Capítulo III



Capítulo III

Pela janela da cabine, Remus Lupin via a paisagem começar a passar veloz, enquanto o trem avançava pelos trilhos, saindo o perímetro urbano de Londres, para começar a mostrar campos verdes e espaços bonitos de natureza. Agora que o trem havia deixado a estação, Remus se sentia muito mais ansioso que quando estava em casa, naquela manhã. Sozinho, sem o sorriso entusiasmado do pai para lhe animar, ele sentia que o nervosismo começava a tomar conta dele. Mas, seria mesmo nervosismo? Ou seria medo? Era a primeira vez que uma pessoa como ele ia para Hogwarts. E ele não fazia idéia do que esperar, o que o podia acontecer caso alguém descobrisse a sua real condição. Não queria sequer imaginar...

A porta da cabine se abriu de chofre, e Remus deu um salto no assento, quase gritando de susto. Por Merlin, Remus! Se fosse se assustar sempre por qualquer coisinha, achava que logo, logo teria um ataque cardíaco. Mas, pelo visto, não era o único assustado. Parada à porta, uma garota – já usando as vestes da escola – o olhava com o único olho azul visível arregalado, em surpresa.

Por um instante, ele sentiu-se paralisado, como se aquele olho tivesse congelado cada célula do seu corpo. Era a primeira vez que ficava frente a frente com um bruxo completamente desconhecido, sozinho. Ou melhor: bruxa. Sentiu que vários sentimentos tomavam conta dele ao mesmo tempo: surpresa, constrangimento, vergonha, medo... Mas, acima de todos esses, sentiu uma espécie de ânimo que não sabia explicar. Algo que quase fez com que sorrisse vendo o contraste estranho que o cabelo negro da menina fazia com a franja branca que lhe cobria um dos olhos.

Ela afastou a franja por um momento e Remus pôde ver perfeitamente o par de olhos dela, encarando-o, como se estivesse olhando através dele. E foi exatamente esta sensação de que ela podia ver através de sua alma que o fez despertar de sua paralisia momentânea. Levantou-se no mesmo instante e passou a mão pelo cabelo, muito desconfortável.

- E-eu... E-eu... – “Ótimo, perfeita hora para começar a gaguejar!” – Nã-não sabia... q-que... já...

A mecha branca de cabelos dela voltou a cobrir o olho, a sobrancelha esquerda dela se arqueando à tentativa que Remus fazia de construir uma frase completa. Quando ela deu um passo para dentro da cabine, fechando a porta atrás de si, o menino sentiu como se aos poucos estivessem roubando a sua voz. Ele a seguiu com os olhos, movendo os lábios inutilmente, até ela se sentar ao lado da janela, observando-o agora com um sorriso muito gentil no rosto, olhando-o como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo.

Com vontade de socar a própria cabeça, Remus pigarreou, baixando os olhos e buscando a voz perdida, tentando encontrar alguma firmeza dentro de si.

- Achei que a cabine estava... – olhou para ela e a sua frase sem gagueira desandou - ... estava... va-va...

- Vazia? – ela completou por ele, sorrindo ainda mais. Remus sentiu o rosto esquentar. – Só fui colocar as minhas vestes. Vê? – e apontou um malão no bagageiro no qual ele não havia reparado.

Completamente encabulado e sem saber o que deveria dizer, o garoto baixou os olhos, apertando nervosamente as mãos enquanto olhava fixamente para os sapatos. Belo papelão, Lupin!

- D-desculpe... – sussurrou. – Já... Já vou sair...

- Por quê? – ela deu uma risadinha fraca. – Acho que cabemos os dois aqui. Eu não tenho nenhuma doença contagiosa, sabe?

- É... é...

Mas eu tenho.

