Quando Volta?



Desesperada, Sarah puxou Draco para dentro da casa e o deitou no chão. Encarou-o ali, na sua frente, desacordado. Tirou o capuz da capa que cobria seu rosto. Estava muito machucado. A sobrancelha e os lábios cortados, o nariz sangrando e seus olhos roxos. Uma parte de seu rosto estava muito inchada. Seu rosto estava coberto de sangue. Parecia ter apanhado muito ou ter caído de algum lugar. Sarah não estava acreditando que era ele. Analisava, paralisada, cada parte de seu corpo. Queria ter certeza de que era ele pois não esperava que o rapaz pudesse aparecer. Não daquela forma. Era tão improvável. Abriu o botão perto do pescoço que prendia a capa. Passou a mão delicadamente pelo peito dele. Sua blusa também estava ensangüentada. O que tinha acontecido? Sarah não parava de se perguntar como ele havia chegado ali daquela maneira. Por que estava tão machucado? Aproximou-se do rosto dele e acariciou sua face.
- Acorde... – disse bem baixo no ouvido dele. – Por favor...
Ele não respondeu nem reagiu. Só então Sarah deu-se conta de que ele estava desmaiado, machucado e precisava de ajuda. Virou o rosto e viu seus amigos estáticos, apenas a mirando.
- O que fazem parados aí?! – indagou gritando. – Me ajudem!
Enquanto Gina e Hermione correram até o banheiro pegar algumas coisas para ferimentos, Harry e Rony carregaram Draco para o quarto de visitas e o colocaram deitado na cama. Sarah se sentou ao seu lado acariciando seus cabelos úmidos e bagunçados. Ela nunca poderia imaginar vê-lo daquele jeito. Tão abatido e machucado. Gina entregou a amiga uma vasilha com água e um pano. Hermione procurava na caixa de remédios e poções algo que pudesse ajudar.
Sarah o fitava intensamente. Ele estava ali, em seus braços novamente. Apesar de maneira que ele chegara, estava muito feliz. Seu amado estava novamente ao seu lado e agora nada poderia separá-los. Não deixaria que ele se afastasse nem um minuto sequer. Molhou o pano com água e o passou pela fronte do loiro, tirando aquele sangue seco que havia escorrido dentre os cabelos. Havia também um corte em sua cabeça. De repente, enquanto limpava o rosto de Draco, começou a chorar. Suas lágrimas se misturaram com as gotas de água que corriam pelo rosto do rapaz desacordado.
- Tome, Sarah. – Hermione entregou um vidrinho com um líquido vermelho dentro à amiga. – Dê isso à ele. Não basta fecharmos as feridas. Não sabemos o que o machucou. Isso irá cicatrizar todo corte e impedir que ele fique com qualquer tipo de infecção.
- Está bem... – respondeu sem olhá-la, com a voz trêmula. – Vocês podem me deixar sozinha com ele?
Ninguém contestou ou comentou seu pedido. Saíram do quarto e fecharam a porta deixando-a ali, naquele quarto sombreado, com Draco desmaiado.
Sarah voltou a encará-lo. Seu coração estava apertado. Queria acordá-lo e perguntar por que tinha a abandonado, mas também queria beijá-lo e abraçá-lo. Cuidar dele. Mergulhou o pano na água e voltou a limpá-lo, mas novamente as lágrimas lhe invadiram. Pousou os dedos nos lábios de Draco e aproximou seu rosto do dele novamente fazendo mais uma tentativa.
- Acorde...
Pediu novamente e ele não se mexeu. Ficou preocupada. Será que ele estava bem ou estava apenas desmaiado? Balançou-o devagar e ele moveu-se. Aperto os olhos e os abriu vagarosamente.
- Draco... – gemeu com um sorriso gigantesco na direção do rapaz.
Draco sorriu ao vê-la. Achou que era um sonho estar ali ao lado dela. Estava muito feliz de estar com ela novamente. Não sabia de onde tirara forças de chegar até ali. Somente o amor que sentia poderia ter sido seu apoio para que ele passasse por tudo aquilo e chegasse finalmente ao lado de quem amava. Ele não disse nada. Apenas puxou Sarah para mais perto, segurando-a pelo pescoço. Ela deixou-se levar até que seus lábios se encontrassem. O beijo calmo e tranqüilo foi se transformando em um beijo quente e apaixonado. Finalmente estavam juntos. Depois daqueles dias torturantes e sombrios estavam sentindo um ao outro novamente. Sarah deitou-se ao lado dele, ainda com os lábios colados aos seus, e o abraçou, mas afastou-se imediatamente quando ele gemeu de dor.
