Sem Outros Caminhos



Sarah acordou, mas não quis abrir os olhos. Tinha medo de que tudo que passara na noite passada fosse simplesmente um sonho. Resolveu arriscar. Abriu os olhos lentamente e ao olhar para o lado viu Draco, abraçado a ela, lhe fitando profundamente com um sorriso imenso nos lábios.
- Bom dia. – Ele falou e lhe deu um leve beijo.
- Que horas são? – indagou também sorrindo.
- É cedo. Ainda está na hora do café.
Sarah espreguiçou-se e o abraçou. Não queria ir. Queria ficar ali com ele, durante todo o dia, durante toda a sua vida. Respirou fundo e sentiu o perfume de Draco que penetrava em seus pulmões com uma incrível paixão. Trouxe-o para mais junto de si.
- Isso é um sonho? – perguntou com o olhar perdido.
- Felizmente não. Tudo é real. Mais real do que imaginamos.
- Draco, – Sentou-se, enrolada no lençol e o encarou com a feição séria. – O que vai acontecer agora?
Viu que ele a olhou confuso. Não entendera o que ela queria dizer com aquilo.
- Eu quero dizer, agora que Voldemort voltou e seu pai sabe sobre você, sobre a gente.
Ele também ficou sério. Com a noite maravilhosa que tivera, acabou esquecendo todos os problemas. Ainda não tinha parado para pensar, até aquele momento, em um lugar para onde pudesse ir. Para a Mansão Malfoy ele não poderia nem imaginar. Seu pai o mataria com certeza. Estava sozinho. Não tinha para onde ir.
- Eu não sei. – Tentou parecer firme, mas não conseguiu. Pareceu um pouco triste.
- Por que você não vem comigo para a casa de Rony. Depois de ontem, aposto que ele não se...
- Não! – Ele apressou-se a responder. Sentou-se ao lado dela. – É lógico que não. Não vou para um lugar onde todos me odeiam.
- Eu não te odeio. Gina também não te odeia. E, além do mais, quando todos souberem o que você fez...
- Não, Sarah. – interrompeu-a novamente. – É impossível.
Ela fechou a cara aborrecida ao perceber que ele não cederia.
- Não fica assim. – pediu, segurando seu rosto pelo queixo e lhe beijando o pescoço. – Não sou só eu. Aposto que se você contar essa idéia maluca para os seus amigos eles vão simplesmente rir da sua cara. E, além do mais, eu não posso ir pra lá e fazê-los correr perigo. Principalmente você. Prefiro ficar afastado nesse tempo.
- Isso não! – gritou tomada de um senso de profundo horror. – Você não pode fazer isso comigo.
- Não vamos falar disso agora. Eu te amo e quero aproveitar esse tempo com você.
Sorriram e abraçaram-se com os lábios colados, mas não permaneceram ali por muito tempo. Tinham que ir. Draco levantou-se, pegou sua roupa e se vestiu rapidamente. Sarah vestiu-se por debaixo dos lençóis, evitando que Draco a visse da maneira que estava.
Deram uma pequena arrumada na salinha e saíram. Sem serem vistos, cada um foi para o seu dormitório se arrumarem e depois foram para o Salão. Sarah chegara depois de Draco. A menina correu o olhar pelo Salão e viu que todos pareciam preocupados. Ao avistar os amigos, correu até eles. Sentou-se entre Gina e Hermione. Cumprimentou a todos. As meninas a encararam com um sorriso maroto.
- O que foi?
- Onde você dormiu? – Gina perguntou com um enorme sorriso maldoso nos lábios. Sarah virou-se para Hermione e viu que ela a olhava da mesma maneira.
- Fale logo. Você estava com Draco! – Evitavam que os meninos escutassem a conversa.
- Sim... – respondeu de cabeça baixa para que elas não vissem seu rosto completamente corado.
As duas deram gritos histéricos e ignoraram quando Rony perguntou o que tinha acontecido. Tentavam ser discretas, mas não conseguiam.
- Você fez – Gina enrubesceu só de pensar. – aquilo?...
- Eh... bem... – Não conseguiu responder. Apenas afirmou com a cabeça.
- Eu não acredito! – Hermione disse com um sorriso surpreendido e já ia comentar algo quando Rony e Harry se aproximaram mais.
- Parece que a conversa está animada. Sobre o que falam? – Harry indagou sorrindo. Era perfeitamente visível em seus olhos que não dormira bem durante a noite.
- Não é nada. – Gina disse e acariciou a mão do namorado.
- Onde está Dumbledore? – Rony perguntou receoso ao olhar para a Mesa Principal e ver o lugar do diretor vazio. Alguns segundos depois ele apareceu ali, como sempre, com um sorriso cativante e um olhar acolhedor.
Ele, em pé, sorriu à todos e lhes deu bom dia. Todos os alunos em coro, responderam.
- Bem eu estava planejando lhes dar uma notícia nesta manhã que infelizmente não posso dar. Eu estava planejando mantê-los aqui nas férias. – Os alunos cochicharam animados com a idéia. – Mas infelizmente não será possível. – Todos deram um muxoxo e Dumbledore também pareceu decepcionado. – O colégio terá que ser fechado e todos vocês terão que ir para suas casas.
