a achar que Potter tinha a paciência de uma Lula! Céus! Como ele agüentara namorar aquela garota por mais de dois anos? Ele, definitivamente, merecia um premio; isso devia ser algum tipo de Record.
Suspirando para manter a calma, girou sobre os calcanhares de modo que pudesse observar a outra garota.
-O que é agora? – perguntou num murmúrio desinteressado.
-Você sabe onde o Harry está? – ela perguntou, fazendo Hillary arquear as sobrancelhas. Como ela, Hillary, iria saber onde aquela praga estava? Tinha cara de vidente agora?
-Procure no chiqueiro. Com um pouco de sorte ele está lá. – resmungou em resposta, mas a reação que a oriental tivera não era a que previra. Cho começou a gargalhar parecendo realmente achar graça no que acabara de falar.
A grifinória ficou parada, estupefata, piscado repetidas vezes, tentando absorver a reação da corvinal.
Fez menção de falar várias vezes, mas desistiu de todas, sempre fechando a boca, num gesto que acabou tornando-se repetitivo.
O que dera naquela oriental? Deve ter se drogado, concluiu, quando a viu encostar-se na parede, ainda rindo – agora mais calma -, a mão na barriga, que devia estar doendo, enquanto lágrimas – causadas devido a risada – escorriam por seu rosto.
-Odeio admitir, mas essa do chiqueiro foi ótima. – ela murmurou, entre uma risada e outra.
Hillary suspirou; aquela oriental era doida.
-É, eu sei. – resmungou com falsa falta de modéstia e voltou a girar sobre os calcanhares, antes de continuar seu caminho, dessa vez sem ser parada pela terceira vez.
Não acreditava que Cho houvesse realmente achado graça, mas decidiu que não ficaria remoendo isso, afinal Chang não era o tipo de pessoa na qual ela gostava de ficar pensando.
Suspirou, no mesmo instante em que seu estômago se revirava em sua barriga, num tipo de protesto silencioso, que a obrigava a andar mais rápido para poder comer.
Sorriu de canto; os Elfos podiam ser muito generosos quando queriam e esperava que eles o fossem naquela noite também, pois precisaria de muita comida para poder saciar a fome de quase um dia todo.
Mas decidiu deixar de pensar na sua fome e pensar em algo que não conseguira pensar o dia todo; Gina.
Ouvira cada detalhe que Brian e Melissa sabiam sobre a doença da ruiva e, principalmente, ouvira que não havia mais cura, mas ainda tinha esperanças de que a ruiva houvesse melhorado ou, ao menos, que Joe houvesse conseguido descobrir alguma cura, por mais momentânea que ela fosse; ou que somente fizesse ela sair do coma.
Mesmo que somente lhes desse tempo de tentar achar uma cura para aquela doença, já seria grata ao loiro.
Oh, certo! Podia odiá-lo – e o odiava com toda sua alma -, mas isso não a impedia – e nem queria dizer que não podia – ver que ele tinha algumas qualidades marcantes.
Odiava-o, mas admitia que ele tinha uma beleza viciante; odiava-o, mas admitia que ele tinha uma bondade curiosa para com quem ele se importava; odiava-o, mas admitia que ele parecia ter um talento natural para a medicina.
Ah, sim! Medicina! Era a única coisa em comum entre ela e o loiro. E aquilo era um progresso, admitia, mas não faria com que ela o odiasse menos.
Deixando esses pensamentos de lado, parou na frente do retrato que guardava a entrada da cozinha e, ficando nas pontas dos pés, fez cócegas na pêra, que se transformou numa maçaneta.
Abrindo-a, entrou na cozinha, sendo recebida por vários elfos, que a cercaram.
-O que Willy pode fazer pela senhorita? – um deles perguntou, fazendo-a sorrir para ele, no que os outros criados se dissiparam, como se soubessem que ela havia simpatizado com Willy, que ouviu atentamente seu pedido, antes de concordar com um aceno de cabeça e correr pela cozinha, preparando as comidas que ela pedira.
Sorrindo, Hillary sentou-se em uma das mesas, apoiando os cotovelos na superfície plana e descansando o queixo nas palmas das mãos, observando o pequeno elfo correr de um lado para o outro na cozinha cavernosa.
Era incrível como aquelas criaturas gostavam de ser escravizadas e trabalhavam com tanto gosto naquilo, como se suas próprias existências dependessem disso.