- Você está bem? – indagou com os olhos arregalados. Ele não respondeu. Apenas olhou para seu próprio peito, grudado a camisa.
Sarah abriu os botões da camisa suja de sangue e levou a mão na boca, segurando o grito de horror. Tinha muitos cortes e machucados e seu peito também estava muito sujo de sangue.
- Tome isso. – Ela abriu o vidrinho e derramou o líquido na boca do rapaz, que deu um muxoxo pelo gosto que ficara em sua boca. – Irá cicatrizar...
- Eca! – interrompeu, levantando ligeiramente o corpo, se sentando. – Isso tem gosto de cachorro molhado.
- Pare de ser fresco! – Riu ao escutar suas palhaçadas novamente. – Amanhã você estará melhor graças a isso.
Ela levantou-se e colocou o vidro em cima da mesa de cabeceira. Voltou a se sentar ao lado dele. Entreolhavam-se fixamente como se procurassem respostas para suas mais íntimas indagações no olhar um do outro. Sarah levou a mão até o rosto de Draco, que fechou os olhos, sentindo a carícia que o fazia delirar.
- Onde você estava? O que aconteceu?
- Você está muito bonita com meu casaco. – disse com um sorriso malicioso no rosto machucado.
- Foi a maneira que eu encontrei de estar mais perto de você. – falou e abaixou o olhar percebendo que iria chorar. – Eu senti tanto a sua falta... O que houve?
Ele ajeitou-se, tentando ignorar a dor que corria por todo o seu corpo. Ficando de frente para ela, deu um longo suspirou.
- Aconteceu muitas coisas...
- Me conte, então!
Draco tossiu e encarou-a mais uma vez, criando coragem para relembrar todos aqueles dias. Respirou fundo. Sabia que ela o mataria pela loucura que fizera, mas agora já estava feito e ele estava ali seguro, pelo menos por um tempo. Começou a falar ao receber um olhar de incentivo dela.
- Eu tinha que fazer alguma coisa por nós, como eu disse na carta. Eu tinha que impedir que Voldemort continuasse com seus planos de alguma forma, senão ele nunca nos deixaria em paz e a idéia de você correr perigo era ruim demais para mim. Então eu resolvi ir atrás deles. Foi fácil. Os Comensais estavam reunidos no porão da minha casa. Eu fui até lá. – Sarah o encarou de queixo caído como se estivesse escutado a maior loucura do mundo. Ele ignorou e continuou. – Disse ao meu pai que tinha me arrependido e que queria me juntar a eles. E ele acreditou. – Riu de seu pai que sempre tão esperto, caíra numa mentira do filho, mas sentindo seu corpo doer, parou. – Ele ficou muito feliz e me levou até Voldemort. Foi difícil ele me aceitar, mas acabou caindo na minha armadilha. Foi aí que eu coloquei meu plano em prática. Na primeira oportunidade fugi com algo de Voldemort. A única coisa que pode derrotá-lo. Saí de lá e passei a noite num esconderijo que tem no meu quarto. Eu percebi a movimentação. Na primeira chance que tive saí da mansão. O que eu não esperava é que um daqueles malditos Comensais fosse me ver. Passei todos esse dias tentando fugir deles que estavam atrás de mim...
- Então você é o tal Comensal que traiu Voldemort! – Ela disse maravilhada e ele concordou também com um sorriso orgulhoso.
- Eu mesmo. Eles conseguiram me pegar algumas vezes como você pode ver. – falou apontando para os machucados em seu corpo. – Mas eu conseguia fugir. Quando finalmente me lembrei de onde era a casa do Weasley não pensei em outra coisa. Usei todas as minhas forças para chegar até aqui e te encontrar.
- Draco... Como pôde fazer essa loucura? Você poderia morrer...
- Mas morreria tentando. Eu tinha que fazer algo. E agora está tudo bem. Com o que eu tenho, Voldemort será derrotado e finalmente a gente ficará em paz.
Ela o mirou com os olhos marejados. Apesar de ter achado muita precipitação da parte dele ter feito aquilo, não podia negar que estava muito orgulhosa dele. Draco fora corajoso e arriscara-se por ela. Cada vez mais ele mostrava o quanto a amava e que era o único que poderia fazê-la feliz. Sem encontrar palavras que pudessem expressar o que sentia, o abraçou com força. Apertando-o contra o seu peito, caíra num choro emocionado. Como poderia viver mais um minuto sem ele? Afastando-se alguns centímetros mergulhou o olhar no dele. Com os rostos bem próximos, seus lábios correram ao encontro um do outro. Draco enlaçou os braços pela cintura da garota e a puxou para deitar-se ao seu lado. Acariciou o rosto macio dela e lhe deu um leve beijo. Também não sabia como pudera viver sem aqueles beijos, aquele cheiro ao seu lado. Ele foi levando a mão lentamente pelo rosto, pelo queixo, pelo pescoço e encontrou o cordão. Segurou o anel e o pingente. Sorriu ao vê-los.
