A volta dos que não foram



- Olhe... Ele está acordando! – disse uma voz
Alvo abriu os olhos lentamente, enxergando apenas esboços, mas logo, acostumado com a claridade, ele conseguiu enxergar perfeitamente bem. Scorpius Malfoy estava a sua frente, curvado para seu rosto, olhando-o curiosamente. Alvo fez uma careta e tentou avançar contra o menino, mas percebeu que seus braços e suas pernas estavam presas por grossas correntes.
Ele estava totalmente preso na parede e conseguia ter uma visão de onde estava. A parede era rústica, feita de grandes e grossas pedras, assim como o chão, que tinha um aspecto gelado e sombrio. Nas outras paredes, haviam outras correntes, mas ninguém estava lá, acorrentado como ele. Só Scorpius, McTripe e Alvo estavam ali.
- Me solta! – disse Alvo - Agora!
- Você não está em condições de fazer exigências Potter... – disse Scorpius com desdém, olhando prazerosamente para o rosto de Alvo – Está preso... – acrescentou.
Alvo tentou se soltar mais uma vez, em vão. Scorpius sacou a varinha e um estampido, Alvo sentiu uma dor fulminante em todo o seu rosto. McTripe deu risadas e Scorpius deu um sorriso maquiavélico.
- Os Furúnculos ficaram bem em você... – disse Scorpius sorrindo. Seus cabelos louros estavam tombados sobre seu rosto e seus olhos azuis brilhavam de satisfação – Idiota...
- Pare! – gritou Alvo – Onde eu estou?
Scorpius olhou ao redor.
- Bem, não parece um lugar muito convidativo não é mesmo? – disse Scorpius – Mas você pode ficar tranqüilo que ainda estamos dentro de Hogwarts...
- Como me trouxe aqui? – perguntou Alvo furioso – Me solta agora! Ah Scorpius, quando eu sair daqui, você não perde por esperar!
Alvo olhou para o lado e enxergou uma espessa porta de madeira. Ela era enorme, tanto de largura, tanto de cumprimento. Alvo ficou olhando para ela, até que Scorpius lhe deu um tapa na cara.
- Seu...
- Olha a boca Potter! – disse Scorpius
- Seu idiota... Como você me trouxe aqui?
- Bem, você vai ver daqui a pouco... – disse Scorpius fitando Alvo dos pés à cabeça – Você vai ver e não vai ser nada agradável...
- Seu marginalzinho! – berrou Alvo – Me tira daqui!
- Cala a boca! – berrou McTripe elevando a varinha
Outro estampido preencheu o ar e sangue saltou da boca de Alvo, caindo no chão. Scorpius e McTripe gargalharam prazerosamente. Alvo gemia de dor.
- Parem por favor...
- Não! – disse Scorpius – Nós queremos lhe torturar antes dele chegar não é McTripe? Ele vai gostar muito de te ver assim...
- Ele quem? – perguntou Alvo desesperado
- O Mestre dos Servos da Serpente! – disse Scorpius sombriamente – Uh! Eles vão te pegar Potter, vão te pegar...
- Mentira! – gritou Alvo – Para com isso Scorpius, agora!
- Pare Scorpius... – uma voz fria falou
A grande porta de madeira se abriu, revelando um homem com vestes verdes e uma mascara em forma de cobra. Alvo abriu a boca para falar, mas desistiu da idéia. Scorpius estava certo. Se ele pelo menos tivesse a sua varinha ao sem alcance.
- Olá Alvo... – disse o homem - Ou melhor, Al!
O homem elevou sua varinha até o rosto, sugando toda a mascara, revelando um rosto branco, com olhos azuis e um cabelo louro prateado. O queixo de Alvo caiu ao ver Draco Malfoy parado ali, na sua frente. Ele ficou quieto. Draco sorriu.
- Como anda a vida Al? – perguntou Draco
Ele fez outro aceno com a varinha e uma poltrona apareceu atrás dele. Ele caiu levemente sobre ela, guardando a varinha nas vestes. Surgiram mais duas poltronas e Scorpius junto com McTripe se sentaram.
- Ótimo trabalho de vocês dois! – disse Draco gentilmente
Scorpius e McTripe sorriram.
- Bem... – disse Draco – Chegou à hora que eu esperava...
- ME SOLTA! – berrou Alvo – AGORA!
Draco sorriu ironicamente.
- É melhor poupar saliva Potter... – disse ele lenta e claramente – Vai demorar a sessão de historias que eu vou lhe contar... Para depois...
- Depois? – disse Alvo
- Bem, você vai ver na hora certa... – disse Draco
- Nós não estamos em Hogwarts não é? – gritou Alvo furioso – Onde eu estou? Eu quero meus tios... Seu imundo... Sujo!