Sarah olhou para a mesa da Sonserina e viu Draco olhando para a própria tijela, cheia de cereal intocável que ele não conseguira comer. Suspirou. A sua única esperança era que Draco ficasse nas férias em Hogwarts e ela ficaria também. Agora não sabia o que aconteceria.
- Depois do almoço as carruagens estarão esperando vocês nos jardins. Agora terminem de comer e vão aproveitar. – Sorriu e sentou-se, falando algo para Minerva.
Sarah não conseguiu comer nada e nem participar da conversa na mesa. Draco não saia de sua mente. Sempre que o olhava, ele estava com a cabeça baixa, quieto. Parecia muito triste. Sentiu um aperto em seu peito.
- Por que não quer comer, Sarah? – Rony perguntou preocupado com a amiga.
- Eu estou... – Não terminou. Uma lágrima caiu e ela secou rapidamente tentando evitar que os amigos vissem, inutilmente. – Não é nada. Só estou preocupada.
- Com o que? – Hermione estranhou pois imaginava que a amiga estivesse feliz pela noite que passara.
- Com o Malfoy? – Harry indagou com uma expressão que tinha certeza de que estava certo. Ela concordou com a cabeça e uma outra lágrima caiu. – Por que?
- Ele não tem pra onde ir, Harry. – respondeu num tom de voz baixo. – Se ele for pra casa, o pai o mata e Voldemort também. O que ele vai fazer?
Todos calaram-se. Sabiam que realmente o garoto não tinha saída. Ficaram com pena. A vida dele não parecia fácil.
- Será que ele aceitaria ir pra nossa casa? – Gina indagou e os outros a encararam abismados. Ela fingiu não ver.
- Eu pensei nisso e ele disse que não. Não quer nos colocar em perigo. Ele sabe que Voldemort irá persegui-lo.
Estavam quietos e pensativos quando viram Draco levantar-se da mesa e sair do Salão. Sarah, sem pensar duas vezes, levantou-se também e correu atrás dele. Gina e Rony se entreolharam. Sabiam que ela estava sofrendo com a situação do sonserino. Lendo o pensamento um do outro, os ruivos se levantaram e foram atrás. Hermione e Harry, sem saberem o que fazer, foram atrás também.
Sarah correu pela entrada do Salão em busca de Draco, mas ele pareceu ser bem mais rápido pois sumira de sua vista. Não sabia onde ele estava e precisava achá-lo. Num impulso, foi até os jardins. Olhou em volta e viu uma sombra perto do lago. Correu até lá e, se aproximando, confirmou que era Draco. Chegou silenciosamente por trás e o abraçou com carinho. Ele logo reconheceu aqueles braços quentes. Permaneceram abraçados, daquele jeito, durante um bom tempo, apenas sentindo o calor um do outro.
- Eu vou sempre estar com você, Draco. Não importa o que aconteça. – disse chorando e ficou de frente para ele, o olhar fixo no dele, que não disse nada. Apenas fechou os olhos e a abraçou novamente. Sentia-se como um menino que precisava de proteção e aquela proteção ele só encontrava entre os braços de Sarah.
Escutaram passos atrás deles e se viraram rapidamente. Viram Harry e os outros. Draco continuou calado. Apenas virou-se para o outro lado, ainda abraçado a garota que amava, e permaneceu com o olhar preso no lago.
- Malfoy, nós queremos te ajudar. – Gina falou ao se aproximar com os amigos. Seria a única capaz de engolir o orgulho e expressar compreensão com o sonserino. – Não quer mesmo ir para a nossa casa? Olha, lá pode até não ser muito grande e luxuosa como a sua casa....
- Isso não me importa. – Ele disse duro, ainda sem olhá-los. Sarah os encarava com o olhar banhado em lágrimas, sentindo a dor dele. Não se largaram. – Mas eu não posso fazer isso. – Virou-se para olhá-los. – Potter, Weasley, eu quero falar com vocês à sós.
Sarah se afastou e o mirou surpresa. Ele apenas lhe sorriu como se dissesse “vai e confia em mim”. Gina, Hermione e Sarah se distanciaram. Quando ele percebeu que a distância era suficiente para que elas não escutassem o que diria, começou a falar.
- Escutem, eu vou dizer a verdade agora que Sarah não está aqui. – Draco se aproximou mais dos dois garotos que se entreolharam desconfiados. – Eu não posso ir por um simples motivo: seria um prato cheio para o maldito Voldemort. Potter, Sarah e eu na mesma casa. Não mesmo.
- E por que ele iria querer pegar Sarah? – Rony indagou sem entender. Para ele aquilo não parecia ter coerência.
- Pense, Weasley! – disse batendo os dedos na cabeça. – Meu querido pai sabe que eu desisti de ir com eles por causa de Sarah e com certeza ele contou para Voldemort. E, além do mais, ela é sobrinha de Dumbledore. Você acha que ele não tem motivos suficientes para querer pegá-la? Ele com certeza irá tentar seqüestrá-la para me atingir e atingir Dumbledore. É obvio demais. Eu conheço todos aqueles monstros.