- Agora sim poderemos viver em paz... – Ele disse sem olhá-la nos olhos. Encarava o anel ainda. – Somente nós dois...
- Nós dois... juntos... pra sempre.
Beijou-lhe intensamente enquanto acariciava os cabelos desajeitados e sujos do rapaz. Lembrou-se do machucado. Fitou o peito dele. Não havia mais corte algum. Em seu rosto também não havia mais machucados. Só estava muito abatido.
- Você já está melhor.
Ele simplesmente ignorou o que escutara. Voltou a beijar a namorada no pescoço, puxando-a para cada vez mais perto até que seus corpos estivessem completamente colados.
- Draco, vá tomar um banho e comer algo. Aposto que você está com fome e...
- Não. – queixo-se fazendo bico. – Eu só quero ficar aqui com você.
- Temos muito tempo para ficarmos juntos.
Ele a encarou de maneira misteriosa e, sem discutir, levantou-se da cama.
- Antes tenho que falar com Potter. – falou ao pegar sua capa.
- Venha comigo, eles devem estar no quarto de Rony.
Sarah levantou-se e o puxou quarto a fora até o quarto de Rony. Bateu na porta e a abriu sem esperar resposta. Os quatro estavam sentados na cama conversando. Quando viram Sarah com Draco ao lado calaram-se surpreendidos. O loiro, meio acanhado, foi de mãos dadas com Sarah até mais perto deles.
- Como está se sentindo, Malfoy? – Harry perguntou, tentando fingir certo desinteresse.
- Estou bem, obrigado. Eh... preciso te entregar algo.
Deu alguns passos para a frente, tirou algo de sua capa e entregou a Harry. O moreno o encarou confuso. Não entendeu o que era aquilo. Por que Draco estaria lhe dando uma varinha? Sarah e os outros indagaram a mesma coisa. Draco, percebendo os olhares estranhos deles, começou a falar.
- É por isso que Voldemort está atrás de mim. Somente poderá derrotar Voldemort usando a varinha dele.
Ele estendeu um imenso sorriso de vitória. Imaginar a derrota de Voldemort lhe dava imenso prazer.
- Co-como? Esta é a varinha de Voldemort? – Rony perguntou incrédulo, mirando a varinha na mão de Harry.
- Eu descobri isso há algum tempo. Voldemort só pode ser realmente derrotado pela sua própria varinha. Como as varinhas do Potter e de Voldemort são irmãs, ele é o único que pode fazer isso. Ele é o único que pode derrotar Voldemort com essa varinha também.
- Malfoy, eu... – Harry olhou o rapaz a sua frente chocado. Por mais que tivesse percebido as mudanças do sonserino, nunca poderia imaginar que Draco pudesse fazer algo assim. – Eu não sei o que dizer... como agradecer...
- Eu não fiz isso por você, Potter. Não se anime muito, você não faz o meu tipo. – disse rindo. – Fiz isso por Sarah e por mim também.
- De qualquer forma eu agradeço.
Todos ficaram muito espantados com aquela atitude de Draco. Ele realmente, cada vez mais, mostrava sua nobreza. Mas, mais do que tudo, sentiram enorme euforia por estarem nas mãos com a única coisa que derrotaria Voldemort.
- Então agora já está tudo bem! – exclamou Gina muito sorridente. – A guerra acabou e...
- Não é tão fácil assim, Weasley. Voldemort é um, mas ele tem muitos seguidores. Um dos passos é pegar Voldemort, mas tem os Comensais que precisam ser presos também. Eles têm que ir para Azkaban, senão mortos.
- Ele tem razão. Precisamos de um plano. – afirmou Hermione pensativa.
- Amanhã vamos para Hogwarts e talvez seja bom que Malfoy vá com a gente. – Rony disse contrariado. Não poderia acreditar que estava falando aquilo. Começava a confiar no sonserino.
- Ele deve ir com a gente! – Harry falou animado com a idéia de que as esperanças aumentavam. – Claro, se ele quiser...
Todos o encararam com olhares suplicantes. Precisavam que Draco se unisse a eles.
- Vocês não acham que estão pedindo demais?
- Draco, faça isso. Você poderá ajudar tanto... – Sarah pediu com um jeito que só ela fazia e que Draco não podia resistir.
- Está bem! Eu vou, só porque você pediu.
