Amizade Proibida



A Lufa-lufa havia ganhado muitos pontos na aula de Transfiguração, o que não alegrou nem um pouco os sonserinos, principalmente Alvo. Quando o sinal bateu, ele hesitou. Pensou em duas saídas: ou saía correndo para a próxima aula ou para perto de um professor ou esperava que os sonserinos fossem para a próxima aula e depois, saía. Resolveu esperar.
O que não deu muito certo. Quando saiu, um grupo de sonserinos o esperava a uns dez metros da sala de aula de McGonagall.
- E aí, Potter? Preparado para um duelo? – perguntou McTripe.
Alvo lembrou claramente das palavras de seu pai: “... E não duele até que você saiba como...”. Não importava agora. Tinham três garotos grandalhões e absurdamente gordos envoltos dele.
- Que foi Potter? Tá com medinho? – zombou outro sonserino, Zabini Jr.
Os outros riram.
- Não, não estou. Estou pronto!
- Nossa, que corajoso! Deveria ter ido para a Grifinória – disse outro sonserino.
Era verdade. Ele deveria estar na Grifinória. Como toda a família dele. Os sonserinos começaram a lançar feitiços em Alvo. Este se admirou no conhecimento de feitiços de calouros ainda no primeiro dia de aulas. Feitiços ricocheteavam-se nas paredes de pedra do castelo. Flashes vermelhos eram vistos entre os sonserinos.
- Expelliarmus!
Quem lançara o feitiço que salvara Alvo? Todas as cabeças viraram automaticamente.
Era Scorpius. Scorpius Malfoy.
- Deixem o Alvo em paz! – disse decidido.
- Alvo? Scorpius? É você? Ele é um Potter! Ele fez com que a Sonserina perdesse 60 pontos! – disse McTripe.
- 60 pontos é pouco comparado ao que todos nós vamos perder se chegarmos atrasados na próxima aula! – respondeu Scorpius.
- Que aula temos agora? – perguntou Zabini.
- Herbologia! Estufa Um! – respondeu Malfoy.
- Herbologia? As estufas ficam lá atrás do castelo, é muito longe, não vamos chegar a tempo – lamentou-se Zabini.
Antes que o garoto terminasse de se lamentar, ouviu a voz de um deles: “Corre!”.
E saíram correndo. Correram muito. Chegaram dez minutos atrasados.
O professor pigarreou. Era Neville. Neville Longbottom. A aula era dupla e ainda era com a Grifinória.
- Cinco alunos do sexo masculino. Cinco alunos atrasados. Como se apresentam desta forma em minha estufa? – os garotos estavam muito suados de tanto correr, afinal, estavam no final do verão.
Neville lembrava cada palavra desgostosa do Prof. Snape. Ele tirara tantos pontos da Grifinória sem por que. Tiraria agora da Sonserina? Pelo menos tiraria com razão absoluta.
- Quantos pontos devo tirar da Sonserina? Cem... Por cabeça? Devo aliviar porque Alvo estava nesse meio. Nada pessoal, mas olhem bem para ele.
Neville o examinou de perto.
- Parece que algumas pessoas lançaram feitiços nele. Feitiços muito mal-feitos, pelo o que vejo – algumas risadas do lado da Grifinória – Vocês, por acaso, viram que foi?
- Não senh... – mentiu McTripe.
- SIM! – Scorpius deixou bem claro que sabia – Eu vi professor, esses três estavam tentando lançar feitiços em Alvo. Ele nem tentou se defender, apenas ficou lá no meio, sofrendo pela covardia.
- Hum... 150 pontos? Como não quero que Alvo e Scorpius sofram, detenção para os três.
A aula se seguiu e quando o sinal tocou, eles saíram silenciosamente.
- As sete, vocês três – avisou Neville.
- Scorpius – chamou Alvo quando os garotos seguiam para o castelo –, posso falar com você?
- Claro! Agora temos tempo – e riu.
Alvo riu também.
- Por que você fez tudo isso? Defendeu-me, lançou o feitiço, falou a verdade para o Prof. Longbottom...
- Amizade! Eu só queria ser seu amigo...
Alvo deixou escapar um sorriso de satisfação.
- Obrigado – só conseguiu dizer isto.
- De nada, amigo! – e apressou-se.
Era uma amizade proibida, mas era verdadeira, ao menos parecia ser... O almoço não foi tão ruim quanto pareceu a Alvo. A comida, como sempre, estava deliciosa. Os sonserinos não implicaram mais com eles. Scorpius conversou com ele. A única coisa que surpreendeu Alvo foi no final do almoço. James chegou decidido na mesa da Sonserina e se dirigiu a ele:
- Alvo, posso falar com você?
- Volto já, Scorpius.
- Ok. Se for preciso, falo com você depois, está acabando o horário do almoço.
Alvo balançou a cabeça afirmando.
- Diga James.
- Você está se envolvendo com a pessoa errada. Scorpius? Lembra que o papai disse?
