IV
Cannot stand this hell I feel
Não posso suportar este inferno que sinto
Emptiness is filling me to the point of agony
O vazio me preenche ao ponto da agonia
Growing darkness taking dawn
As trevas crescem tomando a aurora
I was me, but now he's gone
Eu fui eu, mas agora ele já foi
Para ser um Comensal da Morte, um bruxo não precisa apenas demonstrar ter aversão a trouxas e sangues-ruins. É preciso ter habilidades, audácia, falta de escrúpulos. Moral não é uma qualidade atribuída aos que estão comprometidos sob o símbolo da Marca Negra. E somente o meu bom nome não foi o bastante para que eu fosse marcado a ferro e fogo, para que brilhasse a enegrecida caveira, tendo como língua uma serpente de aspecto voraz.
Eu era um Black e como tal, havia sido criado para ser perfeito em tudo o que eu fizesse.
Foi Bellatrix quem me levou à presença do Lorde Negro pela primeira vez. Não fiquei surpreso em saber que ela era totalmente leal ao mestre e muito menos com o que ela era capaz de fazer em nome dele. Eu sentia até uma certa satisfação em saber que ela era respeitada dentro do círculo mais íntimo do Lorde e que havia até mesmo alguns que a temiam.
Ah, eu ainda hoje não sou capaz de descrever o quanto eu estava empolgado com aquilo tudo. Um adolescente de dezesseis anos, com vontade de provar que era mais que a sombra imperfeita do irmão mais velho que havia emporcalhado o nome da família... sim, eu queria mostrar que era um legítimo Black, que faria de tudo para honrar o lema de minha casa, o toujours pur que eu aprendera a respeitar.
Eu queria provar a mim mesmo que não era um covarde.
Como ainda não havia sido admitido entre os Comensais, eu não podia saber a localização do refúgio do Lorde das Trevas. Vendado e sem a minha varinha, eu fui levado para o covil do Lorde Negro. Obviamente, a minha memória poderia ser alterada após isso e a localização do esconderijo ficaria perdida para sempre dentro de minha mente, mas havia muito mais naquele estranho ritual: era como se quisessem me provar que, ante o poder que eu estava prestes a conhecer, eu fosse um nada.
A sala pouco iluminada, o rumorejar de vestes esvoaçando... eu não fazia a mais vaga idéia do que estava prestes a encontrar. O círculo de bruxos mascarados permanecia silencioso. Lúgubre. Como num sonho, o mais bizarro e fantasioso sonho, eu me sentia o herói que parte em busca de sua iluminação, do despertar de sua alma imortal. A utopia de nosso tempo era a busca pela pureza, e eu estava prestes a vender a minha alma para chegar àquela perfeição.
“Diga-me Black, você tem interesse em se juntar aos Comensais da Morte?”
A voz sussurrou suavemente e era quase como se eu pudesse enxergar uma trilha sinuosa formando-se diante de meus pés. A víbora encontrara a sua presa, encantando-a com sua canção macabra.
Iludido, eu tinha a convicção de que estava diante da solução para tudo. Decerto eu sabia em que estava me envolvendo e tudo o que parecia oposto ao que você dizia, eu abraçava com a crença cega de estar fazendo o que era certo.
“Sim, meu Lorde”
Aos dezesseis anos de idade, você saíra de casa em busca da sua tão ansiada liberdade. Você tinha fome de viver e experimentar tudo o que era tão adverso do sangue que circulava em nossas veias. Você lutava pela vida, para preservar aquilo que tanto amava.
Aos dezesseis anos de idade, eu assinara a minha condenação e caminhava em direção à morte, sendo marcado como o seu serviçal.
As peças moviam-se naquele jogo sem sentido e eu me vi percorrendo um caminho sem volta.
Engraçado como as coisas acontecem, não?
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