Capítulo II
Capítulo II
Era bem como ele esperava. Bagunça, risos e muitos encontros. A Plataforma 9¾ era até bem mais surpreendente do que ele imaginava! Sua mãe não fizera jus quando lhe contou sobre o lugar. Ele se sentia vivo. Estava finalmente entre os seus.
Severus Snape era como a maioria ali naquela plataforma: um bruxo. E, embora adorasse o fato, nunca fora livre para discuti-lo. Seu pai, Tobias, odiava bruxaria. Também pudera. Ele era um Trouxa, não havia nenhum um mísero pingo de magia em seu sangue. E agora Severus seria, enfim, livre para fazer tudo o que sabia e aprender ainda mais!
Já estaria a mais tempo aprendendo magia, não fosse por dois motivos. O primeiro era o dinheiro. Estudar em Hogwarts custava caro e seu pai se recusara a pagar a escola. Por isso, durante um ano sua mãe, Eileen, tentou uma bolsa para Severus, até finalmente consegui-la, naquele ano.
O outro motivo...
Severus se virou e viu, não muito longe dele, uma família de quatro pessoas. A menina mais nova conversava com a irmã mais velha, muito agitada, o seu rabo de cavalo ruivo indo de um lado para outro enquanto Lily Evans mexia a cabeça. A única outra bruxa de sua cidade, além da mãe de Severus. Em também, a única amiga que o garoto teve ao longo dos seus doze anos. Atrasar um ano havia valido a pena para Severus. Agora, ele iria estudar com Lily!
Sorriu sinceramente, algo que fazia por muitas poucas coisas quando tomou para si uma decisão: Era ali que sua vida realmente começava. A Plataforma 9¾ era um lugar de recomeçar.
Lily segurou as mãos da irmã, olhando-a nos olhos. Finalmente havia entendido a atitude de Petunia. Quando passaram pelo portal que levava para a Plataforma 9¾ e viram aquele monte de mágicas, Lily percebeu o olhar de Petunia e finalmente entendeu. Ela também queria ir.
A ruiva perguntou-se porque não havia percebido antes. Encontrara uma carta que Petunia havia recebido do diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, para onde Lily estava indo. E ele havia dito que Petunia não poderia ir com a irmã para a escola, pois a escola era apenas para bruxos, algo que Petunia não era. Ao contrário de Lily.
- Ouça – Lily segurou com mais força as mãos da irmã, pois Petunia tentava se soltar. – Talvez, uma vez que eu esteja lá... Não, ouça, Tuney! Quem sabe, uma vez que eu esteja lá, eu seja capaz de ir até o Professor Dumbledore e convencê-lo a mudar de idéia!
- Eu... não.. quero... ir! – Petunia tentava soltar suas mãos a cada palavra. – Você acha que eu quero ir para algum castelo idiota e aprender a ser uma... uma... – ela deu uma risada de desprezo, passando os olhos por toda a estação. – Você acha que eu quero ser uma... uma aberração?
Os olhos de Lily se encheram de lágrimas e ela deu um passo para trás, soltando as mãos da irmã. Não acreditava no que tinha acabado de ouvir Petunia dizer.
- Eu não sou uma aberração – respondeu, com voz fraca. – Que coisa horrível de se dizer!
- É para onde você está indo – Petunia continuou, com mais ânimo, como se as lágrimas que começavam a surgir nos olhos da irmã fossem um combustível. – Uma escola especial para aberrações. Você e aquele menino Snape... Esquisitos, é o que vocês dois são. É bom que vocês estejam sendo separados das pessoas normais. É para nossa própria segurança.
Lily olhou para os pais, pedindo ajuda. Mas eles estavam distraídos demais, admirando um garoto que fazia um gato sobrevoar a cabeça dos amigos. Estavam completamente à parte do que acontecia entre as filhas. A ruiva sentiu algo brotar em seu peito. Era mágoa. Mágoa pelo que sua irmã dissera. Mágoa transformada em raiva. E, quando falou, sua voz era baixa e incisiva.