Hermione e Gina bateram palmas histéricas, comemorando. Começavam, assim como Harry, a ver esperança para que logo a guerra acabasse e tudo terminasse bem.
Ficaram um tempo conversando sobre o que Draco havia feito para pegar a varinha até que começava a ficar realmente tarde. Draco tomou banho e colocou algumas roupas suas que ainda estavam guardadas em suas malas que havia deixado com Sarah em Hogwarts. Depois foram para os quartos. Draco ficou no quarto de visitas e Sarah decidiu ficar com ele. Rony e Harry tentaram convencê-la a não ir, mas Gina os obrigou a deixar Sarah em paz. Assim, os dois rapazes foram para o quarto contrariados e Gina e Hermione, rindo, foram deitar-se também.
Sarah estava terminando de arrumar a cama e colocar os travesseiros no lugar quando Draco a agarrou pela cintura e a puxou para perto. Ela não se importou e se deixou levar. Com as costas apoiadas no peito do namorado, Sarah apoiou a cabeça lentamente em seu ombro. Naqueles braços queria sempre estar. Somente neles. Virou de frente para o rapaz e o encarou com amor. Cada vez mais o amava e Draco sentia o mesmo. Quanto mais o tempo passava, mais aquele sentimento se tornava intenso. Sentaram-se na cama e beijaram-se. Sarah percebendo o que ele queria, afastou-se. Ele percebeu e não insistiu, meio decepcionado. Sarah contou que Narcisa fora vê-la. Draco ficara surpreso e feliz. Era ótimo que sua mãe gostasse de Sarah e vice-versa. Difícil seria ele fazer o mesmo com a família e os amigos dela. Conquistá-los seria com certeza o mais difícil. Mas, no fundo, não se importava com aquilo. Sarah o amava e era o importante.
- Deite-se agora. Você tem que descansar.
Ele a obedeceu. Tirou a camisa que vestia, a jogou de lado e se deitou. Sarah jogou a coberta por cima dele e sorriu encarando o rapaz. Cuidava dele com muito zelo. Foi tomar banho e vestiu uma camisola. Quando voltou para o quarto viu que Draco dormia, pois estava com os olhos fechados e não se mexera quando ela entrou. Sarah, evitando fazer o máximo de barulho, tirou os chinelos e deitou ao lado dele cobrindo-se com a mesma coberta que ele. Virou se de costas para ele, encolheu-se e fechou os olhos. Alguns minutos depois sentiu uma mão percorrer por seus ombros. Uma mão fria que lhe causava calor. Ela fingiu não perceber, mas não pôde ficar indiferente quando ele se aproximou mais, afastou seus cabelos e começou a beijar-lhe o pescoço. Arrepiando-se, riu e segurou os braços dele, fazendo que ele a abraçasse.
- Pensei que você estava dormindo. – Ela falou sentindo o corpo dele mais próximo do seu.
- Eu não posso dormir com você ao meu lado. Não depois de tanto tempo sem te ver...
Sarah virou-se e o beijou, acariciando sua nuca e seus cabelos. Renderam-se aquele beijo cheio de calor e paixão. Quando Sarah percebeu, as mãos de Draco abaixavam delicadamente as alças de sua camisola. Ela não tinha controle sobre si mesma e não o proibiu de nada.
- Eu te amo, Sarah...
Aquela frase sussurrada com a voz macia e sensual, quase rouca de Draco no ouvido de Sarah, fora o limite para que aquela saudade terminasse na entrega deles novamente e tornarem-se um único corpo, no modo mais íntimo possível.
Quando acordaram os raios de Sol já invadiam o quarto. Sarah abriu lentamente os olhos e viu Draco ainda dormindo. Pensou em se levantar, mas logo desistiu da idéia. Aninhou-se aos braços dele, que a envolviam, e tornou a fechar os olhos. Draco, sentiu que ela se movimentava e acordou. Abriu os olhos e viu somente seus longos cabelos espalhados pelo travesseiro e seu rosto encostando em seu peito. Apertou-a mais forte. Sentiu seu aroma. Como ela poderia ter um cheiro tão bom? Ela levantou o rosto e o fitou com um sorriso vibrante. Seu olhar irradiava um luz de felicidade incrível. Mal disseram uma palavra e beijaram-se com carinho e ternura. Um beijo calmo e suave. Distanciaram-se de repente ao escutarem batidas na porta.
- ACORDEM! Precisamos ir! – Uma voz impaciente parecida com a de Rony gritava do outro lado da porta.
- Já vamos, Rony! – Sarah gritou controlando a irritação.