Suspirando com pesar, Hillary lembrou-se do elfo que seu pai havia contratado um ano antes de ela e sua mãe irem embora e ele ser dado como morto. Adoraria saber que fim levara a pobre criatura.
Mas qualquer pensamento que fosse vir agora foram esquecidos no momento em que o Elfo colocou uma bandeja lotada de coisas que ela pedira, enquanto seu estômago soltava um ronco particularmente forte, como que agradecendo.
Estava na hora de matar quem estava lhe matando.
[hr]
Praguejando baixinho, fingiu que não ouvia o que a mãe da ruiva perguntava; pela enésima vez naquele dia, era obrigado a ressaltar.
Olhou de rabo de olho para a velha senhora ruiva, com a frustração e raiva estampada no rosto que, ele tinha certeza, na maior parte do tempo era bondoso.
Oh, Deus! Qual era o problema dela, afinal? Que culpa tinha que dali há três horas o dia estaria nascendo e a poção somente estaria pronta quando o primeiro raio de sol passasse através das cortinas mal corridas?
Aliás, não entendia porque ela estava tão aflita; ainda possuíam quarenta e oito horas e, mesmo que desse a poção para a ruiva naquele instante, teria que esperar completar as setenta e duas horas de coma, o que queria dizer que não adiantava de nada aquela velha histérica – que Gina não ouvisse isso – ficar ali, tirando sua concentração e paciência.
Passou a mão pelo rosto abatido, tentando se acalmar e sentiu que precisava fazer a barba.
-Olha... – murmurou, fazendo a mão subir, passando-a por seus cabelos, deixando-os mais bagunçados do que tinha certeza que eles estavam. – Eu sei que está sendo difícil para a senhora ter que esperar a poção ficar pronta e tudo o mais, mas mesmo que eu dê a poção para ela logo que eu desligar o fogo, a senhora vai ter que esperar completar as setenta e duas horas, de qualquer maneira. – ele fez um gesto com a mão, mandando-a ficar calada, quando Molly fizera menção de falar. – Quer a verdade? Quer saber se a poção vai funcionar? – perguntou, no que ela colocou as mãos nas cinturas, numa posição de desafio.
-Ora! – exclamou, indignada. – É claro que sim! É da vida da minha filha que estamos falando aqui, rapaz! – Joe girou os olhos; como se ele não soubesse disso.
-Certo, certo... – murmurou, suspirando, enquanto jogava benzoar em pó na mistura e mexi-a no sentido horário. – A verdade é que eu não faço a mínima idéia se isso tudo vai ou não dar certo. – completou, recriminando-se por admitir isso. A Senhora Weasley pareceu explodir em fúria, o que fez Joe encolher-se levemente na cadeira, mesmo sabendo que a matriarca da família não iria pular em seu pescoço.
-Como assim você não sabe? – ela sibilou, os olhos cerrados, esquadrilhando seu rosto, como que procurando algum sinal que dissesse que aquilo era uma brincadeira de muito mal gosto.
Joe bufou, antes de largar a pequena concha, com a qual mexia a poção, ao lado do caldeirão e programava uma espécie de relógio para apitar dali cinco minutos. Não que todo esse procedimento fosse importante, mas somente o fizera para poder ganhar tempo, antes de se ver obrigado a encarar a mãe da sua garota e começar a explicar:
-Sejamos sinceros aqui, dona... – murmurou, sentindo todo o mau humor, tensão e cansaço invadi-lo mais conforme falava. – Nem era para essa poção existir. – resmungou, recostando-se no espaldar da cadeira e cruzando os braços sobre o peito, enquanto observava o relance que sua posição permita ver do rosto de Gina. – Ela somente existe porque eu a inventei. Não vou mais mentir e dizer que tenho certeza de que isso vai dar certo. – puxou o ar com força, como que se obrigando a manter o que já tinha de profissionalismo, adquirido com as ajudas que dava ao pai. – Porque eu não tenho tal certeza. – olhou para a “sogra”. – A primeira fórmula que fiz, matou a pobre da fada mordente em quem testei. Uma morte rápida, mas bem dolorosa, garanto. – murmurou, derrotado. – Essa é a segunda formula que faço e, como não tive tempo de testá-la, não sei se vai funcionar, se vai fazer a ruiva ter uma morte mais dolorosa ou, na pior das hipóteses, deixá-la em estado vegetativo até que alguém lá em cima decida levá-la. – murmurou; as íris azuis adquirindo um tom mais escuro. – Mas, se eu tiver acertado dessa vez, o que eu espero ter feito, terminadas as setenta e duas horas, a Gina vai acordar e já vai poder sair saltitando dessa cama de tão bem que vai se sentir. – completou, sua voz ficando cada vez mais baixa conforme falava.