- Você não achava que a escola era para aberrações quando escreveu ao diretor e implorou que ele a levasse.
Petunia corou.
- Implorar? Eu não implorei!
- Eu vi a resposta dele. Foi muito gentil.
- Você não devia ter lido, - Petunia sibilou – era particular... como você pôde...?
Mas Lily cometeu o erro de relancear os olhos para Severus, que não estava longe dali. Petunia percebeu e ofegou.
- Aquele menino encontrou! Você e aquele menino andaram bisbilhotando no meu quarto!
- Não, bisbilhotando não... – agora Lily estava na defensiva. – Severus viu o envelope, e ele não pôde acreditar que um Trouxa havia entrado em contato com Hogwarts, e só! Ele diz que deve haver bruxos trabalhando disfarçados no correio que cuidam...
- Pelo visto os bruxos metem o nariz em todo lugar! – Petunia interrompeu, agora muito pálida. Lançou um olhar de cima à baixo para a irmã, com o nariz franzido e esnobou. – Aberração...
Lily a viu se afastar, para se juntar aos pais. Ainda estava chocada com as palavras da irmã. E muito triste também. Não era para ser assim...
Peter Pettigrew e Alice Thornton estavam sentados lado a lado em uma cabine do trem. Os pais da garota já haviam ido embora. Tinham pilhas de trabalho no Ministério da Magia. Mas a mãe de Peter, que por sinal também era madrinha de Alice, continuava ali, sentada na frente deles, dando conselhos e mais conselhos.
- ...E sempre façam muitas anotações! Isso vai ser muito importante no final do ano. Nunca saiam da propriedade. E obedeçam tudo o que os professores mandarem.
- Sim, senhora – os dois disseram juntos.
A Sra. Pettigrew suspirou, seus olhinhos de contas brilhando.
- Ah, eu estou tão orgulhosa de vocês!
- Mamãe – Peter começou, – tenho mesmo que...
- Não comece, Peter Pettigrew! – ela ralhou, balançando o dedo na cara dele. – Você vai para lá e vai me encher de orgulho! Não sei por que está tão apavorado. A Alice até agora não reclamou.
A garota deu um sorriso forçado, tentando disfarçar o que realmente sentia. Na verdade, ela estava tão apavorada quando Peter, com a diferença de que ela ainda tinha a esperança de que fosse se divertir lá, em Hogwarts.
A Sra. Pettigrew olhou para o relógio de bolso que levava sempre consigo e soltou uma exclamação de surpresa.
- Oooo... Olha só a hora! Estou atrasada para um compromisso! – se levantou, dando um beijo na bochecha de cada uma das crianças. Peter arregalou os olhinhos, ao perceber que a mãe estava indo embora. – Boa viagem, crianças. Me mandem uma carta assim que chegarem.
- Mas... Mãe!
- Tchau, xuxu! Mamãe te ama! – acenou, passando pela porta de correr da cabine e fechando-a atrás de si.
Peter ficou olhando para a porta, estático. Sua mãe havia ido embora. O largara ali, naquele lugar que ele não conhecia, sozinho, abandonado...
Sentiu um toque em seu ombro e se virou para ver Alice sorrindo para ele, tentando animá-lo. Os dois eram amigos desde que nasceram. O pai dela era o melhor amigo do pai de Peter, e fora padrinho do garoto quando ele nasceu. Assim como os pais de Peter haviam sido padrinhos de Alice. Os dois haviam crescido juntos e agora estavam indo juntos para Hogwarts. Mas, embora Peter fosse ter o apoio da garota, ele daria tudo – até mesmo a companhia dela – para não estar naquele trem.
Ali estava ela. Depois de cinco anos admirando a sua foto em preto-e-branco colada na parede do quarto, finalmente Gwen Pentice via, bem na sua frente, o magnífico trem escarlate. O Expresso de Hogwarts. A garota afastou a mecha de cabelos brancos dos olhos para ver melhor. Era maravilhosa a Plataforma! Mas a locomotiva se destacava entre tudo ali. A menina mordeu a ponta da unha e tocou a lataria do trem. Podia sentir a magia fluindo pelo metal frio. Podia...
