As Pernas Encaixadas

Alvo se sentira péssimo durante o dia que se seguiu. Ele mal havia começado seus estudos em Hogwarts e já havia varias preocupações correndo em sua mente. Alvo via cada vez mais as piores ações possíveis dos alunos de sua casa e já estava chegando a piores das conclusões. Temia que seus pais houvessem fugido por causa da vergonha de ter um filho em uma casa com tanta má fama.
Contudo, Alvo não poderia deixar de estar ansioso para as aulas. A primeira aula que ele teve fora a de vôo, cujo professor ele conhecia muito bem. Jorge Weasley. Ele era irmão mais velho de Rony. Alvo se dirigiu ao campo, junto com os alunos do primeiro ano da Sonserina. A aula seria junto com a Grifinória.
- Bem... – disse Fred andando de um lado para o outro – Eu...
Seu olhar pousou sobre o Alvo e ele deu um pulo para trás. Alvo olhou estranhamente para ele e abaixou a cabeça. Fred continuou:
- Bem, nossa primeira aula de vôo... – disse Jorge – Peguem suas vassouras!
- Que vassouras? – perguntou Scorpius Malfoy em voz alta – Não temos nenhuma!
- Er... – disse Fred desconcertado – Esqueci...
Ele saiu correndo e voltou minutos depois com vinte vassouras levitando na altura de sua cabeça. Ele colocou-as ao lado esquerdo de cada um, voltando rapidamente para frente de todos eles.
- Eu quero que vocês estiquem o braço e dizem claramente e concentrados! Suba!
A vassoura que estava pousada ao lado do Professor subiu imediatamente para sua mão esquerda. Algumas alunas da Grifinória abafaram risinhos, enquanto as alunas da Sonserina permaneceram solenes, rígidas, intimidadoras.
- Vamos? – disse Jorge quebrando o gelo
Os alunos ali presentes esticaram suas mãos e todos em uníssono gritaram:
- Suba!
A vassoura de Scorpius e Rosie subiram imediatamente até suas mãos, enquanto a dos outros permaneceram imóveis, no chão. Jorge balançou a cabeça, lamentando profundamente.
- Está faltando concentração...
Alvo comprimiu seu rosto e gritou:
- Suba!
A vassoura subiu rapidamente, mas não parou. Alvo a pegou no cabo e começou a subir junto com ela. Os alunos olharam assustados. Rosie já ia tirando a varinha de suas vestes, quando um estampido preencheu o ar e Alvo caiu de volta ao chão, todo dolorido. Jorge guardou sua varinha e o ergueu.
- Está louco? – disse ele limpando as vestes de Alvo – Você...
- Eu já sei o que você vai dizer... – disse Alvo tristemente – Não sou nada parecido com meu pai...
- Eu... Não queria dizer isso Alvo... – disse Jorge rapidamente
- Eu sei que queria...
Jorge tentou pega-lo pelo braço, mas este se desvencilhou.
- Severo...
- Vamos continuar a aula! – disse Alvo voltando ao seu lugar e pegando sua vassoura novamente – Ok professor?
- Hã... É! – disse Jorge todo atrapalhado
Alvo ficou a aula inteira tentando voar na vassoura. Quase todos os alunos já haviam conseguindo dar pelo menos uma volta pelo ar menos Alvo, que já estava sendo motivos de piadas dos Sonserinos.
- Ele é pior que o irmão...
- É sim, igual ao Longbottom!
A aula acabou e Alvo voltou para o castelo decepcionado consigo mesmo. Não havia conseguido voar na vassoura, apenas faze-la sair do chão e leva-lo para o ar com ele pendurado. Estava acabado. Estava manchando literalmente a imagem da família Potter, que seu pai lutara tanto para construir. Estava sentindo vergonha de si mesmo.
Ele foi diretamente para o Salão Comunal da Sonserina. Não havia quase ninguém por lá, então ele despejou seus materiais em cima de uma mesa que ficava ao meio e se jogou no sofá. Então, as preocupações veio à tona. Onde estariam seus pais? O que havia acontecido com eles? Por que fora selecionado para a Sonserina? Ele não tinha uma mente ruim...
- Potter... – disse Scorpius Malfoy sentando-se no braço do sofá em que Alvo estava sentado – Algum problema de família pra você estar estão preocupado desse jeito?
- Nada que seja da sua conta! – respondeu Alvo grosseiramente
- Calma... – disse Scorpius – Com certeza seu pai deve ter lhe dito para não se aproximar de mim não é? Eu não sou tão ruim quanto parece...
- Eu não acho! – disse Alvo se levantando e sentando em outro sofá – Só sua família já diz que você não tem boa índole...
- Como você pode ter esse julgamento infantil? – disse Scorpius lamentando
- Não é um julgamento infantil! – disse Alvo
- Ta... Esquece... – disse Scorpius – Mas, aquela Rosie, é sua amiga?
Alvo fuzilou Scorpius com os olhos.
- É sim... – disse Alvo – E os pais dela quer que você não se aproxime dela!
- Weasley e Potter! – disse Scorpius com raiva – Todos têm raiva dos Malfoy!
- É o que parece... – disse Alvo – Agora me deixe em paz...
- Não... – disse Scorpius rapidamente, sacando sua varinha e a encostando diretamente no peito de Alvo – Não lhe deixarei em paz, você é um Sonserino agora... Você está na casa de...
- De? – disse Alvo assustado, enquanto ficava vesgo olhando a varinha pressionada contra seu peito – De? Eu sei que Sonserina foi à casa de Lorde Voldemort...
- Inteligente! – disse Scorpius retirando a varinha e a guardando novamente em suas vestes. Ele se virou de costas, claramente atordoado. Havia pessoas que ainda não suportava ouvir o nome de Voldemort – Você diz o nome dele...
