Trinta e cinco anos depois...



Seus pensamentos vagavam sem rumo pelo extenso jardim cheio de flores que esbanjavam beleza sobrenatural. Ele não conseguia olhar. Bruxos e Bruxas seguiam avante, levando dois caixões brancos. As lagrimas escorriam sem controle pelo seu rosto. Não estava suportando.
Seu irmão, James, mal se agüentava em levar um caixão junto com Rony. A tristeza era muito grande. Alvo, agora se sentia mais só do que nunca. Como isso fora acontecer? Tudo que ele mais queria, era que aquilo não passasse de um pesadelo e que quando ele acordasse, visse seus pais na sua frente, lhe levando o café na cama, enquanto se arrumava para partir pela primeira vez para Hogwarts.
Eles andaram alguns minutos em campo aberto e pararam ao lado de duas covas cuidadosamente cavadas. James, junto com Rony, depositou o caixão no chão e Gui e Carlinhos colocaram o outro no lado oposto. Alvo nem ousava se aproximar. Estavam todos lá. Não queria mostrar sua fraqueza.
- Al? – disse uma voz doce
Ele se virou e viu sua irmã, Lilly, banhada em lagrimas.
- Lilly...
Então, se abraçaram fortemente. Um amparando o outro. Lilly chorava pra valer e Alvo não agüentou mais e desabou em lagrimas. Estava sendo torturante aquilo. Não queria olhar, não queria ver.
- Al... – disse Lilly se afastando – Eu não quero ficar sozinha... Não quero mesmo! Eu quero o papai e a mamãe!
Alvo engoliu em seco e chorou. Era insuportável ouvir sua irmã, falando daquele jeito. Ela era tão nova e já estava sofrendo. Talvez, o pior acontecimento de sua vida.
- Você não vai ficar sozinha... Eu prometo!
Lilly passou seus braços frágeis por trás de Alvo e começou a andar ao lado do irmão. Algumas pessoas os olhavam com pena, outros choravam só de olhar. Alvo engoliu em seco e chorou ao ver aqueles dois caixões expostos ao sol.
- Al... – disse James se aproximando
- Oi – disse Alvo sem olhar para ele
- Eu quero lhe pedir desculpas! – disse James corando imediatamente – Agora que nós estamos nesse momento difícil... Eu percebi que não vale a pena brigar!
Alvo se virou e deu um abraço forte no irmão, que retribuiu. Lilly também foi no embalo e abraçou os dois ao mesmo tempo. Ficaram longos minutos ali, até que a voz de Hagrid os despertou.
- Eu... – disse Hagrid
Alvo notou que ele mal agüentava com as próprias palavras e muito menos com o próprio peso. Sua barba negra estava banhada em lagrimas.
- Eu fui incumbido de dizer algumas palavras em homenagem a Gina e Harry Potter... – disse Hagrid com dificuldade, limpava as lagrima como podia – Se eu fosse dizer o quão especial eles eram... Nós ficaríamos o dia e a noite inteira aqui... Mas eu tenho que dizer algumas palavras...
“Eu conhecia Harry há muitos anos, desde a morte de seus pais há trinta e cinco anos atrás, Harry era um menino muito especial, magrinho que só ele e com uma alma de um verdadeiro Grifinório, dez anos depois da morte de James e Lilly, eu busquei Harry em um casebre caindo aos pedaços no meio do alto mar, ele estava morando com seus tios...”.
Alvo se virou para trás e viu uma família composta por três pessoas. Um homem velho e extremamente barrigudo e uma mulher alta e magra, com cabelos grisalhos, alem de um homem alto e corpulento.
Hagrid continuou.
- Logo em seu primeiro ano... – disse ele – Harry derrotou Você-Sabe-Quem pela segunda vez em sua vida... E salvou a Pedra Filosofal que veio a ser destruída por Alvo Dumbledore para um bem maior. Nicolau Flamel e sua esposa morreram logo após. Em seu segundo ano, entrou na Câmara Secreta e derrotou um Basilisco com a Espada Godric Griffindor.
“Depois, no ano seguinte, aprendeu a realizar o feitiço do Patrono com o Professor Lupin, que Deus o tenha também...”.
Alvo viu Teddy Lupin dar uma fungada triste.