- Gwen! GWEN! Prreste atenção, garrrota! Estou falando com você!
Gwen deixou a sua mecha cair sobre os olhos novamente e voltou à realidade. Sorriu suavemente e aproximou-se mais da senhora francesa que falava com ela. A mulher estava cercada por outras seis crianças, todas muito diferentes umas das outras.
- Perdão, madame.
Madame Francine Dubois jogou a ponta da sua echarpe para trás e começou a brincar com a ponta do enorme colar de pérolas que estava ao redor do seu pescoço gordo.
- Eu lhe perrguntava se você está bem. Prrecisa de algo, menina? – perguntou, puxando os erres como sempre.
- Não, madame Dubois. Tudo está perfeito.
- Bom... – ela virou-se para o que parecia ser o garoto mais velho. – Cuide bem dela, Jacob. Está entendido?
- Oui, mamãe.
- Agora leve o malão de Gwen para dentro e acomode-a em uma cabine. – Curvou-se para Gwen e deu um beijo estalado em sua bochecha, limpando logo depois uma marca de batom que os seus lábios deixaram marcado. – Au revoir, ma petite. E boa sorte!
- Merci, madame. Au revoir.
- E tirre esse cabelo de cima do olho – acrescentou, tentando prender a mecha branca atrás da orelha da menina. Mas foi em vão, pois a mecha era muito curta, e voltou para o lugar onde estava. – Cuide-se bem.
- Oui, madame.
- Vamos, Gwen? – Jacob segurou a mão da garota e os dois se afastaram enquanto madame Dubois dava mais e mais conselhos aos outros cinco.
Ela viu o Jacob fazer o seu malão levitar, pouco a frente deles. Ela mal podia esperar para poder realizar feitiços como aquele. Logo que entraram no trem, encontraram uma cabine vazia. Ele arrumou a bagagem da menina e virou-se para ela, um sorriso irritantemente simpático nos lábios.
- Eu tenho que me juntar aos monitores. Vai ficar bem sozinha, pequena?
Olhando para os olhinhos estreitos de Jacob, Gwen não pôde deixar de compará-lo à madame Dubois. Ele era o mais velho das sete crianças e estava em seu último ano em Hogwarts. Ele foi o primeiro a chegar à casa de madame Dubois e era o único que usava o sobrenome dela. Às vezes, Gwen achava que ele era filho legítimo da velha francesa. Mas sabia que todos na casa dos Dubois era adotados.
- GWEN! – ele estalou os dedos na frente dos olhos de Gwen que de novo recobrou a concentração, sorrindo para Jacob. – Eu disse que tenho que ir para o vagão dos monitores. Vai ficar bem sozinha?
Gwen sorriu de lado e piscou. Jacob estava mentindo. Ela tinha certeza que ele não ia ao vagão dos monitores. Sempre sabia quando alguém mentia para ela. Era como um sexto sentindo que ligava um alerta em sua cabeça quando alguém mentia ou lhe escondia algo.
- Pode ir, Jake. Vou ficar bem.
Ele sorriu de verdade dessa vez. Não importava o que ele fosse fazer desde que ficasse bem.
- Ótimo! – e saiu correndo da cabine.
Virando-se, Gwen abriu o seu malão e de lá tirou as vestes novas da escola. Sempre muito tranqüila, saiu da cabine à procura de algum banheiro. Quando o encontrou, entrou no cubículo apertado e trancou-se lá dentro. Olhou-se no pequeno espelho sobre a pia e viu o seu rosto pálido sorrindo tranquilamente para ela. Passou os dedos pelos cabelos profundamente negros e enrolou a sua mecha branca no dedo indicador, brincando, sorrindo cada vez mais sinceramente. Do lado de fora, o apito do trem soou alto, anunciando a sua partida e, naquele momento, Gwen soube que sua vida nunca mais seria mesma...