Foi a única coisa que Remus conseguiu dizer, e pensar. E a cabine caiu no silêncio. E se eu deixar escapar? E se ela descobrir?! Desesperava-se em pensamento, como se de uma hora para hora, fosse aparecer um letreiro em sua testa revelando o seu segredo. Remus continuava de pé. Nunca tinha reparado em como os seus sapatos era interessantes. A maneira que os cadarços se sobrepunham era absolutamente...

- Vai ficar aí como um dois de paus a viagem toda?

A voz da garota quase o fez dar um novo salto, mas conseguiu com que ele tirasse os olhos dos seus sapatos super-interessantes e voltasse a fitá-la. A sobrancelha dela estava arqueada novamente e os seus lábios haviam se dobrado em um sorriso de lado.

- Q-que? C-como disse? D-desculpe, n-não estava...

- Prestando atenção – ela completou mais uma vez, o sorriso gentil novamente nos lábios. E, mais uma vez, ele teve a sensação de que ela estava vendo por dentro dele. – É, eu reparei... Perguntei se vai passar a viagem toda em pé.

- Ah! É que... e-eu... Ah... – Remus John Lupin! Cale essa maldita boca!, pensou, tratando de obedecer-se rapidinho.

Soltando um suspiro exasperado, sentou-se rapidamente, juntando as mãos sobre o colo, sem parar de apertá-las ainda mais nervosamente, estalando os nós dos dedos, o olhar fixo na janela sem, contudo, ver a paisagem. Bela introdução ao mundo bruxo, Lupin... Talvez sua mãe estivesse certa e ele não devesse ter saído de casa.

Sentada em frente a ele, Gwen Pentice encostou-se no banco e tentou colocar os cabelos atrás da orelha. O menino não olhava para ela. Parecia mais do que interessado na paisagem que se descortinava do lado de fora do trem. Havia algo nele que a inquietava. Que estranho você é, amigo..., pensou consigo mesma. Mas lembrou-se que ele podia estar achando o mesmo dela. Afinal, quantas meninas de onze anos tinham cabelos brancos?

– x –


Lily virou muito levemente o rosto quando ouviu a porta da cabine se abrindo. Dois garotos entraram, conversando animados sobre alguma coisa chamada Quadribol. Seja lá o que aquilo fosse, não importava para ela ao contrário dos dois, que pareciam tão absortos no assunto que – pelo visto – nem notaram que a cabine que acabaram de entrar já estava ocupada por alguém que queria claramente ficar sozinha. Será que não estava estampado no seu rosto?! Pois deveria estar! Mas ela não conseguiu reunir ânimo para expulsá-los. Então encostou o rosto na janela, olhando a paisagem verde pelo qual o trem passava.

Fechou os olhos e uma lágrima escorreu de seus olhos, silenciosamente. Nem se deu ao trabalho de enxugá-la. Sabia que viriam outras e que ela teria de enxugar o rosto novamente. Pois a cada segundo lembrava-se da voz da irmã: “Aberração!” E a cada vez que isso acontecia mais se machucava. Ainda mais agora, que estava indo para longe de Petunia e dos pais. E, não pôde deixar de soluçar.

- Hey?

Lily sentiu que cutucavam o seu ombro. Virando-se, ela viu que o garoto ao lado dela a fitava, com olhar intrigado. No outro banco, um garoto de óculos também estava com o mesmo olhar, a testa franzida.

- Você está bem? – o menino ao seu lado continuou.

Sem responder e sabendo que estava sendo muito grosseira, Lily voltou-se mais uma vez para a janela, encostando a testa ali. Pelo jeito, o garoto não se importara com a grosseria, pois logo ouviu os dois voltarem a conversar. Por um minuto, quase desejou que fosse – como a irmã dizia – uma pessoa normal.

A porta da cabine se abriu novamente e Lily virou o rosto mais uma vez. Dessa vez era Severus Snape quem entrava. Fora ele quem lhe contara tudo sobre o mundo bruxo, cada detalhe. E, não podia negar que, desde que o conhecera, Petunia começara a tratá-la diferente. E fora ele também quem encontrara a carta que Petunia havia recebido do diretor de Hogwarts. Era tudo culpa dele! Ou seria culpa dela própria?