Os dois levantaram-se e foram se vestir. Em meio a beijos e abraços, catavam suas roupas jogadas no chão.

Hermione, Gina e Sarah estavam sentadas no sofá da sala muito melancólicas. Estavam caladas e encaravam a lareira apagada. Quando os meninos, já prontos para irem, desceram as escadas, elas soltaram um muxoxo queixoso. Gina correu até Harry e o abraço. Hermione fez o mesmo com Rony. Sarah olhou para Draco, mas não se levantou. Apenas virou-se novamente para a lareira. O loiro foi até ela e se sentou ao seu lado.
- Você me espera, tá? Logo eu estou de volta.
- Você já me deixou uma vez. Não quero que vá de novo...
- Você sabe que eu preciso ir, você mesma disse. Dessa vez é diferente. Sei que nada vai me acontecer.
- Eu sei. Não demora...
- Não vou demorar. Voltarei logo pra você.
Sarah o abraçou com força e o beijou. Não queria soltá-lo, mas Rony os apressava. Draco correu a mão pelo pescoço de Sarah e viu que o cordão estava ali. Colocou a mão no bolso e tirou de dentro dele a pulseira que ganhara da garota. Mostrou a ela, que sorriu e ele a guardou novamente.
- Nossa foto também está comigo.
- Cuidado, ok?
- Sim, senhora.
Deram mais um beijo e os meninos foram, com uma Chave do Portal que Dumbledore enviara, para Hogwarts. Assim que eles desapareceram, Molly aparecera na lareira cheia de fuligem.

A noite chegou muito lentamente. Molly ficara muito surpreendida com a maneira que Draco chegara em sua casa, como contou as meninas. As três permaneciam um pouco tristes ainda. Também, com a notícia de Dumbledore dizendo que os meninos ficariam lá por vários dias, elas não tinham como ter ânimo pra conversarem ou se divertirem. Foram dormir cedo, no mesmo quarto. Molly resolveu ir dormir com as meninas. Assim não se sentiriam sozinhas. A senhora tentava animá-las de todas as formas, mas nada funcionava.
Uma semana se passou e Sarah não tinha falado com Draco e não recebera nenhuma carta. Estava ficando angustiada, assim como as amigas. Dumbledore sempre avisava que estava tudo bem, mas não era a mesma coisa. Entretanto, naquela manhã, uma coruja veio mudar o rumo das coisas. A ave entrou rapidamente pela janela aberta e deixou cair um envelope na cama de Sarah. A garota, como estava acordada encarando o cordão com o anel e o pingente que a lembrava tanto Draco, viu a carta. Levantou-se de súbito, pegou o envelope que estava entre suas pernas.
- Gina, Mione! – gritou. As meninas abriram os olhos e, ao verem a amiga com um sorriso nos lábios e uma carta na mão, perceberam o que era e levantaram-se correndo. Sentaram-se na cama de Sarah.
- Abra logo! – Gina pediu não contendo a ansiedade.
Sarah rasgou o envelope sem paciência e abriu o papel amarelado. Começou a ler junto com as amigas.

“Sarah,
por pedido de Dumbledore, mando algumas notícias. Seu tio não deseja que você fiquei preocupada, mas sim que você fique a par de tudo o que está acontecendo. Nessa manhã, Draco Malfoy, Harry Potter e Ronald Weasley, junto com alguns irmãos, partiram com alguns aurores até o esconderijo de Voldemort. Há muitos responsáveis pela segurança dos rapazes por isso não se inquiete. Nada de ruim acontecerá. Infelizmente, eu não posso dizer quando eles voltarão porque nós também não sabemos. Tudo depende do que acontecerá. Temos fé de que tudo ocorrerá bem e que finalmente Voldemort seja destruído, isso graças a Draco Malfoy. Sua mãe e Narcisa Malfoy estão aqui em Hogwarts, junto com o grupo de estratégia. As duas estão muito orgulhosas de seu namorado, imagino que você também. Sabrina está com muitas saudades e deseja te ver, mas nesse momento é impossível. Logo mandarei mais notícias. Boas notícias, tenho certeza.
Atenciosamente,
Minerva McGonagall”


Mal terminou de ler a carta e Gina caiu aos prantos. Hermione a abraçou. Sarah, sem reação, encarava a carta, mas seu olhar ia muito além.
- Por Merlin, o que vai acontecer? – Gina indagou, secando as lágrimas do rosto. – Eu quero que Harry volte.
- Ele vai voltar, Gina. Tudo ficará bem... – Hermione tentava se convencer mais do que consolar Gina. A morena encarou Sarah, que ainda estava estática. – Sarinha. – chamou.