A locomotiva apitou, chamando os seus passageiros a embarcar. Os garotos e garotas da plataforma despediram-se apressadamente de suas famílias com beijos e abraços, entrando no trem rapidamente. As portas começaram a se fechar, uma a uma, sozinhas. Agora, na plataforma só restavam pais e mãe acenando, se despedindo. De uma das janelas do corredor, Sirius observava cada pequeno detalhe, guardando para sempre em sua memória cada coisa daquele dia. Parado ali, pela primeira vez longe da sua família, ele sorriu quase dando vivas.
Com um solavanco, o Hogwarts Express fez o seu primeiro movimento. E, naquele mesmo segundo, Sirius viu duas pessoas aparecerem do nada na plataforma. O mais velho ergueu a varinha e, logo depois, o menino que o acompanhava foi atirado em direção ao trem, se estabacando no corredor, bem ao lado de Sirius.
- Maneiro... – riu, se aproximando do menino que ajeitava os óculos. – Cara, você est...
Os dois tiveram menos de um segundo para saltar para os lados, pois o malão do garoto também foi arremessado para o trem, caindo pesadamente bem no lugar onde os dois estavam momentos antes.
- Caramba! – Sirius ofegou, encostado na parede, olhando para o malão, os olhos cinzentos arregalados em espanto. – Caramba... Essa... Essa passou muito, muito perto.
Ainda no chão, do outro lado do malão, James Potter ajeitou os óculos pela segunda vez, o coração aos pulos, querendo sair por sua boca. Mais um milésimo de segundo e teria sido atingido em cheio pelo malão. Tinha que se lembrar de mandar uma carta bem mal educada para o avô quando chegasse à escola.
- Hey! Você tá legal?
Sirius olhava para James, com o rosto contorcido, decidido a segurar o riso e parecer extremamente preocupado com o bem estar do outro menino. Mas aquela era uma tarefa realmente difícil.
- Bom, tirando o fato de que meu avô tentou me matar... É, eu estou legal. – respondeu, ainda de olho no malão, como se tivesse que ele ganhasse vida e o atacasse.
- Parece que não disseram para ele que brincar de balaços humanos é perigoso – não consegui evitar dizer.
- Ele não joga Quadribol há um século... Deve ter sentido saudades de acertar um balaço.
- E com certeza deve ter achado a sua cabeça um balaço excelente – rindo.
James finalmente ergueu os olhos do malão para encarar o seu interlocutor, encarando-o com a testa franzida. Sirius parou de rir na mesma hora. Será que tinha passado dos limites? Mas, para seu alívio, o garoto apenas deu um sorriso de lado.
- Sorte sua que ele não viu a sua cabeça. Ele não ia resistir à tentação de te acertar.
- Deve ter visto, porque quase me acertou – indicou o malão com a cabeça e abriu um sorriso, estendendo a mão direita para James. – Sirius Black.
James segurou a mão de Sirius e se levantou com a ajuda dele, retribuindo o sorriso.
- James Potter.
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Disclaimer: E, para esse capítulo, um disclaimer especial, já que há uma cena rigorosamente tirada de Harry Potter and the Deathly Hallows. Harry Potter e todos os personagens da série pertencem única e exclusivamente à J.K. Rowling. Mas a tia Jo é legal o suficiente pra deixar a gente usá-los para nos divertir:D Te amo, Tia Jo!!! \o/
Espero que estejam gostando! ._."
E para quem quiser ver a capa inteira, sem ter que ficar subindo e descendo a barra de rolagem que eu sei que é um saco *até agora tentando deixar a imagem num tamanho aceitável e compreensível*, aqui vai o link dela:
http://img223.imageshack.us/img223/1308/capahogwartsexpress7fm6.jpg
Obrigada pelos comentários pedindo para continuar, que bom que algumas pessoas estão gostando! *-*
→ Tαsh LeBeαu
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