Mais uma lágrima desceu por seu rosto e ela voltou a olhar pela janela.

- Eu não quero falar com você – disse, com voz contida.

Severus logo reparou no rosto manchado de lágrimas da menina e estranhou. Por que ela estava chorando? Por que, se finalmente havia chagado o dia pelo qual tanto esperavam e planejaram durante os últimos três anos? Só podia ter acontecido algo de grave. Passou pelos dois garotos, sem lhes dar a mínima atenção, e sentou-se de frente para a ruiva.

- Por que não?

- Tuney me o-odeia. Porque nós vimos aquela carta do Dumbledore.

- E daí? – ele disse, com tom de deboche.

Mas, para Lily, não havia motivo algum para debochar. Pelo contrário. Como que para deixar isso bem claro, lançou um olhar de imenso desgosto para Severus e endureceu a voz.

- E daí que ela é a minha irmã!

- Ela é só uma... – mas se segurou bem a tempo. Sabia que Lily ia se ofender se dissesse que Petunia Evans era apenas uma “trouxa comum”, mesmo que fosse a verdade. Mas a garota parecia não ter notado o começo da frase de Severus, ocupada em enxugar os olhos discretamente. – Mas... nós estamos indo! – ele continuou, incapaz de reprimir a sua excitação. – É isso! Estamos indo para Hogwarts!

Lily aquiesceu e não pôde deixar de se animar, lembrando-se de toda a ansiedade pela qual estava passando nas últimas semanas. Com um meio sorriso, relembrou de tudo o que Severus lhe contara sobre a escola e de tudo o que lera em “Hogwarts, uma história”, e não podia negar que estava por demais ansiosa para ver a magia palpável de que tanto ouvira seu amigo falar e o livro citar.

- Você ficaria melhor em Slytherin – Severus comentou para ela, encorajado ao ver que ela sorria.

- Slytherin? – disse uma voz com desdém.

Severus e Lily se viraram para o lado. Um dos outros dois garotos da cabine, o que usava óculos, é quem havia falado. Bem vestido e o olhar divertido por trás dos óculos, ele olhou de Severus para Lily, um sorriso ainda mais desdenhoso nos lábios. Na mesma hora Severus amarrou a cara para ele.

- Quem quer ir para Slytherin? – ele continuou. – Acho que eu iria embora... – e acrescentou, olhando para o outro garoto. - ...você não?

Outro, que tinha a aparência muito mais largada que a do primeiro, não sorriu. Mas Severus também não gostou dele. O garoto coçou a cabeça.

- Toda minha família foi para Slytherin – falou, com desgosto.

- Caramba! – o primeiro parecia desconcertado e até chocado. – E eu achei que você parecia legal!

- Talvez eu quebre a tradição – respondeu com um meio sorriso no rosto e um toque de esperança na voz. – Para onde você iria se pudesse escolher?

Lily trocou um olhar com Severus. Reparou que ele estava desconfortável, mas não pôde deixar de achar a conversa interessante. Nem Severus, nem os livros haviam falado muito de como eram as casas em Hogwarts. Os livros apenas mencionavam as glórias e a fundação. Severus nada havia dito. Ela arqueou uma sobrancelha quando o garoto de óculos brandiu uma espada imaginária e disse, com voz pomposa.

- “Gryffindor, para onde vão os bravos de coração!” Como meu pai – e, Lily notou, ele pareceu murchar um pouco depois dessa frase.

Dessa vez quem desdenhou foi Severus. O garoto ao seu lado virou-se para ele.

- Algum problema com isso?

- Não... – respondeu, embora o seu tom fosse de desprezo, e acrescentou mais para si mesmo que para os outros: - Se você prefere ser bravo a ser inteligente...

- Para onde você esperar ir, já que não é nem um dos dois? – o garoto ao lado de Lily alfinetou.