- Então a gente tem que fazer algo para protegê-la. – Harry disse assustado e pensativo, olhando para a garota que, conversando com as amigas, não desconfiaria do perigo que corria. Ele e Rony não tinham pensado naquilo que com certeza era muito óbvio.
- Ela vai pra casa de vocês. Lá ela estará segura. Eu... – Não terminou. Seu olhar perdeu-se novamente. – Eu me viro.
- Sarah não vai permitir. – Rony disse olhando rapidamente para a amiga também e viu que ela os fitava curiosa. – Sabe como ela é teimosa.
- Vocês vão convencê-la. Diga que eu tenho algum lugar para onde ir. Digam qualquer coisa, mas ela tem que ir com vocês e ficar longe de mim.
Os três se encararam muito sérios. Harry e Rony prometeram que fariam o que o loiro pedira, mesmo que achassem quase impossível consegui-lo. Draco abriu um pequeno sorriso agradecido.
Ao perceber que a conversa tinha acabado, Sarah correu até eles, seguida por Gina e Hermione. Draco a puxou pela mão e foram para um lado mais isolado do jardim, onde não estavam a vista de ninguém. Ela ainda o fitava confusa pela atitude dele, que percebeu, mas não disse nada. Apenas a abraçou. Abraçou-a intensamente, de uma maneira que nunca tinha feito antes. Com os olhos fechados, beijou-a docemente.
- Você está estranho. – Ela falou mirando seus olhos vazios, como há muito tempo não via. Estranhou ainda mais. Não conseguia imaginar o que passava em sua mente tão misteriosa.
- Eu só quero que saiba – Segurou as mãos macias da garota, entrelaçando seus dedos nos dela. – que você foi a melhor coisa que me aconteceu, que me proporcionou os melhores momentos de minha vida...
- Draco, eu...
- Não fala nada. – Encostou delicadamente os dedos nos lábios da garota a sua frente, impedindo que ela continuasse. – A noite que passamos juntos foi a mais incrível e inesquecível de minha vida. Eu te amo mais do que tudo nessa vida e, não importa o que aconteça, você estará sempre comigo, no meu coração.
Os olhos de Sarah lacrimejaram de emoção. As poucas palavras que escutara foram as mais belas e mais preciosas que poderia ouvir. Sentindo-se incapaz de responder-lhe com a mesma beleza, abraçou novamente o namorado.
- Por que você está falando isso assim? – Indagou chorosa e receosa, ainda junto ao peito dele. – Eu digo, dessa maneira tão... eu não sei, triste.
- Você vai entender. – disse enigmático e, sem poder se controlar, permitiu que uma lágrima solitária caísse de seu olhar. Uma lágrima triste e angustiada de quem implorava por socorro. – Só não esqueça o que eu te falei.
- Eu te amo tanto...
Draco aproximou sua boca do pescoço de Sarah dando-lhe um beijo macio. Pôde sentir o gosto das lágrimas da garota.
- Eu te amo. – disse com a voz rouca e sensual e deu-lhe outro beijo.
Sarah, sentindo que cada parte de si implorava pelo sonserino, beijou-a com ânsia e paixão, abraçando-o com força. Ele respondeu da mesma forma intensa e apaixonada.
Percebendo que estavam atrasados, voltaram para o castelo. Draco a acompanhou até o Quadro da Mulher Gorda em silêncio. Nenhum dos dois dizia uma única palavra. Na despedida, Sarah foi lhe dar um leve beijo, mas Draco a segurou forte pela cintura, trazendo-a para mais perto de si, e a beijou de uma maneira tão forte e ardente que Sarah sentiu-se queimar por dentro. Como se necessitasse daquele beijo para viver, não conseguiu soltá-la. Depois de muitos minutos afastou-se. Ofegantes, se encararam com um sorriso nos lábios.
- Até mais, Draco. – Ela disse ainda sorrindo e entrou pela passagem, deixando-o ali sozinho, encarando o quadro.
- Adeus, Sarah... – disse e novamente uma lágrima caiu.
Não podia mais manter aquela aparência inabalável. Foi o mais rápido que pôde para o seu dormitório vazio e, chegando lá, apoiou-se na porta, como se estivesse perdendo as forças. Sentou-se lentamente no chão e, como nunca tinha feito, desabou num choro angustiado e cheio de raiva. Tinha a absoluta certeza de que não veria Sarah mais, pois não teria como manter-se vivo sem um lugar para ficar, sem ela ao seu lado. Narcisa era sua última esperança, mas onde estaria? Pensou em falar com Dumbledore para pedir ajuda, mas o que ele poderia fazer? Sentiu que a única coisa que lhe restava fazer era entrar na guerra de vez. Para isso, teria que ir atrás de Voldemort e dos Comensais e tentar pegar algo que ele tinha certeza de que poderia derrotá-lo. Aos poucos, foi sentindo esperança de que poderia sobreviver, mesmo que fosse difícil. Contudo, sobrevivendo ou não, tinha que tentar. Devia aquilo a Sarah por todo o bem que ela tinha feito em sua vida.