Sarah a mirou com a expressão vazia. Um pequeno sorriso quase imperceptível se abriu em seus lábios.
- É sim. Tudo ficará bem meninas.

Quatro dias de angústia e nervosismo se passaram até que, em uma tarde fria, Molly e as garotas tiveram uma grande surpresa. As quatro estavam sentadas na mesa terminando de comer quando apareceram repentinamente na sala Arthur com os filhos. Elas correram na direção dos homens, muito felizes por vê-los ali. Molly examinava a cada um dos filhos, verificando se tudo estava bem. Sarah abraçou a todos, mas o abraço foi mais especial ao chegar em Rony. Ficou muito feliz por ver o amigo bem. Gina e ela olharam em volta procurando por outras pessoas.
- Onde está Harry? – Gina indagou, confirmando que o namorado não estava ali com os outros.
- Bem... – Arthur se afastou dos braços da mulher e se aproximou da filha. – Ele está no hospital, querida.
- Como assim?!
- Calma, ele está com Dumbledore apenas. Está tudo bem.
Sarah os encarou sem entender. Falavam de Harry, mas onde estava Draco? Rony, parecendo ler os pensamentos da amiga, começou a falar, caminhando em sua direção.
- Draco está no hospital, Sarah. Ele vai se recuperar bem. Dumbledore e Harry estão com ele. Só precisa ficar alguns dias ainda em St. Mungus.
- Eu preciso vê-lo, Rony. Agora. – Permanecia muito séria.
- Nós já vamos, Sarah. – disse Arthur, tentando evitar que a menina ficasse nervosa. – Só vamos tomar um banho, comer algo, e vamos ver os meninos. Dumbledore está no hospital com eles.
Sarah não disse mais nada. Respirou fundo. Se esperara dias, poderia esperar algumas horas mais.
- Mas conte o que aconteceu? O que houve? Onde está Voldemort? – Hermione perguntou abraçada ao namorado.

Flashback.
Fora muito difícil aqueles últimos dias. Dumbledore e todos os seus aliados estavam reunidos em Hogwarts, divididos em grupos. Alguns estrategistas, outros espiões. Prepararam-se muito bem até o dia que resolveram ir atrás de Voldemort. Os melhores aurores e os mais preparados bruxos para batalhas foram até a Mansão Malfoy, onde Voldemort estava escondido. Entre esses bruxos estava Gui, Rony, Harry, Draco, Carlinhos, Arthur, Tonks, Moody e Lupin. No entanto, quando chegaram lá, acabaram sendo encurralados por Lúcio e outros Comensais. Em meio a batalha, todos haviam conseguido fugir, com exceção de Rony e Draco. Os dois acabaram sendo capturados por um Comensal e levados para dentro da Mansão. Ficaram presos e haviam sofrido as piores torturas. Rony nunca poderia imaginar que Voldemort fosse uma figura tão horrenda. No entanto, o ruivo não sofrera nem a metade do que Draco sofrera. O loiro era a todo momento torturado não só por Voldemort e seu pai, como também por outros Comensais. Vingavam-se da traição do rapaz que havia roubado a varinha de Voldemort. Eles tentavam de todas as formas saber com quem estava a varinha roubada, mas, apesar de toda a dor e agonia, Draco não dissera nenhuma palavra. Três dias depois, Harry e os outros, depois de se prepararem, voltaram a Mansão Malfoy. Muito bem planejados e com um grupo um pouco menor, conseguiram isolar Voldemort dos outros Comensais. Enquanto o resto do grupo batalhava incansavelmente com os Comensais, Harry foi atrás de Voldemort, que permanecia numa sala com Draco e Rony.
- Rapaz, diga logo onde está minha varinha. É a melhor coisa que você pode fazer. – Voldemort dizia com sua voz tão fria quanto a presença de um Dementador. Seus olhos gélidos causando arrepios. – Por que quer ajudar essa gente de sangue-ruim, vergonha para o mundo bruxo?
Rony, acorrentado pelos braços na parede, olhava aquela horrível sombra com nojo e pânico. Draco o encarava com um sorriso debochado. Não deixava transparecer o medo que sentia, como sempre.
De repente, para susto de todos, a porta se abriu e Harry apareceu na sala, com a varinha apontada na direção de Voldemort. Rony abriu um sorriso de esperança, encarando o amigo. Quase não conseguia acreditar que estava vendo-o ali. Draco não parecia ter mais forças para qualquer reação de esperança.
- É isso que está procurando, Voldemort? – Ele indagou com um sorriso triunfante, apontando a varinha velha do bruxo.
- Potter, veio devolver o que não é seu... Que gesto nobre! – disse indo em direção ao garoto. Sorrateiro, parecia rastejar-se como uma cobra.