Molly parecia não acreditar naquilo e permitiu que seu corpo caísse sobre uma cadeira próxima, a mão sobre o peito, na direção do coração. As íris castanhas da mulher brilhavam intensamente, devido as lágrimas que enchiam seus olhos, mas que ela se recusava a derramar na frente do loiro.
Ela olhava para Joe, como se ele fosse um lunático, que estava brincando de bancar Deus; como se o loiro fosse um lunático brincando de testar misturas de joguinhos de Alquimia trouxas na filha da mulher.
O lábio inferior dela tremia intensamente e, puxando o ar com força repetidas vezes, ela apontou um dedo em riste para o loiro, que não pôde deixar de sentir um arrepio subir por sua coluna, como uma cobra, enroscando-se no corpo de sua vitima, a qual mataria lentamente, como se gostasse de sentir cada momento da vida abandonando o corpo.
-Eu não vou deixar que você dê essa... – olhou com repugnância para o interior do caldeirão, antes de voltar a encarar o loiro. – Gororoba para o meu bebê. – Joe puxou o ar com força, mas sua irritação já estava a tal ponto, que ele não se acalmaria nem que tomasse litros de poções de sono.
Uma risadinha sarcástica escapou pelos lábios firmes, fazendo a tensão que pairava no ar aumentar a cada segundo que se passava. As íris dele brilhavam em raiva.
-Duas coisas para a senhora... – o murmúrio veio lento e arrastado, com um quê muito perceptível de veneno, o que fez a senhorinha sentir-se ofendida e levantar-se, mesmo que tivesse que inclinar muito o pescoço para olhar no rosto do loiro. – Primeiro; seu bebê já não é mais tão bebê assim; não sei como ela era antes de ir para Los Angeles e pouco me importa saber, mas agora ela está diferente e te garanto que ela pode ser o que for, menos bebê. – aproximou-se um passo, fazendo Molly estufar mais o peito, como que o desafiando a prosseguir com seu “sermão”. – Segundo; essa gororoba pode salvar a vida de Gina; não importa se estiver errado, a ruiva morre de qualquer jeito, então a nossa querida gororoba é a nossa última esperança.
Após essas palavras seguiu-se um silêncio mortal. Molly e Joe se encaravam parecendo lançar fagulhas pelo olhar, mas a velha senhora não teve como esconder o brilho de choque que havia se instalado nos seus olhos.
Era como se o que Joe acabara de falar houvesse caído sobre si como um balde de água fria; Gina morreria independente do fato de não ter tomado a poção e, permitindo-se pensar com a razão e não com o coração, percebeu que se a situação não fosse tão séria, Madame Pomfrey jamais deixaria um jovem de dezessete anos cuidar da situação.
Mas... Como fora que sua doce Gina havia adquirido tal doença, maldição, azaração, macumba ou o quer que fosse? Não poderia simplesmente ter acordado em belo dia e descoberto que estava doente. Céus! Seria insano considerar isso verdade, mas não conseguia achar uma explicação menos dolorosa que essa. Não conseguia suportar a mera suposição de que alguém muito cruel devia ter feito isso com sua menininha.
Mas quem seria capaz de tal maldade? Quem poderia ter o coração tão frio a tal ponto?
Bufando discretamente, balançou a cabeça levemente, afastando esses pensamentos. Quando sua filha acordasse, pediria que ela lhe explicasse tudo. Mas naquele momento tudo no que tinha que pensar era em todas as preces que conhecia, tanto para rezar para Merlin, quanto para santidades trouxas, para que sua filha saísse dali com vida e, com um pouco de sorte, saudável.
Joe suspirou ao ver a decisão que a Senhora Weasley transparecer para seus olhos, enquanto ela voltava a sentar-se, num gesto lento e, aparentemente, automático, enquanto os olhos estavam vidrados.