Levantou-se num pulo, pegou sua varinha e suas malas prontas. Vestiu a capa que ganhara de Sarah há algum tempo e saiu do dormitório. Colocou a mão no bolso da veste para confirmar se a caixinha estava ali. Quando viu que sim, foi em direção a entrada da Sala Comunal da Grifinória.

Sarah estava terminando de arrumar suas últimas coisas e Gina a espera na Sala Comunal com os outros. Ainda um pouco chateada com o que poderia acontecer com Draco, pegou uma pequena caixinha de madeira e abriu. Sorriu. Ali estavam todas as coisas que a fazia lembrar de Draco. O lenço do dia da detenção, o cordão que ganhara dele, todas as cartas e pequenos presentes. Sorriu novamente para si mesma e a fechou com carinho. Colocou dentro de uma das malas. Pegou seus dois malões e desceu, um tanto atrapalhada, pelas escadas. Seus amigos estavam sentados nas poltronas. Percebeu que quando chegara, um silêncio muito estranho se formara. Apoiou as malas perto da escada e foi até eles.
- O que houve? – indagou e se sentou ao lado de Rony.
Todos se entreolharam hesitantes. O que estava acontecendo? Gina, depois de um longo suspiro, levantou-se de onde estava sentada e aproximou-se da amiga. Abaixou-se a sua frente e segurou as mãos dela. Sarah começou a temer pelo que poderia estar acontecendo. Eles estavam agindo de uma forma muito estranha.
- Sarah, – A ruiva começou a falar depois de receber um olhar de incentivo de Harry. – você tem que saber uma coisa.
- Diga logo. Está me deixando curiosa. – Começava a se irritar de tão ansiosa.
- Draco passou aqui, deixou suas malas com a gente e me pediu que eu te entregasse isso. – Tirou uma caixinha azul do bolso e entregou a amiga, que rapidamente abriu. Era o anel de Draco que vira muitas vezes em seu dedo.
- Por que ele pediu pra você me entregar?
- Ele foi embora. – Harry disse logo para que aquele momento tenso acabasse de uma vez.
- O que?! Como assim? – indagou, encarando-os. Parecia não acreditar no que ouvia.
- Nós não sabemos. Ele só pediu para que caso acontecesse algo com ele, era para deixar seus pertences com você. E também deixou essa carta. – Gina tirou um envelope de dentro do bolso.
Sarah pegou aquele envelope com todo o cuidado e abriu. Hesitou em ler de primeira. Tinha medo do que poderia estar escrito. Entretanto, tinha que ler. Precisava saber o que estava acontecendo. Abriu a carta e viu a letra um tanto confusa do rapaz. Parecia ter sido escrito com muita pressa.

“Sarah,
desculpe-me não poder dizer isso pessoalmente, mas confesso que me falta coragem. Imaginei que fosse mais fácil o momento de dizer adeus, mas não foi. Preciso fazer algo por nós. Com muita dor tenho que dizer que não sei se vou voltar. Por isso deixo minhas coisas com você. Pode entregar a minha mãe ou ficar com você caso algo me aconteça. A única coisa que está comigo é o nosso retrato e a sua pulseira. Pequenas coisas tão especiais que me fazem sentir um pouco de você. Mas, acima de tudo, eu quero que saiba, que em todos os momentos estará em meu pensamento. Até em meu último momento estará no meu coração. Se existe algo nessa vida pelo qual vale a pena arriscar minha vida, é você. Te amo e sempre amarei.
Sempre seu,
Draco”


Sarah deixou cair o papel de suas mãos. Sentiu por inteiro o seu corpo perder todo e qualquer movimento. Sua cabeça começou a rodar e uma leve vertigem a invadiu. Não podia acreditar, não queria. Aquilo que estava no papel só podia ser mentira, uma brincadeira de mal gosto. Morrer? Era mesmo aquilo? Pegou o papel do chão violentamente e releu. Estava certa. Realmente ele dissera morrer. Morrer por ela? O que ele faria? Levantou-se da poltrona vagarosamente e caminhou até as malas que estavam no canto da sala. Eram as de Draco. Encarando-as, caiu no chão, perdendo qualquer controle de si. As lágrimas corriam como um rio sem direção. Sentiu seu coração apertar, como se algo a sufocasse. Gina e Rony correram até ela e a levantaram do chão.
- Me soltem! – gritou, debatendo-se entre os braços dos dois. – Me soltem agora! Eu vou atrás dele. Ele não pode me deixar! Não pode!
Gritava desesperadamente como uma louca enquanto os amigos tentavam a segurar. Desistindo, deixou-se ser levada até uma das poltronas. Rony acariciava seus cabelos e Hermione segurava sua mão.
- O que está escrito na carta? – Gina perguntou, ao lado de Harry.
Sarah não disse nada, apenas a entregou o papel já amassado e molhado de lágrimas. Gina a leu com Harry. Quando terminaram não conseguiram dizer nada. Apenas aproximaram-se mais da amiga. Hermione e Rony também a leram e ficaram chocados.
- O que esse louco vai fazer?! – Rony indagou achando aquilo absurdo.
- Temos que avisar Dumbledore. – Harry falou ao levantar-se do chão, onde estava sentado.