- Eu vou acabar com você! – Harry gritava com ódio, sem vacilar por um único segundo.
- Você acha que pode me derrotar com minha varinha apenas. Há muito mais a se fazer para acabar com o maior bruxo do mundo.
- Não blefe... – Draco, atrás deles, começou com a voz baixa. Pendurado pelos braços acorrentados, permanecia de cabeça baixa. Os cabelos loiros cobriam sua face. – Eu sei muito bem como acabar com você e já contei ao Potter. Você não tem mais escolhas...
- Seu maldito traidor! – Voldemort correu até ele e o segurou pelo pescoço, apertando cada vez mais, erguendo-o. O rapaz ficou mais pálido que o normal, perdendo o ar. Fazia força para conseguir respirar.
- Afaste-se dele! – Harry gritou desesperado, percebendo que o outro não aguentaria muito tempo.
Voldemort virou-se lentamente e largou o rapaz, que deixou o peso de seu corpo cair completamente, forçando os pulsos acorrentados. O terrível bruxo foi se aproximando lentamente de Harry, que tremia com a varinha dele em punho.
- Você é pior que os covardes dos seus pais. Aqueles miseráveis mereciam ter morrido de maneira muito pior.
Harry o encarou com os dentes cerrados e o olhar brilhando de fúria. Tirou outra varinha do bolso e a segurou junto com a que já estava em sua mão.
- Grande Lorde das Trevas, você sabe que somente sua própria varinha não pode te matar, não é? – Draco indagou com o rosto levemente levantado. Somente o olhar sarcástico entre os cabelos bagunçados aparecia na direção do bruxo. – Mas sabe também que as duas varinha irmãs podem...
- O que?... – Voldemort arregalou os olhos, parecendo perplexo, e ao se virar de volta para Harry não teve tempo de dizer nem sequer uma palavra.
- AVADA KEDAVRA! – Harry gritou com toda sua voz e dois feixes intensos de luzes verde foi na direção do peito de Voldemort, infiltrando pelo seu corpo. O bruxo foi perdendo a cor e caiu de joelhos ao chão. Levantou os olhos para Harry e não disse nada. Apenas manteve o olhar frio e um sorriso gélido. Levantou-se com dificuldade e agarrou a capa de Harry, fazendo o garoto cair em frente a ele. Os dois, de joelhos, encaravam-se face a face. Rony temeu, tentando soltar-se das correntes para ir até o amigo. Draco permanecia apenas fitando a cena.
- Pode me matar, mas sempre serei o maior bruxo de todos os tempos. Mesmo morto, ainda te perturbarei em pesadelos e lembranças. E sempre haverá pessoas que me seguem e que não estarão dispostas a deixá-lo em paz, Harry Potter. – Voldemort dizia com a voz baixa, ainda segurando com força a capa de Harry, que o encarava com os olhos arregalados em pânico. Soltando um grito pavoroso, agarrou o pescoço de Harry já sem forças. O moreno não tentou fazer nada, sabia que já não havia mais o que fazer. Viram, aos poucos, o corpo sem cor de Voldemort se desfazer. Harry sentiu aquela mão em seu pescoço soltá-lo e cair ao chão. Ele, assim como os garotos acorrentados, mirava impressionado Voldemort, gritando como um animal, se transformar em cinzas queimadas pelo fogo que saíra de dentro dele mesmo. Harry afastou-se, arrastando-se pelo chão, onde viu sobrar apenas cinzas.
- Você merecia ter morrido assim... – Harry disse com os olhos marejados ao lembrar dos pais.
Fim do flashback


Rony contava com os olhos presos nas próprias mãos, parecendo recordar e reviver todos aqueles fatos. Os olhos de todos permaneciam fixos no ruivo, hipnotizados com a história.
- Então Harry nos soltou. Ficamos lá esperando meu pai e os outros, mas quando eles chegaram Draco estava desacordado. Com toda aquela tensão e aquelas cinzas espalhadas pelo chão, nem vimos ele desmaiar. Quando olhamos pra ele já estava jogado ao chão, desacordado.
- Também, com tudo que o rapaz passou, era impossível ficar bem. – Arthur disse com um tom de admiração, assim como todos. Principalmente Rony, que por mais que tentasse negar, depois de ter passado aqueles dias preso com Draco e ver tudo o que ele estava sofrendo até mesmo pelas mãos do pai, não conseguia deixar de admirar-se com a força dele e sua mudança.