Mas não pôde continuar pensando no assunto, uma vez que o “despertador” começara a apitar insistentemente, fazendo-o voltar sua atenção para a poção. Faltava pouco agora, concluiu, quando Madame Pomfrey abria uma cortina, mostrando que o céu começava a deixar de ter um tom azul marinho e passava, lentamente, para um azul claro e alaranjado, o que indicava que aquele seria um longo dia quente, onde ele sabia antes mesmo da hora chegar; ficaria o tempo todo sentado ao lado de Gina, segurando sua mão e observando seu semblante, esperando as malditas setenta e duas horas terminarem.
Puxando o ar com força, apertou as pontas dos dedos contras os olhos, pressionando-os, fazendo milhares de estrelas estourarem perante suas íris. Assim que voltou a erguer as pálpebras, sentiu grande dificuldade em mantê-las abertas, mas tinha que conseguir, ordenou a si mesmo, enquanto jogava raspas de casca de Tronquilho, o que fez a poção mudar de sua tonalidade esverdeada para uma vermelho sangue – exatamente o efeito que ele esperava que acontecesse.
Programou novamente o “despertador”, mas dessa vez para dali dez minutos, antes de ergueu os olhos e assistir o sol surgir lentamente por de trás de uma montanha ao longe.
O canto dos pássaros começou a se fazer presente, enquanto alguns alunos começavam a levantar-se fazendo o castelo perder aquela aparência fantasmagórica que a semiluz que tivera para fazer a poção causava.
Bocejou longamente, antes de jogar os braços para cima da cabeça, esticando o corpo, onde sentiu vários ossos se estralarem, no que ele perdeu aquela estranha sensação de peso sobre seus ombros, como se estivesse carregando todo o chumbo do mundo sozinho.
Outro bocejo escapou por seus lábios, enquanto abaixava os braços e apoiava os cotovelos na mesa e descansava a testa nas mãos.
Fechou os olhos; estava acostumado a tirar breves cochilos entre um afazer e outro e obrigara-se a se acostumar a dormir em qualquer posição e em qualquer lugar.
Era por isso que adorava aproveitar todas as visitas que fazia ao pai durante o ano letivo – e os longos dois meses de férias de verão – para ir para o hospital, onde trabalhava somente como auxiliar de seu pai, mas o que lhe rendia boas noites de sono perdidas e preenchidas com muita correria para salvar a vida de alguém e, nos poucos minutos entre uma consulta e o preencher de fichas, ele – na maioria das vezes – encostava-se a parede, cruzava os braços sobre o peito e abaixava a cabeça, dormindo, sempre, gloriosos cinco minutos, antes de ser acordado gentilmente por seu velho e a correria recomeçar.
Não viu nada que fizesse ali ser diferente; a única diferença que via era que ali era uma enfermaria e ele normalmente fazia seu treinamento em hospitais.
Mas concluiu que seria bom ter alguma experiência desesperadora em uma enfermaria de colégio; quem sabe, quando fosse um medico formado, algum aluno idiota do segundo ano, se metesse a valentão e sabe tudo, entrando em algum duelo de vida ou morte com algum mané do sétimo ano.
Tinha certeza que na frente dos pacientes e de seus parentes, iria manter a frieza e sarcasmo que o dominavam quando via que alguém precisava de ajuda, mas que seria somente entrar em um local isolado, que desataria a gargalhar da cara do pobre coitado.
Oh, céus! No que estava pensando? Devia estar aproveitando aqueles maravilhosos dez minutos para um cochilo! Mas, por mais que tentasse, sua mente estava trabalhando muito rápido, assim como seu coração e não conseguia controlar seus pensamentos, a ponto de adormecer e, concluiu, que se continuasse tentando somente iria conseguir ficar com mais sono.
Forçou-se a abrir os olhos e erguer a cabeça, apoiando o queixo na mão e, sem que percebesse, bateu o cotovelo no vidrinho que continha o sangue de dragão, fazendo o pequeno e delicado frasco se espatifar no chão, perto de seus pés.
Gemeu; iria ouvir muito por aquele descuido mais tarde, mas não se importou. Seu pai conseguiria repor o “raro” sangue de dragão para Madame Pomfrey em questão de uma hora, no máximo.
Mas o soar do despertador fez com que seus pensamentos voltassem automaticamente para a poção. Desligou o fogo e, reunindo o que restava de suas energias, levantou-se e, pegando o cálice que Madame Pomfrey emprestara-lhe, mergulhou a concha que estava usando para misturar e começou a encher o recipiente.