- Mas vão logo. As carruagens partirão daqui a uma hora. – Hermione falou ainda ao lado da amiga.
Os dois rapazes correram pela passagem a fora. Gina e Hermione abraçaram Sarah, que permanecia calada. Estava em estado de choque e ainda não conseguia associar tudo aquilo. Gina tentava fazer com que a amiga falasse, mas nada. Nem uma só palavra saía da sua boca.
Quase uma hora depois Rony e Harry voltaram a Sala Comunal. As meninas ainda estavam ali da mesma forma que antes. Tentando consolar a amiga muda e inerte.
- Dumbledore vai mandar pessoas atrás de Malfoy. Vão encontrá-lo, você vai ver Sarah, nada vai acontecer. – Rony disse com um sorriso amarelo no rosto, tentando passar um pouco de esperança para a amiga.
Alguns minutos depois, os cinco estavam descendo em direção aos jardins, onde as carruagens esperava os alunos. Gina e Sarah entraram em uma e o trio em outra. Preferiram que somente Gina fosse com a amiga. A ruiva seria a única capaz de dizer coisas que a consolassem.
No trem, todos ficaram no mesmo vagão. Rony, Gina, Harry e Hermione tentavam manter uma conversa para que aquela tensão saísse, mas não eram muito felizes em seus propósito. Não conseguiam deixar de fitar Sarah, que permanecia calada, apoiada a janela, encarando a paisagem. Lágrimas calmas e silenciosas não paravam de descer de seus olhos. A dor era vista há metros de distância.

Passou-se uma semana e nenhuma notícia boa chegou à Toca. Dumbledore avisara a Arthur que ninguém encontrara Draco e que ele parecia ter desaparecido. Preferiram não contar nada a Sarah, que desde o dia que lera a carta não falara mais uma única palavra. Nem as brigas de Hermione e Rony e nem as palhaçadas dos gêmeos a faziam dar um pequeno sorriso. Ela não respondia a ninguém. Parecia não escutar ninguém. A única coisa que fazia era permanecer no quarto de Gina, apoiada ao parapeito encarando o horizonte. As únicas reações que tinha acontecia quando alguma coruja aparecia ou qualquer outra coisa que pudesse trazer-lhe notícias. Mas quando ela via que nada era envolvido com Draco, voltava a fitar a paisagem pela janela sem esboçar qualquer melhora. Todos estavam preocupadíssimos. Alguma coisa era preciso ser feita. Até Sabrina já havia ido à Toca tentar conversar com a filha, mas nem a própria mãe Sarah dera atenção. Tudo parecia insignificante para ela. As coisas foram se complicando um pouco mais depois de uma semana passada. A Guerra havia começado de fato. Já havia ocorrido muitas batalhas e os Aurores já estavam em ação. A preocupação da família havia aumentado também pois quanto mais os dias passavam, mais Sarah permanecia triste.
Em uma manhã de sábado, enquanto tomavam café da manhã na Toca, alguém bateu na porta. Todos encararam-se com medo. Naqueles dias qualquer coisa era motivo de susto e não esperavam nenhuma visita. Arthur levantou-se da mesa.
- Não sejam bobos! Se fossem Comensais, já teriam tentado invadir e não bateriam na porta. Além do mais estamos seguros. Dumbledore cobriu a casa de feitiços e nada pode nos atingir. – disse Arthur e foi até a porta. Ao abrir, surpreendeu-se ao ver Dumbledore. – Professor, entre por favor.
- Eu trouxe alguém comigo. – Ele disse com sua voz mansa, como sempre. – Ela pode entrar?
- Claro, se veio com o senhor pode ficar a vontade.
De repente, de trás de Dumbledore, apareceu uma mulher com compridos cabelos loiros e aparência abatida. Todos surpreenderam-se muito e não disfarçaram. Narcisa Malfoy ali na casa dos Weasley não era algo esperado.
- Podem entrar. – Arthur disse ao dar passagem aos dois, agora menos simpático que antes.
- Com licença. – Ela disse ainda ao lado de Dumbledore. Reparou que todos a encaravam de uma forma muito estranha, como se ela fosse uma assombração. Apesar da aparência abatida, ainda tinha sua pose altiva, embora a voz estivesse mais branda.
Molly ofereceu as poltronas para que sentassem, ainda muito surpreendida. Narcisa agradeceu rapidamente e sentou-se com Dumbledore.
- O que faz aqui, professor? – Harry indagou ao se aproximar e se sentar em uma poltrona a frente deles.
- Narcisa é a última opção que eu tenho para tentar ajudar Sarah.
- Como ela poderá ajudar se nem a gente conseguiu? – Rony, mais ignorante, disse sério e queixou-se ao receber uma cotovelada de Hermione.
- Por que a única que sofre pelo mesmo motivo que Sarah é Narcisa. – Dumbledore concluiu com o ar sábio. – Acho que ela pode ajudá-la. Onde Sarah está?
- Lá no meu quarto como sempre, chorando na janela. – Gina disse triste e se aproximou também. – Eu acompanho a senhora Malfoy.