Sarah, chegando ao hospital, apressou-se em saber onde Draco estava. Correu até o corredor apontado por Arthur. Abriu a porta do último quarto e viu Narcisa sentada em uma cadeira ao lado da cama. Viu Draco deitado e adormecido, com uma mão sobre o próprio abdome. Sentiu o coração bater milhões de vezes mais rápido. Ele só tinha um curativo na sobrancelha e parecia estar bem. Narcisa, ao ver a menina, levantou-se da cadeira e foi até ela. Deu-lhe um abraço forte. Sarah, meio surpresa, correspondeu. Narcisa a segurou pela mão e a puxou pra dentro, fechando a porta.
- Como ele está? – Sarah perguntou com o olhar preso no rapaz.
- Está bem. Ainda não acordou, mas disseram que é normal. Logo ele vai acordar. O importante é que está tudo bem. – Narcisa parecia não dormir há muito tempo. Estava abatida, com os olhos um pouco inchados e um lenço na mão.
- É melhor a senhora descansar um pouco. Eu fico com ele.
- Eu só vou comer algo, querida. Acho que você tem o direito de ficar à sós com meu filho.
Sarah sorriu. Narcisa deu-lhe um beijo na testa e saiu, fechando novamente a porta. Sarah foi caminhando lentamente até a cama dele. Ficou ao seu lado, apenas o fitando. Afastou uma mecha loira que caia sobre os olhos dele. Seu coração estava acelerado e suas mãos trêmulas. Acariciou-o no rosto levemente. Como sentia falta daquele rosto, daquele rapaz, daqueles olhos. Ele passara por muitas coisas e não a decepcionara nenhuma vez. Ele merecia cada minuto de preocupação, cada lágrima. Ele merecia todo aquele amor que sentia, que parecia maior que todo o universo infinito. Chegou mais perto do rosto dele, sentindo o cheiro bom de seus cabelos. Pousou os lábios nos dele de forma tão delicada como uma borboleta sobre uma flor. Passou a mão sobre seus cabelos.
- Eu te amo... Te amo a cada dia mais.
Draco, lentamente, foi abrindo os olhos. Sarah, com um imenso sorriso, encarou-o maravilhada. Ele, com os movimentos ainda lentos, sorriu pra ela também.
- Quem é você? – Ele perguntou parecendo confuso, mas ainda com um pequeno sorriso nos lábios. – Eu não me lembro de você...
Sarah fechou o sorriso e o mirou chocada. Não poderia ser. Torceu para que o que havia escutado fosse mentira. Ele não podia não recordar dela. Sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. Algo pior seria impossível de acontecer. Ainda estática com o que escutara, o encarou com as lágrimas escorrendo livremente pelo seu rosto. Aquilo tinha que ser um mal entendido. Encarou-o procurando uma explicação. Draco esticou o braço e a segurou pela mão, trazendo-a para mais perto. A garota viu que ele mantinha uma forma estranha nos lábios. Um sorriso muito diferente. Ficou confusa.
- Você está brincando comigo, Draco? – indagou, com um sorriso de esperança e os olhos marejados. Ele não disse nada. Continuou sorrindo.
Sarah o fitou profundamente nos olhos. Perguntava-se que brilho tão estranho era aquele no olhar do rapaz a sua frente. Ele estava se comportando de maneira estranha. Seus olhos, seu sorriso, seu silêncio. Tudo nele estava muito misterioso.
- Por que você não fala comigo? – insistia, começando a ficar desconcertada. Ele não parecia estar com amnésia. – Você lembra de mim, não é?
- Lógico que sim... – respondeu seco com um meio sorriso mordaz.
Aliviada, a garota sorriu, secando as lágrimas do rosto. Draco levantou-se da cama, ignorando as ordens dela para que continuasse deitado. Ficou frente a Sarah e parecia analisá-la por alguns segundos. Observava cada detalhe da figura a sua frente. De repente, segurou-a pela cintura e deu-lhe um beijo intenso e inesperado. Sarah afastou-se rapidamente. Ele nunca havia agido daquela maneira. Nunca a havia beijado daquela forma tão brusca e violenta. Fitou-o assustada e confusa.
- O que está havendo com você? – perguntou com um tom de voz ligeiramente irritado.
Ele a agarrou novamente pela cintura com força, causando-lhe um incomodo muito grande. Aproximando os lábios de seu ouvido, falou com a voz rouca:
- Agora compreendo porque meu filho se encantou tanto por você. – Olhou-a de maneira maliciosa, com um sorriso libertino nos lábios e um brilho insano nos olhos.
Sarah arregalou os olhos sem desviar o olhar, encarando-o em pânico. Aquele olhar e aquele sorriso cruel nunca poderiam ser de Draco. Mas ainda assim era de um Malfoy.

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