- Naquele mesmo ano... Derrotou mais de cem dementadores juntos com seu Patrono em forma de Cervo... – continuou Hagrid claramente emocionado – Salvando seus amigos Rony Weasley e Hermione Granger e seu Padrinho Sirius Black, que para muitos, era um fugitivo perigoso de Azkaban... Ora... No ano seguinte, Harry foi misteriosamente selecionado para o Torneio Tribruxo e enfrentou todas as provas com garra... Até chegar a ultima, a qual ele passou com Cedric Diggory... Ao pegar na Taça Tribuxo, eles foram levados a um cemitério, onde Diggory morreu nas mãos de Pedro Petigrew e Harry viu renascer o Lorde das Trevas!
“Se não bastando isso, Harry, no ano seguinte, foi crucificado pelo Ministério da Magia juntamente com Alvo Dumbledore, ninguém acreditava que o Lorde das Trevas tinha realmente retornado da morte, até que houve uma seria batalha dentro do próprio Ministério, onde Sirius Black morreu e o Ministro realmente viu o Lorde das Trevas em pessoa”.
“No ano seguinte, Harry teve uma perda significante em sua vida, Alvo Dumbledore morreu assassinado por Severo Snape, que fugiu acompanhado pelos demais Comensais da Morte e junto com Draco Malfoy, que seria o grande responsável pela invasão em Hogwarts aquela noite”.
Hagrid pigarreou e deixou escapar uma lagrima.
- Bem... – continuou – No ano seguinte, talvez, o pior de todos... Harry sofreu muitas perdas... A guerra estava de fato declarada... O Lorde das Trevas fez de tudo para alcançá-lo e passou por cima de muita gente... Alastor Moody... Ninfadora Tonks... Colin Crevey... Remo Lupin... Rufus Scrimgeour... Até matou uma coruja e um pobre Elfo Domestico! Uma batalha grandiosa iniciou-se em Hogwarts... Alunos e alunas pertencentes à Armada de Dumbledore lutaram bravamente... Harry descobriu que Severo Snape não era de fato um traidor e que ele sempre lhe protegeu... Enfim, Harry tinha um pedaço da alma do Lorde das Trevas em seu corpo, que foi destruída por ele mesmo... Harry não estava morto. Ele voltou e derrotou o Lorde das Trevas ferozmente. Harry Potter era um bruxo diferente. Um bruxo especial. Que enfrentou problemas inestimáveis ao lado de seus amigos Rony Weasley e Hermione Granger, alem de ter amado Gina Weasley para sempre. Mas agora, dezenove anos depois da guerra, Harry Potter morreu. Não sabemos pelo que ou por quem, só sabemos que ele e sua mulher estão descansando em paz nesse momento. Uma salva de palmas para os dois!
Hagrid começou a bater palmas frenéticas e todas as pessoas ali, imitaram sua ação. Alvo olhou em volta. Todos os olhos que ele viu, estavam banhados em lagrimas. A Sra Weasley chorava feito um bebê no ombro de seu marido.
Teddy e Gui fizeram movimentos com a varinha e os dois caixões levitaram alguns metros do chão. Naquele momento, Alvo lembrou dos momentos felizes em que passara ao lado deles. Ao lado de seus pais, que sempre lhe deram amor e carinho.
Outro movimento das varinhas e os caixões foram descendo lentamente. As pessoas começaram a lançar flores com as varinhas nos caixões. Alvo se adiantou e conjurou bonitas rosas e lançou-as acima dos caixões. Era a ultima vez que estava vendo seus pais.
Mas, Alvo tinha certeza que iria visitá-los todo dia. Afinal, eles estavam sendo enterrados nos terrenos de Hogwarts. Ao lado do tumulo de Alvo Dumbledore, que jazia ali fazia muitos anos. Os caixões foram descendo e descendo e aos poucos, Alvo foi perdendo a visibilidade deles.
Ele ouviu um barulho fundo e percebeu que os caixões haviam batido na terra, lá em baixo. Teddy e Gui moveram as varinhas e terra começou cair lá dentro. Alvo deixou uma ultima lagrima cair de seus olhos e se virou se afastando da multidão.
Alvo agachou lentamente se sentou na grama verde e macia do jardim. Olhou para o céu azul claro e lembrou dos momentos mais felizes que passara com sua família. Como foram bons. Quando ele voltou sua cabeça para frente, ele visualizou Draco Malfoy, ao lado de dois grandes homens, Crabbe e Goyle.
