Um Potter Acuado



- Alvo Severo Potter! – disse a voz doce e sonhadora de Luna Lovegood.
O Salão Principal estava repleto de pessoas. O teto estava iluminado com suas habituais velas mágicas, que flutuavam em cima da cabeça dos alunos sentados nas mesas de cada casa. Uma fila de alunos pequenos se estendia ao meio e Alvo Severo era o primeiro da fila. Seu nome já havia sido dito, mas ele parecia incapaz de se mover.
- Alvo? – perguntou Luna – Tudo bem?
Alvo olhou para Luna e voltou a si. Ele caminhou até uma banqueta de madeira e se sentou lentamente. Sorrindo, Luna pegou um chapéu velho e o depositou sobre os cabelos negros e rebeldes de Alvo. Todos os olhos se viraram para ele. Um rasgo do tamanho de uma boca se abriu no chapéu:
- Mais um Potter... – disse uma voz grossa saindo da boca
Alvo ficou paralisado de repente. O sangue parecia ter parado de correr por seu corpo. Ele foi ficando vermelho de repente. Todas as cabeças se viraram para ele. James, seu irmão, olhava-o apreensivo.
- Vejo muitas coisas divergentes... – disse o Chapéu Seletor – Grifinória ou Sonserina? Grifinória ou Sonserina?
Alvo engoliu em seco.
- Bem... – disse o Chapéu novamente – Eu acho melhor... Sonserina!
James levou as mãos a boca e Alvo deixou escapar uma lagrima de seus olhos. Todos olharam boquiabertos para Alvo. Não podia ser. Não com ele. Tinha acontecido o que ele mais temia. Os alunos da Sonserina se ergueram e começaram a bater fortes palmas, enquanto Alvo permanecia sentado, paralisado de terror. Não queria ir para Sonserina, mas ele fora. Ele tinha que ir. Luna retirou o Chapéu da cabeça de Alvo e olhou assustada para ele.
- Eu... – disse Luna hesitante – Sinto muito...
Alvo a fitou com medo. Olhou com repulsão todos os alunos da Sonserina. Eles eram maus e perversos. Ele olhou para seu irmão, que estava em estado de choque.
- Querido... – disse Luna – Acho...
- Eu já sei... – disse Alvo tristemente – Estou indo...
Alvo se levantou lentamente e viu o terror a sua frente. Não queria vestir as vestes da Sonserina, não queria ter aquela serpente cravada em seu peito durante sete anos letivos, não queria ser marcado como o único Potter que foi para a Sonserina. Ele não queria.
- Eu não vou! – disse Alvo – Decidido... Ou eu vou para a Grifinória ou eu volto para a casa... A Sonserina eu não quero!
Luna olhou assustada.
- Alvo... Tenho certeza que você se dará bem lá...
- Não quero! – repetiu Alvo olhando Luna com repulsão – Luna, meu pai me disse que você era legal e então prove! Eu não quero ir para a Sonserina, faça outra seleção por favor...
- Não há como! – disse uma voz feminina e grave
Alvo se virou e viu, Minerva McGonagall se erguer de sua majestosa cadeira e o olhar profundamente. Luna se afastou de Alvo.
- Potter... – disse McGonagall – O Chapéu lhe selecionou para a Sonserina, portanto, é para a Sonserina que você deve ir!
Alvo olhou para McGonagall e abriu a boca e fechou, abriu mais uma vez e fechou novamente. E vendo que estava totalmente derrotado, Alvo abaixou a cabeça e saiu andando lentamente com passos largos. James parecia anestesiado. Rosie olhou Alvo com muita pena.
- Rosie Granddad Weasley!
Rosie se levantou e se sentou no banquinho da madeira que há poucos instantes Alvo Severo tinha provado um péssimo gosto. Luna depositou o Chapéu em cima da cabeleira ruiva de Rosie e o rasgo se abriu, dizendo imediatamente:
- Grifinória!
Rosie se levantou sorridente e se dirigiu a mesa da Grifinória, que rompia em aplausos calorosos. Luna ergueu novamente o pergaminho e disse em voz alta:
- Scorpius Malfoy!
Um menino alto e magro avançou e se sentou até o banco de madeira. Seus cabelos louros e seus olhos fundos lembravam muito seu pai, Draco Malfoy. Luna foi colocar o Chapéu em Scorpius, quando o rasgo se abriu e disse antes mesmo de encostar-se a sua cabeça:
- Sonserina!
Alvo, que já estava sentado em meio aos Sonserinos, levou as mãos à testa e lamentou muito que Scorpius havia ido para Sonserina. Malfoy andou rapidamente até a Sonserina, que rompeu em palmas. Pronto. Estava feito. Alvo havia ido para a Sonserina e decepcionado seus pais. Havia quebrado a tradição da família.
- Então... – disse McGonagall após todos os alunos novatos terem sidos selecionados para suas devidas casas – Eu desejo boas vindas a vocês... – ela olhou de esguelha para Harry – E que se divirtam muito esse ano...
Ela deu duas palmadas e o banquete finalmente fora servido. Alvo sentia que aquela comida seria amarga naquela noite. A idéia de ser um Sonserino ainda não entrara em sua mente. Ele não suportava ver as serpentes bordadas cuidadosamente nos peitos de seus colegas de casa.
James também parecia incrédulo. Seu irmão fora para a Sonserina, sua casa rival. Isso não era possível. Seu irmão, um sonserino. O Chapéu ainda disse “Mais um Potter...”, ele tinha que ir para Grifinória.
Alvo também não se conformara. Tinha vontade de se tacar da Torre de Astronomia – seu pai havia contado sobre ela; um de seus nomes pertencia a um velho diretor de Hogwarts do qual “morreu” naquela torre. O banquete foi servido e os alunos comeram. A comida era farta e deliciosa.
No dia seguinte, os alunos tiveram suas primeiras aulas e experimentaram o doce fim de verão de Hogwarts, doce como canela. Os alunos se encontravam no Salão Principal quando o primeiro correio do ano letivo chegou.
Muitas cartas foram entregues por diversas corujas que sobrevoavam o imenso e tão familiar salão. Nenhuma carta foi deixada para Alvo. Será que os pais nem se importaram com ele? Ou será que estavam com tanta vergonha que não o mandaram nada?
Para James, havia chegado uma carta. O garoto surpreendeu-se ao ver o remetente: Ronald Weasley. O “tio Rony”.Abriu rapidamente. A curiosidade era grande. Seus pais não mandaram nenhuma carta, mas Rony mandara. Era um pouco estranho e desconfiado. Desdobrou a carta e leu para si:

Querido James,

Sinto em dizer isto, mas Mione estava preocupada demais para escrever. Seus pais desapareceram misteriosamente de sua casa. Sua irmã está conosco.
Não se preocupe, vamos encontrá-los. Avise o seu irmão, por favor. Mas não se desesperem. Diga para ele não se importar de estar na Sonserina.

Um abraço,
Rony Weasley

James permaneceu, o que lhe pareceu cinco minutos, boquiaberto. Não pôde esconder uma lágrima que escorreu em seu rosto. Um imenso aperto no coração. Sentiu seu estômago revirar. Seus pais haviam sumido? De uma forma misteriosa? Lílly presenciara? Ou não? Não se conformara. As coisas haviam dado errado até ali.
Levantou-se decidido e andou até a mesa da Sonserina ainda com o coração na mão e a carta na outra. Andou até seu irmão. Quando se preparou para falar o que havia acontecido, sua voz cessara, não conseguira dar a notícia.
- Alvo, n-n-nos-s-sos pa-pais...
- Que foi “Potter Grifinório”? Gaguejando? Não sabe falar? É mais novo ou mais velho que seu irmão?
As risadas dos sonserinos presentes aumentaram depois do comentário. James pareceu não ligar e continuou:
- Alvo, nossos pais sumiram! – disse James rapidamente ignorando as risadas irônicas dos Sonserinos ao redor
- O que você quer dizer com isso? – perguntou Alvo atônito
- Eles sumiram e Lílly está com Tio Rony e Tia Mione! – disse James imediatamente, sem deixar espaço para as palavras de deboche que os Sonserinos ameaçavam falar.
Os olhos de Alvo permaneceram imóveis. Assim como o resto de seu corpo. Sua mente maquinava rápido, enquanto via o desespero transparecendo no rosto de seu irmão James. O que estava acontecendo? O que acontecera com Harry e Gina? Alvo estava com medo...

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