- Você quer que eu faça amizade com quem? Você quase não fala comigo, me ignorou por eu ir para a Sonserina, depois começaram a lançar feitiços em mim, e quem me salvou? Scorpius! Eu ia perder muito pontos com o Prof. Longbottom, quem me salva? Scorpius! E daí o Prof. Longbottom não me dá detenção, quem me ajudou? Scorpius! Scorpius! Ele é legal comigo, foi educado com você e...
- BASTA! – James o interrompeu - Se for o caso eu converso toda hora com você e... E... E...
- Você só sabe gaguejar! – e saiu do Salão Principal.
- Conversou com seu irmão? – perguntou Scorpius que se encontrara com ele à porta do Salão Principal.
- Conversei... Ou melhor, quase briguei!
- Por quê? – perguntou intrigado.
- Porque ele é um animal idiota!
- Não fale assim do seu irmão...
- Falo como quiser! – e saiu correndo.
Os dias se passaram e Alvo começava a se aproximar mais e mais de Scorpius Malfoy. Eles andavam sempre juntos, faziam as tarefas juntos e mais uma porção de coisas. James ficava horrorizado ao ver seu irmão, um Potter legitimo, amigo de um Malfoy, uma família com a linhagem inteira de Comensais da Morte. Todas as vezes que James tentava abordar seu irmão, ele era ignorado, Alvo fazia questão de nem olhar na sua cara.
Os dias foram se tornando semanas e depois meses. Os Potter já não tinham tanto contado com Rony e Hermione, tampouco com Lilly que, na opinião de Alvo, era a mais que estava sofrendo com tudo isso. Nenhuma noticia chegara de seus pais ainda e Alvo já sentia seu coração apertar. Privado de falar com o irmão, ele tentava se esquecer de todas as preocupações, conversando com Scorpius.
- Sabe... – disse Alvo sentado no sofá do Salão Comunal da Sonserina numa tarde ensolarada – Eu temo que esteja acontecendo alguma coisa lá fora que nós não saibamos... Algo de muito terrível...
Por mais amigo que Scorpius fosse, Alvo ainda não sentia liberdade o suficiente para expor suas preocupações. O que ele diria se descobrisse que seus pais estavam desaparecidos fazia meses? E que ele não tinha nenhuma noticia sequer? Ele preferiu guardar esse segredo só para ele...
Contudo, Alvo estava adorando as aulas de Feitiços que tinha com Luna Lovegood, uma velha amiga de infância de seu pai. E as aulas de Herbologia estavam sendo muito prazerosas também. Aos poucos, ele já estava chegando à conclusão de que não era tão ruim assim pertencer a Sonserina e também ele estava muito interessado em uma garota do primeiro ano de sua casa.
Kemily Parkinson. Ela era muito bonita aos olhos de Alvo. As curvas que seu corpo fazia... Seus cabelos negros e lisos... Seus olhos verdes e penetrantes... Seu jeito doce e gracioso de falar, mas ele fazia o máximo para tentar esquece-la, pelo menos ele tentava, uma vez que ela era uma garota muito popular entre os meninos, não só os da Sonserina.
Até que um dia, tudo veio por água abaixo, quando ele andava por um dos corredores de Hogwarts, com Scorpius ao seu lado:
- Sabe a Parkinson? – sussurrou – Ela é bonita não é?
- Sim é! – disse Alvo direto
- A mãe dela já namorou com meu pai... – revelou Malfoy – Acho que vou chegar nela...
- Não! – disse Alvo
Scorpius olhou cuidadosamente para Alvo, claramente aturdido com sua reação. Ele, por sua vez continuou a andar como se nada tivesse acontecido. Ele disse “oi” para um grupo de meninas da Lufa-Lufa que passava pelo corredor e virou a esquina. Scorpius estava junto com ele e não parecia nada legal.
- Por que você disse não? – quis saber Malfoy
- Eu disse isso? – disse Alvo fingindo não saber de nada – Eu não disse não!
- Disse sim! – disse Scorpius parando de andar e obrigando Alvo a fazer o mesmo. Ele parou contra a vontade e olhou furiosamente para Scorpius – Você disse um não bem alto...
- Eu já lhe disse que não! – disse Alvo se desvencilhando dos braços de Malfoy
- Então eu estou ficando louco agora? – disse Scorpius – Eu ouvi...
- É! – disse Alvo ficando vermelho – Deve ter ficado louco sim, deve estar ouvindo vozes suponho...
- Alvo... Está acontecendo alguma coisa?
James Potter acabara de aparecer no corredor. Sua mão direita tremia em sua varinha, que estava dentro de um bolso na sua calça. Scorpius o fuzilou com os olhos e saiu andando. James prensou Alvo contra a parede.
- Eu lhe disse! – disse James claramente – Ele não é boa companhia pra você!
- Me solta! – disse Alvo
- Alvo...
- Me solta! – repetiu Alvo
- Alvo Severo Potter!
Um estampido ecoou por todo o corredor e James recuou instintivamente. Alvo o olhou com puro desprezo e guardou a varinha em suas vestes, indo até o fim do corredor e virando.

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