II
Simply nothing more to give
Simplesmente nada mais a dar
There is nothing more for me
Não há nada mais para mim
Need the end to set me free
Preciso do fim para me libertar
Kreacher acaba de me explicar a maneira como posso entrar na caverna. Sangue mágico, o mais puro e perfeito possível e, não fosse a minha ansiedade, eu seria capaz de rir com a perspectiva de que justamente o meu sangue puro seria a chave de entrada para um dos mais profundos segredos do Lorde das Trevas.
O elfo parece assombrado com o que estamos fazendo, mas ele não tem nem mesmo a vaga idéia do que eu estou prestes a fazer, minhas reais intenções. O murmúrio dele, resmungando o quanto a sua Senhora, minha mãe, ficará preocupada com a minha ausência, ecoa na escuridão lúgubre da caverna.
Assim que meu sangue quente tocou a rocha fria e escura, uma passagem em arco abriu-se, revelando uma câmara ainda maior, repleta de escuridão.
-Por aqui, mestre Regulus.
-Então é aqui, Kreacher? – Minha voz não é mais do que um sussurro, uma sensação estranha de que estamos sendo vigiados me deixando ainda mais alerta.
O elfo apenas assentiu, o seu corpo pequeno e frágil sendo tomado por espasmos. Sinto um arrepio percorrer a minha espinha, quando vejo, ao longe, uma fantasmagórica luz verde emergindo do meio do lago que existe dentro desta caverna. E aquilo me parece tão terrível quanto as inúmeras maldições da morte que lancei em nome do Lorde das Trevas.
-Tem um barco, mestre Regulus. E o mestre deve subir nesse barco para chegar ao outro lado. Foi assim que o Lorde das Trevas fez, oh sim, e ele levou Kreacher para a ilha no meio do lago. Kreacher pode fazer tudo por mestre Regulus, e o mestre não precisará se arriscar...
Eu poderia fazer exatamente isso o que Kreacher sugeriu: utilizar os seus serviços, sua própria magia para que eu fosse poupado. Mas até quando? Até quando o Lorde Negro me deixaria isento de minha traição? Não sei o quanto ele é prepotente em achar que ninguém iria descobrir o seu segredo. Não sei quanto tempo ele demoraria a descobrir que eu sei sobre suas horcruxes e que havia tomado providências para destruir, ao menos, uma delas.
Não, eu sei o que devo e que vou fazer. Custe o que custar.
Quando rejeito a sugestão de Kreacher, ele apenas arregala os olhos, choramingando baixinho. Mas ele tem de me obedecer, mesmo que isso vá contra a sua própria vontade.
E é totalmente contra os seus desejos que o elfo convoca o barco, assim como o Lorde Negro fez da outra vez, quando o levara consigo.
Novo arrepio percorrendo o meu corpo e agora tenho a certeza de que não estamos verdadeiramente sozinhos neste lugar. Dirigindo a luz da minha varinha para as águas escuras daquele estranho lago, sou capaz de ver rostos, vários rostos. Frios, pálidos, em decomposição.
Todos mortos.
Inferis.
Criaturas que foram escravizadas após sua morte, para servir eternamente ao Lorde das Trevas. Engraçado que isso não é muito diferente
do que nós, os orgulhosos Comensais da Morte, somos. Criaturas sem vida, sem humanidade, apenas seguindo as ordens de um bruxo maníaco e prepotente.
Apenas meros peões em um jogo de dominação.
“Uma corja de bajuladores e falsos”, era o que você costumava dizer. “E você é igual a eles, Regulus, apenas mais um peão no joguinho de ilusões que eles constroem. Apenas um peão que será usado e descartado com a mesma rapidez. Porque só o que importa é o nome que você carrega. Nada mais. E o que você fará quando for posto em xeque, Pequeno Rei? O que você fará?”
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