Entre Cobras e leões



Alvo passou o dia seguinte inteiro no que tinha visto com Brian. Parecia que ele estava sonhando. Nunca imaginara que veria Kemily daquele jeito. Tão desprotegida... Se o Scorpius soubesse, não iria gostar nada. Toda vez que Alvo passava por ela, ele corava fortemente e virava seu rosto para o outro lado, pra ela não perceber.
Ele e Scorpius estavam ficando mais distantes e Alvo realmente não sabia o por que. Nunca mais fizeram tarefas juntos, nem andavam pelo jardim conversando vários assuntos engraçados. Não se falavam mais como antes. Para Alvo, seu melhor amigo, era Brian, que falava com ele todos os dias, lhe ajudava nos deveres e o incluía em sua roda de amigos.
Mas Alvo já não se importava mais com Scorpius. James parecia mais seu amigo do que nunca. Frequentemente falava com ele, perguntava como fora seu dia, entre outras coisas. Alvo se sentia muito confortável em relação a ele.
Todos os dias, ele lembrava de seus pais, mas já não era com tanta intensidade, como antes. Eles estavam vivos em sua memória e nunca sairiam de lá, porem, às vezes, ficavam esquecidos em um ponto de sua mente.
Alvo comia um delicioso pudim no café da manhã, quando sua coruja, um animal pardo e bonito, pouso graciosamente na frente de seu prato e estendeu sua patinha para o dono. Alvo retirou a carta que estava presa ali e acariciou sua cabeça.
- Obrigado Edwiges! – agradeceu
Alvo deu um pedacinho de pudim para a coruja e ela partiu janela fora, esbanjando beleza e dignidade diante dos estudantes que a observavam surpresos. Alvo abriu a carta rapidamente, lendo para si mesmo.

Querido Al...
Eu estou sofrendo muito com a falta do papai e da mamãe, eles eram mais do que tudo pra mim. Tio Rony e Tia Mione estão sendo muito legais comigo e já até pegaram minhas roupas em Godric´s. Bem, eu queria te fazer um pedido sabe... Será que a McGonagall autorizaria minha entrada em Hogwarts antes do tempo exato? Eu já tenho poderes e isso não seria problema nenhum para mim, ao contrario... Eu não estou agüentando ficar longe de você e do James. Pense bem e fale com ela se puder.
Beijos...
Lilly

Alvo dobrou a carta e guardou em um bolso interno de suas vestes negras. Ele levou seus olhos imediatamente para a Professora McGonagall, que estava sentada imponente em sua cadeira dourada, na frente de todo o Salão Principal. Bem... Lilly não fizera um pedido absurdo. Alvo até achara que era possível McGonagall abrir uma exceção para a entrada de Lilly para Hogwarts, porem, Alvo a achava nova demais para estudar no Castelo, mas iria tentar, de qualquer forma. Quando Alvo foi se levantar, James chegou até ele e lhe perguntou no ouvido, qual era o assunto que continha a carta.
- Era da Lilly... – sussurrou Alvo olhando para os lados para ver se ninguém estava tentando lhe ouvir – Ela me pediu uma coisa...
- O que? – perguntou James curioso
- Ela quer que eu peça para a McGonagall deixa-la entrar em Hogwarts mais cedo... – respondeu Alvo dando mais uma olhada para os lados – O que você acha?
- Eu... – disse James aturdido – Bem... Não é um pedido tão absurdo assim, você vai falar com ela? Bem, se for, eu vou com você...
- Eu também não pensei que fosse um absurdo... – disse Alvo rapidamente – E eu gostaria demais que você fosse comigo...
- Olá James!
Brian acabara de aparecer atrás de James, com um rosto sorridente. Alvo se virou e disse um “Bom Dia” sem emoção.
- Sabe da nova? – disse Brian – Alvo espiou...