Quando terminou de encher, permitiu que a concha escorregasse lentamente para o fundo do caldeirão e, caminhando cuidadosamente – para não derramar uma única gota da poção – foi até a cama de Gina e, cuidadosamente, depositou o cálice em sua mesa de cabeceira e, ignorando o resmungo da enfermeira, sentou ao lado do ombro da ruiva e, lançando um olhar reprovador a medica, passou um braço por sob os ombros de Gina e fez com que a ruiva ficasse parcialmente erguida, os lábios entreabertos e a pele mais pálida a cada minuto.
Esticando o braço, pegou o cálice e, cuidadosamente, levou a borda até os lábios roxos dela, fazendo, lentamente ela engolir o conteúdo flamejante do copo.
Quando a taça estava vazia, depositou Gina novamente sobre os travesseiros, ajeitou suas cobertas e deixou a peça de cristal sobre a cabeceira, antes de virar para os senhores Weasley e Madame Pomfrey – Brian e Melissa dormiam em dois leitos próximos.
-Bom... – murmurou, olhando para o relógio em seu pulso e fazendo uma rápida conta de cabeça, completou: - Agora, nos temos que esperar por quarenta e cinco horas.
Continua...
N/A: Olá!! =]
Desculpem pela demora, mas esse parto foi complicado! Mas pensem pelo lado bom, está chegando ao fim o mistério: Essa doida vai fazer a sepultura da Gina – e a minha própria, diga-se de passagem – ou vai prezar sua existência insignificante e deixá-la viva?XD~~
Mas e aí? O que acharam do capítulo? Valeu a pena esperar? ^^
Ah, já aviso: se essa última cena – principalmente o finalzinho – ficaram um lixo, entendam; são 03:05 a.m, meu dia anterior começou as seis e meia da matina, tou morta, mas queria terminar o capítulo. Então, não me matem!
Já estou tendo os efeitos colaterais por isso! XD~~ Sim, sou uma prova ambulante de que se pode ficar com tontura devido a tanto sono! E, sim, já quase tomei uns rola bunito da cadeira, mas consegui me segurar! XD
Mas... Deixando isso tudo de lado, vamos aos comentários... hum... TRINTA E NOVE COMENTÁRIOS? Oh, Deus! Quantos! *.* Obrigada meus amores! Só não sei como eu consegui responder tudo isso! XD Mas vamos lá:
Gina Potter Weasley: Me superei? Porquê? O.o
Que bom que gostou do capítulo anterior!^^
Harry e Joe se unirem? Hum... Acho difícil eles deixarem as diferenças de lado! XD
Beijos.
Miaka: Sim! Finalmente Melissa e Brian explicaram a maldição. ^^
Sim! Sofra Harry! E sofra muito!
Sim! SEU Joe roubou a cena! XD
Bom, esse capítulo respondeu sua pergunta: ele tentou os contra feitiços e depois testou a outra alternativa, que era a poção.
Beijos.
Srta. Wheezy: Finalmente você não está mais curiosa!XD
UAHUAHA Apelidos muito bonitos os que você deu pro Harry!XD
Que bom que sabe que tua voz é linda!XD
Espera a MINHA ligação? Xii... Espera deitada, que sentada vai cansa!XD
Beijos pra Ti, Beterraba!XD
Virgin Potter: A Gina não pode morrer?
Que bom mesmo! Joe chegou pra salvar o dia!
Bom, como você pode ver, Harry ta se “conformando”, meio rápido! XD
Beijos.
Lan Potter: Olá! Tudo certinho e você?^^
Espera... Você disse que vai terminar Harry com Gina e Joe com Hillary, mas quer que eu faça que esses mesmo casais fiquem juntos? O.o
Beijos.
Luks_gra7: Matar do coração? Xiii... Me dá uns dez anos antes? xD~~ Porque aí dá tempo de eu fugir do Brasil! XD
Como eu deixo a Gina em coma? (faz uma expressão idiota) Não fui eu, foi a doença!^^
Idéias malucas? Ahnm... Nem queira saber!XD
Isso que eu queria saber: porque vocês fazem perguntas que sabem que eu não vou responder? Seria a mesma coisa que perguntar para J.K qual a trama do sétimo livro. xD
Porque a J.K matou o Sirius? Ela disse que vai explicar, só não sei se foi no sexto livro ou se vai ser no sétimo.
Quando você vai calar a Boca e me deixar em paz? O.o’’ Se tu num sabe, eu muito menos! XD
Nem fui no evento do Villa Lobos... Não tava nem um pouco a fim! XD
H/G always!^^
Beijos.
