O segredo no Ministério



Alvo se sentiu culpado pelo resto da semana, por ter tratado seu irmão daquele jeito arrogante e rude. Não devia ter feito aquilo. James só estava tentando ajuda-lo. Tentando conversar com ele. Alvo tentava se aproximar de seu irmão, mas este, nem olhava direito para ele. Fingia que não existia. E também, Alvo ainda não voltara a conversar direito com Scorpius. Não se sentia bem para isso ainda. Malfoy estava interessado justo na Parkinson. A menina que ele gostava que era apaixonado.
Ele sabia que se Malfoy ficasse algum dia com ela, iria ser só por desejo, por prazer, com ele seria diferente. Alvo tentaria aproveitar cada minuto, cada segundo que passaria ao lado da Parkinson, mas sentia do fundo do seu coração que esse momento estava muito longe de acontecer, talvez nunca acontecesse. Scorpius com certeza iria conquistar ela. Com certeza.
Alvo levantou cedo na manhã de domingo e se vestiu rapidamente. Ele se sentou em uma mesa no Salão Comunal e começou a escrever uma carta que enviaria a Rony:

Tio Rony...
Eu tenho passado por problemas aqui em Hogwarts, não pelo fato de eu ter ido para Sonserina, mas também por outras coisas. James mal olha na minha cara, pois estou frequentemente andando com Scorpius Malfoy. Ele não é má pessoa, eu garanto, mas James faz questão de não acreditar nisso. Sinto muito por ele. O Sr. tem noticias dos meus pais? Isso está me preocupando muito também tenho medo de que algo de muito serio possa ter acontecido com eles. Me responda o mais rápido possível...
Sem mais...
Alvo Severo Potter