Alvo corou imediatamente e recomeçou a comer pudim violentamente. James segurou seu ombro e o virou para que ficassem cara a cara.
- Você espiou? – perguntou James
Alvo engoliu em seco. Só pelo “espiou” que Brian disse, Alvo sacou que James já sabia do que se tratava. Alvo respirou fundo e disse:
- Brian que me levou lá!
James sorriu.
- Viu quem?
- A Parkinson! – disse Brian baixinho
Alvo corou violentamente.
- Legal... – disse James – Alvo, depois nós se falamos ok?
- Ah! Está bem...
Dizendo isso, James se virou e atravessou o Salão em direção a mesa da Grifinória. Brian se sentou ao lado de Alvo e deu tapinhas em suas costas.
- Pensou que ele ia ficar nervoso não é? – disse Brian sorridente.
- Pensei... – respondeu Alvo sincero
As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, estavam ficando cada vez mais difíceis. Alvo conseguia executar o Expelliarmus muito habilidosamente, mas havia outras criaturas que ele nem ousava chegar perto, quando Gui as levavam para dentro de sala.
- Bem... – disse Carlinhos
Ele estava no centro da sala. As carteiras haviam sido afastadas para a parede, formando um grande circulo, onde os alunos ficavam na borda, observando assustados, um Trasgo bebê, que brincava com uma galinha.
- Um Trasgo... – disse Carlinhos andando de um lado para o outro, batendo sua varinha em sua mão – Bem, só um bruxo excepcionalmente bom conseguiria derrotar um Trasgo facilmente... Exceto por Rony Weasley, que em seu primeiro ano, levitou o bastão do próprio Trasgo e bateu nele, derrotando-o.
Vários alunos exclamaram um “Oh” excitante.
- Seria muito perigoso trazer um adulto para o Castelo... – disse Carlinhos olhando para os alunos – Se bem que as Masmorras existem alguns... Consegui, com muito custo, trazer esse filhote para cá... Hoje, vocês vão aprender de fato, lançar o feitiço Serpensortia, que é muito usado em duelos...
Os alunos permaneceram em silencio. Carlinhos limpou a garganta alto e elevou sua varinha em direção ao filhote de Trasgo. Ele colocou sua outra mão para trás e disse, dando uma sacudida:
- Serpensortia!
Uma serpente de tamanho médio foi cuspida para fora da varinha de Carlinhos, caindo no chão e rastejando em direção ao Trasgo. Ele, por sua vez, foi se afastando, deixando a galinha inerte no chão. A serpente foi rastejando até ele, até que Carlinhos apontou a varinha novamente e disse:
- Vipera Evanesca!
A calda da cobra começou a pegar fogo e seu corpo instantaneamente desapareceu no chão. O Trasgo rugiu de felicidade.
- Bem... – disse Carlinhos – Esse feitiço que eu acabei de lançar, só funciona para desintegrar cobras feitas por magia ok? Nem tentem lançar isso em outra coisa...
- Podemos tentar? – perguntou Scorpius
- Claro! – disse Carlinhos – Dois de cada casa, por favor!
Alvo e Scorpius se adiantaram e Alvo viu Rosie e Burste darem um passo a frente. Carlinhos afastou os outros alunos e deixou um de frente para o outro. Alvo em frente à Rosie e Scorpius a Burste.
- Quando eu disser já... – disse Carlinhos – Já!
- Serpensortia! – disse os quatro alunos ao mesmo tempo
As serpentes surgiram da varinha de cada um e foram uma em direção a outra. A serpente de Scorpius avançou, dilacerando a cobra de Burste, enquanto a de Alvo ficava sibilando calmamente, em frente à serpente de Rosie. Ambos riram.
Scorpius moveu sua varinha e a serpente se moveu junto, atacando a cobra de Rosie ferozmente. A serpente de Alvo avançou também e as três começaram a brigar violentamente. Os alunos começaram a gritar o nome dos três, para ver quem ia vencer.