Magis World Lover: Que bom que gostou do capítulo anterior!^^
Porque você quer eu tire a Hillary? O.o
Sim! Todos os adjetivos para o Joe estão certíssimos!^^
Beijo pra ti leitora histérica!XD
Pollyana: Fico feliz que esteja gostando da fic!^^ Não desista dela, okay? ;)
Beijos.
Keira Potter: Não é que ele não seja bom em Duelos, querida, ele somente não está acostumado ao modo que os Comensais duelam e não estava nem um pouco a fim de ter que Duelar, preferia estar no bar, enchendo a cara e beijando a Amanda... lembra dela?^^
Harry tava ajudando... Rony iria, mas Mione não deixou. Mione também iria, mas se fosse perderia o cargo de Monitora.
Beijos.
Carol Malfoy Potter: Quer mais? Aí está mais doze paginas pra você!
O que é complicado? O.o
Sim! J.K apóia H/G na minha opinião!^^
Beijos.
Kah: AMOR!^^
Sim! E todos são felizes, mas ainda tem coisas a acontecer! XD
Kah, se ela não ficasse em coma o “anta, lindo, gostoso e maravilhoso” não descobriria que a ama! XD
Então, você só ta lendo o capítulo agora porque me chamou de burra, Karine! u.u
Ama o caramba! E cabeçuda é a mãe dos seus filhos!
E eu quero a continuação de O Testamento! i.i O THEO É MUITO FODA! *O* AMEI ELE!
Beijos.
Sakura Scatena: Que bom que gostou do capítulo anterior!^^
Ainda que você gosta de capítulos grandes!XD
Beijos.
Pekena: Fico feliz que tenha gostado.
Beijos.
*KisYu Black*: Que bom que achou esclarecedor!^^
Beijos.
Mari: Muito bom? Wheee *.*
Sim, espero postar novamente até o final das férias!^^ Só não sei se vou conseguir! O.o
Beijos.
**Angel**: Preocupada com a Gi? E depois desse capítulo, você continua preocupada com ela?
Melhor três dias do que uma hora, né?XD
Oh, acho que você está enganada! Nunca que eu teria a ousadia de deixá-los curiosos! (irônica).
Beijos.
LoLi BlaCk: Sim! Finalmente o mistério foi revelado! \o\
Mesmo que eu escrevo muito bem ação? *.* Que bom! *.* E o que você achou do pequeno toque de drama que está tendo na fic?^^ Ta bom ou eu devo tirá-lo logo de ação?XD
Se ela vai melhorar? Não sei... Depende... Se eu a matar, morro também?
Beijos.
Carol: A Gina tem que acordar pro Harry poder falar que a ama? Bom, ele pode falar enquanto ela ta inconsciente, dizem que faz bem. \o\
Me matar! O.O’ Ai Deus... Tu não mora em SP não, né?
Beijos.
Daniela: Como eu prefiro a morte? Depende... Se tu me odeia pode ser rápida, senão tem que ser lenta e carinhosa!^^
Sim! Sou muito maluca. Você não sabia?^^
Me matar? Pode vir! Só que aí você não vai saber o final da fic! XD
Como Joe chegou tao rápido, foi explicado!^^ E o seu “segundo” eu não entendi! O.o
Bom, veja bem... Eu tou de férias, tenho mais tempo para escrever, como também tenho mais tempo para colocar o sono em dia e dormir tudo o que não vou poder quando as férias terminarem. E ando lendo muito e isso ajuda quando venho escrever!^^
Beijos.
Juli-Chan: Oie!^^
Você também não lembra? Xi, aí a coisa complica.
Você aposta quando no Harry ou no Joe? Quem você acha que vai salvar a Gina depois desse capítulo!?XD
Beijos.
Nick Malfoy: Como assim? Não entendi a sua primeira frase! -.-
Sim! O Joe é o máximo!^^
Aparatando? Não acho que se dê para atravessar o oceano com aparatação! O.o
Mas essa do São Longuinho foi boa!XD
Beijos.
Catarina: Que bom que está gostando da fic!^^
Tenho muita criatividade? Obrigada!^^
Beijos.