Ele releu a carta e se levantou, colocando-a em seu bolso. Ele saiu do Salão Comunal e se deparou com uma escola quase que deserta. Quase ninguém estava andando pelos corredores. Ele foi subindo as escadas em direção ao corujal, até que quando estava no sexto andar, ele ouviu vozes. Alvo parou de andar e se escondeu atrás de uma estatua de uma bruxa corcunda. Ele inclinou sua cabeça e viu Rosie prensada na parede, com um menino na sua frente.
- Vai Weasley... – o menino disse – Por favor... Só um beijo!
- Não! – disse Rosie tentando se desvencilhar dos braços do garoto – Me solta, me deixe ir...
- Não... – disse o menino – Eu quero um beijo seu agora!
- Me solta agora! – exigiu Rosie
Ele elevou sua varinha e o afastou com um flash violeta. O menino, furioso, ergueu sua varinha e a levitou. Ela ficou imóvel. Ele fez um movimento circular com a varinha e Rosie ficou de cabeça para baixo, na altura de sua boca.
- Agora...
- Expelliarmus!
Alvo não sabia o que estava fazendo. Quando ele se deu por si, estava exposto para os dois, com a varinha erguida. Seu feitiço funcionara. A varinha do outro voara de sua mão e caíra metros longe dele.
- Alvo... – suspirou Rosie, que estava no chão.
- Você! – disse o menino correndo em direção dele – Vai me pagar!
- Expelliarmus!
Um raio vermelho partiu da varinha de Alvo, acertando o menino bem no tórax. Ele caiu para trás, com um baque surdo. Os quadros ao redor urraram e começaram a gritar freneticamente: “Duelo! Duelo”. Assustado, o garoto se levantou, pegou sua varinha e saiu correndo, virando na esquina do corredor.
Alvo guardou sua varinha e correu até Rosie, que estava à beira de lagrimas.
- Você me salvou... – disse ela – Obrigado!
- Não foi nada... – disse Alvo sinceramente – Quem era aquele?
- Stanley Blackbuff! – disse Rosie – Menino asqueroso... Está no terceiro ano sabe, há dias que ele vem me perseguindo...
Eles começaram a andar pelo corredor, lado a lado.
- Eu estava indo agora mesmo ao corujal mandar uma carta para seu pai... – disse Alvo enquanto subiam outra escada – Você vai comigo?
- Pode ser... – disse Rosie – Er... Eu soube do que aconteceu com seus pais, sinto muito... Muito mesmo!
Alvo sentiu um enorme aperto no coração.
- É... – disse ele – Eu também sinto! Eu espero que eles estejam bem...
- Eu também! – disse Rosie
Em poucos minutos, eles chegaram ao Corujal. Alvo amarrou a carta em qualquer coruja, pois a sua não estava lá e a enviou finalmente para seu Tio Rony. Eles foram conversando até o Sétimo Andar, quando a Rosie entrou para o Salão Comunal da Grifinória.
Alvo foi andando tristemente para as masmorras. Conseguira salvar Rosie de um aluno do terceiro ano. Isso era um avanço muito bom. Conseguira lançar um feitiço que a maioria dos estudantes do primeiro ano ainda não conseguiam. Seu pai ficaria orgulhoso. Muito orgulhoso.
Já estava quase lá, quando ouviu uma voz muito familiar vindo da Sala dos Professores, que era protegida por duas gárgulas falantes. Ele parou e encostou seu ouvido na porta.
- Hei! – trovejou a gárgula – Você não pode!
- É rápido...
Ele abriu um pouco a porta e enxergou o Professor Longbottom analisando alguns pergaminhos que estava em cima da mesa. Alvo ouviu a voz novamente e Longbottom se virou para a lareira. Alvo ficou nas pontas dos pés e conseguiu enxergar o rosto de Rony, que flutuava em cima das chamas.
- O que faz aqui? – perguntou Neville – Alguma coisa grave aconteceu?
- Não é exatamente grave... – disse Rony – É desagradável...
- Então fale! – disse Neville rapidamente
- Bem... – começou Rony – Malfoy, Crabbe e Goyle foram admitidos no Ministério...
- Crabbe? – disse Neville – Mas ele não estava morto?
- Pois é... – disse Rony – Isso é o que nós pensávamos, mas pelo visto ele conseguiu escapar da morte...
- Nossa! – disse Neville – E permaneceu oculto durante todo esse tempo?
- É... É... – disse Rony – Mas outra coisa me intriga, eu acho que Malfoy encontrou a pedra da ressurreição no meio da Floresta Proibida e usou em Crabbe!
Neville ficou pálido de repente.
- Você está brincando...
- Não estou! – disse Rony com a voz esganiçada – Isso é grave... Lembra da Bulstrode? Eu investiguei e fiquei sabendo que Crabbe havia deixado-a grávida quando foi “morto”. Então ele tem uma filha...
- Mas como o aceitaram no Ministério? – perguntou Neville – Ele era um Comensal da Morte... Kim esqueceu disso?
- Mas Malfoy jurou que queria se redimir perante o mundo mágico! – disse Rony rapidamente – Eu temo que o pior possa acontecer...
- Pior? – disse Neville – O que poderia acontecer?
- Acho que Malfoy está atrás das Relíquias da Morte! – disse Rony com muita dificuldade. Aquelas palavras pareciam pesar sobre ele – Se for isso, estamos correndo riscos...
- Eu... Isso é possível?
- Claro que sim! – disse Rony – Eu tenho quase certeza de quem estava lá na noite em que Harry e Gina desapareceram, era eles três... Lilly me disse de três figuras encapuzadas...
- Meu Deus! – disse Neville – Isso não podia ter acontecido...
- Claro que não! – disse Rony – Eu acho que ele pegou o Harry por causa da Capa de Invisibilidade...
Alvo gelou. A Capa de Invisibilidade não estava com seu pai quando ele foi para Hogwarts. Ele havia emprestado para Alvo, havia colocado em seu malão. Mas desde então ele nunca mais a usara...
- E tem mais... – disse Rony – Malfoy é tão perigoso quanto Você-Sabe-Quem!
- Ah não! – disse Neville – Isso é pouco provável... Ele não tem tanta maldade assim, tem? Eu acho que não...
- Temos que olhar as hipóteses! – disse Rony – Mas é isso por enquanto, tenho que ir ver uma carta que acabou de chegar... Estou indo, fique bem Neville!
- Ah sim! – disse Neville – Ficarei ótimo!
- Fui... – dizendo isso, Rony desapareceu da lareira.
Neville agarrou os pergaminhos e se levantou. Alvo saiu da porta e começou a andar normalmente, como se não tivesse ouvido nada. A gárgula olhou para Alvo com desdém e disse:
- Cínico!
Alvo foi para seu dormitório atordoado. Como aquilo podia ter acontecido? O pai do Scorpius no Ministério... Alvo sabia que ele fora um Comensal da Morte que quase matara Alvo Dumbledore e ele fora aceito no Ministério da Magia? Kim só podia estar louco... E que Relíquias eram aquelas? Relíquias da Morte? Alvo tinha certeza de que já ouvira sobre elas em algum lugar, talvez um livro... E a tal pedra? Era capaz de trazer os mortos de volta a vida?
O Natal aproximava-se. E junto com o Natal viera o inverno. Começava a aparecer vestígios de neve. Para onde Alvo iria ao Natal? Talvez para casa de Tio Rony e Tia Mione. Talvez ficasse em Hogwarts. Não sabia ao certo. Não pudera perguntar ao irmão porque não falara mais com este. Não enviaria uma carta para Tio Rony, pois já enviara uma e ainda não chegara à resposta.
Essa resposta só chegou ao correio do dia seguinte. Alvo estava em mais um monótono café da manhã quando uma coruja deixou uma carta cair na sua frente. Era de Rony:

Querido Alvo,

Estamos procurando seus pais. Não fique preocupado, estamos fazendo de tudo para encontrá-los. Este Natal, você e seu irmão, passarão aqui em casa. Avise ao seu irmão, por favor.

“Mas... eu avisei que não estava falando com ele!”, pensou Alvo. Mas Rony também pensou nisso.

Eu sei que não está falando direito com ele, mas é bom motivo para voltar a falar, não é mesmo? Poderia fazer outro favor para mim? Só diga para Rosie vir também. Eu sei que ela já deve saber, mas é só para confirmar mesmo.
Espero vocês.

Sem mais,
Rony

E agora? Fora obrigado a falar com seu irmão. Ele iria, sem problemas, mas será que James ao menos o ouviria? Será que não o daria bola? Permaneceu imóvel. Decidiu levantar-se e falar com o irmão. Ele teria que o ouvir. Andou em direção da mesa da Grifinória. Estava decidido.
- James? – chamou Alvo cuidadosamente
Os alunos em volta do seu irmão analisaram cada detalhe de suas vestes. Pareciam achá-lo um aluno perverso e maltratado. Olhavam com nojo para o emblema da Sonserina estampado em seu peito. Ele corou quase que imediatamente. James não se virou para ele.
- James? – chamou de novo
- Ouvi alguma mosca Thomas? – disse James rapidamente – Algo deve ter passado pelo meu ouvido...
- James! – gritou Alvo
O Salão Principal inteiro ouviu e todos olharam para ele.
- O que estão olhando? – quis saber Alvo ferozmente e as cabeças se voltaram novamente para o café – James... Por favor, me escute...
James se virou lentamente e observou enojado as vestes que o irmão trajava.
- Eu não tenho simpatias com Sonserinos!
Os Grifinórios ao redor explodiram em gargalhadas, enquanto Alvo corava furiosamente e permanecia rígido e sem ação. Nunca esperava que seu irmão lhe dissesse aquilo.
- Eu só quero lhe dar um aviso... – disse Alvo sem esperar resposta – O Tio Rony chamou a gente para passar o natal na casa dele, uma vez que... – Alvo tomou fôlego disse – Que nossos pais estão desaparecidos!
James não respondeu e Alvo atravessou o Salão tristemente. Ele se sentou ao lado de Scorpius, que estava muito entretido, lendo O Pasquim, cujo dono era Xenófilo Lovegood.
- Alguma noticia boa? – perguntou Alvo sentando-se
- Nenhuma de interessante! – disse Scorpius friamente – Alias, há uma...
- Qual?
- Algumas pessoas de alto calão no Ministério da Magia estão desaparecendo e ninguém sabe o por que... – disse Scorpius rapidamente – Bem, não espero realmente que eles encontrem...
Alvo ficou pasmo.
- Você não quer? – perguntou
- Eu não... – disse Scorpius – São todos os sangues-ruins e traidores do sangue!
Alvo fez menção de elevar seu punho, mas o abaixou rapidamente, quando recebeu um olhar de Neville lá da mesa dos professores. Ele não estava acreditando. Scorpius estava se revelando tão mal quanto seu pai. E ele pensara que os Malfoy tinham mudado.

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