O garoto de óculos gargalhou e Lily viu o rosto pálido de Severus se tingir de rubro. O segundo ainda sorria maldoso para Severus, como se o desafiasse a retrucar, e Lily não pôde deixar de sentir raiva dos dois garotos. Levantou-se e puxou Severus pela mão, lançando aos outros garotos o olhar mais desgostoso que conseguiu.

- Vamos, Severus, vamos encontrar outra cabine.

- Oooooo...

Para aumentar a raiva da garota, os dois começaram a imitar sua voz. O menino de óculos bem que tentou derrubar Severus colocando o pé em seu caminho, mas Lily chutou-lhe a perna ao passar por ele.

- Te vejo por aí – o primeiro menino disparou antes que Lily e Severus saíssem da cabine, – Ranhoso...

O rosto corado pela raiva, Lily fuzilou o menino com os olhos uma última vez e saiu da cabine, batendo a porta com tanta força atrás de si que o vidro se espatifou. Enquanto caminhava com Severus pelo corredor, se afastando, ainda podia ouvir as ridas deles, ecoando em seus ouvidos para fazer companhia à voz de Petunia lhe chamando de “aberração”.

– x –


Sua mente parecia ter se divido em duas partes. Duas partes bastante diferentes e agressivas que não paravam de discutir entre si.

Fale alguma coisa, Lupin!
Para gaguejar mais? Não, obrigado.
Então pare de gaguejar!
Como se fosse muito fácil...
Covarde!
Eu sei...

Remus arriscou olhar para a garota. O rosto dela estava virado para a janela. Era a primeira vez que Remus tinha contato com um bruxo da sua idade. Na verdade, era a primeira vez em anos que ele tinha contato com qualquer bruxo que não fossem os pais e, mais recentemente, Albus Dumbledore.

E está fazendo papel de idiota!, disse uma das partes do seu cérebro.

Ela passou os dedos pelo cabelo e, mais uma vez, Remus reparou nos cabelos brancos dela. Achava aquilo tão peculiar. Por que ela pintava uma mecha dos cabelos de branco? Remus sentiu uma vontade louca de lhe perguntar a razão, mas corou só em pensar nisso. E, contentou-se com a idéia de que aquilo devia ser alguma moda entre as bruxas.

Covarde, a voz na sua cabeça repetiu.

Baixou os olhos por um minuto. “Coragem, Remus Lupin! Você enfrenta um monstro uma vez por mês, caramba! Pode muito bem enfrentar uma conversa!”, tentou animar-se. Respirou fundo e voltou a olhá-la. Iria falar! É... Mas... Falar o que?!

Quando abriu a boca para falar finalmente, ela se moveu, como se houvesse ouvido o sutil movimentos dos lábios de Remus. Ela se voltou para o garoto e sorriu. E Remus sentiu que paralisava novamente com a boca ainda entreaberta pelas palavras que ele não conseguiu dizer, fossem elas quais fossem.

“Fecha a boca, Lupin!”, as duas partes do seu cérebro gritaram, parecendo ter chegado a um entendimento. Remus corou, fechando a boca. Pelo menos o seu cérebro não estava mais o deixando louco. Já ia desviar os olhos novamente.

- Pretende ficar as próximas horas mudo?

- Q-que?

- Desde que entrei à... – ela consultou o relógio de pulso – meia hora atrás, você não disse mais que umas dez palavras. Não fala com calouros?

- N-não! Quero dizer... Sim! É... E-eu... – ela sorriu ainda mais e Remus corou ainda mais. Ela devia estar se divertindo! – F-falo com calouros s-sim. Tam-também s-sou.

“Pelo amor de Merlin, Remus, controle essa gagueira!”

- Mesmo?! – o sorriso dela ampliou-se, exibindo os dentes. – Mais um motivo para não ficarmos mudos então. Já que vamos estar no mesmo ano, podíamos ser... Sei lá, amigos. Que tal?