Kirina-Li: Sim! Demorou, mas tu leu! \o\
Hm... mesmo tendo tudo isso pra fazer, tu tirou o dia pra ler?^^ E a minha foi a primeira? Que bom!^^
Eu? Aprontar? Mas eu sou uma santa, que não tem coragem de fazer mal nem a uma mosca! XD
Você ta passando mal? Peraí... (Olha pra trás e vê o Joe ferrado no sono na minha cama)... Bom, ele ta tirando um cochilo, pode ser amanhã?XD
Que bom que gostou do Harry apaixonado e da Mione feliz!^^
Beijos.
Cláudio P. Ribeiro: Minha nota é Excede as Expectativas? :D
Esclarecia ALGUMAS duvidas? O.o E o que ficou faltando!?
Melhor fic? *-*
Beijos.
Julia: Que bom que está gostado da fic! =]
Beijos.
Clare: Oie! =]
Que bom que gostou do capítulo!^^ Triste? Talvez...
É o Joe né? xD~~
Eu não acho que se pode aparatar para tão longe! O.o
Rony achou um jeito meio estranho de dizer: Obrigado por falar e, sim, estou morrendo de preocupação!
Beijos.
Nikkih: Desde o começo do ano? E porque demorou sete meses pra comentar? i.i
Me encher de tapas? O.o Ta, segunda ameaça da qual posso me lembrar. Já estou vendo tudo: primeiro estapeada por ti e morta por outra leitora!
Ah, tou de férias, não quero me preocupar em cumpri prazos de atualização!XD
É romântico o Harry chama a Gina de ruiva doida? O.o
Engraçada? X.x’ a fic é “engraçada”? o.o Porque?
Nem sei quantos capítulos a fic vai ter!
Fic infinita? Meu Deus, não tenho tanta criatividade! xD
Opa... Você quer que eu misture o infinita com o final feliz?XD Deus! Se eu conseguisse, seria um bom começo!XD
Relaxa! Sem medo de me ameaçar com tapas! XD Pode deixar um comentário do tamanho que quiser!^^
Beijos.
Thiti Potter: Oie!^^
Não, não perco a mania de parar na melhor parte!XD Parei na melhor parte hoje também?^^
Escrevo muito bem? *--* Que bom!!! (capota)
Beijos.
Miizitcha Radcliffe: Oie!^^
Cada capítulo fica mais triste? O.o
Sim! Aleluia! xD
Não entendeu a risada do Rony? Foi algo como: eu não acredito em você, seu idiota! XD
Sim! Vai ser difícil fazer um capítulo todo H/G, a não ser que você queira aqueles do tipo em que eles aparecem o tempo todo separados pensando um no outro e, no final, se encontram e se declaram! XD
Beijos.
Polly: Não ser má? Mas é o meu passatempo favorito!XD
Continue lendo!^^
Beijos.
Aline Granger: Que bom que gostou da fic!^^
Morrer de curiosidade? O.o Sem querer ser grossa, nem nada, mas isso é cientificamente comprovado? Quer dizer, as pessoas podem morrer de curiosidade? xD
Beijos.
Laka Potter: Oie!^^
Me escrevendo de novo? Sem problemas!^^
Vixi, minha fic ta em tudo quanto é site! XD
Sim, esclareci bastante coisas e, embora eu odeie admitir, minha base da trama ta acabando, mas isso não quer dizer que a fic tenha o mesmo destino, não é? O que eu mais gosto de fazer é enrolar! XD
Embora, eu admito, essa é minha segunda chance de simplesmente terminar a fic! XD
Quase chorou no capítulo 20? Porquê? O.o
Beijo.
Estrela Hoshi: Well... Você leu a fic em dois dias? Definitivamente, eu sou muito lerda pra ler fic! ._.
Especialmente boas? E a minha faz parte? Wow...
Você também tem doença no estômago? Deve ser bem chato! =/
Ah, quanto a colocar fic no ar no ff.net, nem eu sei direito, depois que o sistema deles mudou, ficou meio complicadinho mesmo, mas qualquer dia desses você me manda um e-mail ou algo do tipo e eu te ensino, sim!^^ Por enquanto me fala onde suas fic’s estão postadas que eu dou uma passada lá depois!
Eu peguei até o capítulo 20 de HP6 traduzido na net, mas ainda não li não, mas já sei o que acontece nele!^^ Então tou sussa.
Beijos.
Dudinka Tonks: Que bom que está gostando!^^
Uma das suas favoritas? Fico feliz! =]
Harry vai falar pra Gina que gosta dela, no dia que conseguir verbalizar de forma direta isso... Eu acho! XD
Beijos.
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