Ele sorriu para Alvo, que não retribuiu. Mas Alvo percebeu algo de errado com o mais alto, o Crabbe. Ele lançou um olhar suplicante para Alvo. Ele não sabia o que aquilo significou, pois logo ele voltou ao normal. Scorpius se aproximou do pai e se abraçou a ele.
James sentou-se ao lado de Alvo e abraçou o irmão novamente. Ele tomou fôlego e disse rapidamente:
- Está vendo que amigo o Scorpius é?
- Não
- Então, ele por acaso veio lhe acalmar? Veio ver como você estava? Não... Por isso que eu já havia lhe alertado antes Al... Os Malfoy não são boas pessoas!
- Talvez você tenha razão! – disse Alvo imediatamente
Os dias se passaram lentamente até que Alvo acreditasse por inteiro que ficara órfão de pai e mãe. Ele pensava nisso a todo o momento em que sua mente atarefada tinha algum descanso em fim. Contudo, Alvo se mantinha rígido diante de presenças internas, especialmente o Scorpius.
- Cara... – disse Malfoy uma vez – Eu sinto muito!
- Eu também sino! – disse Alvo simplesmente
Os professores pareciam estar com muita pena dele e diminuía consideravelmente a quantidade de deveres, não só para ele, mas, para todos. Alvo não queria isso. Não queria ser digno de pena de ninguém. Os únicos que pareciam entendê-lo eram Neville e Luna, que sempre o chamava para tomar um chá. Às vezes eram os dois juntos, as vezes, só um.
Alvo adorava quando Luna contava sobre as Criaturas Mágicas estranhas, que possuíam estranhos poderes e que quase ninguém acreditava que existisse. Alvo, no fundo, não acreditava, mas achava as historias fascinante e Luna se divertia vendo as risadas gostosas dele.
Neville já era totalmente diferente. Ele gastava seu tempo com Alvo, contando muitas historias sobre quando Harry, Rony e Hermione eram jovens. Alvo ficou sabendo que Neville no primeiro ano fora petrificado por Hermione e ganhara pontos por isso. Alvo riu demais.
Às vezes, Alvo se pegava se perguntando como seria sua vida após as aulas de Hogwarts. Bem, ele já sabia onde iria viver, mas seria muito pior sem seus pais. Não iria mais ter excursões para o Caldeirão Furado de Vassoura e também não iria apostar corrida montado em filhotes de Hipogrifo, quando iam visitar Hagrid. Perdera muitas coisas.
- Alvo... – disse Brian na tarde de domingo.
O Salão Comunal estava estranhamente cheio naquela tarde. Alguns alunos faziam tarefas e outros simplesmente gastavam o tempo lendo contos estranhos de livros diversos.
- Sim? – disse Alvo. Estava sentando no sofá principal do Salão Comunal, pensando na vida.
- Quer ver uma coisa legal? – disse ele
- Coisa legal? – questionou Alvo se virando para ele
- É... – disse Brian – Vem...
Alvo se levantou e foi guiado por Brian até o dormitório dos mais velhos. Era quase idêntico ao dele, só havia pôsteres de Veelas estampados na parede.
- O que é? – perguntou Alvo
- Calma... – disse Brian indo até a porta e espiando dos dois lados – Olhe...
Brian começou a tirar o sinto.
- Hei! – exclamou Alvo – Eu não quero te ver nu!
Brian riu e retirou o cinto.
- Eu não vou ficar pelado! – disse Brian
Ele rodou o sinto e bateu com tudo no teto. Alvo se afastou no momento em que uma grande escada de madeira desceu rapidamente de lá.
- Sobe... – disse Brian
- Pra que? – perguntou Alvo
- Você vai ver...
Alvo subiu rapidamente com Brian em seu encalço. Quando chegou lá em cima, Alvo visualizou um lugar escuro e não muito grande. Ele engatinhou até um canto, enquanto Brian subia a escada novamente.
- Vem...
Brian engatinhou para frente e Alvo foi em seu encalço. O Sonserino do quinto ano parou diante de um buraco em forma quadrangular. Alvo colocou a cara lá e viu varias camas cor de rosa, com alguns bichos de pelúcia e também, viu uma menina. Era Kemily Parkinson.
- Esse não é o dormitório das meninas é? – perguntou Alvo
- Em cheio... – disse Brian
- Do primeiro ano? – perguntou Alvo receoso
- Sim! – exclamou Brian – Legal né? Nós podemos ver elas se trocando quando a gente quisermos...
- Nossa... – exclamou Alvo quando Kemily tirou a blusa.

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