- Obrigada. – A loira disse e seguiu Gina pelas escadas.

Sarah estava sentada no parapeito da janela vendo os pássaros voarem livres perto do Sol enquanto segurava o cordão que ganhara do namorado. Nele também estava o anel que recebera de Gina. Era a maneira que encontrara de estar um pouco perto de Draco. A cada dia que passava, tentava se convencer de que ele voltaria, mas estava ficando difícil. Nenhuma notícia, nenhuma carta, nenhum aviso. Nada. Nada a ajudava a manter a esperança. A única coisa que a mantinha viva era o amor que ainda estava forte em seu peito. Ao fechar os olhos e cheirar aquele casaco de Draco que vestia, podia senti-lo ao seu lado. Lembrava das palavras que ele dissera na última vez que se viram. Ao mesmo tempo que aquilo a machucava, trazia um pouco de força e esperança de que ele poderia estar ao seu lado novamente. Assim levava seus dias. Tentando manter-se viva. Tentando manter-se forte. Quando via aqueles pássaros voarem entre as árvores desejava ser um deles. Assim poderia voar e procurar o seu amor. Apertou o cordão ao seu peito cerrando os olhos. Sentiu que começaria a chorar novamente quando alguém entrou no quarto. Virou-se para ver quem era e espantou-se ao se deparar com a mãe de Draco.
- Olá, querida. Finalmente vamos poder conversar. – Narcisa disse e abriu um sorriso, mas a garota apenas voltou a fitar a paisagem pela janela. – O que há com ela? – perguntou num tom de voz baixo a Gina.
- Ela não fala com ninguém desde o dia que seu filho foi embora. Ela não ri, não fala, não reage a nada.
- Pode nos deixar a sós? – pediu e a garota concordou. – Obrigada, Gina. – Terminou com um sorriso e a ruiva saiu, fechando a porta.
Narcisa caminhou até a garota e apoiou-se no parapeito da janela, onde Sarah estava, e fitou o mesmo lugar que ela.
- Nossa... A vista daqui é maravilhosa. Por isso você não sai daqui, não é? – indagou rindo, mas Sarah nada disse. – Menina, você não pode continuar assim. Não adianta parar de viver. Imagina o que Draco vai pensar quando voltar e te ver assim? – Sorriu ao ver que Sarah virara o rosto para encará-la, mostrando prestar atenção as palavras dela. – Eu tenho certeza que ele vai voltar. Meu filho é forte demais. Eu sei, eu o criei. Quando você menos esperar, ele vai estar aqui ao seu lado, ao nosso lado. – Tentou disfarçar a lágrima que caíra. – Eu também sinto saudades dele, mas eu tento confiar e ter esperança. É isso que você deve fazer.
- Me desculpe por eu não ter cuidado dele como a senhora pediu. – disse com o olhar banhado em lágrimas. – Me desculpe. Eu tentei...
- Oh Sarah, querida não pense nisso. Você cuidou muito bem dele e eu te agradeço por isso. Você fez o máximo que pode. Eu te peço pelo meu filho, desça comigo, fale com essas pessoas que estão tão preocupadas com você, tenha força, volte a sorrir. Viva novamente que Draco irá voltar.
- Eu vou tentar.
- Obrigada. – Sorriu e surpreendeu-se ao receber um abraço repentino da garota. Correspondeu aquele abraço com carinho. Sempre seria grata aquela garota. – Vamos agora. Seu tio quer vê-la.
- Sim, eu só vou trocar de roupa...
- Não precisa. – interrompeu-a com um riso. – Você ficou ótima com o casaco do meu filho. Verde combina com seus olhos.
Riram e saíram do quarto, indo em direção à sala. Quando todos viram Sarah ali com um pequeno sorriso, não acreditaram. Gina e Rony correram até ela e a abraçaram.
- Você está melhor, amiga? – Gina perguntou, segurando a mão dela.
- Estou sim.
- Ela falou! – Molly exclamou rindo. – Finalmente...
- Eu sabia que funcionaria. – Dumbledore disse e Sarah foi até ele. Sentou-se ao seu lado e o abraçou. – Ficou feliz por vê-la assim.
Todos agradeceram a Narcisa por ter conversado com Sarah e ela apenas disse que não fizera nada além de sua obrigação.
Narcisa e Dumbledore passaram o resto da tarde na casa dos Weasley enquanto conversavam e tomavam chá. Todos se maravilharam com a mudança de Narcisa, que não parecia mais a mulher tão soberba e prepotente que era. Enquanto conversavam, ela contou o porquê de ter deixado Lúcio e fugir. Molly falara que ela agira muito bem. Nunca, nenhum deles, poderia imaginar que estariam tendo uma conversa amigável com Narcisa Malfoy ali, na Toca dos Weasley.
Sarah e Gina, no começo da noite, foram para a varanda conversar a sós. Comentavam sobre o jeito de Narcisa.
- Ela foi maravilhosa comigo. Aumentou tanto minhas esperanças. – Sarah disse sorrindo, com a cabeça apoiada no ombro da amiga. – Não esperava que ela viesse aqui.
- Eu nem acreditei quando a vi na porta. Uma Malfoy na minha casa? Quase desmaiei de surpresa.