- Seu pai não lhe ensinou educação? – cortou Draco – Ora... Pensei que Harry fosse um ótimo educador, mas vejo que ele apenas o ensinou a ser um fracassado...
Alvo ficou vermelho de repente e tentou se soltar mais uma vez e mais uma vez ele não conseguiu, ficando pendurado pelas correntes, derrotado. Ele lançou um olhar suplicante a Malfoy, que sorriu.
- Sabe, antigamente... – começou Malfoy – Hm... Dezenove anos atrás, eu de fato, não queria ser um Comensal da Morte, achava uma profissão chula para o tipo de vida que eu levava, mas, eu tive que seguir o caminho de meu pai...
Scorpius e Draco se entreolharam e sorriram, como se fosse um prazer contar aquela historia para um menino de onze anos que estava acorrentado em uma parede, na frente deles.
- Mas agora... Tanto tempo depois... – continuou Draco com desdém – Eu pensei melhor e depois da queda do Lorde das Trevas, eu achei essa profissão um barato, mas, como eu o chefe...
- Você nunca...
- Sh! – disse Draco – Cale a boca miniatura de Potter, me deixe terminar de falar... Seu pai, ele me salvou a vida algumas vezes, mas eu nem agradeci e nem deveria, porque ele não fez mais que obrigação...
- Obrigação? – cortou Alvo – Não me faça rir...
Draco ficou vermelho de fúria.
- Obrigação sim... – disse Draco – A conduta dele não o permitia a deixar alguém morrer, não permitia mesmo... Ele e aquele heroísmo nojento... Nunca gostei disso! Aliás, ninguém nunca gostou...
Alvo abriu a boca para falar, mas Draco fez sinal que não e continuou:
- Harry Potter, o menino que sobreviveu derrotou o Lorde das Trevas sim, mas não a mim – nesse momento Draco riu – Fora tolo naquela noite... Tolo o suficiente para se deixar levar...
- Que noite? – gritou Alvo – Por que eu estou aqui?
Draco fechou a cara.
- Eu disse pra você ficar calado Sr Potter... – disse Draco imediatamente – Você é igual ao seu pai, mas, continuando... Então, passei esses dezenove anos planejando a morte de seu querido pai... O Lorde não conseguiu, mas eu iria conseguir...
- Como assim iria? – disse Alvo mais calmo – Do que você está falando? Tira-me daqui seu bruxo maldito... Agora!
- NÃO! – berrou Draco – Fique quieto moleque pretensioso... Na hora em que eu iria assassinar seu pai Al, eu desisti no ato e ao invés dele, assassinei meu querido amigo Goyle...
Alvo ficou anestesiado. Então seu pai estava vivo, não morto? Do que ele estava falando? Por mais que ele resistisse, no fundo, ele queria ouvir toda a historia...
- Já a nojenta da Weasley... – disse Draco ignorando os protestos de Alvo – Eu até pensei em matá-la, mas, também não quis... Achei que ela teria um bom proveito sabe... Então, peguei o cabelo dos dois... E transformei meus queridos amigos neles... Se bem que Crabbe estava um meio vivo, mas ninguém percebeu... Os joguei no meio da rua e chamei os Aurores, eles foram lá e constataram que eram os Potter de fato... Então, deste ponto você já sabe não é querido Alvo? O velório... A tristeza... Maldição Imperius... No inicio, até que seu pai resistiu sabe, mas ai eu consegui domina-lo e então eu criei os Servos da Serpente...
- Então aquele homem que olhou para mim...
- Sim, era seu pai transformado no Goyle... – disse Draco com desgosto – Quase que ele estraga todo o disfarce ali mesmo... Quis matá-lo naquele momento e então, estamos aqui... Scorpius fez o trabalho para mim de tirar você de Hogwarts...
- Então não estamos em Hogwarts? – perguntou Alvo
- Claro que sim! – disse Draco – O que iriam pensar de dois garotos do primeiro ano saindo dos domínios de Hogwarts sem ninguém por perto hein? Seria uma atitude muito incoerente...
- Então, onde estamos?
- Num alçapão em baixo de seu dormitório... – disse Draco rapidamente – Não sei como você não percebeu a existência dele antes... Burro igual ao pai...
- Meu pai não é burro! – gritou Alvo – Cadê ele?
- Oh... – disse Draco sorrindo – Quase havia me esquecido...
Ele tirou a varinha de suas vestes e fez um simples aceno com a varinha. A grandiosa porta se abriu e de lá dois corpos saíram flutuando e se prenderam automaticamente nas outras correntes. Eles acordaram. O homem tinha barbas e olhos extremamente verdes, com óculos, uma fina cicatriz em forma de raio estava estampada em sua testa e seus cabelos estavam bagunçados.
- Pai! – gritou Alvo

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