Remus piscou. Ela falava tão calmamente... Queria estar tão calmo quanto ela.

- Sou Gwen Pentice.

“NÃO GAGUEJE SEU PRÓPRIO NOME!”

- Lupin – disse, se sentindo mais confiante. As duas partes do seu cérebro respiraram aliviadas e ele até conseguiu esboçar um sorriso. – Remus Lupin...

– x –


- Reparo.

Depois de consertar a porta com um toque de mágica, Sirius voltou a se sentar, guardando sua varinha no bolso das vestes. James ainda ria do grande fora que o dito “Ranhoso” havia levado. Mas Sirius ainda se lembrava da impetuosidade da menina ruiva. Quando ela se levantou, ele bem que pensou que ela ia atacá-los. Mas ela passou por eles como um furacão. Um furacão de fogo. E parecia ter descontando toda a sua fúria na pobre porta de correr da cabine. Ele não pode deixar de sorrir à lembrança.

- Ah, eu vou adorar Hogwarts – James disse, relaxando no banco.

- Só por eu estar longe de casa já está bom demais.

- Então... Toda sua família foi mesmo de Slytherin?

- Pois é... Não me lembro de nenhum Black eu tenha ido para Hogwarts que não tenha entrado em Slytherin – e acrescentou, com amargura. – Não me orgulho disso, se quer saber.

- Eu acho que eu tenho um parente que se casou com uma Black – comentou, coçando o queixo.

- Meus pêsames...

James riu, balançando a cabeça.

- Sua família não pode ser tão ruim assim.

- Quer trocar? Depois me diz o que achou do “corredor polonês”...

- Wow! – James parecia se divertir, mas na verdade não sabia o que responder.

Ele não fazia idéia de como Sirius se sentia. James não podia reclamar de sua família. Os avós paternos o mimaram desde bebê e o avô continuou quando ficara viúvo. A única coisa que o feria talvez fosse a sua relação com o pai.

- Mas depois de quase doze anos – Sirius continuou, – eu já me acostumei – tentou sorrir, conformado, mas só conseguiu um esgar.

- Você não é sua família, Sirius.

- Eu sei – e deu uma risada. – Sou a ovelha branca dos Black.

- Béhhh... – James baliu, como uma ovelha, provocando o riso nos dois.

A porta da cabine escolheu essa hora para se abrir. A garota parada à porta tinha as sobrancelhas arqueadas em clara curiosidade. Sirius e James se entreolharam, prendendo o riso. Os olhos dela foram de Sirius para James, enquanto sua testa se enrugava ainda mais.

- Eu ouvi uma cabra? – ela perguntou, com um sotaque estranho.

- Cabra não... Ovelha. – James falou e indicou Sirius com a cabeça.

Sirius não resistiu à tentação.

- Béhhh? – baliu o outro como se fizesse uma pergunta.

- Branquinha ela não? – riu.

O riso de James escapou e logo os dois estavam gargalhando novamente. Só não sabiam se da patética imitação de ovelha de Sirius ou da cara que a menina fez, como se eles fossem dois fugitivos do hospício.

- Ah, não é uma cabra... Nem ovelha – ela falou, sorrindo. – É um babaca.

- Hey!

Enquanto Sirius se indignava, James ria mais, deitando-se no banco, apertando a barriga. A garota também riu e entrou na cabine, fechando a porta. Sirius, emburrado, a seguiu com os olhos, até ela se sentar ao seu lado.

- Ninguém te convidou – disse, muito grosseiro.

- Achei que a cabine fosse pública – ela retrucou.

- Deixou de ser quando eu entrei nela.

- Que estranho... Não vi nenhuma placa na porta escrita: “Propriedade do Babaca”.

- Escuta aqui, sua...

- Ei, ei, ei! – James interferiu, enxugando as lágrimas que o riso lhe havia provocado. – Calma, crianças!