Depois de um certo tempo, Gina decidiu entrar e ficar um pouco com Harry. Sarah preferiu ficar ali fora mesmo por estar mais fresco e agradável. Quando a amiga entrou na casa, Sarah deitou-se no banco e encarou o céu estrelado. A Lua cheia brilhava como só ela era capaz. As estrelas cobriam o espaço que a Lua não cobria. Seria uma noite perfeita se seu amor estivesse ao seu lado. Apesar se estar mais animada e menos pessimista, ainda estava triste e a saudade que sentia mal a deixava respirar. Precisava sentir Draco ao seu lado novamente, mesmo que por um minuto, mesmo que apenas para dizer adeus. Um único beijo, um único abraço. Não era pedir demais. Uma lágrima caiu do seu olhar. Tão pequena e insignificante perto de sua tristeza. Apenas o imenso mar infinito poderia expressar o tamanho da tristeza e do vazio que estava em seu peito. Levantou-se num pulo ao ver seu tio e Narcisa passarem pela porta.
- Já vão? – indagou ao ir até eles.
- Sim. Narcisa irá comigo até o colégio e de lá ela irá para a casa. – Dumbledore disse.
- Está bem... – Sarah se aproximou da mulher. – Obrigada por tudo. Se a senhora não tivesse falado comigo, agora eu estaria no quarto ainda.
- Será que isso pagaria pelo que você fez por Draco? – indagou com uma sobrancelha erguida. – Eu tenho certeza que não.
Despediram-se com um forte abraço e os dois desapareceram em meio ao gramado. Molly, que estava na porta, perguntou se Sarah não entraria para jantar. A garota disse que não estava com fome, mas logo entraria.
Voltando a ficar sozinha na varanda, sentiu algo diferente dentro de si. Uma sensação de que algo aconteceria. Olhou para o céu e viu que a Lua estava encoberta por nuvens que começavam a aparecer repentinamente. De repente o céu ficou mais escuro. Sarah estranhou. Escutou um barulho estranho. Correu até uma árvore e subiu em um galho mais alto. Encarou o horizonte e, assustada, viu uns raios verdes bem distantes dali. No entanto, não pareciam raios nem relâmpagos. Pareciam... feitiços. Sentiu seu peito apertar. Por que estava sentindo aquilo? Resolveu entrar. Não era seguro ficar ali. Ao entrar na sala e fechar a porta, viu Harry andar de um lado para o outro. Rony discutia com os gêmeos. Molly tentava acalmar Gina e Hermione conversava com Arthur. Pareciam todos muito preocupados. Foi até Rony e o puxou pela mão.
- O que houve? – perguntou num tom hesitante.
- Percy acabou de mandar uma coruja. – Na sua voz transparecia o quão preocupado estava. – Ele, Gui e Carlinhos estão vindo para cá. Parece que está havendo diversos ataques simultâneos por todo o mundo bruxo, inclusive em Hogsmeade. Os Comensais estão enlouquecidos, pegando reféns e destruindo casas. Parece que estão furiosos.
- Mas como assim? Por que?
- Eu não sei...
Calaram-se ao ver o rosto de Dumbledore na lareira falando com Arthur e Molly. Tentaram escutar, mas não conseguiam. Dumbledore falava muito baixo. Minutos depois seu rosto desapareceu e Arthur voltou-se a Harry. Rony correu até eles e perguntou o que estava havendo.
- Dumbledore, os Aurores e todos os outros estão em Hogwarts decidindo o que fazer. Os Comensais estão atacando friamente e matando qualquer pessoa em seus caminhos. Narcisa Malfoy teve que ficar em Hogwarts.
- É muito estranho. – Harry afirmou apertando o punho. Tentava descobrir qual era o plano de Voldemort. – Eles não estão agindo com coerência e esperteza. Algo aconteceu.
- Sim e vamos descobrir. Assim que meus filhos chegarem vamos para Hogwarts. Talvez Harry e Rony tenham que ir também, mas por enquanto vocês dois vão ficar e cuidar das meninas. Molly também irá.
- Rony, – Hermione correu até o namorado e o abraçou. – O que será que está havendo? Eu estou com medo.
- Calma. Harry e eu ficaremos aqui. Nada vai acontecer com a gente. Estamos seguros.
Assim que Percy, Gui e Carlinhos chegaram, aparataram com os pais para Hogwarts. Hermione, Rony, Harry, Gina e Sarah se viram sozinhos em casa. Seria um motivo para festa e brincadeiras, mas naquela noite não. Era motivo para medo e insegurança. Por mais que tivessem muitos feitiços pela casa, era impossível ficarem confiantes de que nada de ruim aconteceria.
- É bom ficarmos juntos. – Harry disse ao se sentar numa poltrona. – E vocês peguem suas varinhas. É melhor estarmos preparados.
Todos correram para os quartos e em questão de segundos desceram com as varinhas em punho. Ficaram sentados na sala sem falarem uma palavra sequer. Gina estava sentada no colo de Harry e Hermione ao lado de Rony. Sarah sentiu-se meio deprimida e excluída com aquela cena. Levantou-se de sua poltrona e caminhou em direção a cozinha.