- Vai Scorpius! – gritou McTripe
A serpente de Scorpius era muito violenta, enquanto a de Alvo tentava defender fortemente a serpente de Rosie. Não agüentando mais, Alvo e Rosie apontaram suas varinhas para as três cobras:
- Vipera Evanesca!
As serpentes se desintegraram instantaneamente. Scorpius revezou seu olhar mortal de Alvo para Rosie, enquanto Carlinhos batia palmas excitantes.
- Bravo! – disse ele – Vinte pontos para a Sonserina e mais vinte para a Grifinória... Vocês foram realmente ótimos...
Carlinhos fez um movimento com a varinha e as mesas voltaram aos seus lugares originais e levitou o Trasgo até um criado mudo próximo. Os alunos se sentaram e Rosie disse um “Obrigado” para Alvo, quase inaudível. Scorpius se sentou ao lado de Alvo.
- Por que fez aquilo? – perguntou
- Porque sim! – respondeu Alvo simplesmente
Carlinhos disse em voz alta:
- Quero que vocês treinem bastante esse feitiço e na próxima aula quero um pergaminho explicando os efeitos do feitiço Serpensortia e Vipera Evanesca... Podem sair!
Todos pegaram suas mochilas e jogaram nas costas e começaram a sair da sala de aula. Scorpius foi à frente e Alvo ficou esperando Rosie terminar de juntar seu material.
- Você foi ótima! – disse Alvo se aproximando dela
- Ah nada! – disse ela, colocando o livro de DCAT na mochila e a fechando – Você que foi muito cavalheiro destruindo as cobras...
Rosie se levantou e saiu da sala com Alvo. Carlinhos sorriu ao ver a cena. Eles viraram o corredor e começaram a andar lentamente, conversando.
- Violento ele não? – disse Rosie
- Quem? – perguntou Alvo totalmente desligado
- O Malfoy! – respondeu ela
- Ah é... Muito! – disse ele olhando distraidamente pelas enormes janelas do corredor – Ele queria acabar com a gente...
Eles dobraram a esquina e deram de cara com uma pintura de um búfalo falante, que praguejava com uma mulher extremamente magra e velha.
- São engraçadas essas pinturas... – disse Rosie observando
- Uhum – concordou Alvo
Suas mãos soavam frio e seu coração batia extremamente acelerado. Nunca havia sentido isso antes. De repente, enquanto andavam, suas pernas ficaram bambas e suas mãos tremulas. Rosie percebeu.
- Por que está assim? – perguntou ela intrigada
- Eu...
Alvo engoliu em seco e continuou a andar.
- Alvo?
- Eu queria lhe fazer um pedido!
Pronto. Havia falado. Era o fim do mundo. Alvo pensou que o chão tivesse saído debaixo dos seus pés e o mundo tivesse desabado sobre sua cabeça. Droga! Deixara escapar. Não podia ter feito isso. De forma alguma.
- Então faça... – disse Rosie docilmente
- É Hm... – disse Alvo – Hã... Nada não!
- Agora você vai ter que falar! – rugiu Rosie parando de andar imediatamente. Alvo continuou - Alvo Severo Potter!
Mas ele continuou a andar. Ela correu até ele e o virou para ela.
- Me fale...
- Eu não posso! – disse ele suplicante – Não me faça!
- Vou fazer sim! – disse Rosie nervosa – Diz!
- Eu... Namora comigo?
Alvo corou, quase caiu no chão e olhou o teto, achando muito bonito os lustres do Castelo. De repente, ele achava aqueles objetos tão interessantes e mágico. Ele não ousou encarar Rosie, que estava totalmente corada.
- Eu...
Sem que Alvo esperasse, ela puxou sua cabeça e lhe deu um beijo na boca. Alvo ficou sem reação, mas retribuiu e ficaram ali durante longos minutos. Alvo havia dado seu primeiro beijo.

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