Alvo se levantou e afastou-se de Scorpius rapidamente. Ele deu a volta nos sofás e pegou seu material que estava em cima da mesa no centro da sala. Alvo pos o primeiro pé no degrau da escada para descer em seu dormitório, mas antes, ele disse:
- Eu não tenho medo de Lorde Voldemort! – e desceu.
Alvo chutou seu malão, quando chegou ao seu dormitório. Tudo que ele mais temia estava acontecendo. Ele fora para a Sonserina, todos debochavam dele... Malfoy se aproximando cada vez mais... Seus pais desaparecidos... Falta de contato com seu irmão... Não estava dando nada certo. Ele olhou seu relógio de pulso. Já estava na hora da aula de Transfiguração.
Ele arrumou o material necessário e subiu as escadas lentamente. Alvo passou pela Sala Comunal vazia, Scorpius já havia ido embora. O quadro imenso já havia se aberto, quando uma chama viva acendeu na lareira e de lá saiu uma voz muito familiar:
- Alvo?
Assustado, Alvo retrocedeu e ficou abobado ao ver o rosto de Rony planando sobre as chamas quentes e vivas.
- Er... Oi! – disse Alvo sem jeito
- Tenho que ser rápido... – disse Rony – Seus pais ainda não foram encontrados, mas sua irmã presenciou todo o ocorrido... Ela viu três pessoas encapuzadas e um flash de luz verde, depois não viu mais nada...
- E o que isso quer dizer? – disse Alvo firme – Você não acha que...
- Não! – disse Rony imediatamente – Calma, não pense no pior... Achamos que ainda existem Comensais da Morte...
- Mas ele morreu! – protestou Alvo – Voldemort morreu...
- Não diga esse nome! – vociferou Rony – Ele morreu...
- Mas...
- Avise ao seu irmão! – disse Rony – Estamos fazendo de tudo para achá-los, mas está sendo uma tarefa dura... Não temos hipóteses de onde eles possam ter ido, já conseguimos alguns aurores, mas...
- Vem vindo alguém! – disse Alvo desesperado
- Oh Merlin! – disse Rony – Até mais Severo!
Dizendo isso, as chamas se apagaram levemente e o rosto de Rony desapareceu em meio a uma fumaça densa. Alvo se sentou rapidamente no sofá e tentou agir com a maior naturalidade quando McTripe passou.
- Hei... – disse McTripe antes de passar pelo retrato – Não era para você estar na aula de Transfiguração Potter?
- É mesmo! – disse Alvo dando um pulo – Obrigado!
McTripe fez uma cara de indiferença e saiu pelo retrato. Alvo saiu logo depois, correndo velozmente até a sala de Transfiguração. McGonagall fez uma cara de pena ao ver Alvo chegando atrasado, porem, não perdeu a firmeza.
- Por que chegou atrasado? – disse ela
- Eu... – disse Alvo
Ele ficou escarlate, ao ver um grupo de meninas da Lufa-Lufa dando risadinhas engraçadas. Ele voltou ao normal e disse rapidamente:
- Eu tive problemas!
- Menos dez pontos para a Sonserina! – disse McGonagall firme.
Alvo fora obrigado a se sentar ao lado de Scorpius Malfoy, que não ficou nada contente com sua presença. Os demais Sonserinos, o fuzilaram com os olhos pelos pontos perdidos.
- Hoje iremos aprender um feitiço um tanto complexo... – disse McGonagall andando de um lado para o outro, enquanto batia sua varinha na mão – Vamos transformar um objeto em um pássaro... Assim...
McGonagall se posicionou em frente a um banquinho de madeira, que ficava em um canto escuro e esquecido da sala. Ela elevou sua varinha e a segurou firmemente, fazendo um curto e rápido movimento.
- Avifors!
Um estampido e no lugar que estivera o banquinho de madeira, aparecera um pássaro amarelo e brilhante. Ele deu algumas bicadas no chão e saiu voando pela janela a fora. As meninas ficaram radiantes com o pássaro. Aos poucos, cada aluno foi tentando fazer o feito. Malfoy transformara seu objeto em um grande pássaro negro e o fizera voar forçadamente para fora da janela. Depois de muito esperar, chegou a vez de Alvo.
Ele se levantou, retirando automaticamente a varinha de suas vestes. McGonagall o instruiu até o objeto que ele teria que transfigurar em um pássaro. Ele ficou só. Todos os olhos da sala se viraram para ele. Alvo respirou fundo e elevou sua varinha até a altura de uma pequena caixa pousada em cima de uma estante. Ele a segurou firme e disse rapidamente:
- Avifors!
A caixa simplesmente criou duas patas e saiu andando. Alvo abaixou a cabeça, quando uma explosão geral de risos invadiu seus ouvidos. Para qualquer lado que ele olhava, ele via risadas estampadas nos rostos dos alunos. Os Sonserinos eram os que riam mais. Risada de deboche. McGonagall gritou:
- CHEGA!
Os alunos da Lufa-Lufa pararam de rir imediatamente, mas os da Sonserina continuaram com os risos infantis. Alvo virou-se para eles e já ia levantando um punho para acertar o primeiro que visse, quando a McGonagall disse em voz alta:
- Menos cinqüenta pontos para a Sonserina! Alvo sente-se!
Alvo se sentou e as risadas finalmente cessaram. Durante a aula, ele capturava olhares de raiva dirigidos a ele, mas não se importava. Pelo menos não naquele momento, que estava sob a proteção da professora. Mas uma coisa o preocupava. E quando acabasse a aula? Será que iria acontecer alguma coisa com ele?

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