- Onde você vai?! – Harry indagou ao levantar-se e segurá-la pelo braço.
- Vou a cozinha pegar algo para beber. – disse estranhando o amigo.
- Não. É melhor você ficar aqui com os outros. Eu vou pegar pra você.
- Peraí, Harry. – Sarah tirou o braço das mãos de Harry e o encarou com as mãos na cintura. – Você tem que se acalmar. Eu só vou a cozinha. O que pode acontecer? Um copo me atacar?
- É mesmo, Harry, você tem que relaxar. Estamos seguros. – Hermione disse do sofá, onde estava sentada.
- Eu sei... Eu vou tentar me acalmar. – Sentou-se novamente com Gina.
Algumas horas se passaram e não receberam notícias. Queriam saber o que estava acontecendo. De repente, o rosto de Molly apareceu entre o fogo da lareira, assim como Dumbledore tinha feito há algum tempo atrás. Eles correram até sua imagem.
- Escutem bem, passaremos a noite aqui, mas quero que se cuidem. Não fiquem acordados até tarde e não saiam de dentro de casa. Amanhã bem cedo estarei aí.
- Sim, mãe, mas o que vocês descobriram? – Rony perguntou.
- Pegamos um Comensal e ele disse que Vocês-sabem-quem quer vingança. Parece que um Comensal o traiu e fugiu. Ele está furioso e pretende revirar todo o mundo até achar esse Comensal. Quando íamos perguntar quem era esse Comensal ele se matou para não dar mais informações.
Gina e Sarah encararam-se boquiabertas. A situação estava pior do que eles pensavam. Voldemort destruiria tudo que fosse possível.
- Até amanhã, meninos. Cuidem-se!
A imagem de Molly sumiu e viram somente as chamas envolverem a madeira que estalava. Voltaram a se sentar. Começavam a ficar extremamante entediados. Não havia nada para fazer e, na verdade, não tinham ânimo para nada. Sarah levantou os olhos do livro que estava lendo e viu Gina com a cabeça apoiada no ombro do namorado e Hermione e Rony, abraçados, deitados no sofá. Todos dormindo profundamente. Sarah sorriu, mas aquela cena voltou a mexer com ela. Queria ter Draco naquele momento ao seu lado para que aquele sentimento de solidão a soltasse. Por que tudo a deprimia daquela forma e a fazia lembrar-se de Draco? Queria por alguns minutos poder esquecê-lo e dormir. Dormir como há muitas noites não fazia. Levantou-se da poltrona, tentando fazer o mínimo possível de barulho. Foi até a cozinha pegar um copo d'água. Voltou para a sala e ia se sentar novamente quando escutou um barulho vindo da varanda. Por alguns segundos pensou que fosse coisa de sua imaginação, mas o barulho se repetiu mais perto. Deixou o copo de lado e pegou sua varinha. Aproximou-se da porta com a varinha em punho e ia colocar o ouvido nela para tentar escutar o que estava acontecendo quando escutou baterem na porta. Sobressaltou-se de susto e gritou. Afastou-se da porta. Voltaram a bater na porta de maneira mais rápida. Gina e Harry acordaram com o barulho.
- O que está havendo?... – Harry indagou ainda muito sonolento.
- Estão batendo na porta de forma muito estranha. – Sarah disse assustada.
- O que?! – Gina e Harry indagaram e levantaram-se, procurando por suas varinhas. Hermione e Rony acordaram.
- Levantem, levantem! – Gina ordenou, empurrando-os do sofá. – Estão tentando entrar na casa!
Hermione e Rony levantaram assustados. Os cinco, com varinha em punho se aproximaram da porta. Bateram novamente. O que seria aquilo? O coração de Sarah batia rapidamente. Estava em pânico. Cada batida na porta era um pulo de susto que dava. As batidas começaram a se tornar constantes e insistentes.
- Não podemos abrir. – Rony disse, mais branco do que de costume.
- Temos que abrir! Precisamos saber o que é. – Sarah falou colocando a mão na maçaneta. – Preparem-se. Quando eu abrir vocês apontam a varinha. Se for algum Comensal... – Engoliu em seco. – Bem, se for algum Comensal vocês sabem o que fazer.
- Sarah, não abra. – Gina pediu.
Sarah apertou com força a maçaneta e contou até três mentalmente. Puxou-a com força, abrindo a porta. Mal deu tempo de olhar e sentiu um peso cair sobre seu corpo. Olhou para aquela sombra jogada em seu ombro e, encarando seu rosto, não acreditou. Sentiu todo o seu sangue parar. Afastou-o por alguns segundos para vê-lo melhor. Perdeu a voz. Era ele mesmo. Perdendo a respiração, escutou aquela voz rouca e cansada próxima de seu ouvido.
- Pensei que não fossem abrir... – Ele disse com os olhos fechados. Parecia não ter forças nem para mantê-los abertos.
Sarah não podia acreditar. Agarrou-o com toda a sua angústia reprimida. Era a única coisa que lhe trazia paz. Era o seu sonho, seu coração, seu amor. Era Draco.

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