- Foi ele quem começou.

- Foi ela quem começou.

- Blá, Blá, Blá... – James riu mais um pouco quando os dois cruzaram os braços ao mesmo tempo, olhando em direções opostas. Por um instante achou que os dois já se conheciam, mas não parecia possível. – Sou James Potter – apresentou-se para a menina, - e você?

- Uma enxerida de sotaque idiota – Sirius resmungou.

- Ele perguntou quem eu sou. Não quem é você – ela devolveu e, enquanto Sirius rosnava, ela se virou para James, com um sorriso no rosto. – Natasha LeBeau.

- LeBeau... Francesa? – James se admirou.

- Devia ter ficado na França – ele estava realmente de mal humor.

- Britânica – ignorando Sirius completamente. – Meu avô era francês.

- Há... – James sorriu e se virou para Sirius. – Não vai dizer oi para nossa nova colega? Se apresentar?

- Vou apresentar é a saída pra ela.

- O mal-educado é Sirius Black.

- Pra mim é Babaca – ela disse, usando o seu melhor tom de deboche.

- Agora já che...

- Ah, não comecem! – James suspirou, embora risse. – Vamos passar as próximas horas juntos, pelo visto. Que tal um pouco de cordialidade?

- Poderia ir para o outro banco, Babaca? – Natasha sorriu indulgente, usando a tal cordialidade na voz.

- Não. Quer ir para outra cabine, Mimada? – respondeu, usando o mesmíssimo tom.

- Não vou sair daqui.

- Nem eu vou sair do banco que eu cheguei primeiro.

James revirou os olhos e cruzou os braços, chegando mais pra trás para admirar a cena. Bem que podiam já ter servido o almoço. Aquele prometia ser um espetáculo e tanto.

- Olha, eu fiquei dentro de um avião por mais de dez horas – continuou. – Quero esticar as pernas!

- Isso é problema seu. – Sirius riu.

- Não vai sair? – começando a parecer conformada.

- Não – ele disse, muito cheio de si, encarando-a, desafiando-a com os olhos.

- Certo – e com isso, Natasha encostou as costas na janela e esticou as pernas no banco, acomodando os pés no colo de Sirius.

- OW! – reclamou.

- Você não quis sair – disse, com descaso.

- É... – James riu consigo mesmo. – De repente eu fiquei invisível – colocou as mãos atrás da cabeça, olhando a discussão dos dois que o ignoravam completamente.

Enquanto Sirius e Natasha trocavam farpas entre si, levantando mais o tom da voz a cada segundo, James concluiu e podia dizer com toda a segurança que os dois já faziam parte de sua vida. Ficassem ou não na mesma casa, aquela viagem de trem os unira e ele jamais esqueceria essa viagem.

- Você é MIMADA! SOME!

- SE MANCA, BABACA!

Nunca mesmo...
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N.A.: Pra quem se perguntou por que raios o Sirius usou a expressão “Corredor Polonês”, não é por a família dele vir da Polônia, o que eu duvido. O “CORREDOR POLONÊS” foi uma forma de tortura muito usada na época da ditadura militar no Brasil e em outros países de América Latina. Eram filas paralelas de torturados, formando um caminho obrigatório para a vítima passar.

Obrigada a todos que estão lendo! *-*
Um agradecimento especial à Lari, que parece que está só esperando eu postar um capítulo pra ir ler! xD Valeu, guria!

Estão gostando? Deixem Reviews, please! *-*

Há! E mais uma vez:

Disclaimer: E, para esse capítulo, um disclaimer especial [novamente], já que há uma cena rigorosamente tirada de Harry Potter and the Deathly Hallows [novamente]! Harry Potter e todos os personagens da série pertencem única e exclusivamente à J.K. Rowling. Mas a tia Jo é legal o suficiente pra deixar a gente usá-los para nos divertir:D Te amo, Tia Jo!!! \o/


→ Tαsh LeBeαu

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